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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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21.6.05

Ficção Científica??

Matrix é um dos melhores filmes da minha lista nunca feita de melhores filmes. Eu gosto muito de listas.
Nisso, em Matrix, não nas listas, eu fui parar no livro Neuromancer, de William Gibson. É dele e de ‘Simulacros e Simulação’ que o filme foi gerado – dizem que de um do Deleuze sobre o cinema e o movimento, mas esse eu não li.
E a questão que ficou na minha cabeça, finda a leitura, é a música do futuro – pelo menos a ficção científica sobre a música. Ou seja, o que se projeta hoje, por metáfora/comparação com o contemporâneo, como o que será em quinze ou vinte anos dos hábitos de escuta.

Há uns anos, na Inglaterra, um dado amedrontava conservadores: o número de turntables vendidas naquele período de trezentos e sessenta e cinco dias tinha superado o de guitarras, rainha desde os tempos de garotas gritando por Paul McCartney.
No livro, de 83, o mundo é predominantemente um submundo, mas com interfaces para um virtual seguro (apesar de falhas e vírus, a segurança em si não é real, e tal). E, claramente, os elementos clandestinos estão lá, em Zion, de dreadlocks e ouvindo dub.
Ou seja, o dub é o som do futuro para o terceiro mundo que sabota a escassez de tecnologia e recursos. Para vinte-e-dois anos atrás, é um raciocínio bastante interessante.
Em 83, poucos álbuns de dub haviam cruzado as fronteiras da Jamaica, onde só ficavam atrás do chamado reggae roots, que não tem nada a ver com o reggae hippie de shows cariocas no Mourisco ou na Fundição. O reggae roots é um gênero antes de tudo urbano e de resistência.
Pois então, ao lado do frio alemão do Kraftwerk, o dub surgia como primórdio (pop, entenda-se) do eletrônico.
A idéia do estúdio como instrumento, da subversão da lógica de mixagem - baixo e bateria atrás – já era apontada como a identidade pirata e clandestina do terceiro mundo. Improvisar com o precário até que dali brote o novo mutante, autêntico e legítimo, pra gringo não entender e comprar pagando caro.
O dub, hoje, está a um passo de entrar na moda, já tem equipes de sound system espalhadas pelo mundo, é referência de bandas como Nação Zumbi, O Rappa, Asian Dub Foundation, Manu Negra, etc.
E, hoje, 20 anos depois, OK Computer é escolhido disco mais importante do período. O OK Computer, lindo, inorgânico, importante, mas branquinho e europeuzinho.

O futuro do terceiro mundo chegou?


Defuntos

Uma vez eu toquei com o falecido Area51 no também falecido MHK Skate Park, em Jacarepaguá (se a sigla não for essa, é quase essa). Foi um dos shows mais maneiros da minha vida, tocar e ver os skatistas interagindo com punk, ska e rock’n’roll. E isso, sem falar que na passagem de som os esportistas não queriam que eu parasse de tocar. Foi bem bom.
Claro, vendia cerveja e o público não ficava atrás dos skatistas.

Quanto ao rock virar coisa de skatista, no trabalhosujo, indispensável, há um texto fantástico que se chama ‘Prisioneiro do rock’ . Pois é, lá se fala da redhotchilipepperização do rock para a indústria. Vista seu bermudão, vira um boné pra trás, seja musculoso e tatuado e você tem uma banda de rock. Atitude é sempre emoção pra valer.

Quanto ao sinal com a mão, isso é um pouco de rock’n’roll irresponsável, faz bem sim. Agora tem uma pergunta que é boa: rock’n’roll (não o redhotchilipepperizado, entenda-se) virou coisa de menina? Cada vez mais eu acho isso.

2 Opine:

At 00:40, Anonymous Anônimo said...

Ei, colunista.. vc gosta de rock? brnd é alguma sigla? vc é menino ou menina?

 
At 04:05, Anonymous Anônimo said...

Só uma correção: em 1983 praticamente TODOS os álbuns de dub feitos na Jamaica que importam já estavam na Inglaterra há muito tempo. Chegaram lá no começo dos anos 70, quase em tempo real.

 

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