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Bruno Maia
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23.7.07

Roskilde Festival '07:: Fechando a tampa (de vez...)

(Esse texto era pra ter entrado aqui há muito tempo, em continuação ao primeiro, publicado dia 06 de julho. Demorou porque na minha volta ao país, entramos em clima de festinha e precisávamos aquecê-la com o devido empenho. No pós-festa, vieram as ressacas e os vídeos. Então, agora, pra zerar, o prometido texto que fecha a cobertura do SOBREMUSICA no Roskilde Festival ' 07. Lembrando que a viagem contou com o apoio do Kunststyrelsen.)

fotos: Bruno Maia

Assim que o show da Björk terminou, a chuva deu uma trégua. No caminho para o camping, a situação já era mais amena, mas não havia outro assunto a não ser o novo recorde pluviométrico da história do Roskilde Festival. Uma notícia que não circulou no primeiro dia, mas que foi publicada no site do evento, dava conta da morte de um voluntário de 61 anos devido a um coágulo sanguíneo. Não se sabe se a chuva e as dificuldades climáticas tiveram alguma relação com a fatalidade.

Na sexta-feira, o céu estava nublado. Dentro da área dos shows, a quantidade de lama assustava mais do que no primeiro dia. Não se via mais grama em parte alguma. As galochas eram ainda mais necessárias. Os pés afundavam muito, até a altura das canelas. Não havia parte que tivesse escapado às fortes chuvas. Os alagamentos de corredores que se via na véspera não existiam mais. A minha pequena máquina fotográfica não tinha mais condições de fotografar nada: havia água na lente. Cheguei a pedir ajuda para um técnico da cidade de Roskilde, mas o rapaz disse o que eu já imaginava: "não há o que fazer. É esperar a água secar". Ainda em Roskilde, o que se via era uma grande busca por capas de chuva e novas galochas, que variavam entre DKK 200 e DKK 250 (R$70 e R$90). Quem descobriu a loja Toj & Sko se deu bem. Lá, as galochas saiam por DKK 79 (R$30).

Falando especificamente das apresentações, o primeiro show de destaque no segundo dia foi o do New Young Pony Club. As semelhanças com o CSS são muito grandes. Além da formação, com mais mulheres do que homens, a capacidade de transformar a apresentação em uma grande festa é a principal marca do grupo, mais do que o talento musical ou a elaboração de arranjos. De uma forma geral, sobre os shows, não há muito o que acrescentar ao que já está nas matérias publicadas por mim na cobertura para o G1. Vale dizer que o quadro pintado por Lee Perry durante a apresentação do jamaicano junto com o produtor inglês Adrian Sherwood vai ser leiloado e a grana será revertida para as causas humanitárias apoiadas pelo Roskilde. No sábado, quando fui entrevistar o brasileiro Sonic Jr, que tocou no mesmo palco Cosmopol, onde Perry havia se apresentado na véspera, cruzei com essa "beleza" pintada pela lenda do dub. E você, quer pagar quanto?



O sábado era o grande dia. Por mais atrações bacanas e improváveis de ser ver que o Roskilde ofereça nos palcos menores, a minha queda irremediável pelas grandes estrelas me fazia ficar mais tempo no Orange do que nos outros. E aquele era dia de Pete Townshend & The Who. Por mais que os outros artistas fossem bem, no fundo eram eles que eu mais queria assistir. O dia foi uma grande espera.

De manhã, pela primeira vez tive a chance de conversar oficialmente com pessoas da organização do festival, que deram aulas sobre a trajetória do evento e também guiaram um passeio explicativo pelos lugares que eu já conhecia de vista, mas não de significados. É realmente impressionante a atenção aos detalhes, sobretudo após a tragédia no show do Pearl Jam, em 2000. Na ocasião, nove pessoas morreram esmagadas e/ou pisoteadas. Desde repensar a arquitetura, criando situações visuais que dão uma percepção diferente de espaço e que diminui os riscos de aglomerações, até mudanças no gerenciamento do público. Partiu da organização do Roskilde Festival (após os incidentes de 2000) uma ação que atualmente envolve todos os grandes festivais europeus na adoção de medidas de segurança. Algumas já se tornaram padrão como a proibição do “surfe de platéia”, quando uma pessoa era elevada e ficava passeando por sobre os outros que estavam embaixo e o conduziam de mão em mão. “Isso pode ser simpático em um evento de música, mas na verdade é perigoso, porque se a pessoa cair, pode acontecer a ela o mesmo que aconteceram com os meninos de 2000”, explica Tomas Jacobsen, com suas mais de 20 vindas ao festival no currículo e hoje em dia, membro da organização. “Os próprios artistas se engajam nessa campanha e pedem para que todos tomem conta uns dos outros. Este senso de responsabilidade coletiva cresceu muito”, completa.

A polícia anda discretamente pela área do evento. Eles não têm muito trabalho, já que os voluntários são os grandes responsáveis por manter tudo em ordem. "Os policiais são muito bem vistos pela comunidade do Roskilde Festival desde que tiveram uma ação efetiva contra um grupo de motoqueiros que veio ao festival querendo causar arruaça, ainda nos anos 70. Graças a eles nada aconteceu e todos ficaram eternamente gratos", diz Jacobsen. De fato, observa-se uma relação diferente entre o publico e os policiais, que a toda hora são abordados para tirarem fotos, conversar e receber cumprimentos. Vejam que o rapaz que se aproxima para a pose já não está lá muito sóbrio e os policiais, ainda assim, mantêm a postura gentil.

Thomas guiou ainda um passeio pelos campings. Ao todo são quinze, disponibilizados pela produção para os visitantes do festival. O conceito do evento é o “4+4”, que representa os 4 primeiros dias de festas nos campings e os 4 últimos com os grandes shows. “As vezes as pessoas pensam que o Roskilde Festival são apenas os quatro dias de show, mas este ano, por exemplo, quando abrimos os portões dos campings, no dia 1 de julho, já havia 40 mil pessoas prontas para entrar.

Com as chuvas do início da semana, muitas áreas ficaram alagadas e algumas barracas destruídas. Quem por acaso chegou apenas no último fim-de-semana, já depois das chuvas terem passado, encontrou um cenário que pode lembrar uma guerra.

Em todos os campings há uma vila de alimentação, sanitários, chuveiros, lugares para as pessoas guardarem objetos de valor, acessarem à Internet e carregarem equipamentos eletrônicos. Uma torre de monitoração cuida de cada uma dessas áreas. O Corpo de bombeiros faz rondas permanentes por entre as ruas que são pré-estabelecidas como limites para as barracas. A sensação de segurança e amparo certamente facilita o ambiente ameno e ajudam ainda mais a diminuir as possibilidades de atos violentos.

De volta à área dos shows, fui entrevistar Kristian Riis, o Fabrício Nobre dinamarquês. A diferença é que o cara é louro, alto e toca na banda que mais vende discos em seu país. Kristian, além de músico, comanda a MXD (Music Export Denmark), órgão ligado ao governo de fomento à exportação da cultura dinamarquesa. Essa conversa inteira vai pintar em breve aqui no SM. E foi por essa série de compromissos que não consegui assistir à apresentação do Flaming Lips. Uma lástima. Só fui conseguir começar a ver shows justamente na hora tão aguardada.

Os velhinhos estão voando. Roger Daltrey soa mais caricato, mas Townshend segura muito bem. Com o tradicional movimento de hélice na guitarra, ele gera uma espécie de contemplação coletiva. Ele surpreendeu ao dizer que sempre quis ir ao festival por ter ouvido coisas ótimas de amigos músico e incluir Eddie Vedder entre os que teriam falado bem de Roskilde. Foi ovacionado. A apresentação teve uma música nova (“Snowing Morning”) e um desfile de hits. “Anyway, Anyhow, Anywhere”, “Who are you”, “Behind blue eyes”, “Baba O’Riley”, “You better, you bet”, “Squeeze box”, “My generation”, “Won’t get fooled again”, “The kids are alright”, “Pinball Wizard” e outros trechos de “Tommy”.

Depois foi a vez dos californianos do Red Hot Chili Peppers fazerem um show que beirava a má vontade, mas até por isso foi ótimo. O grupo parecia estar com preguiça de si e seus hits. A opção foi enveredar por longas jam sessions, que tinham como temas as músicas do último trabalho “Stadium Arcadium”. Na volta para o (curto) bis, Flea tocando trompete com Chad na condução foi o momento alto. Vale lembrar que os rapazes vieram direto do Live Earth, em Londres, para Roskilde. No fim do show, saíram voados, direto do palco para um carro da organização que os levou embora.

Domingão, dia de sol. Um belo dia para a despedida. Gente estirada nas partes já secas da grama, tirando suas botas e usando óculos escuros. Os vinhos em caixinha continuaram presentes, mas já dividiam a cena com um ou outro suco. O clima era de prostração. O evento continuava cheio, mas os pequenos palcos ficaram vazios. Wilco e Spiritualized fizeram ótimos shows, mas quase ninguém viu. A grande festa foi feita pelo Basement Jaxx. E o resto é história...

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Uma ou outra lembrancinha do Roskilde'07 ainda há de pintar por aqui vez em quando, como as entrevistas com o Kristian Riis e o Björn (do Peter, Björn & John). Talvez uns videozins também. Mas agora, é hora de seguir adiante, até porque nesta semana tem mais um festival na área, o IndieRock, com Magic Numbers e Rakes. Já estou nervoso para o show dos gordinhos... É sério...

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Don't let the sun be the one to change you, baby...


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