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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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28.11.05

Claro Q É Rock

Confusões, atrasos e a apoteose do Flaming Lips

A organização do Claro Q É Rock montou um casting muito interessante de artistas, diferente do convencional, agradando aos mais tradicionais, aos mais alternativos e aos mais MTV. Porém foi essa mesma organização que permitiu que um acidente com um caminhão que trazia parte das estruturas de São Paulo para o Rio, estragasse a edição carioca do evento. Atrasos que chegaram a mais de 4 horas, obrigaram muita gente a ir embora antes de ver o que queria, à bandas diminuirem a duração de seus shows e até um show cancelado, o da Nação Zumbi.

Um lamentável acontecimento diante de um festival que superou às expectativas em termos de estrutura. Acesso tranqüilo (apesar do estacionamento caríssimo, R$15!, mesmo preço que eu paguei lá dentro pelo CD novo da Nação Zumbi e sobre o qual voltarei a falar daqui uns dias), bastante espaço para a movimentação das pessoas, vários banheiros, camarote para os vips sem atrapalhar a visão de quem fora assistir aos shows, além de uma boa estrutura para a imprensa, o que permitiu a primeira cobertura ao vivo, em tempo real, do sobremusica.

O Cachorro Grande abriu a noite com o talento, mas com um som mal resolvido. Em cada lugar da Cidade do Rock se ouvia de um jeito. A passagem de som feita pela equipe do Good Charlotte após o show dos gaúchos revelou que os cuidados técnicos também foram prejudicados em razão do acidente na Dutra. A disposição e o carisma dos cinco terninhos pretos seguraram a galera e mostraram que eles já têm um bocado de músicas bem conhecidas pelo público.

O Good Charlotte fez o show-histeria da noite. Consagrados junto a um público da MTV, que não estava nem aí pra quem era Iggy Pop, eles mostraram competência para repetir no palco tudo o que mostram em videoclips. Rebeldia e pulinhos ensaiados, visual ridículo-lamentável-desagradável-e-repetido-por-boa-parte-dos-fãs-adolescentes, roupas pretas escritas "Misfits" (tsctsc), máscaras, etc... Fora a velha tática do clichê que tanto dá certo. Bandeira do Brasil, weloveyous, etc... Mas foi bacaninha, eles cumpriram bem o seu papel no festival. A garotada saiu extremamente satisfeita. Gritinhos e choro em grupos, uma confraternização pueril de sonho realizado aos 16 anos... Eles viram os ídolos, que corresponderam às expectativas, e voltaram para a casa, afinal, a última semana de novembro costuma ser decisiva nos rumos escolares de que ainda não passou dos 18.

A terceira seria a Nação. Não foi. O Fantomas, de Mike Patton, subiu ao palco num set pequeno, tanto de instrumentos quanto de músicas. Muito ruído, sem concessão nenhuma ao público, música industrial, difícil de falar e dizer se era bom ou ruim. Eu não gostei, mas como a banda saiu muito aplaudida, sei lá, né... Eu vi tanta coisa bizarra por lá, que essa foi só mais uma.

O show de Patton e sua turma mal acabou e o Flaming Lips já chamava a galera para correr até o outro palco. Era hora de recuperar o tempo perdido. Em algum lugar eu li o vocalista dizendo que o show da banda era uma celebração pré-fim de mundo. No meio do show eu me lembrei disso. Era a definição que eu estava procurando. Eu quero que o mundo acabe num show do Flaming Lips. Quero mesmo!

O show trouxe a contradição de ter a apoteose no início. Mas como ela seguiu adiante, não me deixou palavras. Às vezes me pego pensando se posso ser um jornalista musical se tão facilmente perco minhas palavras diante das emoções que sinto vindas dessa arte, que há tantos anos me sensibiliza num grau maior do que o resto das coisas deste mundo.


Voltando à apoteose do Flaming Lips. Vários bichinhos dançando no palco, a banda fantasiada, sendo o tecladista de papai-noel, Wayne Coyne andando dentro de uma bolha gigante, bolas coloridas jogadas para a platéia... Existem shows e existe o que o Flaming Lips faz. Muito mais bonito e emocionante. Confetes, serpentinas, carisma, simpatia...

Para não iniciados, como esse que vos escreve, a surpresa foi tamanha, que depois de alguns minutos fazendo fotos na beirada do palco, simplesmente abri mão e resolvi aproveitar o privilégio de estar naquela posição num show daqueles. Parei para ver. No final do tempo permitido aos repórteres fotografar dali, não me contive e olhando para o vocalista, fiz um sinal de positivo, já com a produção me empurrando para sair. Qual não foi meu susto quando, nessa exata hora, ele olhou na minha direção e viu meu gesto. Eu já tinha desviado o olhar quando me dei conta disso. Me virei, voltei, e olhei para ele de novo. Ele aguardou e me retribuiu com o mesmo sinal, aquiescendo. Tá bom, pode parecer meio viado, mas foi foda e eu fiquei felizão! Esse era o chão do palco depois de 5 minutos de show.

O que o Flaming Lips faz continuou por mais 40 minutos. Para explicar melhor, o Flaming Lips é o que Pato Fu queria ser, só que ainda não chegou lá (e não vai chegar). John Ulhoa deve rezar todo dia pela alma de Wayne Coyne. Experimental? Sim, mas extremamente doce aos ouvidos, mostrando que existe caminhos para o tal do experimentalismo além dos ruídos do Fantomas e do Sonic Youth (que eu não pude assistir direito, só de passagem. Mas falarei disso lá na frente).

Depois de Coyne e sua turma, veio ele. O cão. Ele que quer ser o seu cachorro. Ele que não tem diversão. O capeta de calça da Gang. O roqueiro que carrega o pop no nome e que batizou vários animais de estimação planeta a fora. Iggy.

(Mas só daqui a pouco. Esse texto será complementado nas próximas 24 horas e esse parenteses sumirá daqui dando lugar a relatos de punk, libidinagem, pan-sexualismo, chutes e outras sandices. Sem falar nas fotos!)
**A partir deste post, todas as fotos do evento são do autor do texto.

5 Opine:

At 17:02, Anonymous Anônimo said...

fui para ver good charlotte...mas gostei mais do show do flaming lips...posso dizer q eu naum esperava isso, assisti o flaming lips soh para fazer compania para uma amiga e acabei pulando mais q ela. Como fã do good charlotte achei o próprio show deles muito fraquinho. Sem contar a porra do atraso...
PS: a reportagem fico boa
bjus

 
At 20:22, Blogger Bruno Maia said...

Que bom que gostou, Luísa.

bjs
BM

 
At 17:03, Anonymous Anônimo said...

Lindo o show do Flamming Lips! É muito diferente, uma clima de alegria, de paz...
Roubei uma bola pra mim!
BJS!
Bruno, adorei a sua matéria!

 
At 17:04, Anonymous Anônimo said...

Escreve logo sobre o Iggy Pop!

 
At 00:04, Anonymous Anônimo said...

Iggy! Iggy! Iggy!

 

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