Show :: The Magic Numbers (Festival IndieRock)
Música do sorriso
Era muita simpatia para um sorriso só. Quando os quatro integrantes do Magic Numbers subiram ao palco do Circo Voador, o carisma de Romeo Stodart já vinha brilhando em seus olhos. O show estava ganho desde ali. Se o show teve um público menor do que merecia, azar de quem não foi e perdeu uma rara apresentação por essas bandas de um grupo jovem e maduro, espontâneo e talentoso, consagrado e promissor, hypado e de alta qualidade. Aparentes paradoxos que se desfazem por conta de três vozes lindas, melodias convidativas, arranjos simples e a clara sensação de que música, apesar dos tempos, ainda é algo orgânico.
O show teve um repertório previsível, com exceção feita às músicas “Fear of sleep”, que ainda será lançada no próximo EP do grupo e a versão para “Crazy in love”, de Beyoncé Knowles. Os trabalhos foram abertos por “This is a song”, “Take a chance”e “Forever lost”. Ainda viriam "I see you, you see me", "Morning's Elevens", "Which way to happy?", "Love is just a game", "Love me like you", "Long legs", "Hymn for her", "Anima Sola", "Boy" e outras...
O baterista Sean, que fãs juram terem visto em meio à platéia assistindo ao show do Hurtmold, é o ás que joga com as variações de andamentos e clima das músicas. Austero e concentrado, ele nunca deve ter quebrado uma baqueta na vida, mas tampouco demonstra sentir falta disso. A candura das melodias principais é completada pelos coros. Michelle, a baixista, mostrou muito mais presença do que o disco faz supor. Aliás, esta é outra marca. Apesar dos discos já serem ótimos, ao fim da apresentação foi recorrente ouvir que eles se saem melhores ainda ao vivo. Esta impressão era compartilhada tanto pelos fãs, como por quem não curtia tanto.
Outro fator que chamou a atenção foi a qualidade do som tirado pelos caras. É difícil entender porque isso ainda acontece, quase no final da primeira década do século XXI. A limpeza e pressão da guitarra de Romeo parecem inexplicáveis para quem está acostumado a ver e ouvir as apresentações nacionais. O mesmo poderia ser dito sobre os xilofones, teclados, baixo ou sobre a escaleta. Poucas armas para um som tão bom.
Emocionalmente, o show foi carregado. As músicas intimistas e convidativas estimulavam a cumplicidade de público e banda. Com cara de quem tinha curtido muito os três dias a que tiveram direito no Rio de Janeiro, eles não pareceram se importar com a lotação meia-bomba do Circo Voador. Eles estavam realmente muito felizes e isso transbordava na simpatia que demonstravam. Romeo se sentia plenamente a vontade para praticar seu parco português e para ensinar a platéia alguns versos que viriam. Além disso, entoou uma das vozes mais melodiosas da música pop atual, mandou riffs de guitarra espertos e usou seu principal instrumento com maestria: o sorriso. Michelle dançou sem pudores. Ela também é virtuose no sorriso. Angela é tímida, se encabulava, mas curtia as cantadas que recebia à beira do palco. Sean ficava na batera. O show foi longo. Apesar de não ter marcado o tempo, a sensação foi de que se estendeu por mais de duas horas, sem que isso fosse cansativo. Já passava das 2hs da manhã quando tudo acabou. A vontade era de nem querer saber do Rakes, Móveis e Nação, e sim se mandar pra São Paulo no mesmo ônibus que a banda para assistir a tudo mais uma vez. Seria outro inenarrável prazer.
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Mas como isso não vai rolar, vamos com tudo para os show de hoje. Aliás, cá entre nós, só pelo encontro das duas bandas de abertura (Móveis Coloniais de Acaju e Nação Zumbi) já valeria o ingresso!
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Catei no Orkut o vídeo que a carolviramundo fez na música “Undecided”, o próximo single e única música cantada por Ângela.
The Magic Numbers :: “Undecided”
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Tentarei subir fotos ainda hoje.
2 Opine:
Ficou na cabeça o dia todo hoje e eu nem fiz questão de ouvir nada diferente pra tirar:
"And I'll get to Mexico before I die"
Foda!
Óia, o meu vídeo! =)
Ótima resenha, Bruno. Captou a essência do show e da banda: o sorriso, a simpatia e a simplicidade. Eu amo esses gordinhos.
Beijos!
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