Música Chappa Quente - Rádio Online e Podcast
Apresentação e Conclusões Finais"A popularização do acesso à banda-larga permitiu uma série de novos hábitos. Hoje, a gente vai falar de música, e das novas formas de se ouvir rádio, de se montar o próprio programa de rádio (o podcast) ou a própria programação de rádio (casos como o da last.fm ou o pandora).
"Os avanços da tecnologia popularizaram as ferramentas de difusão de informação. Isso afeta diretamente as duas pontas do processo de ouvir rádio. Quem escuta, pode agora sintonizar na estação que prefere entre as infinitas opções que a Internet, no mundo todo, oferece. Não há hora certa para ouvir aquele programa específico. Não há necessidade de chorar porque a rádio-samba está mudando de perfil. Ou a rádio-funk, a rádio-rock, a rádio de clássicos, a rádio-alternativa. Fora a possibilidade de ouvir de novo, voltar, pausar a rádio.
"Para pequenos grupos, ou comunidades, o acesso à rádio é também uma forma de resistência, de disseminar pelo menos dentro da própria comunidade, opiniões e informações dirigidas aos interesses do grupo. Isso vale para rádios universitárias, favelas, sindicatos. A livre expressão, sem intermédio de esquemas de concessões públicas, ganha uma ferramenta formidável com a possibilidade de publicar material em áudio só com um microfone, um computador, um software de edição de áudio e acesso à banda larga. Pode ser caro para uma pessoa, ainda mais de baixa renda. Mas com organização e colaboração - duas palavras importantes na web 2.0 - fica viável falar com os lares e lan houses do mundo. Ou pelo menos as vizinhas ao quintal de casa.
"As transmissões em streaming funcionam como uma alternativa às transmissões por radiodifusão. Streaming, para quem não sabe, é a forma de se ouvir música, na Internet, sem precisar fazer o download do arquivo de música. Ganha-se tempo e não se perde memória do computador.
"Mas, como tudo que envolve música e a rede mundial de computadores, há uma série de questões legais envolvidas na difusão online. Não há legislação específica nem para podcasts nem para rádios de Internet. Nem se alguém quiser pagar pelas músicas que tocar, vai ser fácil descobrir como e para quem dar o dinheiro. Ainda assim, ninguém tem deixado de entrar na dança, e o hábito dos podcasts e das estações personalizadas é cada vez mais comum.
"Isso tudo porque o rádio é uma das maiores paixões do ser humano, desde o século passado. Ele permitiu a comunicação de massa, instantânea, à longa distância, viral, em rede. Foram as primeiras experiências de interatividade, as feitas pelo rádio. O ouvinte pega o telefone, liga para a emissora, e se a linha não estiver ocupada, conversa com o locutor, ouvindo a própria voz ali na hora. Manda recado, pede música, participa de promoção...
"Mas na virada do século, é cada vez mais comum ouvir que essa rádio, a de am e fm, está ficando para trás, por causa principalmente de uma prática chamada jabá. Por essa prática, as grandes gravadoras reservam parte do orçamento para uma estratégia de promoção que inclui pagar para ter a música escolhida, a música de trabalho, executada no rádio. Será?
"Na última Feira Música Brasil, o produtor Pena Schmidt chegou a mostrar dados preocupantes. A média de uma rádio comercial seria de 12 horas diárias de música, o que daria quatrocentas canções diferentes por dia, se nenhuma fosse repetida. Pois bem, a média de canções executadas anualmente por uma rádio comercial, hoje, está entre cento e cinqüenta e duzentas. Repetindo: de possíveis quatrocentas diárias, para até duzentas anuais.
"O debate "Rádio Online e Podcast: de ouvinte a programador" quer discutir,com os nossos convidados, formas de criar uma personalidade comercial e estética para a rádio de Internet, que não seja simplesmente a duplicação para o universo online do que acontece em universo offline. Uma nova mídia nasce, sem ainda ter uma cara definida. Ou seja, as oportunidades estão abertas.
A mesa começou assim, e terminou três horas depois com todos admitindo que o modelo do jabá é insustentável, mas que a influência da publicidade ainda é decisiva no hábito de se ouvir música no rádio. Mesmo na internet. Aliás, é na web que está a possibilidade da diversidade, o que enquadra modelos comerciais (embora isso no Brasil ainda seja uma aposta), modelos experimentais, modelos pessoais, e etc. Para quem não condorda com o sistema de concessões públicas do espectro de am e fm, os avanços da eletrônica - mas pode chamar de tecnologia - são o impulso para a viabilidade.
A questão do direito autoral, que já extrapolou a mesa do próximo dia 4 de abril, na UERJ, apareceu forte. E, bem, mais sobre o assunto, no site do evento: www.chappa.com.br
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