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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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30.6.06

Internet: You Tube

O You Tube É a Nova MTV

      Tá, você já sabe, mas deixa eu falar. O You Tube é a nova MTV. Aquela MTV do início da década de 90, até os primeiros VMBs, em que só dava Sepultura, Titãs, Marisa Monte, etc. A MTV que fez a gente querer ver música, comparar as bandas a partir do que elas tinham para te mostrar. Se fosse um playback na frente de um chroma key, eu que não ia querer ouvir aquilo. Nada de fantástico.
      Pois é, justamente por aí. Assim como nem todo mundo tem o canal 9, a partir de meio-dia, ou o sei lá o que em UHF, nem todas as internets tem uma conexão que acompanhe o pensamento rápido do YT, mas isso vai se resolvendo aos poucos.
      Eu, por exemplo, só acesso do trabalho. Pois é. Se eu for explicar demora demais. Mas tem a ver com madrugadas insones.
      O fato é que toda aquela gritaria de mp3, napster, imúsica, iPod, pode ter que ser repensada. Não que vá acabar, entrar em crise, nada disso. Mas, tal qual a gente tenta achar que conhece, já era. Vai ter que passar pelo YT. Quem não está lá, nem que seja em um videozinho safado de celular com o som estouradasso, é porque merece os fãs insensíveis (obsoletos?) que têm.
      Dá pra ficar horas procurando arquivos históricos só por recombinações de nomes, variações de search. É uma navegação quase tão automática, depois que você pega a onda, quanto zapear com o controle remoto. Não que eu fizesse isso com a MTV, ficava ali direto, fiel, com a Astrid, o Zeca Camargo, o Thunderbird, a Chris Couto, a Cuca.
      E a evolução que virá, olha a viagem, pode até passar por tipo um orkut ligado ao YT, em que combinações das mais aleatórias juntariam pessoas com perfis e vídeos parecidos para trocar informações, dicas, gostos, trocarem cantadas e encontros para consumação. Bem melhor do que as fitas cassete ou vhs que a gente fazia há quinze anos pra mostrar uma banda nova no colégio pros coleguinhas, tirando uma onda indie muito antes de qualquer coisa.
      O YT vai ser isso, criar hábitos muito antes de qualquer coisa. E tem muito qualquer coisa vindo por aí. Se a revolução não for televisionada, dá uma procurada que você vai achar. Qualquer coisa, eu boto o link aqui.


      Enquanto isso: Gnarls Barkley de Jedi,
      Móveis Coloniais de Acaju no histórico Curitiba Rock Festival,
      Nação Zumbi e Céu no Circo Voador,
      Acabou la Tequila tranqüilo,
       Mano Negra encontra Jello Biafra na Lapa,
      tosquice da Graforréia Xilarmônica,
      jam session do Slackers com a lenda jamaicana Glen Adams,
      Binário no 9,
      New Orleans Rebirth Brass Band pelas vítimas do Katrina,
      Flaming Lips e White Stripes te desejam um feliz ano novo,
      No Smoking Orchestra consola os argentinos e
      a dose dupla na obra-prima de Emir Kusturica, Memórias de Super Oito.

       Isso, fora os clipes. Começou agora, e o melhor é isso.

Roskilde 2006 (Segundo Dia)

O segundo dia do Roskilde ja comecou e ate agora pude conferir duas grandes surpresas. A primeira foi a atuacao da banda inglesa Gogol Bordello. Sao oito (ou nove?) pessoas no palco. A melhor definicao do som da banda esta escrita no pano pendurado ao fundo: Gypsy Punks.

O som cigano da banda eh alucinado. Duas mulheres tocando percussao (uma, japonesa, batendo pratos; a outra, num tarol), um violino funcionando como mola melodica que toda hora repete riffs irresistiveis, e, de resto, a formacao classica de uma boa banda de rock. A frente disso tudo, um vocalista completamente anarquico berrando:Eugene Hütz, um imigrante ucraniano, que depois de Chernobyl, imigrou para Polonia, Italia, Hungria e Austria, antes de chegar aos Estados Unidos, onde montaria o grupo no fim dos anos 90.

O show do Gogol Bordello eh uma grande festa, e colocou todos os dinamarqueses para dancar. A fila para comprar produtinhos da banda, ao fim da apresentacao, era gigantesca. Vale a pesquisa. Pra comecar, sugiro o basico: www.gogolbordello.com

Agora ha pouco, outra surpresa,que nao era tao surpresa assim. Matisyahu, o judeuzao que canta reggae. Que show! A frente de uma banda espetacular, Matisyahu transborda carisma e paz. Uma leitura extremamente interessante e moderna do dancehall, com momentos de roquenrollzao, comandado pelo (excelente) guitarrista Aaron Dugan. Um baterista, Jonah David, que dita o ritmo para fazer dancar e para pular. Algumas vezes, dispara uma metralhadora no bumbo que faz parecer usar umpedal duplo,coisa impensavel num reggae classico (calma, Bernardo), mas que funciona perfeitamente. O baixo de Josh Werner nao inventa muito, mas segura bem. Preciso comprar uns cds e ouvir mais,que isso faz bem. Ao final do show, um canadense me abordou perguntando se eu era brasileiro (admito, havia indicios disso no meu traje) e se eu gostava de reggae. Disse que nunca imaginou que quatro caras brancos pudessem fazer um show de reggae tao bom. Eh... Enfim.

Mais por vir...

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Dinamarqueses sentem pela Alemanha, a mesma coisa que brasileiros sentem pela Argentina. Esse jogo esta engracado aqui, rsrsrs...

29.6.06

Roskilde 2006 (Primeiro Dia)

30/jun/2006 - 12h14
Fotos (Roskilde - Primeiro dia)
crédito: Rockphoto.dk

Vamos tentando improvisar e resolver os problemas das fotos. Por enquanto vai meio bagunçado, depois eu vou "tentar"arrumar.



Legendas:
cabelo: Foto geral
Olho esquerdo:
: Guns n'Roses / Olho direito: dEUS
Nariz: Sigur Rós
Boca:
: Clap Your Hands Say Yeah

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30/jun/2006 - 00h43

*** So para avisar: Na Dinamarca nao ha acentos,
por isso, o teclado nao os aceita. Vai sem mesmo.

A viagem demorou mais do que se esperava entre Hamburgo e Roskilde. Acabamos chegando aqui ja no adiantado horario das 20h30, o que e tarde para shows europeus. O pior nao foi isso. Garoto novo, nao previ a dificuldade que foi para nos instalarmos. Como estou com credencial de imprensa e para os jornalistas foi avisado que teriamos uma area de estacionamento e camping separados, imaginei que isso significasse alguma facilidade. Nao foi o que constatei. Muita gente credenciada como imprensa. Fila no check-in, fila na entrada do camping. Em resumo, mais duas horas ate, de fato, conseguir entrar no festival.

Quando isso aconteceu, ja rolavam os ultimos shows da primeira noite e o cover do Guns N Roses, com Axl Roses no vocal, ja se apresentava no palco principal. Mas voltarei a falar - pouco, eh verdade - sobre isso la na frente. Assim como acontecera no Pinkpop Festival, o momento da chegada eh um pouco catartico. Muita informacao nova, muita gente diferente, muito por ver. Eh preciso se situar, pisar nesse chao devagarinho, entender o que eh o que. A primeira conclusao eh de que os numeros do Rock In Rio 3 so podiam ser uma farsa. Eu ainda nao sei qual foi o publico do Roskile, mas a area eh muito maior que a Cidade do Rock e, por isso, tem mais gente. Sao SEIS palcos! Ao chegar, tinha que escolher entre ver o circo do Axl, as minucias do Sigur Ros ou a novidade do Clap Your Hands Say Yeah. Optei por ver um pedacinho de cada um, ja que precisava conhecer tudo para entender um pouco mais.

O circo estava mal ensaiado. O pedaco de show que assisti, foram de longos minutos de solos - ou de guitarras ou de piano - e de algumas cancoes. Estava indo ver o Sigur Ros quando comecou "November Rain", com aquele pianinho. Voltei: meu coracao farofeiro falou mais alto. No meio da musica, bem na passagem entre a parte mais lenta e a mais pesada, Axl parou para respirar, beber um gole de cerveja e, rindo, dizer: "Calma que essa musica eh muito longa" . A banda eh fraca e a voz de Axl ja nao eh a mesma. Ao contrario do Ronaldo, o Axl esta gordo, mas nao consegue decidir o jogo.

Muito chao ate o palco do Sigur Ros. Chegando la, duas musicas bem bonitas que eu corri atras do nome, mas ainda nao consegui descobrir. Confesso que nunca gostei dessa banda e fui la meio que pra falar mal, mas as musicas foram bem boas. Soh que cansa. Tentei andar para ver, na outra ponta desse parque sem fim, o Clap Your Hands Say Yeah (CYHSY) . No meio do caminho, encontrei a coisa mais bacana do festival ate agora: uma tenda lotada de gente dancando e sem musica nenhuma rolando. Daqui a pouco, nao mais que de repente, comeca todo mundo a cantar "Thriller", do Michael Jackson. Eis que eu entendo. Ta cada um com um headphone sem fio que era entregue na entrada da tenda e la ta a musica. Nao resisto e entro na brincadeira. Junto com a galera aos berros, saio dancando "Groove is in the heart", do DeeLite. Hilario.

A longa distancia e a passada na tenda dos que dancam sem musica me fizeram perder o CYHSY. Tudo bem, Tim Festival vem ai. Sera que esse ano eles credenciam a galera? rsrsrs...

O horario ja avanca pela uma da manha aqui. Amanha o dia eh longo. Por recomendacoes, vou tentar assistir o Gogol Bordello e o Ba Cissoko, para conhecer. O Matisyahu pra ver se eh legal como falam e o Bob Dylan, pra botar no curriculo!

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Fotos, provavelmente, so na semana que vem. Vou tentar aqui, mas essas liberacoes sao complicaaadas... uff

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Nao sei se o adiantado da hora, se o excesso de alteradores de consciencia ou se eh falta de educacao mesmo, mas nunca tomei tanta trombada sem pedidos de desculpas como aqui. Talvez a combinacao das tres coisas explique melhor.

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Esse dinamarqueses fazem um festivalzao desses, trazem Bob Dylan e Happy Mondays e poe os dois pra tocar na mesma hora?!?!? Putz...

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Amanha tem mais.

Roskilde

Se tudo der certo, começa a hoje a cobertura do Roskilde 2006. O sobremusica vai estar lá como veículo credenciado. Para quem faz sites independentes de música no Brasil, isso que deveria ser uma contigência natural do jornalismo - ainda mais, como no nosso caso aqui, que estudamos 4 anos cada um por esse diploma -, soa quase como um presente.

Bem, sem mais delongas é isso aí. Espero que dê tudo certo na estrada e no mar até a Dinamarca e que, assim, possamos mandar as atualizações sobre o festival a partir de hoje ainda.

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A cobertura do Roskilde é dedicada a todos os veículos independentes que foram "barrados no baile" do Tim Festival do ano passado! hehehe... Vem ser jornalista na Dinamarca, rapá...

26.6.06

Tony Parsons e Greil Marcus

Pensar e Dançar

       Quem assistiu a Quase Famosos vai lembrar de Lester Bangs, o crítico de rock exemplo para o jovem Patrick Miller (baseado no jovem Cameron Crowe). Todo mundo, pelo menos durante o filme, quer ser jornalista de música, viver a magia dos bastidores de uma turnê continental, se aproximar dos anseios, dúvidas, vaidades, fraquezas de um artista, para melhor apresentá-lo ao público. Ser o cara que a dizer o que é legal, e mais: o que não é e porque.
      Lester Bangs é o símbolo de uma geração que transformou o rock em algo eterno, sem morte nem ressurreição. Pop virando indústria, se retroalimentando, incorporando a mídia na mensagem. O pop sendo o que insere alguém no mundo: o importância do estilo. Daí, para a prática de teorizações, buscas de sentido para aquilo que, afinal, é também vida – de muita gente. Tudo sempre de volta à pergunta primordial: para que estamos aqui?
      Pois na seqüência a ele, que você pode ler rapidamente por aqui, na passagem da psicodelia para o punk e a androginia, vieram caras como Dick Hebdige (autor do importante “Subcultures: the Meaning of Style”), Simon Frith, John Clarke, Greil Marcus e Tony Parsons. Foram os dois últimos que eu li recentemente.

      A editora Barracuda lançou “Disparos do Front da Cultura Pop”, de Tony Parsons, no ano passado. É uma coletânea de artigos dele de 76, na NME, até 94, no Daily Telegraph. O livro se divide em cinco temas: Música, Amor e Sexo, Polêmica, Viagens e Cultura. Vale a pena ler os textos de Música, alguns de Amor e Sexo, e os de Cultura – os mais recentes. As Viagens são chatíssimas, e as Polêmicas não são, nhé, polêmicas.
      No livro, há histórias sobre os Ramones sendo cuspidos na Inglaterra, quando ainda estavam sendo descobertos, os Pistols apanhando nos EUA, ele tentando dizer o que há de especial no Clash, em 77, dois anos antes de “London Calling”, portanto. Tem uma conversa-quase-psicanalítica com David Bowie, que acaba passando por cocaína. E dá para ver os pêsames dele à mãe de Cobain, a quem se identifica por ter passado também, com idade parecida, pelas mortes de Hendrix, Morrisson, Jones. Ela reagiu à perda do filho com um: “eu falei para ele não se juntar ao clube dos idiotas”.
      Sobre sexo, ele fala que “a única coisa que uma mulher nunca vai perdoar num homem é a falta de comprometimento”, “Garotas do rock não são groupies, No entanto elas não são tão difíceis de levar para cama”, e “todos os homens do mundo gostam de sexo oral (...) porque um boquete alivia o fardo do desempenho”. É engraçado, e faz pensar um pouquinho. Mas, para ter uma idéia, ele trabalhou na Elle, e alguns textos têm um climão Elle de ser. Nada contra, só estou avisando.
      Por fim, na Cultura, o melhor. Um artigo para Laranja Mecânica, obra-prima de violência coreografada de Kubrick, que diz muito sobre a Inglaterra, onde o filme foi filmado e depois tirado de exibição. E o filme é um pouco, justamente, sobre o berço de mods, teds, rockers, punks e outras tantas subculturas, pelo fantástico e sedutor Alex, droog falador de nadsat, fã de Ludwig e tratado pelo Estado.
      Na mesma seção, há encontros com Cicciolina, Martin Amis e Ian McEwan imperdíveis.

      Outra editora esperta, a Conrad, colocou uma coleção Iêiêiê nas livrarias. “A Última Transmissão”, de Greil Marcus, deste ano, já tem outra onda. As críticas usam rock para falar de sociedade. Assim, um disco do Rolling Stones é o ponto de partida para se falar da virada de uma década, das flores coloridas de 60 para a meia-noite sem lua de 70. Da euforia para a ressaca. Ou o amadurecimento do punk quando o horror do “não” do Sex Pistols vira “sim” com “London Calling”, Clash mais uma vez - punk alegre e divertido, agora sim com lugar marcado na história. Andando para frente, o PiL de John Lydon (ex-Rotten – Sex Pistols) permite uma discussão sobre o mainstream, o underground e a arte livre popular, que não se vende. É a ponte entre a disco, negros como Kwesi Johnson e Augustus Pablo e o que não mais é punk, ou seja, uma provocação mais sutil, talvez menos certeira, talvez mais interessante.
      A politização questionando o pop (lembra de “Daí, para a prática de teorizações, ...., é também vida – de muita gente” lá do segundo parágrafo?) da Rough Trade, selo de Gang of Four e Raincoats em um primeiro momento, pós-punk até o caroço, é o tema de outro texto. E, por fim, o melhor deles, que pega o pulo do Joy Division para o New Order e fala da importância do pop para a busca de significados e sentidos, seja essa busca bem sucedida ou não, seja essa busca o que o artista tinha em mente ou não. Pense e Dance.
      Pode não ser comum pensar o rock por referências à Literatura, às vanguardas européias do início do século passado, ao Cinema russo, mas faz enxergar algumas coisas que estavam lá o tempo todo e você não via. Sei lá. Dance e pense.

Show: Jorge Benjor, em Colônia

Num belo dia, Jorge Ben achou por bem se chamar Benjor. Uma obra primo- rosa e rica em todos os aspectos davam-lhe o direito de fazer o que quiser, até mudar de nome. Só que a decisão carregava um pressuposto que viria a se confirmar: Jorge Ben nunca mais.

Recebido como grande estrela – que é – no palco do Summer Festival, realizado em Colônia, Benjor fechou a tarde- noite. No palco, NaurÊa (SE), Roberta Sá (RN) e Berimbrown (MG) o sucederam. O show foi uma grande celebração, a banda do Zé Pretinho – ou, se preferir, Little Black Joe, como ele fazia questão de repetir – ia lavando a alma das mil e muitas pessoas que apareceram para prestigiar o evento de música brasileira. Jorge não revela a idade, mas como ele já estava fazendo onda no Beco das Garrafas em 1961, não é difícil imaginar de quem ele seja contemporâneo. E nesse quesito, ele está bem melhor que Mick Jagger, a voz ainda segura e o carisma transborda.

Mas o Jorge Ben não estava mais lá. Hoje em dia, o show do Zé Pretinho e sua banda nada mais é do que uma ótima banda fazendo versões de baile para os grandes sucessos. A loucura rítmica e a mistura de influências brasileiras, africanas e americanas foram substituídas por um arranjo quase idêntico para as, cerca de, vinte músicas apresentadas. Não tem mais novidade, é só botar um hit, enfiar uma estrutura de funk americano setentista, uma metaleira cascuda empurrando tudo e todos pra frente e deixar com a galera. Tetê terete tês irresistíveis, ô ária ariôs de levantar a mãozinha e vamoquevamo.. A famosa mão direita desconcertante de Jorge também raramente aparecem. Em alguns poucos momentos ele puxa um riff matador de sua indefectível Fender Telecaster vermelha para introduzir as músicas. Na maior parte do tempo, sua mão direita funciona mais como um grande acompanhamento carregando o contra-tempo. O “s” puxado, de língua presa, foi concertado no palco por uma correção fonoaudióloga, mas nada charmosa. (Trocando duas palavrinhas com ele no fim do show, pude constatar que o "defeito"do "s" só está curado quando canta. )

E a festa estava ótima mesmo assim.

Depois da terceira música, já se percebe que as músicas vão ser todas iguais, mas também se vê que isso não importa diante do fato de que uma noite inebriante é iminente. Daí, você escolhe: ou fecha a cara e sente falta das antigas ou cai na bagunça. A segunda opção é bem melhor. O pouco de Ben, sem jor, que ainda se vê está muito no repertório. “Menina mulher da pele preta”, “Os alquimistas estão chegando”, “Mas que nada” – com direito a “Alô Black Eyed Peas, alô Sérgio Mendes, estamos na área” - , “O telefone tocou novamente”, “Por causa de você, menina”, “Chove chuva”, “Umabarauma” “Fio Maravilha” e muito mais... Pensa um hit do rapaz, pois é, tava lá também. Jorge Ben conduziu a festa até o limite, 22hs, quando o som tinha que parar. Na Alemanha é assim. Olhando para o relógio, avisava a sua banda quantas músicas ainda cabiam. E enfileirava. Só gol de placa. E dá-lhe metaleira e pôr neguinho pra dançar!

O grande segredo de Jorge está escondido dentro da letra de “País Tropical”. Ele pode não ser um band leader, é um rapaz de mentalidade mediana, mas mesmo assim, feliz da vida porque não deve nada a ninguém, tem razões de sobra para transbordar simpatia, poder, algo mais e alegria.

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Só não sei porque o endereço do site oficial registra é jorgeben.com.br e não jorgebenjor.com.br . Vai entender...

25.6.06

Pinkpop Festival (parte 2)

Uma série de problemas derrubou uma das pautas mais bacanas do sobremusica. Acidente de percurso. Perdi todas as informações que estavam no meu computador europeu e tentar, 20 dias depois, reescrever sobre as sensações de um primeiro festival nessas terras seria burrice. O sentimento já esfriou, a irritação é maior do que a empolgação. A segunda parte da cobertura do Pinkpop está lá, perdida no misterioso lugar onde se perdem os bytes depois dos boots.

Para não passar totalmente em branco, fica o registro do show impecável do Red Hot Chili Peppers. A turnê nova, de Stadium Arcadium, está redonda assim como o entrosamento da banda. Deve ir ao Brasil no fim do ano. A apresentação começou com certa insegurança de Frusciante, que logo se soltou e voou. A sensação é que as 65 mil pessoas ali na frente deles eram mero detalhe e que, na verdade, tudo se tratava de uma grande jam entre amigos. Permeada de sucessos de todas as fases da carreira, a apresentação foi mais generosas com os fãs recentes da banda do que no Rock in Rio 3. Emocionalmente falando, o ponto alto ficou por conta do momento solo de Frusciante. Lá pela oitava, nona música, a banda se retirou e deixou o palco para o 'menino' que já – diz ele – não cheira mais. Numa trip das mais alucinadas, ele puxou, voz e guitarra, o hit How Deep is Your Love. A música vem sendo repetidamente incluída no setlist do grupo e, qundo tiver show no Brasil, pode cobrar. Fã do Red Hot Chili Peppers que faz cara de mau é cínico, porque todos que estavam lá acompanharam em uníssono a canção setentista dos Bee Gees. Eu também. Bonito demais. Para agravar o sentimento, aquele início de pôr-do-sol, aquele céu laranja e vermelho. De chorar. E não foi só lá... Dá um confere no YouTube. Escreve 'how deep is your love chili peppers' e vê no que dá. Em qualquer lugar do mundo, fã de Chili Peppers se derrete num Bee Gees.

Do parâmetro 'apoteose', o Flaming Lips fez outro show memorável. Mesmo esquema do Rio, muitas cores, figurantes fantasiados – dessa vez, o tema eram super-heróis, papais-noel e Et’s - e disposição. Wayne Coyne é a melhor definição do que possa se chamar MC. O cara entra antes no palco, cumprimenta a platéia que abriu mão de assistir o Keane para garantir um bom lugar em frente ao palco, acerta detalhes de luz com o técnico, orienta os figurantes sobre como se movimentar com suas fantasias e, isso tudo, distribuindo sorrisos para todos. Para ver um show do Flaming Lips, você não precisa conhecer o som do grupo – que é ótimo e a banda é excelente –, é só gostar de coisas bonitas.

Franz Ferdinand é aquela coisa, né. Quem viu no Circo Voador não vai querer ver em outro lugar. Quer dizer, pode até querer ver, mas não é a mesma coisa. No descampado holandês, com a grande distância do palco que a multidão me impunha, faziam ter a sensação de que parte da pressão das guitarras se perdia. Sei não, mas foram tantas as vezes que senti falta da tal da “pressão” que andei desconfiando do técnico e do sistema de som do festival. Já falei disso na parte 1, né?

Bola fora da tarde/noite foi o senhor Morrissey. Constragedor. Tanto a música, quanto ele, quanto à barriga, quanto o repertório, quanto à pinta de galã démodé. Deixa pra lá.

Por fim, mais horas e horas andando no escuro atrás do carro, mais horas de engarrafamentos até sair de Landgraaf e das cidades seguintes e alcançar a sempre sonhada autobahn alemã.

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Repara não, mas as resenhas do show não estam necessariamente na ordem em que eles aconteceram.

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O Roskilde vai ser melhor.

19.6.06

O Ouvido da Copa do Mundo

Um Passeio Pelo Mundo Livre

       Seguindo os passos de uma manhã qualquer de Copa do Mundo, li no roncaronca que o Brasil perde tempo ao não juntar (ou juntar mal, eu diria) as pontas do futebol e da música, ainda mais quando o mundo todo tá de olho na magia da camisa amarela. Se o mundo tá vendo alguma ou não, deixa pra lá. Aliás, terça dessas saiu no Segundo Caderno uma resenhinha com três discos lançados especialmente na onda do Mundial, e os três eram mesmo picaretas. Mas o assunto que não chega é este aqui:

       Já ouviram Arctic Monkeys? Já, né, geralmente só eu demoro com essas coisas. É bem bom, diverte, é a cara da seleção inglesa de futebol. Tipo, estereótipo pode ser legal se for bem feito. O english team finge que não, mas só joga com bola na área, e o Beckham de craque do(ss) jogo(sss) é a prova. A terra da Rainha não foge à tradição. O lourinho é o playboy meio afeminado, o Owen é o filhinho de príncipe que apronta de vez em quando mas na hora de falar sério é só um filho de, o Crouch é aquele branquelo sem jeito mas que consegue o que quer. E o Arctic Monkeys vai de guitarrinhas meio punk (lembra Green Day por exemplo), com paradinha o tempo todo. Convenções a favor da dança, do ritmo, sinceridade de moleque. Nada de surpresas (nada a ver com No Surprises reidiorrédico), um pouco de ebriedade normal para a idade, aquela petulência de hooligan bêbado no país dos outros, mas que no dia seguinte se comporta. As convenções dão segurança. O time pode até tocar a bola no chão, mas quando der os trinta do segundo tempo, se não estiver na frente, tome bola na área. E o sem jeito do Crouch acaba botando de cabeça, de tanto tentar e errar, acerta. As levadas do Arctic Monkeys são assim. Repetição, paradinha, vitória no final. Contagia.       E o Brasil? Sabe o novo do Marcelo D2? Marrento, reinventor do samba, o único que sabe fazer isso (aliás, tem um presidente aí que gosta de dizer que nunca se fez tanto quanto agora, seria o D2 a trilha da Era... não, sem mudar de assunto), o cara cascudo e sinistro do Andaraí? Pois é, pra mim a seleção é isso. É bom, deve ser mesmo o melhor que tá se fazendo no setor, mas eu preciso ouvir mais pra me convencer. Eu não tiraria o Ronaldo ainda.
      Aliás, eu li na Trip que o Ronaldinho Gaúcho, quando era moleque, ia pros churrascos dos adultos e assim que acabava a pelada deles, pulava para o campinho com os amigos. Enquanto isso, os adultos tocavam samba. Samba e futebol. Ronaldinho Gaúcho. Bonito isso, né? Eu sempre desconfio, mas dessa vez vou acreditar que é verdade. Que nem a entrevista do Seu Jorge para o Pedro Alexandre Sanches. Já leu?

      E o disco do Chico, já ouviu? Ele fala “foda”, ele diz “empiriquitada”, ele canta “empetecava”, ele torce por “maconha só (...) na tabacaria/drogas na drogaria”. Ele pede programação pro Marcos Suzano e canta sobre uma base da própria voz recitando um trava-língua. Esse moço tá diferente. Sei lá, em vez de começar fumando Ari, bebendo Vinícius, agradecendo Antônio Brasileiro, ele saúda e dá voz (fala!) a um funk das comunidades, quase que pedindo a paz. É o Subúrbio? De Budapeste? Carioca? Esse moço tá diferente. Mas a pelada continua, não pára. Parece que o disco que era para ser Cidades só veio agora. E eu gosto muito de Cidades. Carioca, eu não sei ainda. Acho que é bom isso, né? Já leu a entrevista do Seu Jorge para o Pedro Alexandre Sanches? Tenho andado muito por .

      E estou à procura do disco da Argentina. Falso humilde, sabendo bailar. Resta saber se sabe dar a cantada decisiva na hora que precisar. Eu tiraria o Crespo.

17.6.06

Tchau Bussunda


A última vez que eu vi o Bussunda, foi pela agência de notícias APTN. A matéria tinha imagens de um monte de torcedor do Brasil fazendo festa, e ele tava de craque do Tabajara, peruquinha, cantando no violão, ao ritmo de bossa nova:

"Entrei no trem
Esporrei na manivela
Trocador filha-da-puta
Me jogou pela janela
Caí de quatro
De caralho arregalado
E o tal do motorista..."

Daí ele parou, sem graça, e gritou: Brasil! Ri pra caramba. Nenhuma tv brasileira usou as imagens, mas não duvido nada que o Bussunda tenha entrado na casa de várias famílias pelo mundo, cantando uma música de moleque na fase de aprender o sentido de cada palavrão. Não dá pra dizer que não é engraçado.

9.6.06

Pinkpop Festival (parte 1)

A lenda sobre os festivais europeus correm a mente de quem tem na música uma ocupação muito grande de tempo. A chegada na remota Landgraaf , sul da Holanda, fronteira com a Alemanha, para a primeira experiência deste tipo se fazia cheia de expectativas. Ingresso caro e outros compromissos só permitiram a compra de tickets para o último (e melhor) dia do Pinkpop Festival 2006.

O Pinkpop é a principal coisa que pode acontecer em Landgraaf. O pequeno vilarejo não aparenta ter mais de dois mil habitantes, total contraste com os 65 mil que invadem o campo onde acontece o evento. Imagina assim: uma ‘pista’oval com um gramadão no meio. Pequenas montanhas de um lado, várias árvores do outro. Atrás das ‘pontas’ do oval nada que se destaque muito. Em cima, céu azul. O verão está chegando e a temperatura ‘ferve’em quase 20 graus. São três palcos: quando tem show no principal, os outros dois param. Quando acabam os shows nele, recomeçam simultaneamente nesses outros dois. Um é o 3FM Stage, palco patrocinado por uma rádio e aberto. O outro homenageia o radialista inglês John Peel e fica sob uma enorme tenda azul que, imagino, deva ser bem parecida com o que era o Circo Voador original. Cabiam umas 4 mil pessoas lá embaixo.

A maratona começa com a saída de Colônia, às 9h30, afinal o festival começa em uma hora e atraso não costuma ser coisa de europeu. Uma hora é também o tempo estimado de viagem entre as duas cidades. Depois de cruzada a fronteira, o engarrafamento lembra que festival de rock tem fatores comuns em todas as partes do mundo. Demora pra chegar e primeiros shows indo embora. Para alcançar o estacionamento, placas e mais placas que nunca chegam. Resultado, depois de parar, mais 35 minutos de caminhada até a entrada, com mais fila. É o tipo de coisa que se fosse no Brasil, iriam detonar. E não estariam errados por isso. Tem que detonar mesmo. Aí e aqui.

Quando, 12h30, enfim adentro o local, já está rolando o show da cantora e ex-hype Skin. Se você não sabe de quem se trata, é só lembrar do Skunk Anansie, que foi moda entre os hypes do fim dos anos 90, tendo inclusive tocado por aí. Com o fim das atividades da banda, em 2000, a menina seguiu sozinha. Em março deste ano lançou o seu segundo álbum solo chamado Fake Chemical State. O grande erro de Skin foi ter aceitado tocar tão cedo. Era a hora que eu estava chegando e fazendo reconhecimento da área. Boa parte da galera ainda não tinha entrado também. O show parecia morno, mas o resquício de Skunk Anansie ainda estava lá, na postura visceral dela e da banda.

Antes dela, já haviam passado pelos palcos menores Soulfly e Living Things. No principal, já tinha rolado Pete Murray..Depois do show da menina Skin, era hora de escolher entre ir ao palco 3FM e assistir David Gray, com seu pop-melancólico-folk e remissões a um Bob Dylan meio coldplayzado ou ir conhecer Jamie Lidell no palco John Peel. O nome deste segundo palco e o impulso ao novo, me levaram para Lidell. O rapaz vai muito bem e parece ser muito admirado por aqui. Sob uma tenda lotada, desfilou uma mistura de R&B setentista com eletrônica. A banda de Lidell é composta apenas por um piano e uma bateria. Ele faz as vezes de mestre de cerimônia e DJ, ao mesmo tempo. Com uma voz que lembra a do Adam Levine, do Maroon 5, que por sua vez lembra a do Jay K, do Jamiroquai, que por sua vez se inspirava em Stevie-Wonder-Pai-de-Todos, ele se saía muito bem. Carismático, agia com desenvoltura tanto com a voz, quanto com as programações. Assim como num bom show de jazz, o grupo apresentou um tema inicial na primeira das quatro músicas do show. Na verdade, foram quatro grandes jam sessions – com alguns momentos de pouca criatividade – , com cerca de dez minutos cada. No final da quarta, eles retomaram o tema da primeira dando uma amarrada geral na coisa, fazendo soar ainda forte as tais referências jazzísticas. Ficou apenas a dúvida de se o show de Lidell pode ser tão interessante sem a presença e participação tão forte da platéia, que jogou junto o tempo inteiro.

Encerrado e aclamado o show de Lidell, foi a vez do grupo holandês Blof. Ocorre que o nome do grupo não se escreve assim. Na grafia correta, o “o” vem com um corte no meio que eu não sei nem o que significa, quiçá como se pronuncia. Um show sonolento, um rock pop arrastado, com muitos violões, que – para um não-iniciado como eu – sugeriram que era melhor aproveitar o momento para ir almoçar. Depois deles, não se sabia mais quando seria possível parar e comer.

Não deu outra. Depois da porção gigante de batatas-fritas-gigantes com maionese, a boa foi correr para o show do Editors. A banda veio fraca, decepcionando. O burburinho criado em cima desses ingleses , que lançaram o disco Back room esse ano, mostra como é fácil para a imprensa daquela terra alardear coisas estéreis. Com um som que tenta apenas dar uma carinha de novo ao que já se cansou de fazer na onda gótica dos anos 80 por lá mesmo, eles não vão além de colocar ruidinhos e camadas no que já fizeram The Cure e Smiths, por exemplo.

O que que tem de bom então nesse festival? Por enquanto, só a batata frita, o lugar e o pessoal. De som e de organização externa estava meio caído mesmo. Mas tudo começou a mudar no meio da tarde e aí tudo começou a valer a pena.

O Keane subiu ao palco para tentar justificar sua presença ali e para mostrar que o White Stripes podia ter ido além e tirado, além do baixo, as guitarras.. Muita raça, mas pouca pressão. A sensação que dava era de que só um instrumento harmônico, no caso o teclado, não segurava a onda. Na tentativa de desculpar a banda, prestei mais atenção no tipo de amplificação utilizada e aí veio parte da explicação que, de certa forma, absolvia o Keane. Para quem está acostumado aos festivais brasileiros, hoje é quase regra uma amplificação chamada line-array, que prima por montar altas torres de caixas seqüenciadas nas partes laterais dos palcos, aumentando o alcance e distribuindo em mais direções o som. No Pinkpop, a pequena boca-de-palco – pequena, é claro, comparando com o tamanho do ambiente onde ela estava – fazia com que o direcionamento lateral fosse visto com mais atenção. Porém, não era isso o que se via. Apenas uma torre de caixas foi montada, colada no palco. Assim, não adiantava nem ficar na mesa de som – supostamente o melhor lugar para se ouvir o áudio em qualquer show do planeta – que você não ia ouvir pressão nenhuma. A situação seria ainda pior se você estivesse mais para as laterais, como era meu caso. O som, definitivamente, não dava conta de todo o parque. Apesar de estar muito bem passado, pois se ouvia com clareza todas as notas e acordes de cada instrumento durante os diversos shows, faltava a pressão, o calor. E isso só o equipamento podia trazer.

Absolvidos e com o apoio do platéia, o Keane cumpriu bem o seu papel mesclando os sucessos do primeiro disco, Hopes and fears, com as do mais recente trabalho, lançado a pouco mais de um mês, Under the iron sea. Ainda sem a confiança que só a experiência e o sucesso trazem, o vocalista Tom Chaplin se desculpava por ter que mostrar músicas novas e, ao final, dizia que ‘em retribuição’ à paciência e respeito do público, ia tocar uma que todos conheciam... E lá vinham “Somewhere only we know” e “Everybody is changing” da vida. Todo mundo cantava, ficava feliz e ele podia meter mais músicas novas. Dessas, destaque para “Is it any wonder”.

O show do Keane caminhava para o fim e eu já fui me deslocando para o John Peel Stage onde rolaria, na seqüência, o Flaming Lips. Vacinado, depois do show do ano passado no Claro Q É Rock, sabia que, no caso deles, o show começa antes do primeiro acorde. E novamente estava lá Mr. Wayne Coyne no palco, sozinho, arrumando algumas parafernálias, ajeitando a câmera colocada em seu microfone, conversando com a platéia, distribuindo sorrisos, apertando o cinto da calça, passando instruções aos bonecos que compõe o show.... Dessa vez, a temática não eram bichinhos, como na passagem do grupo pelo Brasil. Agora, de um lado do palco estão os super-heróis: mulher-maravilha, superman, capitãoamérica, lanterna verde, etc... Do outro, um grande ET e suas ETzetes. Ao fundo, repetindo o que se viu no Rio, um monte de Papais Noel. Era o início do grand finale do Pinkpop Festival 2006.


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(Ainda não foi possível carregar as fotos do sobremusica no provedor. Por enquanto, fica o link para algumas publicadas no portal holandês Planet.nl . As nossas fotos e a parte 2 estarão no ar nos próxinos dias, se o provedor deixar)

6.6.06

Show: mombojó no Circo Voador (abertura do Nação)

Um Parágrafo Sobre mombojó


Felipe S não é mais aquele adolescente nerd típico que fazia lembrar de Renato Russo com trejeitos de Morrissey e Van Morrisson. Ele agora assumiu a frente do palco, deixando lá atrás mais da metade banda, sentada. Se não fosse uma maldade, daria até pra comparar com o Dinho Ouro Preto, mas francamente, não dá pra comparar. Esquece. A voz perdeu um pouco do charme do desafino meio ingênuo, mas isso só pode ser bom, um sinal inequívoco das dores do crescimento do mombojó. Na guitarra, Marcelo Machado perdeu um pouco a postura de jovem Lúcio Maia, mas continua meio mago, tingindo e dando as pinceladas sonoras menos ou mais fortes, dramáticas, apuradas. A inspiração é bem-vinda. É ele quem puxa e rege a bateria de climas de Vicente Machado, quase sem viradas, às vezes simples e bela por isso, outras vezes quebrada com o baixo. As eletroniquices estão menos destacadas, mais integradas aos instrumentos “analógicos”. O naipe também soa integrado, só contrapondo melodias. Sobre as letras é que não me decidi. Uma das coisas que mais me pegou no nadadenovo foi a forma como ele se entrega para a absorção lentamente, sem muitas concessões, só no laralaiá que Martinho da Vila um dia cantou. Pois Homem Espuma ainda está só no início do laralaiá comigo. Breve, novas descobertas.



Nada a ver

Já ouviu os silêncios de 'Caché', do Michael Haneke?



Nada a ver

'O Mais Vendido' é linda.

Red Hot Chili Peppers - Pinkpop Festival 2006

Mais novidades no mês de aniversário do sobremusica. É o nosso canal de vídeo e áudio, que ainda não tem um nome definitivo. Parceria com o abençoado-assim-seja YouTube.

Pra cobertura do Pinkpop Festival, melhor começar mostrando um pouco do que só escrevendo... O vídeo não é nosso, apesar de termos filmado. A falta de um programa de edição para exportá-lo, porém, impede que eu já o disponibilize. Fica mais pra frente, tipo bonus track.

Então é isso. Esquenta aí, que o texto tá vindo.

Red Hot Chili Peppers
Under The Bridge
Noite de ontem.
Landgraaf - Holanda


3.6.06

Show: Nação Zumbi

Melhor Banda do Mundo

      O Nação Zumbi entrou no placo e mandou de cara três ou quatro músicas do disco novo. ‘Expresso da Elétrica Avenida’, ‘Hoje, Amanhã e Depois’ e ‘Na Hora de Ir’ vieram antes de um consagrado ‘Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada’. Hora de chamar os responsáveis por “Selvagem?”, senhoras e senhores, Paralamas do Sucesso. Foram dois baixos em cena, Pupillo na percussão para o brilho solo de João Barone e Herbert liderando a guitarrada, e dividindo os vocais de ‘Manguetown’, cheia de cacos na letra, com Jorge Du Peixe. Como mais tarde aconteceria com Ciba, o trio tocou uma primeira do Nação antes de apresentar uma própria. No caso, de olho em Cláudio Lembo e a Opus Dei tucana sem telefone, ‘Selvagem’.
      Antes que alguém pensasse que uma primeira metade da noite carangueja se encerrava, a surpresa. Já sem o Paralamas no palco, Pupillo de volta às caixas (duas) e pratos (Du Peixe: agora o Pupillo nunca mais vai querer tocar bateria), o Nação surpreendeu. ‘Maracatu Atômico’. De olho no Ministério e na Copa da Cultura da Alemanha? Lindo, há uns seis anos eu vou insistentemente a shows do NZ e eu não me lembrava de ter visto essa música ao vivo. Daí, ‘Blunt of Judah’ e uma do Tim Maia mantiveram a galera em pé.
      Ao contrário da primeira apresentação no Circo Voador, em turnê do mesmo disco, no fim/início do ano, um pouco depois do triste evento do Claro Q É..., o show está bem mais amarrado. Du Peixe, além da voz cavernosa e da habilidade de percussionista para manejar as eletroniquices, é um maestro das massas. Dita o ritmo da festa alternando músicas que vão esquentar a temperatura com refrescos de contemplação e melodia. O calor sobe ou não por causa dele. E a estrada (no Rio, foram uns quatro meses de intervalo entre a primeira e essa vez) só ajuda. Se antes, os ecos de Sebosos Postizos eram claros, e o clima de trilha sonora preto-e-branca causava um estranhamento em quem acompanha os pernambucanos – estranhamento que suspendia para o bem qualquer julgamento prefiro/não prefiro – agora o que se tem é o bom e velho show deles. Reinventando velhas canções, como ‘Praiera’, ‘Risoflora’ e deixando pelo caminho algumas outras, como ‘Macô’ e ‘Banditismo Por Uma Questão de Classe’, ‘Arrancando as Tripas’ ou ‘Jornal de Sangue’. Fora todas as outras.
      Ou seja, banda que faz jus aos mais de doze anos de vida intensa. Praticamente dois discos não entram no repertório, e se for se considerar que ‘Quando a Maré Encher’ não é uma música de álbum, mas um cover, afinal é um cover mesmo, daí são dois discos mesmo que são deixados de lado. E quem é que não se lembra de “Tamo aí mandando brasa...” (‘Malungo’) e os metais incandescentes da homenagem a Chico?
      Pois bem, Ciba apareceu e ‘Rios, Pontes e Overdrives’ veio junto, com rabeca e ataque de trompete fazendo coro no “mangue, mangue, mangue, mangue, mangue, manguê”. Em seguida, uma ciranda cantada em uníssono sem ser levada às vias de fato. Nem cabia no Circo lotado.
      Na seqüência, Ciba já fora, ‘Quilombo Groove’ e um clima mais calminho, com ‘Memorando’. E Céu.
      Assobios e olhares sedentos, a mocinha não tava nem aí para essa história de que não se seduz público. ‘Jardim de Flores’, um dueto que ora dava certo com Du Peixe, ora mais ou menos. Olhos vermelhos. No show anterior, do mombojó, ao ser chamada, não apareceu.
      Daí, acabou com uma seqüência de clássicos, ‘Da Lama ao Caos’, um intervalo, Toca Ogan emendando ‘Ogan di Belê’ com ‘Vai Buscar’ (mas pode chamar de Jurema), Otto, ‘Praieira’, e foi isso.
      Sempre é histórico. Como disse Lúcio Maia, o que mais vale é o que fica registrado aqui (apontando para a mente), nem importa tanto o que está nos celulares e nas camerinhas.

1.6.06

Pinkpop Festival

A Meca dos festivais de música é a Eu- ropa no verão. Apro- veitando a tempo- rada por aqui, va- mos iniciar a ida a alguns deles. O primeiro é esta semana, o Pinkpop Festival, na Holanda. É também a primeira 'surpresa' desse mês de primeiro aniversário do site.

O nome do festival pode indicar algo como shows de Britney Spears, Pink ou Sugarbabes, mas não. O negócio é tenso. O sobremusica vai marcar presença no último dia do evento, dia 5 de junho. O derradeiro dia do Pinkpop contará com shows - entre outros - de Flaming Lips, Editors, Keane, Deftones, Morrissey, Franz Ferdinand e Red Hot Chili Peppers. A expectativa sobre os dois últimos é que o quarteto californiano vá melhor do que no último Rock in Rio no Rio e que o Franz Ferdinand chegue perto do que fez no início do ano aí no Circo Voador. A primeira, eu acho fácil. A segunda não.

E o Flaming Lips? Ah, o Flaming Lips...

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Se é que você ainda não leu, vale um confere no URBe, do xará Natal. Ele deu o pontapé inicial com ótimos trabalhos no Coachella e no Nokia Trends-México e, agora, nós vamos dando seqüêcia à cobertura de grandes festivais feita por sites independentes cariocas. Dá-lhe nós! Na raça.


Enfim, a casa própria
Perda :: Dorival Caymmi
Dorival Caymmi :: Compilação de vídeos
Show: Momo, no Cinemathèque
Site:: OEsquema
Agenda :: Momo, Hoje!
Aviso: Última Digital Dubs na Matriz
Entrevista: Fabrício Ofuji, produtor do Móveis Col...
Vídeo: Reckoner, de Gnarls Barkley
Vídeo: L'Espoir des Favelas, de Rim'K

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