Entrevista: Paulo Marinho (Multishow)
Às vésperas da participação de Paulo Daudt Marinho na mesa RÁDIOS ON-LINE E PODCASTS: de ouvinte a programador, converseis com o gestor do projeto Multishow FM. Numa conversa aberta, ele pontua as ações da marca e indica que uma rádio on-line é só o primeiro passo do Multishow na internet.
(por Bruno Maia)
:: A televisão paga é, de certa forma, uma "evolução" da TV, que, por sua vez, é uma evolução do rádio. Criar uma rádio online a partir de um canal de televisão paga também é uma evolução?
PDM: Sim. É um reflexo das novas oportunidades geradas pela internet e convergência das plataformas de distribuição. É uma evolução, também, porque proporciona ao canal a oportunidade de se aprofundar em um dos pilares que atua fortemente que é o mercado da música - os outros dois são humor e comportamento. Com isso, o Multishow se fortalece como uma marca jovem, ligada às diversas formas de entretenimento e mídia - não se limitando à TV.
:: Com o boom recente dos vídeos na internet, por que um canal de televisão opta por entrar no meio virtual por uma rádio?
- Essa é parte da estratégia e o primeiro passo do canal nos seus projetos de internet que serão implementados ao longo do ano. Um projeto mais amplo está em desenvolvimento e abordará, além do conteúdo do canal, muita música, vídeo e interatividade . Vale lembrar que temos um site no ar em constante evolução.
:: Na TV, o canal opta por exibir uma linha de videoclipes que está diretamente associada à parada de sucesso das rádios tradicionais. Muita gente acredita que as pessoas não buscam mais a informação sobre música na TV paga, devido à grande oferta que há na internet e que a função dos canais de videoclipe já estariam muito próximas às das rádios, que a pessoa ouve enquanto faz outra coisa. O senhor concorda com essa visão?
- Não é verdade que a linha de programação do TVZ esteja "diretamente associada à parada de sucessos das radios tradicionais". Esta, sem dúvida, é uma das fontes que abastecem a nossa programação, mas estamos multissintonizados com os clipes que ainda não estouraram. Na realidade, lançar clipes inéditos é uma das caracteristicas de nossa programação - assim como dar espaço a bandas novas que ainda estão muito longe "da parada de sucesso das rádios tradicionais".
Quanto à musica na internet e tv paga, acreditamos que são complementares. Segundo pesquisas realizadas pelo canal, as pessoas buscam informações e novidades na internet, mas assistem aos videoclipes na televisão. Afinal, pelo menos no atual estágio do "veículo" internet, a qualidade de som e imagem ainda estão longe da TV. A internet pode funcionar como "aperitivo", mas o mergulho no clipe é mesmo no TVZ. Nossos índices de audiência comprovam o fato, tendo em vista um crescimento de 16% da "familia" TVZ entre 2005 e 2006.
Fonte: Ibope Telereport (GRSP + GRRJ)Período: 2005 e 2006 Tabela de Programação / Total de indivíduos
:: Além de uma rádio on-line, que outras ambições o Multishow já enxerga para si na internet?
- Isso faz parte da estratégia do canal... Mas posso adiantar que além da rádio, aumentaremos nossa presença na música e daremos atenção especial aos vídeos. Somos um canal de televisão e buscaremos formas criativas para distribuir nosso conteúdo na internet e atingir o público jovem em diversas mídias.
:: O hábito de se fazer download de músicas não afeta diretamente o modelo de negócios de um canal de TV que lida com música. Pelo contrário, pode até estimular a audiência, pois aumenta o número de pessoas que estão participando desse mercado. O senhor acredita que o consumidor final voltará a pagar pela música ou um novo modelo se consolidará?
- O número de downloads legais (pagos) vem aumentando no mundo todo, principalmente nos EUA e Europa. É difícil prever... O usuário se habituou a fazer download grátis, mas as empresas estão se movimentando e buscando formas de regular o mercado. Acredito que existirão modelos diferentes convivendo em harmonia. As gravadoras vêm desenvolvendo novos modelos de negócios e, mesmo com o download gratuito, estão criando receitas de outras formas. Muitas delas através de parcerias com sites e portais: temos a participação na receita publicitária, participação na receita de assinatura, receita por streaming... O download pago não reverterá o quadro econômico das gravadoras sozinho, mas é uma receita adicional.
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