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18.6.08

Show: Caetano Veloso e Banda Cê, no Vivo Rio

O Grand Monde de Caetano



       Dona Ivone Lara está na platéia e Caetano chama os novos parceiros de empreitada para combinar o que será a abertura do show, Foram Me Chamar.Alguém me avisou para pisar nesse chão devagarinho.
       Uma música dessas, tão cheia de significados, e uma platéia pronta a interpretar. Caetano não está tão falante, mas o impulso da mola já está dado. Na temporada em que ele criou a dinâmica do que o Bruno chamou de processo, o olhar de Narciso para o espelho é dividido com todos, e todos vêem isso mesmo, Caetano.
       O Vivo Rio é o mais contrastante dos cenários possíveis para a idéia do que um ensaio aberto poderia ser: ao lado do MAM, é formal, distante, pomposo. Os locais de encontro entre a platéia são muitos, ninguém se esconde na multidão ou no escuro. Um convite a mais interpretações, o ensaio que gera o disco em tempos 2.0, a isca para uma classe carioca repercutir o acontecimento, a locação para um futuro dvd.
       Improvisar em cima do tema Caetano é a armadilha que pega quem se dispõe a ir ver Obra em Progresso. Não é uma novidade, nos últimos anos fomos provocados a isso, nos acostumamos, reagimos, nos acostumamos. Ser o espelho nos faz um bocado Narcisos também. Mesmo que apresentemos resistência. O show é bom, afinal.
       E segue pela inédita Falso Leblon, logo o bairro carioca da tv e dos paparazzi, da verdade publicada. Segue por dissonâncias e métricas atravessadas entre ritmo e melodia e riff. Um pouco de Tortoise sem virada, outro tanto de Wilco sem folk. Chega-se a interpretar que a apresentação é tanto de Caetano quanto da recém-batizada Banda Cê. Mas vem o solo de baixo em Desde Que o Samba é Samba, e o foco de luz segue o homem-reflexo até o canto do palco, até o fundo do palco, até onde não haver como fugir. Palmas para Cê, mas nós espelhos somos Caetano e só. Multi-interpretado, mas só.
       É quarta-feira, 11, penúltimo show de uma temporada carioca que ainda não vai terminar.Comentário aqui e ali; é a melhor apresentação até ali. O craque do futebol e das notícias não-esportivas assiste o show e ganha a oferta de Leãozinho, um presente. Alguém, anônimo, grita um pedido por Três Travestis. Caetano recomenda a leitura de um livro sobre gênero e sexualidade no carnaval baiano, pesquisa de um antropólogo americano. Caetano canta Totalmente Demais com o convidado Arnaldo Brandão, lembra como era lindo o menino de 18 anos que conheceu na Londres do exílio. Caetano acabou de cantar Amor Mais Que Discreto, e revelar o que é nítido e sabido. A canção é gay.
       O show é longo, e vai ganhando velocidade no lugar dos rocks estranhos, mesmo que namorados ao samba. Não é o show cheio de insatisfação roqueira de Cê, nem as solenes Noites do Norte. Mas a atenção e reverência quieta é total. Um ou outro momento de empolgação surge, mas sem se espalhar.
       Todos queremos refletir Caetano. Seja lá o que Caetano consegue (e quer) se mostrar agora.



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