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11.1.08

Show: Spok Frevo Orquestra

Emoção Ladeira Acima





       E pensar que o frevo chegou ao Canecão... Para qualquer carioca, a velha casa de shows é parte da história da música popular brasileira, sim, mas também um lugar com brigas longínquas com a UFRJ, proprietária do terreno, e acima de tudo um palco que está sempre ali, competindo na programação de eventos da cidade com casas de outras companhias telefônicas ou de instituições financeiras. Mas quando vem alguém de fora do Rio, toda a história e o charme da casa tomam uma nova dimensão, e fica bem bonito.
       A Spok Orquestra Frevo surgiu há uns sete anos, no carnaval de Recife e Olinda, com a intenção de levar aos palcos o frevo de rua, seja ele coqueiro (puxado pelas notas agudas, acima da pauta, dos trompetes), ventania (pelos saxofones e as nuances do sopro em palheta de madeira) ou abafa (quando a afinação fica de lado e o que vale é fazer sumir o que toca a orquestra do clube rival, ali subindo a rua na direção oposta).
       Mas antes de o público carioca aprender tudo isso, o brilho de uma big band que abusa das frases suingadas em uníssono já tinha enchido de cor os ouvidos de um Canecão bem cheio, mas não lotado. E mais, Spok, maestro e saxofonista ao mesmo tempo, já tinha aproveitado o intervalo entre a primeira e segunda música para dengosamente cativar a todos com um início de lágrimas.
      Ele, que usa a expressão corporal para reger os quase vinte músicos, fora frases que sopra baixinho em contra-canto para a sessão de saxes que fica à frente do palco, pegou o microfone cheio de sotaque e se lembrou da história comum de todos os instrumentistas ali. Músicos acostumados ao suor e ao talco de foliões no calor das pedras pernambucanas, eles depois de tantos arrastões carnavalescos (claro que a platéia estranhou e riu do sentido festivo que a palavra tem na cidade de lá) chegavam à famosa casa para levar justamente o aprendido e desenvolvido na tal escola do frevo.

       E carioca em pleno verão não tem jeito, é ver um cabra com sotaque encantado om a cidade maravilhosa e pronto, tá ganho o jogo. Rolou paixão de carnaval. Tome sorrisos. Na medida em que o show ia correndo, sempre com uma explicação para contar a história dessa ou daquela música, íamos sendo apresentados a composições de mestres que - com uma ou outra exceção - simplesmente não passam por aqui, palcos de Canecões e ouvidos cosmopolitas. Entre os poucos com carreira além-Recide, os mais aplaudidos foram Severino Araújo (da Orquestra Tabajara carioca) e Sivuca (morto recentemente).
       No naipe de saxofones, o destaque era a dupla de sax altos, que quando solava em duelo arrepiava. Na guitarra, Renatinho teve vários momentos só seus, e pôde ouvir logo logo o nome gritado (se a claque era infiltrada, a gente nunca vai saber). E no trombone, o barão do frevo Marcílio esbanjou carisma com as histórias sobre o abafa, a tal estratégia de confronto entre agremiações rivais. Marcílio está à frente de “precisamente quarenta e oito” orquestras de rua no carnaval pernambucano, e portanto só pode ter chegado a esse número depois de consagrado em zoadas estoura-tímpano pelas ruas antigas da capital. É de se impressionar mesmo.
       Curioso é reparar a ausência da tuba, instrumento muito comuns em formações similares seja no leste europeu, em bandas marciais ou nos Estados Unidos. O baixo da banda é feito por um instrumento elétrico, igualmente muito bem executado.
       Não dá para falar do show de ontem sem mencionar Flaia, a dançarina de frevo que parecia um solo de trompete dançando, pulando lá em cima e caindo lá embaixo com as pernas abertas, cheia de agilidade e leveza na ponta dos pés. Ela e os outros meninos da Escola de Frevo do Recife encheram ainda mais o palco de festa.
       E ainda houve espaço para os cantores pernambucanos Almir e Kelly, ela mais carismática que ele, Lenine e o saxofonista Léo Gandelman. No fim, Beth Carvalho ainda subiu ao palco para dividir o microfone e fortalecer o clima de festa entre samba e frevo, que acabou tomando a rua, na entrada do Canecão, com todo mundo se apertando em volta do cordão de caixa, surdo e metais. Emocionante.

1 Opine:

At 10:29, Blogger Paulo Roberto said...

Parabéns pelo Post Spok é muito massa cara, tbm to postando sobre ele no meu blog sobre música, tbm to te linkando.
Um abraço!
http://recifemusica.blogspot.com

 

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