Los Hermanos 4 (3)
Eu falei que isso renderia muitos posts... Vai render mesmo.
Quando eu ouvi pela primeira vez "Bloco do Eu Sozinho" e "Ventura" minhas primeiras impressões não foram as mais empolgadas. Não demorou para se tornarem assim! Los Hermanos é a única banda em atividade neste planeta que ainda me desperta ansiedade pelos novos discos. Isso é uma das melhores sensações que se pode ter com música, principalmente com música pop. Tá, vai, não é a única não. Poderia enumerar algumas outras, mas nada realmente sério. Ansiedade mesmo só com o trabalho dos caras.
Como minhas impressões sobre os discos do grupo sempre foram inconstantes, variando de uma desconfiança inicial para uma exaltação apaixonada depois de algum tempo, resovi registrá-la dessa vez. Vamos ver o que acontece. Esse é um post que começa hoje, dia 30 de julho, e termina quando eu partir dessa pra outra..
Vamos lá.
Los Hermanos 4 não é excitante. Minha decepção começara com o nome do disco. Bobo e sem criatividade. O disco também não me cativou. Outra percepção inevitável é que o Los Hermanos caminha a passos largos para algum tipo de separação e, possivelmente, para o fim. São 7 músicas de Marcelo Camelo e 5 de Rodrigo Amarante. Mais do que uma contagem, a frase anterior é uma sentença. Não são 12 músicas do Los Hermanos. São 7 de um e 5 do outro. Bruno Medina e Barba são o grande destaque de "4", por terem dado o sangue numa tentativa de costurar uma certa unidade que justifique dizer que aquilo é o disco de uma BANDA. Eles fazem o máximo, mas ainda não sei se conseguiram. Se fossem dois discos, um de Amarante, Barba e Bruno e outro só de Marcelo, seriam dois grandes discos. O de Marcelo seria mais triste, mas não menos bonito por isso. Apesar de Camelo ser o detentor da marca "Los Hermanos" junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), hoje ele parece ser o "menos da banda".
Dito isso, vamos ao disco.
Em "Ventura", as músicas "Cara Valente" e "Santa Chuva" não entraram porque a banda não conseguiu resolvê-las a tempo. Tendo essa informação em mãos, a sensação que dá é que foi exatamente isso que aconteceu em "4". Só que agora não teve jeito. Ou gravava ou não tinha repertório.
[[Abre janela :: Vou pensando isso tudo enquanto escrevo, por isso não repare se algo que estiveres lendo parecer me contradizer. É possível. A contradição é o passo do pensamento. :: Fecha]]
Los Hermanos, enquanto BANDA, mostra algum respiro de vida nas composições de Amarante. Elas parecem mais generosas com os outros integrantes. As de Marcelo são muito próprias. Hoje em dia, Camelo faz carreira solo dentro do grupo. Não há porquê. Em conversa recente com o próprio, ele confessava já não ter muita paciência para discutir as minucias de se arranjar uma música em grupo e que essa é uma tarefa que se torna, a cada disco, mais difícil. Ouvindo "4" pude entender melhor esse sentimento que ele descrevera. Fez mais sentido.
Marcelo é um grande compositor, mas as músicas de Amarante ganham o disco. "Paquetá" lembra "Retrato pra Iaiá" e poderia entrar no repertório da Orquestra Imperial a qualquer momento. Essa é outra coisa. Amarante é cada vez mais Orquestra Imperial e Camelo é cada vez mais cantor solo. Bruno e Barba vão se esforçando para manter algum norte na coisa. Nessa faixa, aparece a vinheta que o grupo compôs para a abertura do programa "Ensaio Geral", do Multishow. "O vento" é o primeiro single e é também a melhor música do disco. Musicaço! Ela reforça um caráter espírita nas músicas de Amarante, que já vinha desde os discos anteriores. Referências metafísicas têm se tornado uma constante nas letras dele. Não coincidentemente é a música mais "da banda". Ali sim, Los Hermanos não só respiram, como bufam, pulam da cama e dão esperança para o "bloco da família" que vai atrás deles pelos país afora.
"Condicional" é outra música de Amarante. Nela, o riff sugere que você já ouviu aquilo antes. E já mesmo. É praticamente o mesmo riff de "Cara estranho". Depois de "Sétimo Andar", em Ventura, Amarante dessa vez manda "Primeiro andar". O que a primeira leitura pode parecer que ele desceu de elevador para visitar outro pavimento, não se confirma. O "novo" andar se refere ao verbo no infinitivo. "Eu vou lá/ que andar é reconhecer/Eu preciso andar/..."É uma música que me lembrou os discos anteriores, pois apesar de não ter me cativado de cara, veio uma vozinha me dizer que daqui uns dias eu vou estar adorando. Desconfio que a vozinha esteja certa.
"Os pássaros" é a música de Amarante que padece do mesmo mal das de Camelo. A música parece se sentir desconfortável, parece querer um tratamento diferente, mas vai.. Tudo bem. Se fosse só ela, poderia ser a banda tentando se encontar num outro lugar, o que é saudável. Mas não é o caso.
Não é o caso, pois Marcelo não deixa. Entre músicas lindas e outras que parecem rascunhos sem acabamento final, ele pertuba o rumo do barco. "Dois barcos". É o nome da faixa que abre o álbum e é também a melhor definição do momento da banda. Para mim, que não gostei do nome "4", "Dois barcos" deveria ser o nome do disco. O barco de Marcelo está bem longe dali. Os versos "nos mares por onde andei devagar/ dedicou-se mais/ o acaso a se esconder/ e agora o amanhã, cadê?" me soam proféticos sobre o rumo desses barcos. A capa de "Ventura" trazia um grande navio firme, atracado. "4" abre com uma faixa chamada "Dois barcos". Essa é a diferença. O grande navio se transformou em dois barcos. Em "Dois barcos", Bruno arrebenta nos teclados. Os suspiros de Marcelo antes de cantar seus versos também me chamaram a atenção para a força da interepretação, na qual ele vem tentando se especializar. Tem tido êxito.
"Sapato novo" me lembrou Itapoã, Caymmi. É linda a música, muito linda mesmo!, mas falta a banda comparecer. Os teclados de Bruno fazem o clima, mas a banda não consegue marcar presença. Acho que num disco solo, Marcelo faria muito parecido com aquilo. O início de "Morena" parece com "Anos Dourados", de Chico Buarque e Tom Jobim. Mas logo, essa impressão se desfaz. Em "Horizonte distante" a banda até aparece mais e bem, mas essa é uma daquelas músicas que eu falei que parecem ainda estar em fase de rascunho. O refrão bobo "A gente quer ver/o horizonte distante" fica devendo e dá um tom imperativo do qual a banda sempre tentou fugir. A letra não soa bem resolvida. Acho que em outros discos, ela teria ficado de fora. A mesma coisa me parece em "Morena". Alguns pedaços acho que faltou cuidado com a letra. Parece que os versos poderiam ter ficado melhores, as palavras estão desconfortáveis naquelas notas.
O caso de "Pois é" é o mesmo de "Sapato novo", só que não é tão linda. Das de Camelo, "Fez-se mar" é a que ficar melhor resolvida, além de ser uma ótima música. Já "É de lágrima" seria a grande música dele no disco se não parecesse tanto com "De onde vem a calma", até no fato de ter sido escolhida para encerrar o disco.
Conforme o disco for sendo mais bem digerido, vou colocando para fora os resultados. Por enquanto, penso se isso vale uma descarga ou uma nova música.
Quando eu ouvi pela primeira vez "Bloco do Eu Sozinho" e "Ventura" minhas primeiras impressões não foram as mais empolgadas. Não demorou para se tornarem assim! Los Hermanos é a única banda em atividade neste planeta que ainda me desperta ansiedade pelos novos discos. Isso é uma das melhores sensações que se pode ter com música, principalmente com música pop. Tá, vai, não é a única não. Poderia enumerar algumas outras, mas nada realmente sério. Ansiedade mesmo só com o trabalho dos caras.
Como minhas impressões sobre os discos do grupo sempre foram inconstantes, variando de uma desconfiança inicial para uma exaltação apaixonada depois de algum tempo, resovi registrá-la dessa vez. Vamos ver o que acontece. Esse é um post que começa hoje, dia 30 de julho, e termina quando eu partir dessa pra outra..
Vamos lá.
Los Hermanos 4 não é excitante. Minha decepção começara com o nome do disco. Bobo e sem criatividade. O disco também não me cativou. Outra percepção inevitável é que o Los Hermanos caminha a passos largos para algum tipo de separação e, possivelmente, para o fim. São 7 músicas de Marcelo Camelo e 5 de Rodrigo Amarante. Mais do que uma contagem, a frase anterior é uma sentença. Não são 12 músicas do Los Hermanos. São 7 de um e 5 do outro. Bruno Medina e Barba são o grande destaque de "4", por terem dado o sangue numa tentativa de costurar uma certa unidade que justifique dizer que aquilo é o disco de uma BANDA. Eles fazem o máximo, mas ainda não sei se conseguiram. Se fossem dois discos, um de Amarante, Barba e Bruno e outro só de Marcelo, seriam dois grandes discos. O de Marcelo seria mais triste, mas não menos bonito por isso. Apesar de Camelo ser o detentor da marca "Los Hermanos" junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), hoje ele parece ser o "menos da banda".
Dito isso, vamos ao disco.
Em "Ventura", as músicas "Cara Valente" e "Santa Chuva" não entraram porque a banda não conseguiu resolvê-las a tempo. Tendo essa informação em mãos, a sensação que dá é que foi exatamente isso que aconteceu em "4". Só que agora não teve jeito. Ou gravava ou não tinha repertório.
[[Abre janela :: Vou pensando isso tudo enquanto escrevo, por isso não repare se algo que estiveres lendo parecer me contradizer. É possível. A contradição é o passo do pensamento. :: Fecha]]
Los Hermanos, enquanto BANDA, mostra algum respiro de vida nas composições de Amarante. Elas parecem mais generosas com os outros integrantes. As de Marcelo são muito próprias. Hoje em dia, Camelo faz carreira solo dentro do grupo. Não há porquê. Em conversa recente com o próprio, ele confessava já não ter muita paciência para discutir as minucias de se arranjar uma música em grupo e que essa é uma tarefa que se torna, a cada disco, mais difícil. Ouvindo "4" pude entender melhor esse sentimento que ele descrevera. Fez mais sentido.
Marcelo é um grande compositor, mas as músicas de Amarante ganham o disco. "Paquetá" lembra "Retrato pra Iaiá" e poderia entrar no repertório da Orquestra Imperial a qualquer momento. Essa é outra coisa. Amarante é cada vez mais Orquestra Imperial e Camelo é cada vez mais cantor solo. Bruno e Barba vão se esforçando para manter algum norte na coisa. Nessa faixa, aparece a vinheta que o grupo compôs para a abertura do programa "Ensaio Geral", do Multishow. "O vento" é o primeiro single e é também a melhor música do disco. Musicaço! Ela reforça um caráter espírita nas músicas de Amarante, que já vinha desde os discos anteriores. Referências metafísicas têm se tornado uma constante nas letras dele. Não coincidentemente é a música mais "da banda". Ali sim, Los Hermanos não só respiram, como bufam, pulam da cama e dão esperança para o "bloco da família" que vai atrás deles pelos país afora.
"Condicional" é outra música de Amarante. Nela, o riff sugere que você já ouviu aquilo antes. E já mesmo. É praticamente o mesmo riff de "Cara estranho". Depois de "Sétimo Andar", em Ventura, Amarante dessa vez manda "Primeiro andar". O que a primeira leitura pode parecer que ele desceu de elevador para visitar outro pavimento, não se confirma. O "novo" andar se refere ao verbo no infinitivo. "Eu vou lá/ que andar é reconhecer/Eu preciso andar/..."É uma música que me lembrou os discos anteriores, pois apesar de não ter me cativado de cara, veio uma vozinha me dizer que daqui uns dias eu vou estar adorando. Desconfio que a vozinha esteja certa.
"Os pássaros" é a música de Amarante que padece do mesmo mal das de Camelo. A música parece se sentir desconfortável, parece querer um tratamento diferente, mas vai.. Tudo bem. Se fosse só ela, poderia ser a banda tentando se encontar num outro lugar, o que é saudável. Mas não é o caso.
Não é o caso, pois Marcelo não deixa. Entre músicas lindas e outras que parecem rascunhos sem acabamento final, ele pertuba o rumo do barco. "Dois barcos". É o nome da faixa que abre o álbum e é também a melhor definição do momento da banda. Para mim, que não gostei do nome "4", "Dois barcos" deveria ser o nome do disco. O barco de Marcelo está bem longe dali. Os versos "nos mares por onde andei devagar/ dedicou-se mais/ o acaso a se esconder/ e agora o amanhã, cadê?" me soam proféticos sobre o rumo desses barcos. A capa de "Ventura" trazia um grande navio firme, atracado. "4" abre com uma faixa chamada "Dois barcos". Essa é a diferença. O grande navio se transformou em dois barcos. Em "Dois barcos", Bruno arrebenta nos teclados. Os suspiros de Marcelo antes de cantar seus versos também me chamaram a atenção para a força da interepretação, na qual ele vem tentando se especializar. Tem tido êxito.
"Sapato novo" me lembrou Itapoã, Caymmi. É linda a música, muito linda mesmo!, mas falta a banda comparecer. Os teclados de Bruno fazem o clima, mas a banda não consegue marcar presença. Acho que num disco solo, Marcelo faria muito parecido com aquilo. O início de "Morena" parece com "Anos Dourados", de Chico Buarque e Tom Jobim. Mas logo, essa impressão se desfaz. Em "Horizonte distante" a banda até aparece mais e bem, mas essa é uma daquelas músicas que eu falei que parecem ainda estar em fase de rascunho. O refrão bobo "A gente quer ver/o horizonte distante" fica devendo e dá um tom imperativo do qual a banda sempre tentou fugir. A letra não soa bem resolvida. Acho que em outros discos, ela teria ficado de fora. A mesma coisa me parece em "Morena". Alguns pedaços acho que faltou cuidado com a letra. Parece que os versos poderiam ter ficado melhores, as palavras estão desconfortáveis naquelas notas.
O caso de "Pois é" é o mesmo de "Sapato novo", só que não é tão linda. Das de Camelo, "Fez-se mar" é a que ficar melhor resolvida, além de ser uma ótima música. Já "É de lágrima" seria a grande música dele no disco se não parecesse tanto com "De onde vem a calma", até no fato de ter sido escolhida para encerrar o disco.
Conforme o disco for sendo mais bem digerido, vou colocando para fora os resultados. Por enquanto, penso se isso vale uma descarga ou uma nova música.
5 Opine:
dois barcos, é?? e eu achando que eles estavam mais ecléticos com o consentimento e participação de toda a banda...
ouvi algumas músicas e gostei. a coisa parece estar bem mais triste.
abs
mario
Não ouvi tudo ainda, mas se tiver mais triste mesmo, pra mim tá bom.
hahaahha! Entao vc vai se divertir mt!!!
Discordo um tanto do Bruno, mas como sempre é muito agradavél ver sua opinião e poder discordar dela. Consigo ver o que o Bruno diz... até entendo sua decepção, mas eu vejo o disco de outra forma: Acho que o amarante evoluiu muito pouco, e este pouco se deve a influencias internas da orquestra Imperial, e acho que o Marcelo evoluiu e muito!
Na minha humilde opnão sobre tudo na vida, as coisas boas estão nas coisas simples! só que quando tentamos enxergar este simples, milhões e milhões de bifurcações são abertas, e assim enxergar ou fazer o simples se trona algo muito complicado!
Achei o cd simples, tão simples como aquela brisa que vem do mar num fim de tarde, sem dúvida a música vento ilustra o que eu penso.
O marcelo pode estar distante, o marcelo pode estar aparentemente autista, mas p/ mim ele simplesmente esta a cima, e neste caso estar a cima significa estar no chão, temos a música: primeiro andar, para ilustrar meus pensamentos.
Agora escrevendo, começo a sentir uma sensibilidade muito grande do Amarante em relação ao Marcelo, vejo isso através dos títulos das músicas do amarante.
Concordo que há dois barcos, mas acho que estão andando lado a lado, curtindo a mesma paisagem mas com vistas diferente!
por enquanto é isso! desculpe pelos erros gramaticas
Pieri
"erros gramaticas" foi o melhor erro gramatical do mundo!! Perfeito!
Que bom que você discordou! Eu odeio concordâncias.
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