Pinkpop Festival (parte 2)
Uma série de problemas derrubou uma das pautas mais bacanas do sobremusica. Acidente de percurso. Perdi todas as informações que estavam no meu computador europeu e tentar, 20 dias depois, reescrever sobre as sensações de um primeiro festival nessas terras seria burrice. O sentimento já esfriou, a irritação é maior do que a empolgação. A segunda parte da cobertura do Pinkpop está lá, perdida no misterioso lugar onde se perdem os bytes depois dos boots.
Para não passar totalmente em branco, fica o registro do show impecável do Red Hot Chili Peppers. A turnê nova, de Stadium Arcadium, está redonda assim como o entrosamento da banda. Deve ir ao Brasil no fim do ano. A apresentação começou com certa insegurança de Frusciante, que logo se soltou e voou. A sensação é que as 65 mil pessoas ali na frente deles eram mero detalhe e que, na verdade, tudo se tratava de uma grande jam entre amigos. Permeada de sucessos de todas as fases da carreira, a apresentação foi mais generosas com os fãs recentes da banda do que no Rock in Rio 3. Emocionalmente falando, o ponto alto ficou por conta do momento solo de Frusciante. Lá pela oitava, nona música, a banda se retirou e deixou o palco para o 'menino' que já – diz ele – não cheira mais. Numa trip das mais alucinadas, ele puxou, voz e guitarra, o hit How Deep is Your Love. A música vem sendo repetidamente incluída no setlist do grupo e, qundo tiver show no Brasil, pode cobrar. Fã do Red Hot Chili Peppers que faz cara de mau é cínico, porque todos que estavam lá acompanharam em uníssono a canção setentista dos Bee Gees. Eu também. Bonito demais. Para agravar o sentimento, aquele início de pôr-do-sol, aquele céu laranja e vermelho. De chorar. E não foi só lá... Dá um confere no YouTube. Escreve 'how deep is your love chili peppers' e vê no que dá. Em qualquer lugar do mundo, fã de Chili Peppers se derrete num Bee Gees.
Do parâmetro 'apoteose', o Flaming Lips fez outro show memorável. Mesmo esquema do Rio, muitas cores, figurantes fantasiados – dessa vez, o tema eram super-heróis, papais-noel e Et’s - e disposição. Wayne Coyne é a melhor definição do que possa se chamar MC. O cara entra antes no palco, cumprimenta a platéia que abriu mão de assistir o Keane para garantir um bom lugar em frente ao palco, acerta detalhes de luz com o técnico, orienta os figurantes sobre como se movimentar com suas fantasias e, isso tudo, distribuindo sorrisos para todos. Para ver um show do Flaming Lips, você não precisa conhecer o som do grupo – que é ótimo e a banda é excelente –, é só gostar de coisas bonitas.
Franz Ferdinand é aquela coisa, né. Quem viu no Circo Voador não vai querer ver em outro lugar. Quer dizer, pode até querer ver, mas não é a mesma coisa. No descampado holandês, com a grande distância do palco que a multidão me impunha, faziam ter a sensação de que parte da pressão das guitarras se perdia. Sei não, mas foram tantas as vezes que senti falta da tal da “pressão” que andei desconfiando do técnico e do sistema de som do festival. Já falei disso na parte 1, né?
Bola fora da tarde/noite foi o senhor Morrissey. Constragedor. Tanto a música, quanto ele, quanto à barriga, quanto o repertório, quanto à pinta de galã démodé. Deixa pra lá.
Por fim, mais horas e horas andando no escuro atrás do carro, mais horas de engarrafamentos até sair de Landgraaf e das cidades seguintes e alcançar a sempre sonhada autobahn alemã.
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Repara não, mas as resenhas do show não estam necessariamente na ordem em que eles aconteceram.
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O Roskilde vai ser melhor.
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