Agenda :: Festa URBe 5 anos
sobremusica: Em vez do "como começou", vamos radicalizar. Por que continuar um blog depois de cinco anos e ainda comemorar?
Bruno Natal: É uma boa pergunta, uma que tenho feito a mim mesmo, principalmente no último ano. Ainda mais agora, com a quantidade de blogues que existem (não sou um dos primeiros da fila, mas quando comecei havia bem menos), a pulverização dos leitores e debandada de boa parte dos mesmos para os blogues de MP3, onde se baixa o disco em vez de ler a respeito. Você pode notar o cansaço das pessoas com a ferramenta até mesmo pela despencada no número de comentários em qualquer blogue. Hoje em dia é raro entrar em um e ver mais de cinco comentários em lugares onde normalmente havia 20.
O URBe parece tomar cada vez mais o meu tempo, porém, por algum motivo eu sigo em frente. Pode ser pelo hábito, cachaça ou qualquer outra coisa, mas acho que continua sendo por gosto mesmo. De certa maneira, o motivo de continuar é o mesmo que motivou o começo: ter um lugar para publicar o que eu quiser, quando eu quiser e como eu quiser.
Quanto a comemorar, é só motivo pra fazer festa mesmo. Até festa de 3 anos e meio já teve! Hahaha! As outras quatro edições foram sempre muito legais, as pessoas costumam até pedir pra fazer mais de uma por ano, mas tem sido legal assim. Mantém a mística.
sm: Além do fato de serem amigos, o que te empolga em cada um dos convidados da festa do Urbe? Por que vale a pena ver cada um deles, na sua opinião?
BN: Todo ano, tento fazer uma escalação diferente. Gente que não tenha tocado junta, sons diferentes ou então artistas fazendo coisa diferente do que fazem em suas carreiras. Esse ano, como nos outros, o Joca Vidal está produzindo e me ajudou a fechar os nomes. Acho que chegamos numa mistura legal, tá bem eclético.
Todo ano tem um show (já teve Berna & Kassin com Gameboys, Moptop, Nego Moçambique, João Brasil...), então, mantendo a tradição esse ano tem o De Leve com sua nova Banda Leme, que só pelo hit "Nadadora" já promete um bom show. Nunca vi o Gabriel Thomaz tocando como DJ e imagino que seja muito bacana. O Lucas Santtana tem tido seus sets cada vez mais comentados pela bela seleção musical. O Pedro Seiler, meu parceiro CAUZADOR, vai mais ou menos tocar o que eu tocaria. E o Diogo Reis é quem vai pilotar a festa até altas horas.
Sempre busco ter alguma coisa visual também. Já teve exposição de quadros do Antonio Bokel e do TOZ, banquinha do Capitão Presença, quase teve um exposição de fotos do Joca (mas o equipo falhou no dia...). Esse ano o VJ João Simi é o artista convidado.
Pena que, por estar na Inglaterra, eu mesmo não vou poder ir... Promete ser uma das edições mais legais.
sm: Com a abertura do acesso às ferramentas de comunicação, todo mundo pode escrever o que quiser, quando quiser, inclusive a gente. Ao mesmo tempo, para muita gente, ao mesmo tempo isso esvazia a figura do jornalista que usa o blog como plataforma, principalmente depois que "grandes nomes" começaram a usá-la como "hobby". Você já vem se aventurando nos docs há dois anos. A partir das limitações que isso gera, explorar outras linguagens passa a ser questão de sobrevivência?
BN: Realmente, os blogues explodiram e estão em toda parte. Deve ser bom, imagino. Mas eu não dou conta de acompanhar tanta coisa. Tenho sentido falta dos filtros. A partir do momento que todos estão publicando, ninguém está publicando. Porque, se tudo está disponível, voltamos a estaca zero, que é: o que e onde eu vou ler?
Pra mim, no entanto, ainda existe uma diferença grande entre jornalistas e blogueiros que fazem isso por hobby. Se não for por outro motivo, pelo compromisso que tem com informação. Não que não existam blogueiros compromissados, existem muitos, porém de maneira geral, a própria duração desses blogues é curta. E muitos são repositórios de opinião pessoal, quando as vezes é preferível ter mais informação.
Os experimentos com docs começaram há um pouco mais de tempo, na época da faculdade (me formei no emblemático 2001). O "Dub Echoes", primeiro a ter começo meio e fim, começou em 2004. Antes dele tiveram outros, uns curtas, que não foram a lugar nenhum além da gaveta do meu armário.
Apesar dos documentários estarem tomando mais o meu tempo do que o jornalismo nos últimos anos, é mais por gosto do que qualquer outro motivo. Se fosse por motivo financeiro, seria melhor abrir uma assessoria de imprensa, que é bem mais lucrativo que qualquer uma dessas duas coisas. Mesmo porque, é difícil fazer dinheiro com docs no Brasil, simplesmente por não ser um lugar, diferente da Europa, por exemplo, que o áudio-visual seja visto como algo muito além de entretenimento.
sm: E agora você passou um tempo fazendo um mestrado em documentário em Londres. O foco esteve sobre a questão da música? Já consegue perceber alguma clara diferente entre a abordagem que se costuma ter por aí daquilo que se faz no Brasil?
BN: Ainda estou aqui, o mestrado só termina em outubro. Propositallmente, escolhi não fazer nada relacionado a música, pra aproveitar a oportunidade de experimentar com outras coisas. Em termos de abordagem, documentários aqui são coisa corriqueira, passam uns 10, 15 por semana na TV. Isso é muito legal. Não que seja fácil produzi-los, mas existe um mercado, de verdade, não apenas projetos mirabolantes feitos na coragem ou dependentes de leis de incentivo. Tem muito documentário feito para TV, com formato simples, mas bacana. Coisa que não se vê no Brasil.
sm: E blogueiros com o perfil do que você faz no Urbe? Encontrou alguém por aí? A situação dessas pessoas é parecida com a da galera do Brasil?
BN: Outro dia fui na redação da Vice Magazine e o sub-editor tinha 23 anos. Os repórteres deviam ter menos que isso. O que me levou a conclusão precipitada que isso também não deve dar dinheiro por aqui não. Hahaha!
Não encontrei ninguém. Ainda não e ncontrei nenhum blogue legal daqui que não fosse pra baixar MP3, com meia dúzia de fofocas.
sm: Por fim, o que todo carioca deve querer saber de você: como estão os casos da dengue aí em Londres?
BN: Dengue não ouvi falar não. A paranóia por aqui é sobre os casos de uma tuberculose super resistente aos remédios, vindos do Leste Europeu. Fora isso, as notícias de violência de sempre: jovens presos portando facas. Veja só você, que lugar perigoso
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