contato |@| sobremusica.com.br

Bernardo Mortimer
bernardo |@| sobremusica.com.br

Bruno Maia
bruno |@| sobremusica.com.br

6.12.05

Show: Pearl Jam

O Pearl Jam É Grande Demais

       “Make it safe, first”. O Pearl Jam só toca para platéias de até 40 mil pessoas, não permite a venda de bebidas alcoólicas durante a apresentação, não se atrasa (foram vinte minutos no Rio), rejeita convites de festivais ou de patrocinadores como marcas de cigarros, viaja com as famílias e amigos/ídolos – o que na América do Sul inclui integrantes de Ramones e Mudhoney. A estrada percorrida pela banda inclui homenagens a Bob Dylan, Ramones, the Who, Neil Young, Crazy Horse (juntos e separados, portanto), Keith Richards e the Doors. Também conta com posturas como três discos no topo de paradas de vendas e execução em rádio sem nenhum vídeo-clipe, períodos de quase nenhuma entrevista, campanhas ecológicas, políticas, e mais de setenta discos ao vivo. Tudo, sempre com um motivo nobre: o mais conhecido deles, o trauma pela morte de nove pessoas esmagadas na frente do palco na Dinamarca, em 2000.
       Há mais. ‘Ten’ é um dos cinco melhores discos de rock da década de 90 em qualquer lista decente; “Jeremy”, “Alive” e “Even Flow” entram em qualquer lista de mp3s obrigatórios para quem quiser um Ipod e um boné pra trás, sem contar com “Daughter”, “Yellow Ledbetter”, “Do the Evolution”, “Black”, “Once” e “Last Kiss” – um cover que viria a entrar em uma coletânea pelos refugiados de Kosovo. E, se for pensar, do grunge que marcou o rock há treze, quatorze anos, só o Pearl Jam ainda vive.



      Pela primeira vez no Brasil e na América do Sul, o Pearl Jam tocou para quase 160 mil pessoas em uma semana, 120 mil em três dias, duas cidades e nenhum ingresso sobrando. Eddie Vedder aprendeu a ler foneticamente português tropeçado só para isso. E brincou de comandar e reger fãs com palmas, ô-ô-ôs, e sem deixar de cantar (a não ser uma vez, e estou falando só do show que vi, no Rio) nenhum pedaço de letra. Ainda cantarolou uma canção sobre a vontade que tinha de vir ao Rio. Ainda emendou “I wanna be your boyfriend” antes de puxar a música mais pearljam do repertório do Ramones – os que inventaram a origem daquilo tudo, e um sinto muito para Neil Young.
      Teve também “Last Kiss”, a música mais ramones do repertório do Pearl Jam, com palminhas da banda. E “Given to Fly”.
      Em duas horas e quase meia, antes de se despedir com um desejo e um pedido de paz, a banda ainda lembrou do punk politizado de MC5 com “Kick Out the Jam” cantada por Mark Arm, do bom show de abertura e da bela “Touch me I’m Sick”, vocalista do Mudhoney. E da chamada mais perfeita banda de rock que já houve, e isso depende da interpretação, claro, the Who, com ‘Baba O’Riley”, que encerrou a noite.
      Houve “Animal” também. A demora por “Jeremy”, que arrepiou todos que berravam a letra ou a escutavam com sussurros de olhos fechados. Os solos simples e complicados de “Black”, os arranjos angustiados e agressivos das guitarras, destaque para a alegria de Mike Cready. Como se entendeu em português, um desfile de escola campeã, e um esforço convincente para fazer da passagem pelo Rio a melhor do Brasil. A certeza disso, só a fé na voz única do único a se apresentar bebendo vinho. E de todas as músicas que não foram apresentadas, só para a gente querer que a banda volte uma próxima vez.

8 Opine:

At 09:05, Anonymous Anônimo said...

Mto bom, mto bom. Concordo com quase tudo, mas dizer q last kiss é a musica mais ramones do PJ soa forçação de um contraponto à I wanna..., realmente a mais PJ dos Ramones.

 
At 12:01, Blogger Bernardo Mortimer said...

Cara, valeu a leitura.
O que aconteceu é que eu queria dizer que 'I believe in Miracles' era a música mais pearl jam do Ramones. Revisei o texto uma vez e não vi que faltou botar o nome da música. Eu nem acho que 'I wanna be your boyfriend' seja tão pearl jam, pra te ser sincero.
E Last Kiss, eu acho a música mais ramones do Pearl Jam. É a mais bubble gum, mais rockabilly suja, letra puramente de diversão, pop pra caramba.

Um abraço,

 
At 18:04, Anonymous Anônimo said...

EU só posso dizer que o show foi mágico ! Maravilhoso! Inesquecível ! Arrepiante ! Emocionante ! O show da minha vida e acho que das 40.000 pessoas que estavam alí ...
O Público foi um show a parte ! Todas as letras cantadas, sentidas, aplaudidas, arquibancadas iluminadas...
Chorei... em vários momentos... e sim tomara que voltem logo... porque ficou com gostinho de quero mais !!! =)
Agora acho difícil eles não voltarem... os shows nos Brasil foram sem dúvida inesquecíveis !
Bjus

 
At 19:24, Anonymous Anônimo said...

Esse show o o ápice do ano. Indescritível!

 
At 00:59, Anonymous Anônimo said...

Bom... para quem gosta e vive a banda no sangue... nossa... esse ano marcou... será sempre lembrado!!! Não passou um Katrina.. mas passou o Pearl Jam.. devastou tudo...E com todo o carinho que Ed Vedder e os integrantes envolveram a musica com o publico (transe total com direito a coral) ta ai uma formula que faz a banda durar anos e anos.. e decadas...
Viva Pearl Jam.. e vamos esperar a próxima!!!!
Belo artigo antes que me esqueça...

 
At 10:59, Blogger André Monnerat said...

Você acha mesmo a letra de Last Kiss puramente de diversão?

 
At 23:21, Blogger Bruno Maia said...

É, eu também não entendi essa colocação sobre a letra trágica de Last Kiss... Que diversão mais mórbida...

 
At 06:39, Anonymous Anônimo said...

Ah esse show foi lindo! Seu artigo tb! Muito bem escrito!! :) Tb assisti o PJ no Rio. Caraca! Que showzasso ã?

 

Postar um comentário

<< Home


Claro Q É Rock (Parte 2)
Claro Q É Rock
Claro Q É Rock (Cobertura Ao Vivo) 5
Claro Q É Rock (Cobertura Ao Vivo) 4
Claro Q É Rock (Cobertura Ao Vivo) 3
Claro Q É Rock (Cobertura Ao Vivo) 2
Claro Q É Rock (Cobertura Ao Vivo)
Entrevista: Nervoso (2)
Entrevista: Nervoso (1)
Ballroom

- Página Inicial

- SOBREMUSICA no Orkut



Envio de material


__________________________________

A reprodução não-comercial do conteúdo do SOBREMUSICA é permitida, desde que seja comunicada previamente.

. Site Meter ** Desde 12 de junho de 2005 **.