Música Chappa Quente - YouTube, MySpace, iTunes e Napster
Apresentação e Conclusões Finais"Os arquivos de áudio compactado conhecidos como mp3 não mudaram só a forma de se ouvir música, mudaram a forma de se compor música. Não foi só o consumidor que passou a ouvir tudo que lhe despertava interesse, sem gastar. As trocas de pedaços de música em estágio de composição, gravadas em estúdios caseiros, também permitiram mais velocidade e parcerias distantes geograficamente. Ou seja, novas experiências.
"Isso perdeu o controle quando, na virada do milênio - um cara saído da adolescência deu o apelido dele (napster, que quer dizer
despenteado) para o primeiro software de peer-to-peer na Internet onde qualquer um podia entrar. A história está nos livros: a indústria se dividiu, se articulou, a indústria processou, ganhou e fechou o Napster.
"Com a crise do Shawn Fanning, o áudio compactado ganhou popularidade. E o iTunes, que não é de nenhum garoto prodígio da universidade mas da gigante Apple, é o sistema de comercialização de arquivos de música que domina o comércio virtual de faixas. Um mercado crescente, e com cada vez mais participantes, enquanto aquela troca de arquivos continua ativa e ilegal.
"Na esteira do fechamento do Napster, surgiram outros programas parecidos, sempre com mais e melhores incrementos,atualizações e possibilidades de participação ativa. Hoje, um site de troca de arquivos é também um site de relacionamento. E o maior deles, o MySpace, surgiu também de dois jovens nerds com vontade de dominar o mundo. Tom Anderson e Chris DeWolfe. A diferença para outros sites de relacionamento era uma só: mp3. E espaço para blogs pessoais, também, na verdade. Foi adotado por bandas, artistas, gente querendo ser músico, e todo o mundo que sabia manipular e baixar arquivos, primeiro nos Estados Unidos, depois no resto do mundo. Não era pouca gente, e uma empresa nova, com questões legais envolvidas e sem perspectivas de aceitar publicidade - simplesmente porque os usuários não aceitariam - foi vendida por US$ 580 milhões para uma multinacional conservadora, de comunicação: a News Corporation, de Rupert Murdoch. Na época, a conta era a seguinte: custo praticamente zero de manutenção, tudo por conta dos usuários, que são vinte milhões, cem mil a mais por dia.
"Enquanto Napster, ITunes e MySpace iam tendo suas histórias acompanhadas em tempo real pelas bolsas e pelos noticiários do mundo inteiro, com cifras cada vez maiores, um site de busca ia surgindo como destaque de administração moderna, e criava serviços acessórios como o próprio site de relacionamentos orkut - que só dá certo no Brasil -, o serviço de correio eletrônico gmail, um mapa do mundo Google Earth, e um site em que qualquer um pode publicar vídeos. O Google Vídeo.
"Pois mesmo com um site de vídeo para chamar de seu, a google comprou a febre da Internet, o YouTube, por US$ 1,65 bilhão. Outra vez, uma empresa com custo quase zero, de três nerds recém-saídos da universidade, com nada de concreto a não ser o potencial. Na época, eram 100 milhões de vídeos vistos por dia, e 65 mil novos uploads diários. E, claro, uma série de ameaças de processos legais por quebra de direitos de propriedade intelectual. Que a google, uma empresa que nasceu pequena e de nerds universitários, resolveu fechando acordos com três das quatro grandes gravadoras do mundo.
"No mercado financeiro, na semana da compra, as ações da empresa ultrapassaram os 500 dólares. Foi a sexta companhia a conseguir isso. Lógico, a primeira de internet. Um ano antes, o papel da Google custava 400. E há um pouco mais de dois, quando abriu capital, era menos de cem.
"Para resumir a história, o objetivo desse encontro é tratar de todas as questões não fechadas do mundo 2.0, com especial interesse pelas da música. O hábito do compartilhamento na rede começou marginal, alternativo, e cresceu a ponto de ser um produto de multinacionais, de empresas com ações em bolsas pelo mundo. Ainda assim, a fórmula do lucro não é conhecida. É uma aposta no futuro. Gastar agora e ganhar depois. Ainda assim, os investimentos em jovens nerds recém-saídos da universidade com idéia virtuais na cabeça segue firme."
A mesa era a mais aberta a viagens e elocubrações, o que significa que deu para falar de mercado financeiro, filosofia nerd-existencial, fantasias, novas práticas de consumo, pulverização do underground, burocracia, custo-Brasil, simplicação do processo de mediação (quando não o fim), comércio online, hackers, crackers, bob dylan e paul mc cartney, radiohead, caixas de som de madeira... Fora Direitos Autorais, Mercado Independente, Novos Consumidores e Artistas s/a. Enfim. O que bateu mais em mim foi uma certeza: não existe crise, e há sim formas já existentes de ganhar dinheiro com internet. Agora, elas passam sempre por um sistema de organização legal e cultural que tem que servir para incentivar novas idéias: financiamento, impostos, educação, trabalho, lucros sem culpa. E, quanto à música, o principal afinal de contas, nunca ela quis dizer tanto. Justamente ao deixar de ser só produto. www.chappa.com.br
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