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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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31.8.07

sessão youtube

Aumenta o Som E Tira a Pipoquinha do Microondas

Flutebox.

Incômodo (via trabalhosujo).

Tiquitim.

Bonde da calcinha (via Popload).

Psicodelia.

E ela voltou...

30.8.07

CD :: Plínio Profeta – Vol.1

O nome do álbum é “Vol.1” (Nikita/Xapaê), mas é bom lembrar que este é, no mínimo o vol.2, já que a maioria das pessoas para quem o nome de Plínio Profeta ressoa na memória se lembra do hit “Eliane Galileu”, lá pelos idos de 1995, 1996. A música era uma “homenagem” à Adriane Galisteu e usava a moça como metáfora das mulheres interesseiras da época. Ainda havia a dúvida sobre o que seria do caminho aberto pelos Mamonas Assassinas: ou viraria o grande filão ou se encerraria com a morte dos próprios músicos. A segunda opção venceu e Plínio seguiu sua carreira por outros caminhos que se revelam muito mais interessantes neste lançamento.

Na primeira página do encarte, o rapaz já explica que o disco é resultado de dez anos de convívio profissional com músicos e parceiros. Bons músicos e bons parceirso dão um colorido especial ao disco, que transita muito bem entre vários gêneros. Desde à toada, ao repente, passando pelo funk-dub, ou o calipso-lambada. E por aí segue. Ele amarra tudo muito bem com as programações eletrônicas e samples. A seleção de “amigos” que participa é curiosa e vai desde as Baianas Mensageiras de Santa Luzia até De Leve, Ganjaman, Selton Mello, João Donato, Xis, Pedro Luis e Da Lua. Mais do que uma miscelânea qualquer nota, Profeta consegue construir uma linha que une tudo isso, sem ser clichê nem pedante. Exceção feira à versão de “Como é grande meu amor por você”, que foi autorizada pelo rei!, mas que, na voz de Davi Moraes, destoa do resto.

Aliás, dia 07 de setembro rola o show de lançamento na Cinemathèque! Vale a pena chegar lá pra ver como isso tudo rola ao vivo.

25.8.07

Rolling Stone :: The Magic Numbers e Cartola

Estes são os textos que fiz para a Rolling Stone de julho/2007 (capa Homer Simpson). O primeiro é uma matéria que fiz sobre o Magic Numbers, antes de eles virem tocar no Brasil. Depois, uma lista dos 5 melhores "novos" lançamentos feita pelo próprio Romeo Stodart (vocalista do Magic Numbers). Por fim, uma resenha sobre uma coletânea recém-lançada do Cartola. Por algum equívoco, a cotação que dei para o disco da Cartola saiu errada na revista (o certo é 1,5 estrelas, e não 3, como foi publicado).

Como já estamos na edição de agosto e a revista não está mais à venda, publico as versões integrais dos textos.

Doces e bárbaros

De viagem marcada ao Brasil, o Magic Numbers sonha com Beach Boys querendo abraçar os Beatles

Numa década em que o rock mundial se voltou para as pistas de danças e flerta com o eletrônico, a repercussão alcançada pelo Magic Numbers chega a ser surpreendente. Com um som baseado em arranjos acústicos e melodias doces – sem serem novelescas – os quatro ingleses conseguiram ser endossados por crítica e público. Eles não fazem o som da moda, nem tampouco se valem da beleza física de uma Beyoncé ou de um Justin Timberlake para colecionar fãs. O grupo é composto por dois casais de irmãos gordinhos e está na estrada desde 2002. Comandados pelo vocalista Romeo Stodart, eles estão no meio da turnê do segundo disco ("Those the brokes") e com vinda marcada para o Brasil.

"Eu adoro Caetano Veloso. "Transa" é um disco muito bom!", diz Romeo Stodart, antes mesmo da primeira pergunta. “Tenho algumas compilações da Gal Costa, de Jorge Ben, a trilha sonora de Cidade de Deus...”, enfilera o vocalista. A relação da banda com a cultura terceiro-mundista vai além disso e já vem de longa data. Romeo e a irmã Ângela (baixista) moraram em Trinidad durante a infância com os pais. "Eu lembro das praias, das pessoas ouvindo reggae e calipso, mas isso não veio pra nossa música. Eu só vivi lá até os dez anos". As influências mais perceptíveis no som deles vêm de outras praias, principalmente as da Califórnia na década de 1960. Qualquer um que fizer uma pesquisa sobre os caras vai achar as referências óbvias a grupos como The Mamas & The Papas e Beach Boys. A presença de arranjos vocais minimalistas e de melodias suaves são as principais razões para as comparações. Romeo, que também é quem compõe, não se dá o trabalho de desmentir quem acusa tal semelhança, muito pelo contrário. "Carl's song é uma música que eu recebi de Carl Wilson em um sonho. Ele cantava a melodia e repetia a harmonia. Então, eu levantei da cama, peguei o violão e fiquei pensando que eu jamais imaginaria aquela seqüência de acordes sozinho! Da próxima vez podia vir o John Lennon também, né?!".

Falando em Lennon, o Magic Numbers foi um dos convidados para participar da recente regravação do disco "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" para a BBC. Além deles, Oasis, Travis, Brian Adams e Kaiser Chiefs foram alguns dos artistas que participaram do projeto. Coube ao Magic Numbers refazer "She's leaving home". "Foi uma experiência inacreditável. Nós gravamos com o mesmo equipamento e com o mesmo engenheiro de som do disco original (Geoff Emerick). Escolhemos essa música porque nunca tínhamos tocado com uma orquestra antes. Foi tudo gravado ao vivo, numa mesa de 4 canais, como naquela época. Não se podia errar, tínhamos que acertar de primeira!", conta o vocalista.

Escalados para o Festival Indie Rock (25/07 – Rio de Janeiro; 26/07 – São Paulo), eles são um caso raro de banda gringa que, no auge da forma, topa sair da Europa durante a temporada dos grandes festivais de verão para dar uma passada por aqui."Nós amamos tocar ao vivo, especialmente nesses festivais que têm uma atmosfera incrível. Mas por outro lado, a gente nunca esteve no Brasil antes e ter essa oportunidade agora também nos deixa muito empolgados".

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TOP 5 Romeo Stodart

Midlake - The trial of van occupanther
Lavender Diamond - Imagine our love
Keren Ann - Keren Ann
Dr. Dog - We all belong
Willie Mason - If the oceans gets rough


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Cartola - Acontece - 1,5 estrelas

Cartola só gravou suas músicas nos últimos seis anos de vida. Foi pouco tempo pra dar vazão a obra de uma vida inteira. Até mesmo por isso, uma nova coletânea, como a da série “Acontece” não acrescenta nada à quem já admira as canções do sambista. Por outro lado, é sempre uma oportunidade para novos ouvintes se aproximarem de uma das obras mais fundamentais da música brasileira no século passado. Entre tantos sucessos, destaque também para as ‘menos’ badaladas “Disfarça e chora” e “Não posso viver sem ela”.


22.8.07

The Bounce

Jazzie

      We' in N'Awlins, babe, the heat just don't stop. Sabe aquela dança dos clipes do 50 Cent, Snoop Dogg, e tal? The bounce, nascida e criada na cidade 504, código telefônico da área de Nova Orleans. Não só uma dança, como uma forma de fazer rap. Pensando bem, onde mais?



      O Outkast foi um que chegou perto, se apropriou da parada e jogou pro mundo, só para ficar em nomes mais conhecidos por aqui. Infelizmente, não achei sem o selinho vermelho censurando a explicitez da... da dança.



      E sempre que tem quem possa dizer que lembra isso aqui (a definição é sofrível, mas é só pra dar uma idéia):



      Mas eu ousaria dizer que são suingues diferentes...
      O youtube tá cheio de vídeos de gente ensinando como se faz, bota "bounce" e "new orleans" no search e vê se acompanha...

16.8.07

É por isso que o Raimundos nunca vai se acabar


Nos áureos tempos, a logo dos Raimundos trazia a letra “R” no meio de um quadrado de setas. A interpretação dos integrantes era a de “quatro cabeças diferentes unidas por uma mesma razão”. Rodolfo até tatuou a marca. Três discos depois e o quadrado começou a cair, as setas viraram flechas e o alvo... Bem, o alvo...

Falar sobre o “fim da banda” é normalmente associar o fato com a saída de Rodolfo em função de uma opção religiosa que, para a maioria, beira o fanatismo. O epílogo da história de um dos grupos mais importantes da história do rock brasileiro vai além disso e se arrasta até hoje por capítulos que parecem intermináveis e com um quê de baixaria e decadência.

O fato é que as tretas internas são muito anteriores à opção de Rodolfo. Canisso e Fred sempre representaram pontos de tensão interna na banda. Depois da saída do vocalista, em 2001, o grupo chegou a anunciar o fim das atividades, mas resolveu voltar à ativa, apoiados pela gravadora Warner, que por contrato ainda tinha direito a trabalhos dos Raimundos. Sendo assim, para tentar conciliar o inconciliável, a major passou a ter dois produtos nas mãos: os Raimundos-trio, com Digão nos vocais e o Rodox, novo projeto do vocalista crente. Por serem três, os remanescentes da maior banda de rock do país nos anos 90 imaginaram que teriam para si 75% de um orçamento que anteriormente seria destinados aos Raimundos enquanto o “rival” teria 25%.

Ledo engano deles e ledo engano da Warner que acabou tendo dois produtos que alimentavam raiva um do outro. Nenhum dos dois foi pra frente. Na época do lançamento de KavooKavala, as diferenças entre Canisso e Fred voltaram a falar mais alto e o baixista largou o posto na semana de divulgação do disco. Era a crônica de uma morte anunciada. Digão e Fred continuaram, com novos integrantes. Fred e Canisso nunca mais se falaram. Digão ficou no meio e mantinha contato com os dois, menos com Rodolfo, de quem Fred tinha raiva, mas que mantinha algum contato com Canisso.

Passou-se um tempo e Canisso assumiu o posto no Rodox. Mais brigas, disse-me-disse, e confusões. Os Raimundos que continuavam usando o nome original da banda resolveram lançar algumas músicas novas na internet, idéia arquitetada e produzida por Fred, da qual Digão nunca foi um grande incentivador. Aos olhos do baterista, a experiência foi um sucesso, já que rapidamente eles se tornaram recordistas em números de downloads no site da MTV, parceira escolhida para ser a plataforma de lançamento. Para Digão, aquilo representou menos discos vendidos, um distanciamento ainda maior do mainstream, do qual ele nunca conseguiu imaginar os Raimundos distantes.

Apesar da experiência na internet, os Raimundos nunca chegaram a investir a fundo nessa ferramenta. Por algum tempo, o site simplório da banda chegou a sair do ar. Depois voltou, em outro endereço e ainda mais simplório, praticamente reduzido a uma lista de discussões, onde os músicos e os fãs se misturavam em longos bate-bocas sobre qualquer coisa. Uma espécie de reality-show, já que as feridas e glórias eram partilhadas por todas. Nesse meio-tempo, o Rodox se dissolveu e Canisso entrou para o grupo Quebraqueixo, também de Brasília.

Rodolfo passou a se dedicar aos cultos religiosos. Aos que se interessarem por assistir aos testemunhos do ex-vocalista-de-rock-arrependido, a esposa dele, Alê – considerada a Yoko Ono dessa história toda – é quem gerencia e administra a agenda do moço. Cachê? Não, não há. O que existe são algumas poucas exigências sobre transportes e hotéis e a solicitação de que o “contratante” pague aquilo que Jesus disser ao seu coração que é devido. E assim, recebendo mimos em reais, dólares ou euros, Rodolfo vai levando a palavra da transformação pelo Brasil, Inglaterra ou Estados Unidos, como se pode ver no YouTube.

Voltando ao último capítulo da história dos Raimundos, o reality-site-show. Por meio de discussões intermináveis das quais os fãs participam como se fossem tão donos da banda quanto seus integrantes, em abril, Fred, que já estava tocando em um outro grupo chamado Supergalo, saiu da banda e Canisso voltou. Tudo por conta de um bate-boca e de uma série de interpretações de textos sobre as justificativas do bateristas para se ausentar de um show. Assim como em várias situações cotidianas na vida de todos os que usam a internet, quem lê os posts pode imaginar o tom que quiser às letras sem vida de uma troca de mensagem. Sem a voz, um simples “ah, tá bom” pode ser lido de pelo menos 5 formas e entonações, pelo menos para mim, em um exercício rápido. E assim, se deu a ida de Fred e a volta de Canisso. Nesse meio-tempo, Digão inventou o projeto Dênis e Digão, com um amigo de Brasília. Parece que deu um pouco mais certo do que os Raimundos vinham dando em termos de repercussão, graças a quem? A tal internet, da qual ele sempre desconfiou quando tratava dos assuntos raimundicos. O disco da dupla será lançado com distribuição da Universal. Digão conseguiu o que queria, voltar ao mainstream, que ele acredita ainda ser fundamental para que uma banda ganha as massas. Enquanto isso, ele vai levando os novos Raimundos, junto com Canisso.

Supergalo


Dênis e Digão


Quebraqueixo


Rodolfo
Em Washington (EUA)


Em Londres (ING)


Em Praia Grande (SP)


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A quem interessar possa, eu estou finalizando meu primeiro livro. "Brodagem - o rock brasileiro dos anos 90". Ano que vem já deve estar à venda, com mais infos pra quem se interessar pelo tema. Parto demorado...

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Bernardo colocou as fotos da viagenzinha por Nova Orleans nos posts abaixo e pediu para eu dar o recado.

- "E aí, Bernardo! O que é que você quer que eu diga lá no meu post?

- "aproveita e abaixa essa barra de rolagem para ver as fotos que finalmente o genial bernardo botou na cobertura sensacional dele ao satchmo summer festival".

- Demorou!

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Tá dito!

14.8.07

Show: Girl Talk no One Eyed Jacks, em Nova Orleans

Para Dar O Que Falar



      Tudo começa com o solo de Thunderstruck, do AC/DC, que em si, já parece ser dois ao mesmo tempo. Angus Young fazia lá uns mash-ups na guitarra. Com menos de um minuto de show, o dj pula na platéia. COm uns vinte, sobe o primeiro ao palco. Antes de vinte e um, somos todos nós suando e dançando a invadir as múltiplas e eufóricas vozes que fizeram o sábado de Nova Orleans transbordar nas conversas de meninas.
      São onze da noite quando eu chego ao One Eyed Jack, um barzinho com espaço para umas quatro mesas, um balcão e uma máquina de pinball. Ao fundo, uma porta acima de uns cinco degraus, onde já está formada a fila que enche os espaços entre mesas, balcão e pinball. Às onze e vinte, o ingresso está comprado, a casa mais cheia, e ainda vai demorar mais uma meia hora até que aquela portinha do fundo se abra e umas mil pessoas espalhadadas pela calçada, pelo bar, pelos degraus e pela própria fila, a todo vapor, encham a platéia do que não parecia poder estar daquele pedaço de madeira controlado por um negão da bilheteria. Ainda antes de aberta a porta, passam pelo bar dois cavaletes de trânsito listrados de vermelho e branco.
      O público mistura uma série de rostos já reconhecíveis das casas de jazz da cidade com um tipo facilmente identificável, os blogueiros indie. Ao longo do show de abertura do MC Impulse com DJ Scratch Mo, dá para notar que Nova Orleans está mais branca do que negra para Girl Talk. Às provocações hey do rapper da cidade, diferentes bairros espalhados respondem ho, no One Eyed Jacks.
      O Show principal ainda não começou, e duas garotas se falam. Conversa de meninas, e dança, e um carinho nas costas se emenda a uma provocação dos quadris, mixado a um sorriso que direto que não é uma mas duas mensagens. O papo feminino vira um longo set, de ritmos alternados, mas é interrompido por uma delas. A outra, a que ia mais ate o chão, some. Aparece um cara, e entre culpinhas e desentendimentos, agora é a garota que ficou que começa um a dança, os carinhos, quadris, sorrisos. À noite, todo dj é um rei na sedução.

      O set que a menina improvisa sobre o menino fica em segundo plano assim que Girl Talk pega o microfone e conta que vai ser incrível, todo mundo quer uma noite em Nova Orleans, e essa é a dele. A primeira dele na cidade. Como quem não quer nada, ele dá a batidinha do abridor na garrafa, que faz toda a pressão da bebida gelada subir antes que a tampinha saia da boca: ontem, o show na cidade vizinha Baton Rouge foi muito louca. A menção da capital da Louisiana, metidinha a universitária, é vaiada. O show de hoje se torna uma questão de honra.
      Play no AC/DC, e começa a loucura. Da bermudinha colegial de Young para a pélvis de Michael Jackson, e Girl Talk está de pernas para cima, no meio de seres que pulam. De volta a atrás do laptop, ele tira o casaco de capuz. Ainda ficaria sem camisa e sem calça. Na verdade, não dá outro minuto e os óculos escuros de plástico que sobreviveram ao stage dive voam.
      Beats e hits dos anos 80, 90 e do myspace se sucedem até o momento em que um playboyzinho que já tinha ensaiado o movimento no intervalo dá a senha. No outro canto do palco, o segurança de boné pra trás, camisa preta, bermuda larga, rabo de cavalo, barriga de fotologger e cara de quem podia estar ali do lado, ri sem quem querer cumprir o dever (dever?).
      Sem interrupções, Girl Talk pega o microfone e fala qualquer coisa. Do momento em que o exibido montou até ficar impossível ver dj, mesa, fundo do palco, sei lá, imagine uns quarenta segundos.
      Uma multidão pula de mãos levantadas para o que, sem exageros, parece ser uma platéia meio vazia. Flashes, celulares e câmeras digitais acima da cabeça, meninos sem camisa, meninas suadas de vestido justo e sorriso largo...
      Da platéia, o que me vem à cabeça é o CSS se despedindo de São Paulo na Outs, antes da primeira turnê fora do Brasil. Ou o Móveis Coloniais em Brasília, na primeira edição do Móveis Convida, fechando a noite para uma banda de fora. Mas a loucura é maior. Na hora, ignoro a matemática e acredito de verdade que tem mais gente se espremendo ao redor de Girl Talk do que de mim, embaixo, onde meu cotovelo finalmente consegue desgrudar do tronco. Enfim, subo também.

      Aos gritos da paltéia, Hammer vem colado a Daft Punk, a Daft sobre Daft (afinal...), a Guns n' Roses, a Kanye West, a só um riff clássico de guitarra, a um refrão farofa, a vai saber mais o que. Com o palco tomado, o show dura mais uns quarente minutos, até que o microfone é retomado para começar as despedidas.

      A essa altura, em frente à mesa, três meninas sem blusa, de sutiã, gritam we love yous. Suadas, molhadas, coitadinhas. A mais bonita tirou o vestido: calcinha e sutiã. Gregg Gills (só para saber, é o nome dele, e ele é de Pittsburgh) brinca que é cedo, e tem menina que precisa levar o irmãozinho para casa. Diante das risadas, o som volta, pára, volta, continua com os assobios de Young Folks sobre guitarras pré-grunge. Delírio em Nova Orleans. Pára de novo, e sob chuva de cerveja e água, jogadas inclusive pelo segurança gordinho que segura o cavalete vermelho e branco para que pelo menos ao camarim a massa compacta não transborde, Girl Talk ofega e pede atenção. Quer uma cerveja. Alguém arruma e segura a garrafa na boca dele por uns quarenta segundos (mais ou menos o tempo em que o palco foi tomado). Ele até que bebe bem, mas cospe o que não deu meio que em cima dele e dos caras. Alguém fala em hardcore. Todos pedem, ao mesmo tempo, hardcore. Ele abre um outro programa, avisa que não está pronto, mas dispara lá o som. Mais duas meninas se juntam ao time dos sutiãs, uma sexta aparece do fundo do palco, ele vai passear com o microfone na mão, volta, e pronto.
      De novo apertado em frente ao laptop, é abraçado, puxado para fotos, ouve I love yous...
      - Cara, to te esperando no Brasil...
      O olho se arregala e ele se desvencilha de uns americanos...
      - Eu vou pra lá, eu vou pra lá.
      - É em outubro, né? Confirmado?
      - Eu vou tocar no Rio de Janeiro, meu melhor amigo tá no Brasil. Eu falo com ele todo dia, e ele só me conta coisas sobre o Brasil, o tempo todo.
      - Eu vou tá lá, a gente se vê de novo. Foi muito bom, incrível, cara. Valeu.

Vídeos de diskmix, e ainda vou tentar achar fotos.

13.8.07

Show :: Maria Bethânia, "Dentro do mar tem rio"

O show “Dentro do mar tem rio”, que Maria Bethânia apresentou neste fim-de-semana no Canecão, é uma bela continuidade ao que ela vinha fazendo em seus últimos discos, “Maricotinha” e “Brasileirinho”. A “volta às origens” se dá pela adoção quase radical de músicas enraizadas no imaginário dos cancioneiros populares e por uma aproximação com aspectos da natureza. A idéia de “essência” parece ser o que norteia a estética de sua obra nesta década.

Bethânia é quase radical quando o assunto é o não-conceder. Uma intérprete do seu gabarito, com uma carreira repleta de canções que marcaram o país na segunda metade do século XX, ela chega a destoar do universo à sua volta. Bethânia não está preocupada em revisitar seus sucessos, nem tampouco com a estética da música pop contemporânea, como Caetano, ou ainda com a banda larga de Gil, ou quiçá com a revelação de novos compositores, como Gal. Vá lá que uma ou outra concessão aparece e muda o norte da apresentação – que tem a água como tema absoluto fluindo sobre o cenário de nuvens, que sugere um ambiente árido e sertanejo. Nestes momentos, ela permite um “Sob medida” aqui, um “Sábado em Copacabana” ali. Em termos musicais, Bethânia sofre do mesmo “mal” que atinge Chico Buarque e uma turma da chamada “mpb”: o excesso de “classe” dos arranjos. Por vezes caem numa monotonia, principalmente para quem foi às últimas turnês dela.

Por não ter entrado em contato com seus últimos discos de estúdio (“Mar de sofia” e “Pirata”), senti que perdi muita coisa que dá liga ao show. De qualquer forma, os clichês em torno de Bethânia sempre ajudam a fazer valer a ida. A emissão, a técnica e a segurança com que cada palavra sai de sua boca são sempre uma surpresa e um motivo para embasbacar-se. Não há nenhuma cantora brasileira que chegue aos lugares que Bethânia vai. O Canecão é a casa dela no Rio. Aliás, parabéns à produção pela pontualidade e respeito com o público. Mesmo tendo um DVD sendo gravado, não houve regravações de músicas, repetições, nem nada que tirasse o prazer do show em si. A temporada (que palavra rara de ser usada hoje em dia, né?!) continua nesta semana e não é por causa de linhas tortas como essas que você deve pensar em ir.

10.8.07

Amy, Wine, House and Love

[[[Deu trabalho, mas eu consegui. Preparei isso aqui durante horas, com todo o carinho, para o seu fim-de-semana... Vê se eu tirei direitinho...]]]

Ingredientes e receitas prum final de semana macio, em casa, a dois. O esquema é o seguinte: Você dá "play" no vídeo. Daí, ela canta. Ela canta e você toca. Violão. Ou violão ou o que você quiser tocar. Se você não tocar, chame alguém pra tocar pra você. Vinhozinho... Daí, tu se entrega... A última dessas quatro é pra depois, a sobremesa, junto com o cigarrinho (pra quem é de cigarrinho)...

You know I’m no good



Introdução: Dm

Dm Gm A7 :
Meet you downstairs in the bar and heard,
Your rolled up sleeves and your skull t-shirt.
You say why did you do it with him today?
And sniff me out like
Dm
I was Tanqueray.

Gm
Cause you're my fella, my guy
E7
Hand me your stella and fly
F
By the time I'm out the door,
E7
You tear me down
A7
like Roger Moore.

Dm Am E7 Am :
I cheated myself,
Like I knew I would.
I told ya, I was trouble,
You know that I'm no good.

Dm Gm A7 :
Upstairs in bed, with my ex boy,
He's in the place, but I cant get joy.
Thinking of you in the final throws,
A7
This is when
Dm
My buzzer goes.
Gm
Run out to meet your chips and bitter,
E7
You say when we're married cause you're not bitter
F
There'll be none of him no more,
E7
I cried for you on
A7
the kitchen floor.

Dm Am E7 Am :

Dm Gm A7 :
Sweet reunion, Jamaica and Spain
We're like how we were again
I'm in the tub You on the seat
Lick your lips
Dm
as I soak my feet

Gm
Then you notice lickle carpet burn
E7
My stomach drops yeah and my guts churn
F
You shrug and it's the worst,
E7
To truly stuck
A7
the knife in first.

Refrão (2X)
Dm Am E7 Am :


Rehab



C % G F C :
They tried to make me go to rehab I say no no no
Yes, I've been black but when
I come back you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab I won't go go go

E Am F Ab :
I’d rather be at home with Ray
I ain’t got seventy days
Cause there’s nothing, there's nothing you can’t teach me
That I can’t learn from Mr Hathaway
G
I didn’t get a lot in class
F
But I know it don’t come in a shot glass

C % G F C :
They tried to make me go to rehab I say no no no
Yes, I've been black but when
I come back you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab I won't go go go

E Am F Ab :
The man said why do you think you here?
I said I got no idea
I’m gonna, I'm gonna lose my baby
So I always keep a bottle near
G
He said I just think you’re depressed
F
Kiss me, yeah baby, and go rest

C
They tried to make me go to rehab
I say no no no
C
Yes, I've been black but when I come back
you'll know, know, know

E Am F Ab :
I don’t ever want to drink again
I just, ooh I just need a friend
I’m not gonna spend ten weeks
And have everyone think I’ve gone mad
G
And it’s not just my pride
F
It’s just til these tears have dried

C % G F C :
They tried to make me go to rehab I say no no no
Yes, I've been black but when I come back
you'll know, know, know
I ain't got the time and if my daddy thinks I'm fine
He's tried to make me go to rehab I won't go go go


Valerie



Introdução: Eb7M Fm7

Eb7M Fm7 :
Well sometimes i go out by myself
and i look across the water
And I think of all the things,
what you're doing and in my head I make a picture

A9* Abm (3x)
'cos since i've come on home,
well my body's been a mess
And i've missed your ginger hair
and the way you like to dress
Won't you come on over stop
B
making a fool out of me
Eb7M Fm7
Why won't you come on over Valerie? Valerie?

Eb7M Fm7 :
Did you have to go to jail, put your house up for sale,
did you get a good lawyer?
I hope you didnt catch a tan
I hope you find the right man who'll fix it up for ya
Are you shoppin' anywhere,
changed the colour of your hair , are you busy?
And did you have to pay the fine
you were dodging all the time are you still dizzy

obs: A9* = 507600}

“Love is a losing game”



Introdução: C7M

C Dm7 Fº C7M :
For you was a flame,
Love is a losing game.
Five story fire as you came,
Love is a losing game.

Em7 Dm7 Fº C7M
One I wish I never played,
Oh what a mess we made.
C Dm7 Fº C7M
And now the final frame,
Love is a losing game.

C7M

C Dm7 Fº C7M ::
Played out by the band,
Love is a losing hand.
More than I could stand,
Love is a losing hand.

Em7 Dm7 Fº C7M
Self professed, profound,
'Till the chips were down.
C Dm7 Fº C7M
Know you're a gambling man,
Love is a losing hand.

C7M

C Dm7 Fº C7M :
Though I'm rather blind,
Love is a fate resigned.
Memories mar my mind,
Love is a fate resigned.

Em7 Dm7 Fº C7M
Over futile odds,
And laughed at by the gods.
C Dm7 Fº C7M
And now the final frame,
Love is a losing game.

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O Bernardo sempre vai tirar a onda de que falou dessa mulher antes que o mundo todo... E o pior é que ele sempre vai ter razão pra tirar essa onda...

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Esse post é uma homenagem e um desejo de pronta recuperação para a nossa querida SOBREMUSA...

9.8.07

Show: Satchmo Summer Fest, em Nova Orleans (dia 2)

What a Wonderful World II





      A introdução da reportagem de capa da revista Offbeat de agosto é tão boa que eu vou só traduzi-la para começar esse texto aqui:

      "O jazz viajou pelos caminhos da tecnologia e da estética do século XX até o ponto de ter, hoje, milhões de caras pelo mundo. Em Nova Orleans, Louis Armstrong é a cara do jazz."

      Não foi ele quem inventou o jazz nos clubes onde negros se reuniam para dançar, beber, e se apaixonar. Mas desse começo, quando os brancos já davam os primeiros passos de swing nas pistas de danca, foi ele que deu o salto para se tornar o primeiro solista de destaque. Sem forçação, foi o primeiro popstar da história, afinal o jazz era a música pop da primeira metade do século.
      Nessa condição, passou tambem a cantar. E a atuar. Negro, maconheiro, transmissor de emoções com uma facilidade e um alcance sem igual. Os olhos, o sorriso, a voz. Tudo era instrumento para sensibilizar e cativar. Carisma, é assim que alguns chamam. Satchmo foi um embaixador do bem viver. Cantou a comida da Louisiana, as mulheres, os cigarrinhos, e o que mais bem entendeu. Tinha um descaso quase provocador ao que especializados e patrulheiros politicos pensavam. À esquerda e à direita, defensores do bom gosto, todos falaram mal dele.
      Já velho e limitado, gravou a música que demoraria vinte anos para virar a marca dele nos EUA e no mundo. What a Wonderful World foi lançada em 1967, fez algum barulho na Inglaterra, mas só no fim da decada de 80 foi parar na lista de mais executadas do pais de Pops - a propósito, outro dos apelidos com que é carinhosamente tratado. E foi por causa da trilha de um filme que tenta achar um lado positivo em um momento de guerra, Bom Dia Vietnã.
      Hoje, dois anos depois do Katrina, Nova Orleans tenta achar o que há de bom em um momento de tragédia. What a Wonderful World é a trilha da cidade.





      Kermit Ruffins é claramente o atual embaixador do bem viver. E a comparação não é só essa. Ele é também trompetista, negro, maconheiro, e entre a disciplina da técnica e a irresponsabilidade do improviso, gargalha e foge do que é esperado.
      Para aproximar um pouco a figura folclórica da gente, no Brasil, Kermit fez um showzasso no Satchmo Fest à la Tim Maia. Cumprimentou, do palco, a todos que reconheceu na platéia. Virou-se de costas para brincar com quem estava atrás nos bastidores (a Rebirth BBand inteira, Trombone Shorty, a familia). Bebeu cerveja. E não deixou de comandar a celebração.




      Só nao reclamou do som, porque não rolava essa possibilidade. Mas recebeu a pequena Gabrielle, do show da Soryville no dia anterior, e ela por pouco não ficou em cima do palco para sempre. Em seguida, outra menininha que estraçalhou What a Wonderful World para desespero da banda que acompanha Kermit, a Barbecue Swingers. E ainda a filha dele, de 15 anos, "embora nao pareça, sabe? Ela é baixa para a idade." Bem, tambem teve um tal de Silent Giant, e ainda outro trompetista para puxar (adivinhem?) What a Wonderful World.
      Claro, deu tempo de ouvir If You Want Me To Stay (Family Affair), You Don't Know What It Means To Miss New Orleans, Palm Court Strut, Do Watcha Wanna, When The Saints Come Marchin'In, Skokiaan (a de Pops que Kermit mais gosta) e ... What a Wonderful World.
      Quando chamou Trombone Shorty para o tradicional encerramento do festival, o moleque não foi encontrado. Uma pena. Pensando bem, um detalhe que não tirou o brilho de um mundo ali, naqueles curtos instantes..., mmm, ...um mundo com um que de maravilhoso.

      E já vinha sendo maravilhoso, antes do encerramento. Peguei os últimos três ou quatro minutos do hype de Trombone Shorty, ou Troy Andrews. Como tinha uma cerveja de sapo na mão, vocês queiram entender que essa foto eu não fiz. Mas imaginem uma praça lotada, eufórica, e um palco com três senhoras vestidas de antigamente, e um menino magrinho com oculos escuros Dolce Gabana descendo para o meio do público para comandar uma fila de músicos em uma pequena parada improvisada. Os aplausos foram intensos, pode acreditar. E foi essa a apoteose que antecedeu a entrada de Kermit em cena.



      O show inteiro de Shorty, eu perdi por um bom motivo: Rebirth Brass Band - a minha maior curiosidade na viagem. E os caras são muito bons. Mesmo dividindo público com Shorty, levaram bastante gente para o fundo do US Old Mint. O ânimo foi abaixo do da apresentação da Soul Rebels, na véspera, porém não dá para não perceber que o fôlego da Rebirth é maior.



      São dois saxes tenor, dois trombones, dois trompetes, uma tuba e dois que se dividem em caixa, pratos e bumbo. O principal vocalista é Derrick KABUCY Shezbie, que toca segurando a bochecha direita. Mas todos cantam. Diante de 25 anos de história, são os defensores incansáveis do funk, e a referência maior disso que são as brass bands de Nova Orleans.




      De volta ao palco contemporâneo, Edward Anderson and the Bleu Orleans (Bleu em francês, não Blue em inglês) fizeram um show de solos estupendos. O saxofonista do Alabama, Nelson Mandellia (deve se escrever assim), era um monstro nas improvisações.
      Em uma crítica direta e sem sutileza a um jornalista que o tinha entrevistado, Anderson anunciou que tocaria a clássica e boba Bye Bye Blackbird. Apresentou um número incrível, com viradas harmônicas e momentos em que ficava difícil reconhecer a música, para em seguida voltar o tema e resolver a tensão. Experimental, sim, da melhor qualidade. Quanto à provocação, a história é que Anderson assumiu há pouco a diretoria do curso de música da Universidade Dillard, e em entrevista publicada na Offbeat de agosto, disse que o turismo afasta o jazz de Nova Orleans de um nível superior, porque os musicos ficariam satisfeitos em tocar as mesmas What a Wonderful World e Bye Bye Blackbird para garantir a gorjeta. A resposta não foi bem recebida, e justamente ou não, Anderson disse que não disse aquilo. Botou a culpa no repórter.
      O público ganhou, no mínimo, uma excelente versão de uma velha canção.


      Abrindo o dia, ou pelo menos o meu dia, o show de John "Kid" Simons passou batido. Jazz lento, sem brilhos maiores.

Show :: Jonas Sá

É fato que há uma galera no Rio de Janeiro que se sente meio órfão de novos artistas pops que o representem, sobretudo para a geração 00. O Los Hermanos veio e cumpriu esse papel, mas a cidade sempre esperou mais. Com o "recesso" dos bastiões da música jovem carioca, a expectativa por novos nomes cresce.

O disco "Anormal" de Jonas Sá ainda é um mistério, porém mostrando algumas faixas para um e para outro, somando a isso a ajuda de amigos respeitados na cena local, ele já conseguiu marcar alguns shows importantes, cavar matérias bacanas em veículos de grande circulação e trazer pra si um público respeitável, para quem, como disse, ainda nem lançou um disco. Tudo isso vem servindo para aumentar a expectativa e curiosidade que se tem sobre o trabalho do rapaz.

A degustação que se provou na Cinemathèque, na última terça-feira, foi das mais saborosas. Sem ter condição de me aprofundar ainda, o que ficou foi um gosto de música pop de altíssima qualidade, com referências que vão desde o experimentalismo indie norte-americano da década de 90, até a música para dançar de James Brown, passando pela cabecice de Caetano (que estava na platéia) e o chicletismo de Lulu Santos. Não há muito o que dizer ainda além dessa sensação gostosa que o show deixou na boca. A curiosidade sobre o disco cresceu. O único "senão" foi uma evidente fragilidade na emissão de Jonas, que ainda está muito abaixo do que a enorme quantidade de instrumentos (todos bem usados!) exige do "crooner". Foi especialmente difícil entender as palavras que estavam sendo cantadas por ele. Como é início de trabalho, ainda dá tempo de resolver com alguma dedicação, caso contrário pode virar algo crônico e fatal ao longo do tempo. Mas tudo indica a crer que vem coisa boa por aí.

7.8.07

Show: Satchmo Summer Fest, em Nova Orleans (dia 1)

What a Wonderful World




       A Soul Rebels Brass Band encerrou o primeiro dia de shows do sétimo Satchmo Summer Fest com o que os organizadores chamaram de "o melhor público do festival". E houve sim uma quase catarse, não fosse tudo muito comportado. Foi acima de tudo uma bela homenagem, mesmo no menor palco dos três que compunham a festa em comemoracao ao aniversario de 106 anos de Louis Armstrong. Satchmo, para quem não sabia.
       Ainda para explicar, as brass bands são formadas por instrumentos de sopro de metal (sem clarinete, gaita...), e uma seção rítmica. No Satchmo SF, mereceram um palco específico, ao lado de um para o jazz tradicional e de um para o jazz contemporaneo.
       Pois bem, foi com uma metaleira furiosa que a Soul Rebels encheu de gente os fundos do US Old Mint, sede do festival e ex-fundicao de moedas americanas (além de ex-museu de jazz, até o Katrina).

       Composta por um trombonista, também vocalista principal, dois trompetes, um sax tenor, um guitarrista japonês, uma tuba, uma caixa e um bumbo, a banda segue os passos da Rebirth Brass Band, que tocaria no dia seguinte. O visual do grupo remete a bandas como o Soul II Soul, um rap/r'n'b longe do gangsta, bem comportado. Mas melhor do que o S II S, eles envenenam o som com funk pesado, e usam com categoria as convocacoes à danca e ao orgulho de ser de Nova Orleans. Winston Turner, o do trombone, tem carisma de sobra, mas falta ainda liderar o grupo a construir um repertório mais consistente. Torcedores, ficou provado, não faltam.



       O sábado tambem foi especial para Maurice Brown, no palco do jazz contemporâneo. Nem tanta gente viu, mas o clima era mais uma vez de torcida. E mais, de carinho. Brown explicou, no palco, que a próxima música era do segundo disco, o que se repetiria várias vezes na segunda metade do show. Só que o segundo disco só vai sair em janeiro, quase três anos depois do primeiro. O intervalo se deve ao Katrina. No fim da apresentação, Brown me contou que perdeu tudo na passagem do furacão, mas que ainda assim decidiu ficar. E disse que sabe que fez bem.
       Se o público não era tão numeroso, a fila para comprar o disco que já existe, o primeiro, era grande.


       Aliás, o show mereceu bem mais do que solidariedade. Quase todo instrumental, a apresentação é altamente ligada às batidas que produtores como Mark Ronson e Timbaland têm espalhado por aí. Com uma banda formada por músicos de todo o país, ele consegue dar um sabor mais amplo a um jazz criado a partir de Nova Orleans: um som quente e sofisticado, de composições próprias muito elaboradas - conectadas com o jazz atual e com a música pop negra. Fora ser um grande instrumentista, e fazer solos bem além do virtuosismo. A, ele ainda é o próprio vendedor de discos, ao fim do show.



       Ainda no sábado, Gabrielle mereceu uma dose de aplausos ao soltar o vozeirão de dez anos de idade no show da Storyville Stompers Brass Band. O grupo tem por caracteristica abrir espaço para os melhores alunos de música da rede pública de ensino. Foi o caso do molequinho estrábico, que toca caixa direitinho, mas dança muito bem mesmo. Mais do que a menina, ele demonstrou mais malandragem ao lidar com o público. E no que não é um defeito (afinal...), mas tem que ser dito, foi menos infantil.
       A propria Storyville já tinha aberto as atrações musicais na sexta à noite, na Frenchmen's street, ali do lado. Tocando por gorjetas, com o próprio menino vesguinho. Um repertório de clássicos da Louisiana, tocados em clima de baile de rua. Simples e perfeitinho assim.


       Mais cedo, a Mo'Lasses and New Orleans (mostly) Women's Brass Band foi uma atração simpática, levada pelo banjo da dona Mo' e uma típica sonoridade de anoitecer à beira do rio Mississipi, que você já deve ter ouvido em seriados e desenhos animados da tv. Quanto ao nome, fica a dúvida, afinal o som nao é o de uma brass band e o (mostly) esbarra na matemática, quatro contra tres, praticamente meio a meio.



       A Yoshio Toyama & the Dixie Saints abriu o palco do jazz tradicional com uma homenagem nipônica a Louis Armstrong. Sem um toque de diferença aos que os discos já nos trazem, e a voz rouca do japa do trompete, ficou uma vontade de sorrir assim meio amarelo.


       A Original Hurricane Brass Band chama para si o pioneirismo no formato reduzido só para metais de marchin' band (aquelas orquestrinhas americanas que marcham em qualquer festa tradicional do país, e se espelham em bandas marciais militares) que eu tentei descrever no segundo parágrafo. E não tem muito mais do que isso.


       E a Panorama Jazz Band é a world music de Nova Orleans. É pelo clarinete de Ben Shenk e pelo acordeon de Patrick Harrison que ares da Argentina, leste europeu e Oriente Medio chegam ao chamado Vieux Carré, o centro da música de Nova Orleans. Alegre, a formação pouco usual (ainda tem tuba e banjo) mistura escalas diversas em uma celebração de bom humor, mente aberta e referências deslocadas. Salada boa. Merecia tocar mais tarde, para um público maior.

6.8.07

Jazzmatazz no Tipitina's de Nova Orleans

Falcatrua [ainda odiando a falta de acento]

      O lugar eh um classico da cidade, o que se confere nos cartazes do que jah passou por ali: Afrika Bambaataa, Dr John, Flora Purim, Skatalites, Rebirth Brass Band, Wilco. Alem do mais, a casa funciona como uma fundacao, que recolhe instrumentos e dah oficinas para a garotada da cidade. Como se um lugar como o Ballroom, para usar um que nao existe mais no Rio, aproveitasse a presenca de musicos na cidade e a fim de participar, e organizasse encontro deles com os meninos assistidos pela fundacao Ballroom, ligada ao sistema de escolas publicas municipais.
      Mas eu estava lah mais pelo Jazzmatazz, projeto do rapper Guru da decada de 90 que juntou cabecas do jazz, do entao nascente acid jazz, do r'n'b e do rap para juntos criarem. Funcionou bem por dois discos, influenciou uma serie de artistas, inclusive os proprios participantes, e ainda teve uma terceira edicao com djs de drum 'n'bass. Nao gosto tanto do terceiro disco. Desde entao, nao voltei a ouvir falar de Jazzmatazz, a nao ser remotamente pelas fracas passagens de MC Solaar (o rapper e posteriormente produtor que apoia o projeto) e do proprio Guru, pelo Rio.
      A oportunidade estava ali, e mesmo cansado dos dois dias do incrivel Satchmo Festival (sobre o qual jah escrevo, prometo), paguei o taxi e os dezessete dolares de entrada para ver em que pe anda uma das melhores experiencias de dez anos atras. Pois bem, vai mal.
      Ou o povo de Nova Orleans eh mais malandro que eu, ou eles nem se lembram dos discos de dez anos atras. O Tipitinas, que deve ter o dobro do tamanho do Odisseia (RJ) e ser um pouco mais largo do que a Outs (SP), estava vazio. Umas sessenta pessoas, no maximo.
      Pois mesmo assim, as chances de uma apresentacao ao menos decente estavam ali - os poucos que pagaram para entrar conheciam o trabalho de Guru, e colaboravam com as firulas de mao para cima, make some noise, esperar ele dizer isso para responder aquilo, e todas as bengalas do rap que sao usadas na falta de algo melhor a se dizer.
      Alem do publico amigo, a banda The Seven Grand eh impecavel. Um baixista elegante e sorrateiro, que parecia ter saido de um filme noir com trilha de Miles Davis, era acompanhado de um trompetista com cara de metaleiro e muita habilidade nos dedos. Um inglesinho se revezava na guitarra, sax soprano e teclado, sempre bem, e um baterista conduzia sem firulas o repertorio igualmente classe a. Nos toca-discos, dj Doo Wop, fiel escudeiro e a altura dos musicos. Ou seja, no meio de tanta boa vontade e elegancia, era dificil errar.
      Guru ainda tinha como convidados Noreen Stewart, que canta muito quando segue o que esta nos discos, e erra quando tenta improvisar. Perdoavel. E MC Solaar, que pode ser um bom produtor, mas so faz sentido em cima do palco se for por amizade. Ainda assim, vah lah, perdoavel tambem.
      Mas Guru eh um pela-saco, e isso nao se perdoa. A apresentacao mal tinha passado de meia hora, e ele comenta que como gosta de Nova Orleans, vai encaixar mais uma. Ninguem leva muito a serio, primeiro pelo tempo de show, segundo porque Solaar ainda nao tinha subido ao palco. Pois bem, foi uma musica e Guru saiu batido do palco. Ficou um clima de indecisao, as luzes foram acesas, se apagaram, e ficaram em um meio termo. O dj que tocou na abertura subiu ao palco, pegou alguma coisa que tinha deixado ali, e desceu. Umas meninas (deviam ter umas cinco ao todo, portanto uns 60% delas) ensaiaram um pedido de bis, que nao durou. Mais uns minutos e Guru voltou. Chamou Solaar, apresentou a banda, tocou umas tres musicas, falou do disco Jazzmatazz 4 que sai ainda este ano, disse qualquer coisa para o publico responder uma coisa qualquer e pronto. Menos de uma hora depois de ter entrado em cena pela primeira vez, foi embora.
      Para ser justo, enquanto ele e a banda tocam o que eh conhecido dos discos, a apresentacao eh impecavel. Aquilo ali de cima, bons arranjos, o bom trabalho do produtor Solaar, os excelentes musicos, a fusao bem feita de jazz e hip hop. O problema eh a marra e o pouco caso com quem esta ali para ver um show de verdade. Guru, nao leva a mal, mas eu soh assisto de novo ao Jazzmatazz se voce nao estiver incluido.

Kermit Ruffins, no Vaughns de Nova Orleans

Jazz de Portas Abertas [eu odeio escrever sem acento]


      Nao era o plano inicial, mas quinta-feira eh dia de Kermit Ruffins no Vaughan's, e ele eh o melhor que ha por aih. O jeito foi seguir o conselho.
       Cheguei quase as dez horas no bar, para garantir um bom lugar, ainda seguindo o tal conselho. Um tipico bar americano, so que a tv fica afastada e sem som. A garconete oriental era soh sorriso e hospitalidade. A cerveja nao era das melhores, mas era local, e fui convencido a apoiar o sentimento de habitantes que ainda cicatrizam a passagem do Katrina, ha dois anos.
       Hurricane Kermit chegou as onze, gritando respostas para o jazz que rolava nas caixas de som. Nao deu dez minutos, e ele tava pedindo para assumir o toca-discos. A selecao ficou mais aberta, fundiu uma sequencia de Hey Ya com Louis Armstrong, sem doer o ouvido. Mas Kermit nao eh dj, eh trompetista e animador. Canta tambem, por boa parte do show, mas esse nao eh o seu melhor atributo. Por nao ser dj, as passagens sao toscas, e nao demora para uma sequencia ser cortada aos dez segundos. Sorry ya all, ele ri com os dentes tortos.
      O show ainda demora a comecar, os musicos vao chegando sem pressa, teclado, bateria e baixo, e se misturam ao publico que tem figuras como um grupo de turistas da Africa do Sul, uma popozuda loura com a mae, senhoras magrelas, senhores rednecks pesados e de barba branca, um engenheiro da Nasa que fica meu amigo, e uma juventude que vai do rapper negro de bone para o lado ao branco com pose de Timberlake. Fora a vizinhanca com aspecto de caminhoneira, que frequenta o lugar tambem no resto da semana, quando nao ha apresentacao. Mistura interessante.
      Hurricane Kermit, nao descobri se o apelido eh anterior ao Katrina, pede de longe do balcao por uma Absolut Nova Orleans com cranberry juice. Nao sei traduzir, mas eh basicamente vodka com suco de algo similar a cereja.
      Aina daria tempo para mais um, antes de iniciar a brincadeira. Como no set de dj que tinha antecipado o show, Kermit tem algo fanfarrao de Louis Armstrong com George Clinton. Canta e toca para deixar claro que pelo menos se diverte bem. E funciona, a coisa se espalha. Entre gargalhadas, vao se emendando convocacoes a danca que enfileiram o suingue do jazz pre-bebop com o funk de Sly Stone e Red Hot Chili Peppers. E essas sao so as referencias que ele assina com covers.
      A banda eh discreta em mis-en-scene, mas nao nos instrumentos. Segue o padrao de Kermit. O baixista eh um Flea, sem hiperatividade do chilli pepper. O tecladista enche as musicas de contrapontos, e eh rapido na harmonizacao dos improvisos. E o baterista usa muito a caixa, para quebrar os andamentos em jogar a manobra para primeiro plano. Coisa fina.
      O show vai durar dois sets, com um longo intervaloque volta a ter o dj Hurricane passeando de cadarcos desamarrados pelo hip hop, por algo de sopros caribenhos e por, naturalmente, muito dos colegas de jazz e de cidade.
      Quando a banda finalmente volta, eh com If You Want Me to Stay mais Family Affair. Primeiro, por uns dois minutos, soh instrumental: um trompete solto, manhoso, e o baixo cheio de volumes e reentrancias, sensual mesmo, e instigante. Musicao. Quando entra a parte cantada, o beat nao cai, e ateh sobe no interludio para o refrao de Family Affair, mais conhecido no Brasil como o u-u-u de Jah Sei Namorar.
      Mais uma hora, show ainda rolando, barriga forrada com um arroz e feijao vermelho cortesia da casa, e eu deixo o Vaughan's. Dali a tres dias, eu assistiria de novo ao Hurricane Kermit...

3.8.07

Rolling Stone :: ECAD

Esta é a matéria que fiz sobre o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) para a edição de junho da Rolling Stone. Seguindo o procedimento de praxe, que alguns outros coleguinhas também praticam, as colaborações que faço com a revista aparecerão por aqui quando as respectivas edições já não estiverem mais nas bancas. A foto abaixo não foi a escolhida pela revista, mas foi uma das enviadas pela assessoria de Durval Lellis, um dos entrevistados. O texto também segue em versão integral, sem alguns cortes que precisaram ser feitos pelos editores.

foto: David Glat/Divulgação

Trinta anos em ritmo de polêmica

Em 2007, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD) completa 30 anos no papel de único órgão responsável pelo recolhimento e pagamento dos direitos autorais para os compositores brasileiros. Apesar do crescimento exponencial registrado na última década, a empresa continua longe de ser uma unanimidade. “Como eu posso ter certeza sobre os dados apresentados por eles? O quanto não são manipuladas essas informações? Vejo grandes arrecadadores se queixando que cada vez recebem menos”, diz o músico Lucas Santtana.

O campeão de arrecadação em 2006 foi o sertanejo Rick. Além de ser o compositor que mais gerou receitas no segmento “Rádios”, ele também aparece entre os dez mais nas categorias “Música ao vivo” (em pequenos estabelecimentos) e “Shows” (grandes casas e festivais). Quando procurado pela Rolling Stone, o cantor não pôde atender à reportagem. Segundo a assessora de imprensa, naquele momento ele estava apenas dedicado a fazer, justamente, “as blitz nas rádios”. Além disso, a equipe do músico informou que Rick não gosta de se pronunciar sobre o tema, “pois todo mundo fica achando que ele ganha rios de dinheiro e não é bem assim”.

“Eu não sei o que Rick chama de rios de dinheiro, mas só com as arrecadações da categoria ‘Shows’, eu ganho uma média entre R$10 mil e R$ 20 mil por mês”. Quem diz isso é Durval Lellis, vocalista do Asa de Águia, outro top ten do ECAD. “Estou no pódio há uns dez anos”, admite. Para o cantor baiano, pelo menos metade dos compositores brasileiros é desinformada sobre direito autoral.

Esta também é a posição de Márcio Massano, coordenador estratégico de arrecadação do ECAD. “O maior problema que vivemos é a desinformação das pessoas. Nós tentamos explicar, mas não há uma compreensão sobre o papel de cada um nessa cadeia”. Para Massano, um dos maiores esforços da empresa é no sentido de tornar mais claro tudo que o compositor recebe. “A gente envia extratos mensais detalhadíssimos”. Já para o sociólogo Alexandre Negreiros, que mergulhou fundo nas entranhas do ECAD para sua dissertação de mestrado em Musicologia, na UFRJ, o buraco é mais embaixo. “Eles falam de transparência, mas é da boca pra fora. São incapazes de demonstrá-la”.

O ECAD é uma sociedade civil, de natureza privada, administrada por dez associações de música, que representam os compositores. Apesar de não ser um órgão público, ele foi criado por uma determinação de lei de 1973. Graças a ela, o escritório detém o monopólio do setor desde 1977, quando começou a operar. Isso, porém, não é visto com maus olhos, nem mesmo por Negreiros. “A centralização é ótima. O problema é a falta de um controle do governo, ou de qualquer outro órgão que confira verdadeira transparência”. Segundo o ECAD, os critérios dos balanços patrimoniais e sociais seguem o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) e todos os relatórios anuais obtém pareceres de empresas de auditorias independentes.

A advogada Vanisa Santiago é vice-presidente do Instituto Interamericano de Direito de Autor (IIDA) e trabalhou 29 anos na União Brasileira dos Compositores (UBC) – a associação mais forte do Brasil. Na opinião dela, “o ECAD ainda tem muito que fazer para se orgulhar da transparência”. A advogada afirma ainda que o modelo brasileiro não é praticado em nenhum outro país. ”No âmbito internacional, as sociedades estrangeiras têm dificuldades para entender realmente como funciona. Chama a atenção o fato de não existirem controles externos obrigatórios para a gestão coletiva. Em todos os países existem organismos governamentais especializados nessas ações, em distintos níveis e com diferentes formas de atuação”.

Mesmo com todas essas questões em aberto, as melhorias do setor são sempre citadas. “Desde que começamos, há 25 anos, mudou totalmente. Hoje é mais aberto, muito mais rentável e organizado”, avalia José Fortes, empresário dOs Paralamas do Sucesso e de Herbert Vianna, outro que sempre figura entre os compositores mais tocados. Segundo as informações disponíveis no site do ECAD, entre 2000 e 2006, a arrecadação anual subiu mais de 140% e a distribuição mais de 240%. “Mas apesar de já ter melhorado, acho que ainda falta muito”, conclui Fortes.

Discos na parede

Se o mercado de música independente brasileiro ainda não chegou ao patamar de fazer suas bandas atingirem vendagens excepcionais, Melvin, baixista do Carbona e dos Tremendões, resolveu radicalizar. Entrou para o mundo suicida e vicioso dos blogs sobre música e agora, finalmente, tem o seu Disco de Ouro. De quebra, já arrumou também um Disco de Platina. De bônus, levou uma turnê de shows acompanhados nos iul-és-ei!

Gabba Gabba Hey!

1.8.07

Aleatório FM :: Mussum

Domingo passado, em meio ao fim do Pan-Americano, ninguém pareceu se lembrar que completávamos 14 anos que esse cara aqui tinha cantado pra subir...


Figura carismática e muito mais valorizada após sua morte, Mussum virou ícone pop. Morreu novo, aos 53 anos, depois de um transplante de coração. Gênio da raça, ele faz falta por aqui. O YouTube é o recanto da saudade pra quem cresceu sendo fã do negão. Há algumas semanas, como um vírus que se espalha, comecei a receber alguns links de amigos diferentes, e sem conexão entre si, para os mais diversos vídeos dos Trapalhões. Na maioria, a estrela era o Mussum. A coisa chegou a um grau demente quando eu estava em Colônia, escala para Roskilde, e meu amigo alemão, Selim, que fala português fluentemente – tendo aprendido só de ouvir Tom Jobim - , me chamou ao computador e perguntou: “Cara, você conhece isso daqui?” E me mostrou esse vídeo.


De todos os que eu já tinha visto no YT, este se tornou meu preferido imediatamente, não pelo final da piada, mas pela interpretação em si ao longo dela, principalmente na primeira metade do vídeo. Selim tinha descoberto e virado fã de Trapalhões, sem ser indicado por ninguém. Descobriu sozinho navegando pelo YT e foi cativado. Para ele, Renato Aragão é o melhor.

De qualquer forma, ao ver Mussum cantando “Lá no morro”, do Fundo de Quintal, fiquei inquieto, retorcido de dar risada. Queria de todas as formas fazer uma edição do Aleatório FM dedicado a ele. Tomei essa providência assim que voltei ao Brasil. Já no estúdio, gravando o programa, descobri que ele iria ao ar no mesmo dia em que se completavam 14 anos de morte do rapaz. Coincidência das fortes.

Enfim, esse foi um dos programas que mais gostei de fazer até aqui (#05). Tem até o próprio Mumu cantando o incrível partido alto "Chiclete de Hortelã"! Quem quiser ouvi-lo, é só clicar aqui. Além disso, é uma boa oportunidade de conhecer o Aleatório, se você ainda não o ouviu.

*************************
O site do programa passou por um problema sério nesse primeiro mês, mas já está sendo corrigido. Espero que até o fim da semana tudo já esteja nos eixos. Daí, será possível baixar os arquivos dos programas passados e muitas outras coisas mais. Pra quem quiser ouvi-los, por enquanto só através dos links abaixo.

Aleatório #01
Aleatório #02
Aleatório #03
Aleatório #04

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Lembrando que o Aleatóro FM vai ao ar todos os domingos, às 22hs, na MULTISHOW FM.

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Tião Macalé é outro que faz falta. Aliás, se alguém souber qual é a música que ele está cantando no início do vídeo, por favor, me avise!!!

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Nós temos uma árvore ginecológica finíssimis! Suco de cevadis!!!


Enfim, a casa própria
Perda :: Dorival Caymmi
Dorival Caymmi :: Compilação de vídeos
Show: Momo, no Cinemathèque
Site:: OEsquema
Agenda :: Momo, Hoje!
Aviso: Última Digital Dubs na Matriz
Entrevista: Fabrício Ofuji, produtor do Móveis Col...
Vídeo: Reckoner, de Gnarls Barkley
Vídeo: L'Espoir des Favelas, de Rim'K

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