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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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29.4.08

Trilhas Sonoras: Apenas Uma Vez e Natureza Selvagem

Songs of Freedom



      Há algo de comum entre os filmes de Sean Penn e John Carney. Os dois buscam mostrar a liberdade em um mergulho solo, acompanhado de um violão. No caso de Once, a busca é por rumo depois de um romance adulto desfeito, onde a música é a parceira para um objetivo indefinido, perdido, até medroso. Em Into the Wild (e os títulos em inglês tem a ver com o fato de que música não se traduz, e os dois filmes são de música, em primeira ou última instância), a busca é mais do que definida, é pela exploração de uma natureza intocada, pronta a despertar a verdade que existe dentro de Cristopher - auto-rebatizado Alexander Supertramp. Nova vida, nova identidade. Essa, em construção do zero.
      Engraçado é notar que o personagem de Emile Hirsch, o andarilho Supertramp, não leva um violão ao lado, só livros. A música é trilha, um recurso de montagem, mas é fundamental para contar a realização doída que vai se tornando o rumo do personagem até o destino final Alasca. E até lá, e lá inclusive, o que mais surgem são contradições. Essas mesmas que nos acompanham na vida, daí a identificação.
      Trata-se de um filme que o tempo todo mostra amargura, arrependimentos, questionamentos sobre o que não se fez. Mas o tom não é de choro, é de descoberta, de inconseqüente coragem. Junto com o personagem principal, o diretor Sean Penn, o autor da livro-reportagem Jon Krakauer e o cantor Eddie Vedder também se rebelam quietos contra a carreira, o dinheiro, a família, o lar.
      O violão empunhado pelo Pearl Jam Vedder, solo, é o comentário à estrada, às afirmações contra tudo que dá segurança (afirmação contra, olha o paradoxo), ao não-olhar para trás, ao diálogo apesar da idéia fixa, à amizade apesar da jornada individual. Importante notar, onde se lê individual não se lê só. Assim como uma canção levada ao violão é completa, é cheia de possibilidades, é convidativa, mas nunca solitária, a jornada de Alex Supertramp é também assim: não se trata de solidão.
      É, sim, um individualismo romântico, cheio de códigos de ética e de integridade, onde não há espaço para negociação. As marcas que deixa são todas em espaços de transição: a parede do trem, a safra da primavera, a alfândega, o rio, e finalmente um simbólico ônibus parado onde não deveria haver ônibus. Daí, um pouco, as canções serem folk – um estilo de evoluções de acorde, de apoio na melodia da voz, essencialmente de busca de liberdade, embora ligado à terra.
      Apesar de mais velho, o personagem do músico Glen Hansard é igualmente um cara abrindo mão das promessas de um começo de vida por um sonho de liberdade. Para ele, que não ganha nome no filme, tocar o violão na rua, enquanto os outros passam, é a vida. É onde está a sensação de liberdade, de realização. Mais uma vez, mas por outros caminhos, o violão tocando a completude e as possibilidades abertas, sem hesitações e sem definições a não ser a própria certeza de seguir.
      No entanto, aqui vai uma diferença: o protagonista de Once não é solitário enquanto toca. Na loja de consertos de aspiradores de pó onde trabalha com o pai, ou no quarto da casa também do pai, ele é um homem recolhido depois da separação. Não é o recolhimento que predomina, mas ele está registrado e é o caminho que vai ser percorrido até se chegar ao destino.
      De qualquer forma, no toque do violão, em um filme onde o dinheiro não existe para home studios, ipods ou mp3, as amarguras e decepções que marcaram somem para um som entre transeuntes, entre passantes e pedestres, e uma em especial – imigrante, uma pianista sem piano, uma espelho também sem companhia (com a diferença de uma filha).
      Once não é um road movie, mas também não pode ser chamado de um musical. No máximo, um musical sem dança. E fica para o leitor medir o quanto de ironia e bravata há na definição.


      Os dois filmes tratam igualmente de arrependimentos, embora sejam de celebração. Nos dois casos, um namoro com o fim trágico: não ser amado, não ser bem sucedido, não sobreviver. E, romântico ou heróico, o violão está lá para explicar porque as coisas são assim. Quem nunca sentou em uma roda do instrumento nunca há de entender as escolhas de um e outro.


E um bônus:

28.4.08

SOBREMUSICA TV :: Roda de Samba no Semente (2)

O processo de filmagem de um documentário é uma mistura viciante de estafa e prazer. Por vezes, a estafa é tão maior que acaba cegando, sobretudo quando se está na ilha de edição, no exteeeeenso proceso de analisar material. Mas por vezes, os olhos descansam, o coração se desloca pra garganta e você já está cantando em frente ao monitor. Pega um negócio pra beber, dá um relax e recarrega as energias pra seguir. E volta a certeza que por vezes o cansaço esconde: é muito bom estar filmando esse documentário!

Além do vídeo publicado no post aqui embaixo, em breve trarei para cá o trailer comercial que estamos finalizando para a etapa de captação do projeto. Não é um trailer final - ainda falta filmar muita coisa!!! -, mas já dá pra ter uma idéia da história que vem por aí. Pra quem se interessar, esse vídeo foi feito na roda descompromissada comandada por Edu Krieger e Elisa Addor, todos os domingos, no "tradicional" Comuna do Semente. Jam sessions, músicas inéditas e algo além do repertório tradicional da rapeize da área.

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Consegui achar um meio interessante de fazer as compressões com boa qualidade no formato YouTube, mas resolvi testar a dica que o Gabriel deixou por aí nos comentários, de usar o Vimeo. De fato, o Vimeo valoriza o formato HD. Gostei do resultado, apesar da demora que o site oferece para disponibilizar o vídeo depois de carregado. As possibilidades de customização do embed também são bem legais. O problema é que, como vocês podem ver, tá rolando um bug entre o Blogspot e o Vímeo que me impede de escrever um texto no mesmo post do embed, sem que dê erro. Tanto é que o vídeo está aí embaixo, num outro post. Houve até um leitor, o Eduardo, que viu o bug enquanto ele ficou no ar aqui no SOBREMUSICA, antes de eu repará-lo e já deixou o toque nos comentários! Valeu Eduardo! Audiência atenta é um perigo! :P

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Para quem quiser comparar a qualidade Vimeo x YouTube, fiz o upload no YouTube também. É só clicar aqui e assistir.

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Agora, preciso achar um jeito de dar um ganho de luz e cor que compensem a perda que tela pequena disponibilizada nessas plataformas causa. Dicas? :-)

SOBREMUSICA TV :: Roda de Samba no Semente (1)


Comuna do Semente - Exaltação à Mangueira from Site Sobremusica on Vimeo.

25.4.08

Marcha da Maconha e do espírito democrático


Mais uma vez os fanfarrões do poder estabelecido jogam para os holofotes e só conseguem ser ridicularizados e dar mais amplitude à voz que, em teoria, querem calar. Quando tiver mais perto, a gente volta no assunto. Por ora, o flyer que é crime distribuir.

Mashup Eclesiástico

Eu resisti. Juro que resisti a não falar do Padre Adelir. A vontade que as pessoas têm de aparecer por vezes chega às raias da loucura. De qualquer forma, depois desse "mashup" (entre aspas, tá) finda-se tamanha resistência e eu me entrego à tentação.



E sem essa de "coitadinho", hein...

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Além desse vídeo aí em cima, há mais dois sobre as estripulias do padre voador entre os dez mais vistos do YouTube Brasil hoje... Vai dizer o que...

24.4.08

SOBREMUSICA TV :: Céu (Abril Pro Rock 2008)

Fechando a tampa da cobertura, mais um vídeo feito no Abril Pro Rock 2008! Linda, leve e grávida, ela desliza "Visgo de Jaca", de Martinho da Vila, no seu ouvido!

Se lambuze.

Céu - Visgo de Jaca (Abril Pro Rock 2008)

Dessa vez, já com uma compressão de vídeo mais interessante, mas ainda longe do ideal. Quem tiver dicas, o interesse segue...

22.4.08

SOBREMUSICA TV :: Autoramas (Abril Pro Rock 2008)

Tenho certeza que existe, mas enquanto eu não consigo descobrir uma compressão eficiente no Final Cut (ou em outro programa do Mac) que faça os vídeos não distorcerem nos padrões YouTube, vamos assim... (Aceito dicas!)

Trecho da apresentação do Autoramas em Recife.

Autoramas - A 300 km/h (Abril Pro Rock 2008)

20.4.08

Aleatório #42 - Especial Abril Pro Rock

No dia seguinte ao festival, o programa seguiu assim:

Aleatório #42 - especial Abril Pro Rock (Clique aqui para ouvir)

Autoramas
- A 300 Km/h
Céu - Ronco (ao vivo com João Bosco)
Vitor Araújo - Samba e Amor
Trio Pouca Chinfra e a Cozinha - Todynho pro mago
Violins - Atriz
Violins - Manobrista de Homens
Violins - Entre o céu e o inferno
Moinho - Esnoba
Moinho - Saudade da Bahia
Dorival Caymmi - Saudade Matadeira/Saudade da Bahia
Dorival Caymmi - Você já foi à Bahia?
Marcelo Camelo - Doce solidão
Los Hermanos - Azedume

Trilha: Vitor Araújo - TOC (2008)

19.4.08

Abril Pro Rock (parte 2)

Não há como negar que a interminável noite de punk-hardcore da véspera trouxe uma preguiça ao sábado de quem acompanharia o segundo dia do Abril Pro Rock 2008. Atrasei uma hora para chegar, mas o festival atrasou uma hora e pouco pra começar, sendo assim, pude assistir aos primeiros shows. Alguns deles eram de artistas que, na véspera, tinha ido assistir à palestra que Paulo Terron e eu demos sobre mídia independente – e da qual eu gostei bastante. No fim do bate-papo algumas daquelas bandas nos ofereceram seus cd's e nos convidaram a assisti-los ao vivo. Estava lá a chance.

Das quatro primeiras - Madalena Moog (PB), Erro de Transmissão (PE), Sweet Fanny Adams (PE) e Barbiekill – apenas as duas últimas demonstraram algum domínio maior sobre o que estão fazendo, botando alguma assinatura em cima das próprias referências. O Sweet Fanny Adams na linha do 'novo rock', da linha Strokes, Franz Ferdinand, que de 'novo' já não tem mais nada – e o Vampire Weekend está aí para mostrar isso – e o Barbiekill como a "única banda de new rave do nordeste". Entenda-se: mistura a farra da performance do CSS com o caos e as letras bizarras do Bonde do Rolê, sob um sotaque carregado. O vocalista é atacadinho como o métier do gênero pede, o grupo se diverte no palco e se encontrassem o Adriano do CSS pediriam a benção. Mas você que já nos lê, sabe que eu não me animo muito naquela onda ali, néammm?

Em seguida aos quarto novatos nordestinos, começou a miscellanea bacana de shows que pode caracterizar um festival independente no Brasil dos anos 2000. Autoramas no palco principal mostrou porque é uma das maiores bandas desta cena no país. Com a nova baixista, o grupo manteve a pegada normal e tocou para um enorme Chevrolet Hall com meia-casa – ou seja, o maior público do festival. Sucedendo os cariocas-candangos, o Violins se encarregou de ser a maior decepção desta edição. Depois de ouvir com interesse seus primeiros discos, era, certamente, a banda que mais tinha expectativas em ver. Com uma performance tímida, pouco vibrante – e até amadora, se observado os quase dez minutos que o grupo ficou sem tocar arrumando seus equipamentos num acesso de preciosismo que não combinava com os poucos 25, 30 minutos a que tinham direito ali – eles voltaram para Goiânia sem serem notados.

Em seguida, Wander Wildner seguiu com seu espírito punk-sem-dente, cantando deliciosas demências, flertando com o brega, uma vela pra Sid Vicious e outra para Waldick Soriano. Especialmente no Recife, ele é muito querido e a galera voltou a se juntar na frente do palco principal para acompanhá-lo. Ao que soube, Wildner tem incluído músicos locais nas suas mais recentes apresentações e feito algumas músicas com espaço para a marca local. Desta vez, um naipe quentíssimo de metais fez "Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro" virar um carnaval, que chegava a lembrar o primeiro disco do Los Hermanos. Wildner saiu de cena muito aplaudido e com o show mais divertido desta edição na mochila.

Com a platéia quente, o jogo ficou ainda mais difícil para Vitor Araújo, o pianista foda que quem lê o SOBREMUSICA já conhece há algum tempo… A dúvida era se o palco de um festival caberia bem no requinte que o seu eruditismo faz supor. A microfonação não deu conta de fazer jus ao peso que a mão de Vítor impõe às teclas, mas mesmo assim, já na primeira música Vítor botou o Abril no bolso. Muito aplaudido desde o início, ele arrancava exclamações de dois senhores da primeira fila que, aparentemente, nunca o tinham visto em ação. O curioso ficou por conta da música mais aplaudida ter sido exatamente a única autoral de Vitor, "Valsa pra lua", o que surpreendeu o próprio pianista. Num festival que já serviu de plataforma para muita gente, como é o caso do Abril Pro Rock, sempre se espera ver algo novo, descobrir quem é que vai entrar no universo dos artistas que fazem a nossa cabeça por anos e anos. Não houve dúvidas de que o nome desta vez, se houve, foi Vitor. Mas por enquanto, não vou me estender sobre o rapaz porque se não vai começar a parecer jabá – ainda mais quando vocês começarem a ver o que vai rolar por aqui em breve, hehehe...

Por conta disso – que eu disse que vai rolar em breve – acabei perdendo grande parte do show da Céu, que eu tanto queria ver. Esbarrei com ela atrás do palco, ainda mais linda grávida. A metade final foi cheia de referências de afro-beat e citações ao papa Fela Kuti. Perdi os hits, mas ainda assim deu pra curtir bastante. Céu desce doce – foi a frase que ficou na minha cabeça depois do show e acho que explica bem…

Ainda vieram Rockassetes (SE), Jupiter Maçã (RS), Superguidis (RS) e The Datsuns (Nova Zelândia). O Rockassetes e o Superguidis entram naquela coisa que falei no primeiro parágrafo da parte 1: bandas legais, boas, mas que não trazem nada de tão interessante assim. Certamente as letras são peças importantes na compreensão daquela onda, mas no Abril, definitivamente, não era o melhor lugar para saboreá-las. Júpiter Maçã, codinome artístico da lenda do rock gaucho Flávio basso, ele é da mesma geração de Wildner. Os elogios a seu recente disco – que ainda não ouvi – aprofundaram ainda mais a decepção. Basso fez um show totalmente apático, pequeno para o palco 1, e esvaziado pelo tufão que fora o fim da apresentação do conterrâneo. Não há espaço para ele depois (e tão próximo) de Wander Wildner. The Datsuns corta, tá…

Boa parte do público já tinha ido embora quando os últimos gauchos foram anunciados. O trio instrumental Pata de Elefante foi aguardado sobretudo pelos jornalistas presentes. Por mais que eu estivesse na leva dos que queria vê-los, admito que só resisti por conta da força de colegas. Ainda mais pelas péssimas condições de alimentação que se viu nesta edição do festival, com apenas duas barraquinhas, iguais (dispostas uma de cada lado da casa), onde as opções se restrigiam a espetinhos de carne, frango e queijo. Até por isso, apesar de os ouvidos terem sido recompostos pelo som do Pata, o cansaço logo levou todo mundo embora. Lobão deve ter tocado para ninguém.

18.4.08

Internet: M79, Vampire Weekend (Pitchfork.tv)

Fim-de-semana Vampiro



      Rock universitário: um trio de cordas formado na escola tradicional de Julliard acompanha a banda hype onde tudo começou pra eles, uma sala da sociedade literária Alpha Delta Phi da Universidade de Columbia, NY.
      Bom feriado.

Internet: Portishead na Last.fm

Third

       A idéia era só dar o toque aqui na própria segunda, dia do lançamento, mas como eu me dei conta do feriado, vai aqui o adiantamento.
       Seis anos depois de entrar no ar com a execução de Cowboy, a last.fm corre atrás do myspace e te deixa ouvir o disco todinho do Portishead antes do lançamento oficial. Que caso interessar possa, é só na outra segunda, quando todos já tiverem ouvido, lido críticas e passado adiante o frio que vem metralhado de Bristol.
       O link pra ouvir é esse aqui, mas só a partir de segunda. E, sinto dizer, só nos países onde o tal "serviço sob demanda" está disponível. Você, leitor que mora no Brasil, infelizmente não está contemplado.
       Agora me diz, com o álbum já vazado e tudo, qual a importância dessa notícia? Quem queria ouvir o disco, não já ouviu? Quem não tem pressa, não pode esperar mais uma semana?
      Tudo bem, o site de música gratuita que mais cresce no mundo conseguiu negociar um lançamento sob a marca last.fm, o que legitima não só a ferramenta que já andou brigando com a velha indústria por causa do pagamento de direitos de veiculação, como legitima a música digital de graça para uma gravadora (no caso, a Island/Universal). Mesmo que sob determinadas regras. Um álbum tocado na last.fm, pra qualquer um que sabe mexer um pouco com internet, é um álbum livre pra baixar. Ainda assim, acho que tudo é mais simbólico do que qualquer outra coisa.
      O que me faz pensar em outro caso recente, o vazamento do terceiro disco do Tim Maia Racional. As músicas foram aparecendo aos poucos, assim como os pedaços de história. Fato é que o produtor Kassin teve acesso às gravações originais e tentou vender o projeto de lançar aquilo pela primeira vez a algumas empresas, mas até então não se tinha notícia de qualquer resultado. Depois do vazamento, Kassin lamentou que agora a situação ficava mais complicada. E um monte de gente se frustrou de não ver mais o disco lançado.
      Agora, cá entre nós, o relançamento do Tim Maia Racional 1 pela Trama não foi um estouro de vendas. Todo mundo já tinha aquele disco, seja em cd pirata ou em mp3. Aliás, todo mundo tinha o Tim Racional 1 junto com o 2: tem gente que nem sabe que música é de qual. E agora, sem entrar no importante mérito da qualidade sonora do que vazou, qual o motivo para alguém ficar chateado de não sair em disco? Não estou me referindo aos diretamente envolvidos, claro.
      A conclusão é uma só. Apesar de uma nova geração não conhecer outra alternativa a não ser baixar música pela internet, essa atividade ainda é tratada como clandestina. O impacto dela é mais conhecido e debatido do que sua prática. Mas que tá todo mundo baixando, tá. (Alguns até pagam pra isso.) O que faz pensar como é estranha essa internet...

17.4.08

Disco: Maré, Adriana Calcanhotto

Maré


      Sério, desde que eu vi a capa do disco novo da Calcanhotto, eu achei legal a referência. Vi o show dela com os +2, e gostei. Provavelmente vou achar o disco bom, também. Até por isso, tenho lido o que sai sobre ele por aí.
      Mas será que ninguém vai concordar comigo?

Internet: The Filter, de Peter Gabriel

Criador x Curador


       Peter Gabriel é foda. De uns tempos para cá, se cansou de ser só o cara da música pop para ser também um empresário. A escolha óbvia seria ter o próprio selo, como já fez o talkinghead David Byrne, mas ele fundou a OD2, fornecedora digital de música que chegou a ser forte na Europa, com clientes como Nokia e MSN. Foi vendida. Ao adotar as palavras-de-ordem “tecnologia é o novo roquenrou”, se enroscou nos caminhos da Internet e planeja um novo passo.
       Há pouco mais de um ano, o the Filter é um plug-in do iTunes que pode ser baixado de graça. Serve como um sistema de recomendações que compara gostos e atua no shuffle do teu computador. Desde o surgimento da Amazon, no entanto, os sistemas de recomendação agem todos de forma muito parecida. Só muda mesmo o algoritmo. O the Filter seria diferente por estar baseado não em notas e avaliações de outros usuários. A fórmula seria uma análise profunda e ágil dos hábitos do usuário na Internet.
       O sócio geek de Gabriel, Martin Hopkins, explica que a estratégia é privilegiar cliques em links, compras na rede, e streams ouvidos/assistidos. Outra coisa é não guardar gigantescos bancos de dados: o link de três anos atrás está velho, você virou outra pessoa e não precisa ser lembrado do passado, mesmo que ele não condene.

       Depois de ser testado em listas de mp3s, o the Filter agora quer passar a ser o dj da tua vida. A ferramenta que faz as escolhas por você. Em um raciocínio meio piada de salão, Gabriel fala que a primeira revolução da Internet foi a de ser livre para escolher. Mas, não mais que de repente, os links foram acasalando e se reproduzindo e chegou a hora da segunda revolução, a de ser livre de escolher (freedom of choice e freedom from choice). A idéia é que a ferramenta seja um guia não só de música, mas de comportamento. O algoritmo olha o que você ouve, e te recomenda uma roupa pra sair na sexta à noite (mesmo que seja em, sei lá, Tóquio), ou o filme pra levar o teu sobrinho sem dormir no saco de pipoca.
       Tudo isso ainda são planos, mas a era de só plug-in fica pra trás no mês que vem, quando o the Filter vira site aberto ao público. Além de música: vídeos, livros, programação de tv e o que mais for entretenimento e digital. Pra dominar o mundo, há de se ir devagar com o andor.
       Falando assim, parece sensacional. Um referencial a mais, embasado, e que pode ser simplesmente ignorado se for o caso. Quando acertar, é um tempo poupado. Afinal, o google te entrega tudo, mas às vezes o que você queria mesmo só chega lá pra página três dos resultados. É a tal história que Gabriel conta com uma citação a Brian Eno: o curador começa a ser tão ou mais importante do que os criadores. O dj é um só, e escolhe as melhores músicas de todos os tempos e cantos do mundo para aquele momento, além da melhor forma de apresentá-las aos ouvidos e quadris da turba enfurecida por diversão. Vai, ele diria “entretenimento”.
      Pois a ambição do the Filter é ser este life jockey: não pilotar discos, mas opções de vida. Pelo menos as cotidianas, que dão o gostinho do sorriso antes de deitar a cabeça no travesseiro.
       Pra começar o negócio, foram investidos oito milhões e meio de dólares. O acesso ao site será livre, portanto gratuito. A aposta para se pagar, portanto, é publicidade. E licenciamento a outros jogadores do meio digital. A MSN e a Nokia, clientes lá da antiga OD2, já assinaram parceria. Fora a Apple, via iTunes. Assim, o banco de dados do the Filter já entra no ar com 50 milhões de transações internéticas feitas por europeus.

      Como a música pop, a internet precisa de hits. E, às vezes, os hits não são as melhores músicas, mais bem compostas, tocadas, arranjadas. Por enquanto, a nova aposta de Peter Gabriel parece ser só hype. Ou nem isso, candidata a hype. O problema é que a distância entre o hype e o candidato a hype é gigantesca. E é preciso fôlego para percorrê-la. Peter Gabriel não é bobo, mas está arriscando lá em cima ao ficar jogando idéias ao vento assim, em tempos de tanta informação e produtores de informação no ar. Ou já tem mais caminho andado do que mostra, ou pode acabar vendendo o filtro antes de chegar a ficar satisfeito com ele.
      Também não seria mau negócio...

15.4.08

Exposição: David LaChapelle

Entre no Mundo Real






      A partir da segunda metade dos anos Clinton, nos EUA, o prazer tomou de vez o lugar da consiência política e do banditismo com cara de mau (talvez a morte de Tupac e Notorious seja a marca da transição) no rap mainstream. Foi nessa época que o r'n'b, ou que passou a se chamar assim, de cantoras cheias de trejeitos vocais de coro de high school e coreografias de cheer leader, começou a namorar o rap com a bênção não mais de djs, mas de super produtores.
      E o fotógrafo desse movimento que ainda hoje tem influência até na propaganda de grandes marcas é David LaChapelle. E uma oportunidade de ver o que ele tem a mostrar está no Rio, exposto no Oi Futuro, no Flamengo.
      O que mais me chamou a atenção não foram as fotos, exatamente, mas a tv com os videoclipes. Não me lembro a última vez, tv e youtube incluídos, em que assisti a quatro desses sem mudar de canal, conferir email ou trocar uma mensagem no meio. Apesar de a tela de plasma distorcer as imagens de uma forma inaceitável para a mostra de um trabalho visual que já usa a distorção como opção estética, dá bem para ler cada uma das obras que gira em loop (sem sincronia) com a música de cada clipe.
      Se nas fotos, LaChapelle busca um conceito de editorial de moda onde cabem distorções e cores surrealistas de um Dalí junto com cinismo e imediatismo publicitários de um Warhol, nos vídeos isso se mostra mais incorporado ao produto final. As fotos querem te dizer que são artísticas, o que são tão quanto uma mercadoria exposta para o primeiro comprador. Os clipes te dizem que são uma mercadoria para compradores, o que são tanto quanto uma obra de arte. A ordem altera o produto o tempo todo, não se engane.
      O que essas obras de arte têm a dizer é o mesmo que a música pop que representam. É a busca do sucesso bling fetichista que vai alimentar corpos bonitos e mimados para que gerem mais singles em sucessão (trocadilho involuntário) em uma competição de batidas, reapropriações e cópias, delírios ególatras de capa de revista e sexo não-mais-reprimido. A substância não é nada além da própria repetição, seja na forma que for.
      O cenário é sempre o subúrbio dos Estados Unidos, ou o imaginário correspondente, observado a partir dos olhos deslocados de um menino gay filho de mãe imigrante do leste europeu. Também achei a história bem parecida com a de Andy Warhol, daí a confirmação da repetição como a mensagem.
      De qualquer forma, esse tal cenário localiza o confronto não declarado entre uma religiosidade kitsch e uma sensualidade manipulada digitalmente (outro trocadilho involuntário, vou parar). As cores são todas afetadas por um olhar de extrema intervenção no que há de natural. A naturalidade não é o fim, nem o meio, e pode até ser o pecado: portanto que se assuma o photoshop. O que há de escapista nos vídeos, há também de comentários sobre o circo das coisas. O vazio das celebridades celebrado nos sets de LaChapelle permite warholianamente uma auto-ironia aqui, uma piada interna ali, um jogo de vítima assumir de bom grado o papel de narrador, sem nunca deixar de ser assunto em uma pose de extrema realização pessoal. Triunfante.
      Mesmo que o fast food, a fragilidade imobiliária e as relações estejam sendo denunciadas no fundo, elas não passam disso: de batidas quebradas e figurantes para fazer dançar segundo a coreografia.
      Mas e os clipes são ruins? Vazios? Não. Só porta-vozes explícitos de tempos marrentos e difíceis. LaChapelle é um picareta inteligente, da nobre linhagem de gente como Malcolm MacLaren, Raul Seixas, Sílvio Santos, Diego Maradona, George Soros, Shaun Ryder, Lenny Kravitz e do próprio Andy Warhol. Entendeu um lugar para se expressar com glamour e sem vergonha, para não ter que pensar muito, apesar de intenso planejamento, e para sempre sair bem na foto, apesar da pose descontraída.
      Ou seja, uma importante faceta da arte contemporânea na exploração do que já nem é um paradoxo. Em Matrix, seria um "bem-vindo ao mundo real". Em Trainspotting seria um "escolha a vida".

Pra ver os vídeos com uma qualidade apropriada, o que eu recomendo fortemente, chega aqui.

14.4.08

Abril Pro Rock 2008 (parte 1)

A décima-sexta edição do Abril Pro Rock mostrou um certo saturamento da cena independente brasileira. Em dois dias, muita gente subiu ao palco e pouca coisa surpreendeu. Em um festival com tantas atrações, essa é a tendência natural, sim, mas cabe uma reflexão sobre a falta de novidade. Há algumas bandas boas, mas quase nada interessante e a distância entre uma coisa e outra é a principal lição que se leva.

A sexta-feira foi dedicada ao hardcore e ao punk-rock. Distorção nas orelhas do início até o fim e a sensação de que estávamos em 1992. AMP (PE), Project 666 (PE), The Sinks (RN) e Zumbis do Espaço serviram muito bem à horda dos camisapreta, mas para quem tem interesse em outras referências sonoras foi complicado. Os capixabas do Mukeka di Rato fizeram o show mais animado e foram movidos a uma roda de pogo incansável, imensa e alucinada que ocupava grande parte do espaço em frente ao palco. Colhendo os louros de uma carreira iniciada há mais de dez anos, os caras saíram ovacionados.

Recife é uma cidade com uma cultura muito forte ligada ao metal, punk e ao hardcore. O próprio manguebit emergiu dessa cena. Porém, passado o primeiro momento em que rios, pontes, overdrives e as impressionantes esculturas de lama se fundiram, pouco mais apareceu que tornasse relevante essa produção. Nem a própria fusão com o rap que marcou o início da década deu muito as caras por aqui e isso ficou evidente na sexta-feira. Nesse sentido, a chegada dos norte-americanos do Bad Brains até que mexeu com a dinâmica da noite. Outras referências apareceram, com citações ao reggae que eventualmente mudaram muito a velocidade do show. Já era sábado quando o Vamoz fez o show mais legal da noite, justamente por também ir além, sem perder o ritmo. Ainda assim, para quem não é chegado ao gênero, o adiantar da hora pesava sobre os ouvidos cansados.

Para fechar a noite, o New York Dolls fez uma competente apresentação dos clichés que ajudaram a criar. A mistura de glam rock com poser é extremamente decadente na figura daqueles sujeitos e suas rugas, mas extremamente divertida para quem consegue embarcar naquilo. Para quem assistiu algum show de Iggy Pop nos últimos anos, a performance do vocalista David Johansen não dá nem pra começar, se o assunto for "velhinhos com gás pro rock'n roll". Um dos guitarristas posers se irritou quando alguém da fila do gargarejo lhe atirou uma rajada de (muita) água, atingindo diretamente a flor que trazia na lapela e a maquiagem do rapaz. Não perdeu a pose, mas o tempo deles está muito mais para fazer cena (e dinheiro) do que para curtir tanta rebeldia.

(...continua)

10.4.08

Abril Pro Rock 2008

Nesta sexta-feira, a partir das 15h30, estarei no Recife para dar a palestra "Mídia Independente - Blogs e sites ocupando espaço da imprensa tradicional", junto com o jornalista Paulo Terron. Será na Livraria Cultura e, até onde sei, a entrada é gratuita. O Ciclo de Palestras marca a abertura desta edição do Abril Pro Rock. Por conseqüência, vou gerar alguns textos sobre o que rolar por lá aqui no SOBREMUSICA.

Há três anos, fui pela primeira vez ao festival mais lendário do calendário nacional - pelo menos para quem cresceu ouvindo música pop no Brasil dos anos 90. Recém-saído do esquema neura da redação de um canal de jornalismo, quis abstrair um pouco nos ares do Recife. E foi lá, em uma conversa com Fred 04, que surgiu a idéia de criar um canal onde pudesse me livrar do "trauma" de escrever textos tão curtos, comprimidos pelo tempo e pela velocidade da tv. Era preciso voltar a deixar a mão fluir acompanhando a mente. Sem censura editorial, mas com o mesmo zelo e dedicação que a profissão que escolhi sempre exigiu. Na volta, falei com alguns amigos e, entre promessas e intenções, o Bernardo topou começar a maluquice e tá aí segurando o rojão até hoje. Começamos com a publicação dos textos que fiz para a Revista Backstage, sobre o mesmo Abril Pro Rock e, logo em seguida, um texto sobre a Festa Ploc, escrita sob um pseudônimo, e que foi o primeiro texto pensado realmente para o SOBREMUSICA. Logo em seguida, veio o Bernardo falar de White Stripes e começar a parceria...

Voltar ao festival três anos depois, como convidado, para falar um pouco sobre a empreitada do SOBREMUSICA, me é verdadeiramente envaidecedor e marca o início das comemorações deste terceiro aniversário. Falaremos sobre a festa daqui uns dias....

Recife é, sem dúvidas, uma das cidades de maior influência na mente do SOBREMUSICA, por tudo que fizeram por nós culturalmente nos últimos quinze anos. Voltar lá é sempre uma delícia.

So, here we go! Quem puder, chega lá.

Show: Orquestra de MPCs no Oi Futuro

Funk Que Rola Não Cria Limo

       O MPC nem todo mundo sabe o que é, mas bem que tá na hora de começar a prestar atenção. O seqüenciador de midi, com filtros que permitem a manipulação de samples em um teclado descomplicado, serve para substituir a bateria para percussionistas a fim de se facilitar a vida ou para djs a fim de incrementar a performance. E, por dj, entenda qualquer música eletrônica. No Brasil, notavelmente o funk carioca.
       Era justamente a primeira apresentação de uma orquestra de funk de MPCs. Sem ensaio, experimentando na hora, os experientes Amazing Clay e Phábyo do Castelo das Pedras dividiam a mesa lado a lado com Cabide e Alex MPC. E, a verdade é que os mais novos se sobressaíram. Alex MPC vem de Itaipava, e em conversas por msn com Marlboro cavou espaço para ser estagiário da Big Mix, onde produz uma série de mcs novos. Cabide é tido como o rei de São Gonçalo e adjacências, e mostra carisma e malandragem para ir além. Tanto é que é o primeiro a admitir que a criatividade no funk tem um fim-de-semana de prazo de validade - sem perceber que é aí que está a riqueza. Enfim, por enquanto ele é o único da cidade a conectar o mpc a um lança-chamas (que o fotógrafo amador não foi ágil para captar). Auto-marketing também está no dna dos batidões.
       Como em um bom primeiro encontro de gente que se conhece mas nunca bateu essa bola junto, a intenção e a vontade foram mais importantes que o resultado. A idéia de "orquestra" ficou mais na organização física dos instrumentos do que em todos executarem um arranjo para uma mesma "peça". Ninguém estava ali esperando isso, aliás. O que se ouviu foi muito mais uma jam onde, na maior parte do tempo, só um dos quatro tocava. E se Clay e Phábyo usam o equipamento para reproduzir o que conseguiriam com outras baterias eletrônicas, os dois moleques já vão além e misturam um repertório maior de informações sonoras. Já é algo bem interessante, mas ainda é mais é promissor.
       Pena foi não assistir à mesma idéia com Sany Pitbull e Sandrinho, os dois virtuoses do mpc. Qualquer hora rola.





       Antes da festa, o comandante do debate Hermano Vianna resumiu no iPod a árvore genealógica do funk carioca. Bacana poder ouvir de James Brown a Kraftwerk a Bambaataa a Acari a tamborzão a macumbinha ao novo sucesso do carnaval baiano emendados. Nada ali era novo (a não ser o novo sucesso de Salvador), mas é incrível como uma informação já velha conhecida ganha força ao se ouvir ilustrada ali entre comentários dos também presentes Marlboro, Grandmaster Raphael, Mavi, e etc. Foi o sentido da audição em defesa da criação e apropriação coletiva.



Nada a ver

      Hoje festa do Urbe, né?

9.4.08

Agenda :: Festa URBe 5 anos

O camarada Bruno Natal e seu filho URBe vão comemorar os cinco anos da criança amanhã, no Clandestino. Nessa conversa via e-mail, ele fala das impressões sobre o atual momento dessa 'onda' de blogs e reflete um pouco sobre o papel que essa ferramenta teve, tem e terá na sua vida de jornalista. Vida longa ao URBe e boa festa a todos!


sobremusica
: Em vez do "como começou", vamos radicalizar. Por que continuar um blog depois de cinco anos e ainda comemorar?

Bruno Natal: É uma boa pergunta, uma que tenho feito a mim mesmo, principalmente no último ano. Ainda mais agora, com a quantidade de blogues que existem (não sou um dos primeiros da fila, mas quando comecei havia bem menos), a pulverização dos leitores e debandada de boa parte dos mesmos para os blogues de MP3, onde se baixa o disco em vez de ler a respeito. Você pode notar o cansaço das pessoas com a ferramenta até mesmo pela despencada no número de comentários em qualquer blogue. Hoje em dia é raro entrar em um e ver mais de cinco comentários em lugares onde normalmente havia 20.

O URBe parece tomar cada vez mais o meu tempo, porém, por algum motivo eu sigo em frente. Pode ser pelo hábito, cachaça ou qualquer outra coisa, mas acho que continua sendo por gosto mesmo. De certa maneira, o motivo de continuar é o mesmo que motivou o começo: ter um lugar para publicar o que eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser.

Quanto a comemorar, é só motivo pra fazer festa mesmo. Até festa de 3 anos e meio já teve! Hahaha! As outras quatro edições foram sempre muito legais, as pessoas costumam até pedir pra fazer mais de uma por ano, mas tem sido legal assim. Mantém a mística.

sm: Além do fato de serem amigos, o que te empolga em cada um dos convidados da festa do Urbe? Por que vale a pena ver cada um deles, na sua opinião?

BN: Todo ano, tento fazer uma escalação diferente. Gente que não tenha tocado junta, sons diferentes ou então artistas fazendo coisa diferente do que fazem em suas carreiras. Esse ano, como nos outros, o Joca Vidal está produzindo e me ajudou a fechar os nomes. Acho que chegamos numa mistura legal, tá bem eclético.

Todo ano tem um show (já teve Berna & Kassin com Gameboys, Moptop, Nego Moçambique, João Brasil...), então, mantendo a tradição esse ano tem o De Leve com sua nova Banda Leme, que só pelo hit "Nadadora" já promete um bom show. Nunca vi o Gabriel Thomaz tocando como DJ e imagino que seja muito bacana. O Lucas Santtana tem tido seus sets cada vez mais comentados pela bela seleção musical. O Pedro Seiler, meu parceiro CAUZADOR, vai mais ou menos tocar o que eu tocaria. E o Diogo Reis é quem vai pilotar a festa até altas horas.

Sempre busco ter alguma coisa visual também. Já teve exposição de quadros do Antonio Bokel e do TOZ, banquinha do Capitão Presença, quase teve um exposição de fotos do Joca (mas o equipo falhou no dia...). Esse ano o VJ João Simi é o artista convidado.

Pena que, por estar na Inglaterra, eu mesmo não vou poder ir... Promete ser uma das edições mais legais.

sm: Com a abertura do acesso às ferramentas de comunicação, todo mundo pode escrever o que quiser, quando quiser, inclusive a gente. Ao mesmo tempo, para muita gente, ao mesmo tempo isso esvazia a figura do jornalista que usa o blog como plataforma, principalmente depois que "grandes nomes" começaram a usá-la como "hobby". Você já vem se aventurando nos docs há dois anos. A partir das limitações que isso gera, explorar outras linguagens passa a ser questão de sobrevivência?

BN: Realmente, os blogues explodiram e estão em toda parte. Deve ser bom, imagino. Mas eu não dou conta de acompanhar tanta coisa. Tenho sentido falta dos filtros. A partir do momento que todos estão publicando, ninguém está publicando. Porque, se tudo está disponível, voltamos a estaca zero, que é: o que e onde eu vou ler?

Pra mim, no entanto, ainda existe uma diferença grande entre jornalistas e blogueiros que fazem isso por hobby. Se não for por outro motivo, pelo compromisso que tem com informação. Não que não existam blogueiros compromissados, existem muitos, porém de maneira geral, a própria duração desses blogues é curta. E muitos são repositórios de opinião pessoal, quando as vezes é preferível ter mais informação.

Os experimentos com docs começaram há um pouco mais de tempo, na época da faculdade (me formei no emblemático 2001). O "Dub Echoes", primeiro a ter começo meio e fim, começou em 2004. Antes dele tiveram outros, uns curtas, que não foram a lugar nenhum além da gaveta do meu armário.

Apesar dos documentários estarem tomando mais o meu tempo do que o jornalismo nos últimos anos, é mais por gosto do que qualquer outro motivo. Se fosse por motivo financeiro, seria melhor abrir uma assessoria de imprensa, que é bem mais lucrativo que qualquer uma dessas duas coisas. Mesmo porque, é difícil fazer dinheiro com docs no Brasil, simplesmente por não ser um lugar, diferente da Europa, por exemplo, que o áudio-visual seja visto como algo muito além de entretenimento.

sm: E agora você passou um tempo fazendo um mestrado em documentário em Londres. O foco esteve sobre a questão da música? Já consegue perceber alguma clara diferente entre a abordagem que se costuma ter por aí daquilo que se faz no Brasil?

BN: Ainda estou aqui, o mestrado só termina em outubro. Propositallmente, escolhi não fazer nada relacionado a música, pra aproveitar a oportunidade de experimentar com outras coisas. Em termos de abordagem, documentários aqui são coisa corriqueira, passam uns 10, 15 por semana na TV. Isso é muito legal. Não que seja fácil produzi-los, mas existe um mercado, de verdade, não apenas projetos mirabolantes feitos na coragem ou dependentes de leis de incentivo. Tem muito documentário feito para TV, com formato simples, mas bacana. Coisa que não se vê no Brasil.

sm: E blogueiros com o perfil do que você faz no Urbe? Encontrou alguém por aí? A situação dessas pessoas é parecida com a da galera do Brasil?

BN: Outro dia fui na redação da Vice Magazine e o sub-editor tinha 23 anos. Os repórteres deviam ter menos que isso. O que me levou a conclusão precipitada que isso também não deve dar dinheiro por aqui não. Hahaha!

Não encontrei ninguém. Ainda não e ncontrei nenhum blogue legal daqui que não fosse pra baixar MP3, com meia dúzia de fofocas.


sm: Por fim, o que todo carioca deve querer saber de você: como estão os casos da dengue aí em Londres?

BN: Dengue não ouvi falar não. A paranóia por aqui é sobre os casos de uma tuberculose super resistente aos remédios, vindos do Leste Europeu. Fora isso, as notícias de violência de sempre: jovens presos portando facas. Veja só você, que lugar perigoso

Aleatório #41 (part. Bernardo Mortimer)

Nesse último domingo, o capitão do Aleatório foi o Bernardo, que chegou lá e destilou toda a sua paixão por metais e recuperou parte da memória de New Orleans... Não foi só isso, claro, mas o programa escorreu muito bem, na sequência de links que ele acabou percorrendo.

Aleatório #41 - part. Bernardo Mortimer (Clique aqui para ouvir)


Squirrel Nut Zippers - I've Found a new Baby
Acabou la Tequila - Dallas
Nervoso - Bloco Neguinho
Rebirth Brass Band - Do Watcha Wanna
Troy Andrews - Orleans Clairbone
The Brand New Heavies - People Get Ready
Mother Earth - Dragster
Banda Black Rio - Maria Fumaça
Eumir Deodato - Also Sprach Zarathustra


Trilha: Wilson Simonal - Vou deixar cair... (1966)

8.4.08

Documentário :: Coração Vagabundo (sobre Caetano Veloso)

Para mim, um filme que nada cachorrinho, apesar da roupa preparada para o mergulho. A fantasia santa de bem-e-mal que Caetano usa na MPB é o grande atrativo do filme. A mera observação dele já desperta o interesse de grande parte – e me incluo nela – dos que se interessam por documentários musicais e até em alguns que não se interessam também.

Fora o aspecto musical, Caetano se consagrou pela facilidade e até prazer em falar tudo o que pensa (ou não, com trocadilho, por favor), para quem quer que seja, ao longo de 40 anos de carreira. Ao contrário de Chico Buarque, que depois da reabertura política se refugiou e só apareceu mais longamente numa série de DVDs feitos por um amigo, Caetano nunca se furtou de conversar com quem quer que seja sobre o que quer que fosse. Digo isso com conhecimento de causa, pois a única vez que lhe abordei na vida, para perguntar se estava gostando do show do Kings Of Leon - que ele assistia prostado ao meu lado na plateia do Tim Festival -, ele desandou a conversar mais de 40 minutos generosamente comigo, abordando desde aspectos artísticos da sua obra até momentos pessoais que não cabiam ali, não fosse ele esse livro aberto que sempre quis ser. Supostamente, ao ir ao cinema, acompanhar o registro de alguém que esteve tão de perto um personagem como este durante alguns anos, é de se esperar uma profundidade ainda maior nos depoimentos, na contemplação, na descoberta, na investigação ou no quer que seja. Isso não acontece.

No início do texto, usei a expressão "Para mim", porque muito do que se compreende de um documetário tem a ver com a própria expectativa, como pintei no segundo parágrafo. Conversando com o Thiago, ele apontou algo que meus olhos não pescaram, que é a observação do provincianismo de Caetano ao redor de lugares do mundo que nada tem a ver com a essência do cantor de Santo Amaro da Purificação. É, de fato, um ponto positivo do filme. Ou seria, se o diretor (Fernando Grostein Andrade) tivesse demonstrado que esse era o seu trabalho. Não tenho essa sensação. Apesar do reconhecimento das minhas próprias expectativas, ainda assim, ficou pra mim a sensação de que o filme se propunha a ser justamente o que eu esperava dele – e não consegue.

Apesar da suposta proximidade com objeto, o filme não consegue observar além do que qualquer outra entrevista com Caetano poderia ter rendido. Ou consegue pouco. Afora o fato de ser um filme produzido pela Natasha Filmes, empresa comandada pela ex-mulher dele, Paula Lavigne, e que ainda gerencia a carreira do cantor, - reforçando o aspecto de um grande video promocional o que e, inevitavelmente, limita a liberdade da montagem, mesmo que isso seja um processo insconsciente e um "poder" não exercido. Quando, em Nova Iorque, Paula dá um abraço apertado em Caetano, quase lhe esmagando, na magreza eterna daquele corpo, aparece a força da presença dela na vida dele. Um relacionamento de 'papéis trocados', se observado pela ótica patriarcal, no qual a mulher faz a função presumidamente masculina. Ela é grande, ele é baixo. Ela é forte, ele é magro. Ela é a cabeça, ele é o coração. Sabendo-se que, anos depois, eles se separaram, espera-se, por exemplo, mais do que uma frase em off, de Caetano admitindo que está triste por problemas pessoais e que "sobre isso não se fala"... Não se fala?! Ok, é uma opção dele a ser respeitada, mas indica a falta de uma proximidade verdadeira entre a câmera e Caetano. Sem essa intimidade, sem essa cumplicidade, como entrar nessa porta aparentemente fechada? Sem falas, a solução se restringe a um plano fácil do Caetano contemplando, triste, uma paisagem japonesa tão distante quanto Santo Amaro. A logomarca da Natasha Filmes também não te deixou esquecer que, no caso, a produtora do filme é a ex dele, né… Vai se falar o quê mesmo?

Caetano só fala à camera em situações que beiram o fake, como se estivesse cumprindo o papel de ter um horário no seu dia em que deve conversar com a câmera para, no final, ter um produto que sirva bem de bônus do seu próximo disco – que, de fato, era o destino pensado para o material. Os papos se dão em passeios pelas ruas das cidades onde Caetano passa. Câmera na mão, tremendo muito, em caminhadas que vão do nada ao lugar nenhum e, por vezes, fazem o caminho contrário. Caetano atravessa tal praça andando e depois volta ao contrário na mesma praça... E os depoimentos são aqueles. Ainda há alguma coisa na casa dele em Nova Iorque, alguma coisa nos bastidores dos shows e programas de tv e rádio. Afora um passeio a um templo no Japão, nada mais é bem explicado e fica a sensação do fake.

Outro ponto é que, aos olhos do diretor, Caetano não desce muito do trono. Há uma necessidade de mostrar como aquela obra e o que ele está fazendo é artisticamente relevante ou grandioso, opção totalmente dispensável e pouco interessante. Se Caetano é tudo isso, não precisa dessa confirmação no discurso da câmera. O músico também aparece como engraçado e sagaz, o que reforça a idolatria pueril.

Lógico que, ao mesmo tempo, como é Caetano, as falas fortes, discursos interessantes – ainda que sobre assuntos óbvios como o envelhecimento e a aproximação da morte – fazem o filme valer a pena. Horas e horas com Caetano e não ter alguns momentos memoráveis não seria muito plausível. Um deles é quando o próprio Caetano diz, já quase no final do filme, ele não acredita muito nesse tipo de artista que não fala muito, que evita expôr suas idéias. Ele prefere falar, até porque, para ele, quem reserva demais as próprias opiniões, acaba se tornando alguém fora da realidade, alguma figura extraordinária, distante do próprio mundo, coisa que ele nunca quis ser. Então, por isso ele sempre fala, sim. Fala muito. Talvez o segredo para se fazer algo diferente e menos óbvio fosse fazê-lo falar menos, valorizar os melhores momentos e conduzi-lo a algo novo. Deixá-lo falar, apenas, acabou sendo muito pouco, mais do mesmo.

Internet: Pitchfork.tv e Pixies

Pixies Na Sua TV (Ou Melhor Que Isso)

      O site gringo Pitchfork lançou esse mês o próprio canal de tv, o que na verdade significa um canal exclusivo de links muitas vezes auto-produzidos e exclusivos sobre música. Não é uma MTV de internet, eles se concentram em reportagens, entrevistas e documentários, e também apresentações bacanas e curtas como essa do Radiohead, no estúdio do produtor Nigel Godrich, com o Thom Yorke dobrando na bateria.
      Mas, para começar, além do Radiohead, e também porque tem a ver com Radiohead, está disponível por uma semana o documentário Quietloudquiet. De graça, é só clicar e assistir. Sem legenda, o que requer um inglês mais do que básico para acompanhar. E dividido em capítulos, o que interrompe a sessão nove vezes. Mas é a turnê do retorno do Pixies, vai. Vale a pena.

Atualização: Mas, claro, tem tudo em pior qualidade e igualmente dividido em capítulos no youtube. rerre...

7.4.08

Documentário :: Wilson Simonal – Ninguém sabe o duro que dei

Até que demorou a alguém se aventurar numa das histórias mais controversas e mal contadas da história da música brasileira. A memória de Wilson Simonal se tornou, aos poucos, um velho pedaço de papel no fundo de um livro qualquer da estante. Para quem nem sabe, nem ouviu falar em Simonal, o filme é uma descoberta deslumbrante. Para quem já ouviu falar e sabe que ele teve uma treta que envolvia a ditadura, que era acusado de traidor, mas não vai além disso - imagino esses sejam a maioria –, é um esclarecimento, um texto quase definitivo. Para quem já sabia de tudo que realmente rolou, é um tapa na cara, que revela a omissão e o desinteresse por recuperar anos que ficaram e uma vida destruída, em nome de uma certa vaidade e empáfia 'revolucionária'.

A suspeita prévia de que se trataria de um documentário com cara de produção de TV se confirma. Produção da TVZero, especializada em tornar viável projetos de documentários no Brasil - o que muitas vezes aponta o pensamento para viabilidade televisiva do produto -, o filme usa bastante "talking-heads", aquelas entrevistas em close-up, que são o guia da história. É através de depoimentos de nomes como Nélson Motta, Miele, Chico Anisio, Max de Castro, Simoninha, Ziraldo, Jaguar, Toni Tornado, Boni, Pelé, entre outros, que o enredo é composto. Para completar, muitas vinhetas, spot-shadows em jornais antigos, clipes musicais e imagens de arquivo. Alguns momentos brilhantes são recuperados como o dueto de Simona com Sarah Vaughan em "The shadow of your smile".

Durante a primeira metade do filme, a sensação é a de que se trata de um filme chapa-branca, imbuído na tarefa de limpar a honra do cantor. Mas o corte brusco que é feito quando os produtores – com a ajuda de um detetive – encontram o ex-contador de Simonal, personagem chave no processo que degringola o ostracismo do cantor, muda tudo. Dali em diante, fica claro que não existem mocinhos, nem vítimas nessa história. Um outro bom momento é a reflexão de Boni, ex-diretor da Rede Globo durante mais de 20 anos, admitindo que se Simonal fosse, de fato, colaborador da ditadura, ele teria monopolizado a programação do canal naqueles anos devido à influência que o regime exercia, sim, sobre a grade.

A narrativa segue refletindo sobre o que levou aquilo tudo, até o final da vida de Simonal. O cantor passou o resto dos seus anos tentando recuperar alguma honra ou pelo menos deixar de ser "uma página em branco na história da música brasileira", como sua segunda esposa admite que ele se sentia. O começo da carreira musical dos filhos se confunde com a reta final de sua vida. A participação em programas trashes de tv, apresentações em palcos melancólicos, a voz que é só lembrança daquela dos anos de chumbo, mostram como a história se fecha.

Os diretores Cláudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal conseguem utilizar toda a duração do filme para, de fato, contar uma história. Nada é gratuito, desde a construção do mito da primeira parte do filme, até os depoimentos constrangedores de Ziraldo e Jaguar no final, quando ambos tratam com uma leveza que não lhes cabe, o fato de terem conduzido em grande parte a campanha de destruição de Simonal e nunca terem se retratado. Como se tudo fosse apenas um grande e infeliz mal-entendido, a vida seguiu. Simoninha e Max de Castro, ao contrário, se demonstram generosos por encarar a mesma situação com essa leveza, apesar de terem sofrido na pele o que para Ziraldo e Jaguar era uma navalha sorridente com a qual com a qual construíram seus papéis na esquerda brasileira.

Por fim, Simonal é só um personagem riquíssimo cheio de contradições, apresentado sem maniqueísmos. Ele cavou sua própria cova e os outros fizeram questão de jogar terra e mais terra e mais terra por cima. Mais do que isso, o filme ressalta que Simonal foi um puta artista pop que merece mais ouvidos do que olhos, mãos e dedos.

Boletim CSS

A Ira (Não Mais) do Cansêide (Igualmente Não Mais)


      CSS encolhe uma baixista.

6.4.08

Invadiram o Myspace da Mallu...

O que que fizeram com a Mallu, tadinha?!? O myspace da menina foi alvo de fanfarrões, que colocaram... que colocaram... "Numb" (!!!), do Linkin Park (!!!!!!!!!!!!) para tocar em cima do hit do sábado, "Tchubaruba"! Estão maltratando as nossas crianças! Alguém chama a Liga da Justiça para desfazer essa crueldade!

Que gente feia, boba e cara de mamão!

Aleatório #40 (part. Melvin Sundae)


O SOBREMUSICA tomará conta de vez do Aleatório esta noite. Depois da participação especial de Melvin Tremendão, é a vez do camarada Bernardo dar as caras por lá e guiar a viagem do programa. Via links, uma banda leva à outra. O resultado do Melvin nem foi tão bizarro, foi uma viagem mais "conservadora", mas a do Bernardo promete percorrer um caminho mais improvável. É hoje, às 22hs, na Multishow FM. Pode ser ouvido no site ou nos canais de áudio da NET e SKY.

Aleatório #40 - part. Melvin Carbonara (clique aqui para ouvir).


Carbona – Vide bula
Lafayette e os Tremendões – Como é bom
R.E.M. - Living Well is the Best Revenge
Modest Mouse - The Ocean Breathes Salty
Cribs - I'm a Realist
MGMT - Time to Pretend
Of Montreal - Du Og Meg
Vampire Weekend - Blake's
National - Start a War
Spoon - Don't You Evah
Superdrag - Sucked Out
Lemonheads - Become the Enemy
Carbona – Amor de supermercado

Trilha: ColumbiaO que você não quis dizer (2008)

5.4.08

How amazing the world is...

Sem compromissos com pontes, solos ou afins, papo rápido, só para colorir a manhã de sábado... Bom fim-de-semana!

C E Am F
After all the weekend
In a supposed calm sunday afternoon
At the moment she could see the moon
C E Am F Fm
When I saw her she was just crying
Under my favorite tree

C E Am F Fm
I talked to her and I was trying
To show her what she couldn't see
C E Am F
Behind the flowers in a light she found the sun
Behind the sad I showed her that life is really fun

C E Am F Fm
With some nature together we admire the birds
Collected some different leaves
We realized how amazing the world is

C E Am F
If you come over I'll say tchubaruba
If you are down, yes I'll say tchubaruba
C E Am F Fm
If you don't know where I am, I'll be tchubirubing
If you don't know who you are
You can tchubada, you can tchubaduba

C E Am F Fm
Hey, ha, ho
There's no reason to hide
I could be kind a guide
I could be by her side

C E Am F Fm
Yeah, yeah, yo
She could be just with me
I would be grateful
I would feel, yes, I would feel really...

C E Am F
If you come over I'll say tchubaruba
If you are down, yes I'll say tchubaruba
C E Am F Fm
If you don't know where I am, I'll be tchubirubing
If you don't know who you are
You can tchubada, you can tchubaduba

"Tchubaduba", Mallu Magalhães

4.4.08

A comunidade do Radiohead

Pois é, o Bernardo que apurou a chegada da W.A.S.T.E. Nada de Myspace, a comunidade é deles, o database é deles, a grana da publicidade é deles. Tá tudo dominado. Falaremos mais sobre isso já já. Por enquanto, vai aqui.

Só pra lembrar que ontem o Myspace anunciou que vai começar a vender música das majors... Lembra o que aconteceu com o Napster depois disso???

Dualdisc :: Vitor Araújo

O produto é um dualdisc, dois discos colados um no outro. Você deve começar pelo DVD. As imagens já começam apontando para aquilo que dá pauta em jornais. É um produto para imprensa, não vai tocar no rádio, então se impõe o tradicional Teatro Santa Isabel e logo chega o all-star preto aos seus pés, que em breve estarão sobre as teclas do piano de cauda. A calça jeans e o rosto jovial, quase infantil, já garantiram o seu interesse. Dali por diante, Vitor Araújo começa a esculachar com a técnica, com o virtuosismo somado à emoção que impõe no gestual e na intensidade com que afaga ou amassa as teclas. O contraste da figura de Vitor com aquela ambiente está posto. Só falta agora ele abrir com alguma peça clássica. E então vem a “Dança do índio branco”, de Villa-Lobos. Pronto.

Vitor tem um quê de Marcelo Camelo no falar – apesar de falar bem mais do que o hermano. Ele é dessa geração que aprendeu a falar com naturalidade de arte como uma manifestação do risível, do cotidiano, das relações mais e menos importantes da vida de cada um, negando (talvez para reafirmar) a distância entre o artista e seu público. Ele gosta de se levantar, sair do piano, vir à frente do palco e conversar com a platéia. Propõe uma espontaneidade, um relacionamento direto “com os corações de cada um”, atribui sensações táteis aos sons que tira, diz que todos ali são parte do evento, que os celulares que tocarem são parte do todo e não os condena. Os silêncios que ele faz são um pouco para isso, pra você ouvir o ruído da platéia, influencia clara de John Cage. Essa aliás é uma das marcas que aparece também no trabalho de Marcelo Campello, do Mombojó, outro que adveio da formação acadêmica pernambucana recente. De Cage, ele chega a Tom Zé. TOC é tirada do genial “Estudando o samba” e batiza o trabalho de Vitor. Além dos ruídos da platéia, a mão escorrendo pelas cordas dentro do corpo do piano, as batidas na madeira completam a performance e a linha sucessória da música do acaso.

Essa contradição sobre o que seja a função e o papel da música aparece quando ele apresenta “Asa Branca” como uma das músicas mais bonitas já feitas em todos os tempos, mesmo tendo apenas cinco notas. Contraditoriamente, ele opta por um arranjo denso, cheio de variações de alturas e de notas, para a música que apresentara como um exemplo do valor que a simplicidade tem. Vitor tem um olhar enviesado, de baixo pra cima, de quem quer desafiar que lhe encara, transbordando confiança. Lá pelas tantas, depois de vários discursos transbordando de referências lúdicas e idílicas, ele se aproxima do chão novamente. “Eu tento provar muita coisa, não sei se consigo”. Assume a pretensão que é a mola da sua criação e aí se torna, sim, mais real como ele queria. Instigante, provocativo e encantador. Foi numa dessas que teve sua versão para o tema do Frevo, do maestro Marlos Nobre, proibida pelo próprio, que chegou a chamar Vitor de criminoso publicamente, por conta do arranjo do garoto para sua obra.

Segundo Vitor, o rock foi a maior influência de sua vida e Radiohead agradaria a Chopin e Mozart, se eles tivessem tido tempo de conhecer. É isso que traz “Paranoid Android” para o repertório. Além de parte da sua musicalidade, o rock lhe deu a performance, o quê de rebeldia. O carisma e talento de Vitor vem envolvido por doces camadas de hype. Todas as iscas para os jornalistas morderem estão lá. Grande parte deles – e do público que segue os estandartes azuis, dos quais Camelo já falou - está na mão desse garoto de 18 anos que não optou pelo gênero da moda. As contradições que ele traz são pratos cheios de clichês: o allstar, a calça jeans, o rock, o Teatro Santa Isabel, o Villa-Lobos, o Radiohead, o frevo, o baião, o Recife, a idade, o virtuosismo, o discurso... linhas e mais linhas que ele oferece pra te atingir. Mas esse recheio doce é só o recheio, o que tem por dentro é ainda melhor e mais complexo.

Veja, ouça e sinta tudo isso com calma que vale a pena. Agora é a hora de você ir para o CD.

1.4.08

Agenda :: Vitor Araújo


Vitor Araújo, já conhecido de quem lê este site mais freqüentemente, se apresenta hoje, às 19hs, pela primeira vez no Rio, na ModernSound. O show abre as comemorações de 10 anos da Deckdisc, que vai rolar todas as terças deste mês, com uma programação bem bacana. A resenha do Dualdisc (mídia com CD de um lado e DVD do outro) sairia hoje, mas por uma correria imprevista vai ficar para amanhã. De qualquer forma, a dica de chegar lá e conferir o prodígio está dada.

***************************
E sem essa de "dia da mentira", porque a coisa não tá muito pra essa brincadeira não...

SobreRoNca (2)

Para quem não conseguiu ouvir o RoNcaRoNca que participei - juntamente com Lucas Santtana, Dadi, Marcelo Soares (Som Livre) e Maurício Gouveia (Baratos da Ribeiro). Abaixo, o clique do anfitrião MauVal.

foto: Mauricio Valladares

Marcelo Soares, eu, Dadi, Lucas e Maurício Gouveia.

Para ouvir o RoNcaRoNCa "Mesa quadrada da música", clique aqui.


Enfim, a casa própria
Perda :: Dorival Caymmi
Dorival Caymmi :: Compilação de vídeos
Show: Momo, no Cinemathèque
Site:: OEsquema
Agenda :: Momo, Hoje!
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