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25.9.06

Os Gianoukas Papoulas :: crítica

Em tempos de mp3 é muito comum os artistas novos acharem que basta colocar mp3 na rede que alguém irá descobri-los. A verdade é que isso é fundamental, mas está longe de ser suficiente, a não ser que se crie uma forma genial de atrair as pessoas até o seu mp3. Um site inteligente pode ser um bom caminho. No excesso de informações da rede, a chance de se destacar na multidão é a mesma que na correria das grandes cidades reais e depende de fatores ímpares e particulares. Ouço bastante coisas em minhas andanças pelo internet explorer, pelo Soulseek e (mais recentemente) pelo Last.fm. Mas não há como não dedicar atenção e algumas linhas às bandas que entram em contato e enviam, com todo carinho e zelo, o seu trabalho, esperando só uma recíproca atitude de respeito. Não é difícil retribuir, ainda mais nesses tempos em que quase ninguém mais envia cds - fora as gravadoras, mas essas têm o comercial e a exposição em mídia como único norte.

Semana passada foi a vez dos paulistanos dOs Gianoukas Papoulas. Me mandaram um e-mail num dia e, no outro, o carteiro entregava o disquinho aqui. Qual não foi também a gratíssima surpresa ao ouvi-los. Apesar do nome de difícil pronúncia, que mais parece o nome de algum dos meus remédios de homeopatia, o som é bastante acessível e bem feito. Um pop rebuscado que usa bases de violões e teclados sintetizados, numa mistura que lembra final de anos 60 e meio de anos 90. A sonoridade, porém, não é inédita. Só pra ficar no Brasil, podemos citar a finada Videohits, o Ludov e até os últimos álbuns do Skank. Como me disse o Bernardo, também lembra Fellini, a banda paulistana dos anos 80, que já tentou voltar algumas vezes, mas sem grande êxito. O principal fator de aproximação vem pela voz, que alterna as melodias cantadas com as frases faladas, recitadas, numa velocidade característica. Não sei bem qual a intenção estética desta opção, mas é fato que ao longo das 14 músicas do disco, acaba se tornando, mais do que uma marca registrada, uma coisa cansativa. Contudo, o grupo é mais que isso.

[[Não tem nada a ver com isso, mas Fred 04 já me disse que o Fellini era a única banda brasileira pela qual o pessoal do manguebit se interessava no fim dos 80.]]

Algumas letras se destacam no disco Panôramica (2005), dOs Gianoukas (toda vez tenho que olhar o encarte e soletrar pra mim antes de escrever esse nome), como “Nada na cabeça”, “Desilusão de óptica” e “Ela se foi”. Esta última é a minha favorita até agora. “Queda livre” começa com uma entrada de bateria igualzinha a que o Skank está usando agora em “Uma canção serve pra isso”. Só falta o tchutchurururu pra ficar igual, sendo que a do GP (isso, vou escrever assim agora, GP!) é mais antiga. A faixa traz ainda um sonoridade que passa pelo folk-country e cai naquele clima “acorde menor do britpop”, saca? Pra completar a mistureba, vem o tecladinho esperto numa das passagens. Faz bem. “Não passa” poderia estar no repertório de algumas bandas que emergiram no rock nacional no meio dos anos 90, como Acabou La Tequila, Ultramen e outras tantas que a cabeça não consegue mais achar o nome, mas se lembra de ver tocar na MTV naquelas tardes com reprise de Teleguiado, Chris Nicklas e Sabrina. Isso, em si, não é um elogio, pois me soou velho. “Bom rapaz” é uma que evidencia uma coisa meio jovem-guarda, tão em voga no atual novo rock nacional. “Todo bom rapaz/ é um desvio da espécie/ por tanto não comece/ a me pedir demais”.

De uma forma geral, a banda não abusa das guitarras. Elas são todas espertinhas, mas sem grandes pretensões. Isso é uma boa diferença para a mesmice dos emos e dos pastiches de hardcore que inundam o underground brasileiro, que só usam guitarras nas alturas, overdrive e voz chorosa. Quando muito, moogs e escaletas para parecer Weezer e Los Hermanos. No GP, o teclado é muito mais presente, climático e interessante, como em “Godzilla”, onde o baixo também vem moendo. A bateria, por sua vez, consegue se sair muito bem nas diferentes andanças do disco. A gravação da voz é que poderia estar um pouco mais pra frente e mais alta, porém isso é um detalhe de mixagem que não entra na discussão sobre o valor da banda. Em “Na sala da justiça”, por exemplo, os efeitos utilizados na voz deixam ela mais dentro do climão da música, uma coisa meio “Revolver”, cheia de ruidinhos, num ambiente lisérgico.

Só falta mesmo um pouco mais de pressão em alguns momentos. Mas a banda tem melodias e letras acima da (baixa) média dos grupos novos. Tem arranjos mais interessantes. É, sem dúvidas, uma das bandas novas mais bacanas. Vale a pena prestar mais atenção nela e aguardar seus próximos passos.

**************

Outra opção bacana é o Cooper Cobras. Pude assistir a um show deles na semana passada, na festa de 3 anos do URBe e me surpreendi. O grupo se sai melhor ao vivo do que nas músicas disponíveis no Myspace deles. A performance é vigorosa, bem como a mistura do power-trio guitarradistorcida-baixo-batera. O som lembra algumas bandas do rock australiano como os ‘novatos’ Wolfmother (só que sem teclados) e Jet (quando não resolvem fazer baladas), e os dinossauros do AC/DC. Dá pra ouvir os suecos do Hellacopters lá dentro também. Tá certo que, no fundo, a origem do som do grupo tá lá atrás, nos USA 70 dos MC5, Stooges... Há alguns excessos e exageros na performance poser que beiram o ridículo. Só precisa diminuir um pouquinho só. Mas tá valendo. Quarta-feira, 27/09, eles tocam no Espaço Sérgio Porto e eu vou tentar ir de novo para ouvir “Até o fim do show”. Quer marcar de encontrar lá?

2 Opine:

At 20:31, Anonymous Anônimo said...

hmm, oh q se eu não tivesse prova dia 27 até animava hein

 
At 00:54, Anonymous Anônimo said...

rockeiro que é rockeiro mata prova e vai pirar na guitarrada!!!!! Rock you!!!

 

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