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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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25.12.05

Natalinas

And so this is Christmas...

As impressões musicais são sempre reforçadas pelo natal. Algumas óbvias, como as causadas pela, sempre tocada, música acima, de Mr. Lennon. Óbvias também são algumas pessoas para presentes. Eu sou uma delas. Toda ocasião em que as pessoas acham por bem me presentear, acabo recebendo CD's, DVD's e objetos referentes à música. Que bom! Adoro ser óbvio! Evita desgostos e trabalho de trocar coisas em lojas que se tornam impraticáveis nessa época.

Sou tão óbvio para os outros, que também acabo sendo óbvio para mim. Não seria difícil adivinhar com o que me presenteio nessas ocasiões... Chego ao que, imagino ser, o balanço final. Algumas barbadas, algumas supresas, todas muito bacanas, vindas de todos os lados.

No quesito barbadas dadas por mim a mim mesmo, a caixa "Amor e Mar" do Caymmi. Estávamos flertando há tempo e, agora, concretizamos o que, imagino, será uma relação eterna até que uma arrebatadora crise financeira se abata sobre mim ou que alguém me roube. Isola. A caixa fica devendo. Quer dizer, não que fique devendo. Eu deveria ter me informado melhor. Mas a embalagem da caixa também poderia ajudar. Digo isso porque os sete cd's, acompanhados de um belo encarte ilustrado pelo próprio Caymmi, trazem várias faixas repetidas em várias versões. Isso não é, em si, uma coisa ruim, mas não era o que eu esperava dela. As versões que são acompanhadas por orquestras e coros me deixam um pouco decepcionado. Prefiro a singeleza da coisa, quando vem mais limpo, mais puro. Até por isso aguardo ansiosamente o presente que um amigo me prometeu a meses: um cd com o show de 70 anos do baiano, no qual ele só canta, conta histórias e toca um violão. Só e tudo. É o que eu estou querendo. Como surpresa positiva, algumas músicas que nunca imaginei que fossem de Caymmi tal é a forma como elas estão impregnadas na veia da cultura popular brasileira e que imaginamos serem de domínio público e autor desconhecido.

Ainda me presentei com a nova caixa de DVDs do Chico Buarque, que ainda não assisti, mas que estou com o pé atrás. Vi um pedacinho do episódio "Chico e Mangueira" na Band, semana passada, e achei muito abaixo dos outros. Forçado, enrolando, sem chegar, sem ir, sem concluir, sem começar... Enfim, pode ser só impressão. Mas vamos lá...

Pra terminar meus presentes a mim mesmo, já que o bolso de jornalista costuma ser (e no meu caso é) raso, comprei um disco dos japoneses Pizzicato Five. Para os não iniciados, como eu, Pizzicato é uma banda cool que aparecia com uns clipes diferentes na MTV, além de ser a banda da "música de abertura do Teleguiado", finado programa da music televisão brasileira, um dos melhores que houve por lá. Certa vez, conversando com Jonas Sá e Bubu, eles me falaram do encanto deles pela música pop japonesa. Falaram de muita coisa louca e me deram um panorama quase antropológico da cena de bandas nipônicas. Posso estar sendo enganado pela memória, mas me lembro de eles dizerem que Pizzicato era uma banda mais aberta à influências do ocidente e que tinha uma razão para isso, mas eu não me lembro qual. Comecei a ouvir, estou gostando, mas ainda não tenho muito o que escrever.

O que já posso falar com um pouco mais de propriedade, dada as duas audições, é o cd novo de Paul McCartney, presente da minha amada. Disco cheio de canções, que desce muito bem. A começar pelas duas capas. Sim, duas, porque o meu é uma edição especial que vem junto com um dvd que ainda não assisti. A capa mesmo é uma linda foto de Paul, menino, num quintal com um violão. Sensível, mas contraditório com a maturidade do dinossauro da música pop, que já trocou a ingenuidade pelo doutorado na área, há muito tempo. A outra é uma de papelão vermelho, também bonita, mas com letras que parecem anunciar a trilha sonora do Harry Potter.

Dentro disso tudo, o disco. Na maioria das músicas, o disco soa reflexivo, cheio de arranjos grandiloquentes, por mais que às vezes a voz de Paul venha te falar tão próximo ao ouvido como se aquilo tudo estivesse a capella. "Jenny Wren" tem uma estrutura que você já ouviu em "Blackbird", e isso é bom. Violões, baixo, voz e um Duduk, instrumento armênio de sopro e de madeira, que soa entre o clarinete e o trombone. A faixa seguinte, "At the Mercy", já volta com a orquestra de cordas inteira, além de outros muitos instrumentos. "English Tea" remete ainda mais à atmosfera fabfour. Lembra aquele pianinho de "In my life", lembra "Golden Slumbers". As que mais gostei até aqui foram "Too much rain" e "Anyway", esta a última tem uma continuação escondida cerca de um minuto depois do aparente fim. Velha técnica do pop.

Ainda volto a falar mais.

****************
Depois de um ano em que o Natalino Joel Santana fez o maior desfavor do ano, rubro-negros têm que comemorar duplamente o natal. Eu só rio deles.

2 Opine:

At 14:49, Anonymous Anônimo said...

"arranjos grandiloquentes"???

Tá de sacanagem?

 
At 15:36, Blogger Bruno Maia said...

Não entendi a natureza deste comentário, mas se foi uma crítica e se foi uma crítica calcada na não-compreensão semântica ou sintática, segue uma ajuda.

"grandiloquente: adj., que emprega um estilo muito elevado; pomposo; grandioso."

Ajudou? Vamos fazer uma parte de glossário em breve!

Abs e volte sempre!

Bruno Maia

 

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