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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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11.6.05

Clean

Filmes de jornalistas e de músicos são filmes com tendência a agradar. Talvez sejam os dois temas que façam prestar menos atenção em roteiro, mão do diretor, moral da história, mis-en-scène, etc e tal. E são dois temas que apresentam sempre o glamour como personagem central de muita obstinação e amor a uma verdade superior que os outros não vêem (Verdade Superior?, com letra maiúscula?).
‘Clean’ é um filme belo, sobre uma ex-vj da MTV que vive na cena alternativa e tem problemas com as drogas. E, veja bem, sem glamour ou onda errada de heroína. De uma Yoko Ono a detenta e depois desempregada em recuperação sem a custódia do filho, a mãe de Jay passa por momentos distintos e escolhas muito difíceis e próximas a quem se identifica com a situação de desconfianças de quem está perto, sonhos readaptados e um recomeço que não é mais do ponto zero. A vida não é um círculo, mas uma espiral que dá voltas, mas sempre avança. Um fio de telefone, pra quem preferir.
Emily Wang recorre a antigas amizades que lhe viram as costas e somem do filme, o que contraria a lição 13 da página 7 do guia “Como se faz um filme legal e que você já viu”: se uma arma aparece, em alguma hora ela vai ser usada. Uma das “armas” é Tricky, que faz papel de Tricky e é aquele cara que a vida afastou, mais nada. Sem traições, fama subindo à cabeça ou fórmulas fáceis de entendimento para a simples vida. Ou seja, a espiral se mexe.
(Aliás, Tricky é um cara que já cruzou por várias vezes a minha vida auditiva, mas nunca o dei o tempo necessário pra gente se entender, e isso desde que fazia um programa de rádio na Interferência fm, da Eco-UFRJ, sobre as aproximações do jazz com o pop/alternativo).
Enfim, entre os percalços que ali estão, há o mais belo e franco diálogo sobre drogas na minha memória, dentro desse contexto de vida na cena alternativa londrina/européia. Ao contrário do moralismo de filmes “maneiros mas vacilam” como ‘Réquiem para um Sonho’ e ‘Aos Treze’, Jay e Emily caminham no zoológico e o garoto resiste a conhecer a mãe, por que a avó e todo mundo lhe contaram que foi ela quem matou o pai, Lee Hauser. O ex-ídolo alternativo (onde dinheiro é o caminho oposto a prestígio) morreu de overdose, com heroína conseguida com a Yoko Ono/Courtney Love em questão. As drogas não são as vilãs.

O diretor Oliver Assayas fala muito sério.

E pra não dizer que não falei: a lindinha Emily Haines é mais uma que aparece como ela mesma, da banda Metric; um cartaz de Nick Cave and the Bad Seeds aparece no fundo do escritório de uma gravadora; e Nick Nolte e Maggie Cheung são muito bons.


Chumbo listrado de branco
Faltou dizer que um dos pontos fundamentais do show foi ‘Black Math’. Desculpa aí!, ah ah ah ah ah ah ah ah oh oh....

1 Opine:

At 18:26, Anonymous Anônimo said...

nunca alimentei muito interesse pelo tricky.. e alias, sugiro que continues assim, sem dar tempo para um maior relacionamento com este rapazito...

 

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