Fino Coletivo no Cinemathèque
Universos entrecruzadosUm pop de fim de tarde, que dosa bem as programações eletrônicas e a valorização à melodia, de músicas compostas ao violão. É assim a transposição do som gravado do Fino Coletivo para o palco, pelo menos nas que dá para ouvir no myspace.
A apresentação tem mesmo a cara de união de forças, são oito artistas reunidos em um projeto paralelo coletivo, e isso é perceptível na extrema divisão de tarefas – e no resultado de tantos elementos sonoros. Ontem, na mais nova casa de shows da zona sul do Rio, dois do octeto não estavam: Wado, em Maceió, e Lucas Margutti, normalmente atento às projeções. A falta pode fazer a mistura globo-regional pender mais para o Rio, mas o risco não é de preocupar. O que soa, soa bem e rico. Sem excessos, sem ruídos.
O show começa com as duas músicas mais fortes do repertório que está na Internet, Boa Hora e Partiu Partindo. Na primeira, a guitarra de Marcelo Frota suinga o samba ao se passar por cuíca. A canção defendida por Alvinho Lancellotti é preguiçosa, no sentido caymmiano, e se apresenta como um samba de apartamento com jeito de mpb. A segunda, cantada por Marcelo, tem um groove funkeado – e privilegia as vogais das sílabas, sempre esticadas um pouco além do que seria o esperado. A linha de baixo é reforçada por bases que também são disparadas também por Daniel Medeiros. Nas duas, um violão esperta segura a base.
O show segue abrindo espaço para o que é do universo de baile autoral que a banda pretende, e para obras dos trabalhos principais dos finos, até que Lucas Santtanna – o convidado da noite - sobe e vai de Lycra Limão. O naipe cheio de ecos da versão original é substituído por uma base gravada que tira um pouco de calor do som para trazer a idéia para a mistura fina, mistura coletiva da banda. Do sol forte de meio-dia de Lucas, entardece-se um pouco até o ocaso alaranjado. E em seguida Dragão, também do myspace, também com Lucas. Ele entra no lugar de Siri – que aliás mereceria um texto só para ele. A segunda, às vezes terceira voz da banda, é o toque de forró que o coletivo ensaia mas não concretiza.
A que mais levanta o público é, acho que o nome é esse, Uirapuru. Refrão fácil, onda de vinheta. E já nos ensejos para encerrar a apresentação, Tarja Preta, uma aproximação ao samba esquema nordestino de um mundo livre s/a, por exemplo. Que, aliás, foi até a última música do set do dj Galalau, preparando a entrada do Fino.
Em resumo, um show de repertório até irregular, mas com muitos e variados excelentes números e – o melhor de tudo - sem fronteiras entre os universos de cada cabeça do coletivo.
Nada a ver
Na platéia, aproveitando os últimos dias de anônimo, e à caça, o destruidor de reputações...
1 Opine:
Hahahahahahahaha! Destruidor de reputações é fantástico!
abraço,
João Brasil.
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