Lendo o Reverendo
Não há meio melhor para se falar de música do que o rádio, ninguém jamais discordou. MTV é outra coisa, internet começa a ser bacana mas ainda não juntou informação na história (podcasting?), e papel impresso é o bicho, mas o bicho sem mostrar os dentes.E foi nessa pilha que 'Emissões Noturnas', o segundo livro do reverendo Fábio Massari, saiu e de alguma forma foi parar na minha casa, na minha cabeceira.
É o diário do extinto programa Rock Report, como faz crer o subtítulo "cadernos radiofônicos de fm". Nele, além de uma sinopse das edições entre fevereiro de 91 e março de 95, além de uns extras anteriores, posteriores e durante o tempinho do RR, há entrevistas com gente muito bacana, sempre no espírito lado b.
Assim, entre vários de quem nunca ouvi falar - talvez mais da metade - como Todd Rigione do Liquid Jesus ou John Sullivan do New Model Army, temos entrevistas sensacionais com personalidades do que existe além do mainstream. Todos os Ramones falam e dão sinais da fronteira quase visível que dividia Joey e Johnny, Wayne Kramer (MC5) tira onda de intelectual maldito e renega o punk, Henry Rollins (Black Flag e Rollins Band) diz que é um alívio deixar de ser independente para nunca mais ser roubado e critica o NIN, Danny Kelly (editor da NME) comprova a empáfia trincada inglesa do semanário frenético, Mark Arm e Steve Turner (Mudhoney) criam intriga no seio do grunge (eu juro que não tava pensando na Courtney...), Slash fala do começo do primeiro - e único - fim do Guns 'n' Roses, Kim Gordon (Sonic Youth) diz que o Nirvana é pop, e o "gente-finíssima super-herói" Bobby Gillespie (Primal Scream, pra ficar no principal) conta que o reggae dos anos 70 - início do dub, vai - foi a última coisa psicodélica que ouviu. E isso em uma entrevista de lançamento de Screamadelica, um dos cinco melhores discos de rock não-brasileiro dos anos 90. (Odelay/Beck, Nevermind/Nirvana, OK Computer/Radiohead e Blood Sugar Sex Magic/Red Hot Chili Peppers). Ou um dos dois melhores álbuns duplos. (Mellon Collie and the Infinite Sadness/ Smashing Pumpkins).
E o ex-parlamentar e roqueiro tcheco Michael Kocáb fala de Frank Zappa e Revolução de Veludo!!! (Sendo os dois tópicos parte do mesmo assunto...)
Claro, ainda há muitas entrevistas, como Alice in Chains, Manu Dibango e Nick Cave, fora aqueles todos totalmente desconhecidos pra mim.
Ou seja, um livro que, se não mostra os dentes, faz a gente formar a imagem na cabeça. E se você é daqueles que lê um livro correndo antes de ver o filme, sabe como é bom formar a imagem dos dentes na cabeça.
Nada a ver (1)
O show do meu ídolo Jards Macalé, na quarta-feira, foi uma decepção. Largado, curto, querendo ser bonitinho, sentar o povo no Circo, teatrinho com celular no palco... É uma pena. Já vi uns três ou quatro shows do Macalé, e nunca tinha voltado pra casa mau impressionado. Não vou comprar o disco, fiquei com a impressão de que é um golpe atrasado pra tirar algum em cima da saudade do Waly Salomão. Péssima impressão. E pra quem achou que a culpa foi das atrações que faltaram, digo que o roteiro do show foi seguido exatamente como planejado - presentes as atrações ou não. E quem me disse foi um dos respeitáveis que estava no palco. E que ainda tirou uma ondinha: "É... eu sou maldito, né?"
Deixou de ser meu tropicalista preferido.
Vou partir pra Torquatália.
Nada a ver (2)
Música ilustrada aleatória, Tortoise de Baixo Gávea, poesia Cépica com trilha de texturas, imagem e som remetendo ao delírio, baixaria, microfonia, quebradeira, distorção, vozes veludosas veladas vozes do vento. Binário, toda terça até meados de outubro, no Teatro do Jockey.
Nada a ver (3)
Já ouviu a 'Do You Want To', do Franz Ferdinand? Legal, né? E meio gay, também, né?
2 Opine:
O que é isso, música nova do Franz Ferdinand?
Se correr agora pro site da trama, acha ainda. 'Do You Want To'.
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