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18.6.05

A música ainda fala por si? (Vibezone 2005 * parte 1)

Primeiro dia de Coca-Cola Vibezone

A grande pergunta que fica da primeira noite é esta, a do título deste post. Não resta dúvidas de que o Vibezone está se consolidando como um dos grandes eventos do país, e principalmente do Rio de Janeiro - esta cidade sem grandes opções grandes.

O que ocorre ali, é a venda de um "estilo", o "estilo Coca-cola". [[ Quem não se lembra do Chorão cantando "Se liga no estilo! ? Eu é que não vou falar mal do cara, senão ele vem quebrar o meu nariz com a testa dele... ]] Pois é, o que acontece ali é a tentativa d'A Empresa de criar uma aura para o seu produto, ligado à radicalidade, à juventude, uma tentativa de associar a marca com os adolescentes do início de milênio.

Então, que qui acontece...

Você chega lá e encontra tiroleza, tobogã, bob's, camas elásticas, pista de skate, domino's pizza, tenda para correios do amor (essa era uma das maiores tendas!)... Pausa para respirar ... Segue: Tem um troço que parece bungie-jump ao contrário, no qual você é alçado a vôo, tem um outro no qual você sobe num guindaste a uns 40 metros de altura, senta numa cadeira que se abre e você cai lá de cima numa rede gigante... Longuíssima pausa para respirar ....
São tantas opções que eu devo estar esquecendo de alguma coisa... Ah, sim... Rola música também.



Várias bandas e Dj's tocaram nos palcos e nas tendas do evento, mas fica claro que a música é só uma parte. Aquilo, definitivamente, não é um evento de música. É música num evento. No palco Vibe Gás (onde tocaram os locais Moptop, Som da Rua e Carbona) está a prova disso. Lá, a galera fica a uns 20 metros de distância(!) do micro-palco, separada por um mini-circuito de pistas de skates. A banda é pano de fundo, trilha-sonora, pra galera mandar as manobras. Pelo menos é assim que os organizadores tratam a coisa.

No extremo-outro-lado da Cidade do Rock, no palco Sussa, as bandas tocariam para a galera que queria dar uma relaxada. Era para ser música incidental. Acabou não sendo tanto, porque as bandas que passaram por lá eram mais agitadinhas do que o ambiente, entre elas a Posto 13 única que eu consegui ver, devido à quantidade de coisas que havia para se observar num evento daquele tamanho.

No palco principal, rolavam os shows grandes, de artistas não necessariamente grandiosos. Claro que quando eles estavam no palco, grande parte da galera se concetrava para curtir aquela atração. Consegui assistir alguns shows da mesa de som. Graças à essa privilegiada posição, consegui ver o evento como um todo, do alto. Era muito engraçado, ver o Ira! tocando, a molecada cantando e, ali, ao lado do palco, dezenas de adolescentes pulando em camas elásticas ou fazendo fila para cair de 40 metros de altura. Fotograficamente, eram belas imagens.

{{Abre janela :: Olhando aquilo, conseguia imaginar a felicidade do cara (normalmente um publicitariozinho) que deve ter desenhado o projeto do Vibezone num papel - onde tudo sempre parece lindo, romântico e inviável na prática - vendo seus desenhos tomando formas reais. :: Fechou }}

Os organizadores tiveram um outro grande mérito. Naquele local, daquele tamanho, onde o Rock'n Rio 3 diz ter posto até 250 mil pessoas, só foram postos 20 mil ingressos à venda (esgotados, claro!). Com tantas tendas e tanto espaço vazio, o evento criava vida própria. Olhando de cima, era fácil ver o fluxo migratório. De lá pra cá, de cá pra lá, pra tudo quanto é canto tinha gente indo e gente saindo. O tédio passa longe da molecada. Tudo colorido por um "vermelho-e-branco" que nada tem a ver com White Stripes. Hahaha. Longe disso!!!



É muita coisa, muita informação, muita constatação, muita gente. E várias músicas de trilha-sonora. Voltando ao título desse texto, a grande dúvida que fica é acerca do que seja a música hoje em dia. Ela ainda fala por si ou ela é apenas trilha-sonora para outras distrações mais interessantes do que ela? O Vibezone pergunta isso e coloca um palco minusculo como fundo de uma pista de skate. Na atual conjuntura, os músicos parecem não ter muito o que fazer e nem se interessar por questões como essa. Por isso, acho eu, que para os organizadores, "vermelhos-e-brancos" como os do White Stripes ficariam longe dali, ou pelo menos do palco principal. Quem sabe fizesse fundo numa pista de skate.

Ah! Quem tocou no tal palco principal? Six Foot "Quem??" Halo, Dibob, Ira! e CPM22. Faz sentido? Sim, faz sentido... E muito!

A divagação continuará. A seguir cenas dos próximos capítulos:

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* Machismo de bobos
* "Eu tenho mais de 18 anos. Eu posso ir ao Vibezone?"
* Skate naveiadosirmãos
* " - Tio, quantos anos você tem?
- Eu? Dezessete!"


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