Minha Alma Canta
Sobre a CidadePosso falar? Foi em sete dias que tudo se fez, segundo dizem alguns (Algum?). É no período de sete dias que os ocidentais organizam a vida, os compromissos, o que inclui aí a diversão. Daí, que vai ser em sete dias que eu vou contar um pouco do Rio de Janeiro, aquela velha história remixada com assinatura, pra não entrar em disco mas ser postado na Internet com links e encontros acertados e aquele papo todo de the times they are a-changing. Se liga.
Na sexta-feira, sem muita perspectiva, de um Baixo Gávea de pouco assunto armou-se com gente conhecida e agregadas um sambinha no Horto, clube dos Macacos, com o que chamaram de um samba de raiz e o sub-monobloco odisséico Quase Nove. Chegando lá, aquela fila de gente bonita, clima de paquera, e até alguns formadores de opinião-celebridade confirmando a presença.
Em volta da piscina, o samba de raiz era mais um the best of emendando clássicos da Marquês de Sapucaí com o repertório dos últimos discos Pagodes de Mesa da Beth Carvalho. Isso com um som ruim, que não dava muita chance pro cavaquinho. Sobrava a percussão e uma ponta de voz, só pra indicar qual era a idéia de canta-junto (de raiz, dizia-se) que se pretendia. Hora de rodar, cervejinha, trocar idéia, achar gente, processo lento.
Daí a pouco, dentro do salão, começava o pop-samba do Quase Nove. Com uma crooner mirando em Elza Soares, guitarra e uma formação mínima de bateria de escola, o repertório foi de Tábua das Esmeraldas a Raul a Novos Baianos e Luiz Melodia, fora os clássicos da Sapucaí, indefectíveis. A estrada há de trazer personalidade. Hora de agilizar o processo, achar idéia, tocar gente, e cervejinha. Para fechar, uma passada na Pizzaria Guanabara que resultou em nada pela falta de lugar pra sentar.
Dia seguinte, às seis da tarde, um Baixo Botafogo chamado Aurora. Às oito, histórias de viagem e rock n’ roll na casa de uma amiga com passagem por festivais europeus. Onze horas, chopp no Carlitos de aquecimento para a festa Phunk, no Bola Preta, despedida temporária de Pedrão Selector e B Negão, a essa altura já na Alemanha. E, oportunidade de receber os cumprimentos de amigos depois da meia-noite, um ano a mais na conta. Na minha e na da phesta.
Sonzão, do sambinha ao batidão com James Brown e o charme Madureira no caminho, Beastie Boys na expectativa, cerveja de garrafa a quatro conto, live pa de trompete selectah, amigos convidados, amigos que apareceram, amigos que nem sabiam, fila na porta, visão embaçada, recorde de amor, papo rápido com cada um que nem noiva, pleno Centro da cidade, B Negão cantando um lamento em cima da base, aquela história toda.
Domingo às duas da tarde, o acordar. O almoçar. O enrolar. O jantar, Copacabana, família e uma amiga de há vinte anos (no ano que vem) com os pais, narrativas de viagens, comida polonesa, o passar do tempo, eu perco a hora do Zion Train sem nem perceber. Deixa pra lá.
Quarto dia da semana torta, e o som dos copos e dos sorrisos faz a mesa pras gargalhadas, pra contos de boteco, sucessos e decepções do laralaiá, histórias de “quando eu tinha dezesseis” com quatro anos ou pelo menos três décadas de distância, uma série de “mas eu estava apaixonado” para cada chance única que passou, um anúncio de paternidade à vista, e tiração de onda culinária em volta de uma porção de moela. O jiló frito eu não encarei. E disso, para uma saideira dois bairros depois, no Jobi vazio de segunda-feira.
Bem, na terça-feira, Bernardo descansou. Na rede. Ouvindo a seqüência Revolver-RubberSoul-SgtPepper’s em mp3. Na quarta rolariam os 3 e meio do Urbe, no 00, com Nego Moçambique provando e comprovando toda sua versatilidade. O cara dança, quebra as batidas, bota umas frasinhas que grudam na mente, faz o tempo passar sem cansar. Rogério Flausino não foi ruim. O Capitão Presença também marcou por lá. Entre galera que se cruzou naquela esquema orkut de friends que add friends, uma comunidade se formou, o mundo virtual um pouco se materializou, “já passei lá” se referindo a endereços onde o Correio não chega, a Wired do Beck e mais uns passos rumo à canonização, e o Matias acabou quase não tocando os mash-ups tapa-na-pantera dele.
Quinta-feira, sétimo dia, e dentro do ônibus o sanfoneiro do 571 (ou 572, na volta) dava o risão sem som dele para o engravatado fã do Roberto e o casal punk pedindo samba canção, enquanto o personagem da cidade enfileirava um set que pra mim começou com “Boemia, aqui me tens de regresso...” A idéia era essa mesmo.
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