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14.1.08

Show :: Humaitá Pra Peixe (11, 12 e 13 de janeiro)

O primeiro dia do segundo fim-de-semana do HPP começou com o menor público do festival até aqui. Diante de uma platéia formada sobretudo por amigos, João Brasil e Silvia Machete fizeram uma noite descontraída. Por conta do trânsito desta cidade (e ainda estamos na primeira metade de janeiro!!!!), só consegui chegar no fim da apresentação circense e acrobática de Silvia Machete. O clima era de diversão e os comentários durante o intervalo foram mais positivos do que resmungões. Na seqüencia, João Brasil surpreendeu a todos.

fotos: Divulgação HPP/Joca Vidal
O grande risco que João corre é a piada se esgotar ou não conseguir transcender o ambiente dos amigos. Apesar da euforia que se viu nos primeiros shows que o rapaz fez em 2007, não há como negar que esta dúvida nunca foi por completo dizimada. Talvez não tenha sido ainda agora, mas sem dúvidas, ele fez sua melhor apresentação até aqui no palco do HPP. Empolgado por estar lançando o seu disco ali, mais consciente do 'timing' das coisas, mais cínico, sem o roupão que o associa com o figurino do programa de Marcos Mion, ele foi ganhando o auditório aos poucos. Sim, os amigos ajudaram muito para que ele se sentisse confiante e fosse crescendo durante a apresentação. Porém, independente disso, o show foi genuina e anarquicamente bom. Não fosse tudo isso, não teria sido o primeiro show a terminar com o público todo de pé. Vale registrar ainda as projeções classudas no telão que fizeram a diferença e fugiram das constrangedoras produções que se via até ali, em todos os shows em que os artistas não foram os próprios responsáveis pelas imagens.

No sábado, Manacá e Frank Jorge fizeram show diametralmente opostos. Enquanto a abertura ficou a cargo dos novatos cariocas, que tentam experimentar a linguagem do rock com as referências da música sertanista do nordeste, criando imagens e climas, o encerramento ficou com o rock cru, redondo, básico e docemente clichê do professor Frank Jorge. O Manacá vive entre o sonho de ter visto a própria história se transformar meteoricamente, afinal foram menos de dois anos entre criarem a banda e já terem contrato com a EMI, disco produzido por Mário Caldato Jr, e subirem palcos com a responsa de ter que provar o por quê de tanta badalação. Para quem ouviu a demo apresentada nos bastidores do HPP 2007, o show provou uma evolução absurda. A presença de um músico de apoio, que toca cello e rabeca, já é uma conquista que ajuda na performance. Letícia Persiles é realmente muito carismática. Os telões no fundo projetando a imagem da moça provavem que o grupo ainda conta com o fato da moça fotografar lindamente. A banda também é redonda, afiada, mas o som ainda soa estranho. Não que isso seja um demérito, mas uma constatação. O Manacá soa muito diferente do que estamos acostumados a ouvir recentemente. Isso traz uma série de prós e contras, que mais do que qualquer coisa, geram uma extrema curiosidade sobre o que será do futuro da banda. Ao mesmo tempo que Letícia tem todos os atributos para levar o grupo para o maistream, é também de onde saem as melodias mais tortas, lembrando cantigas nordestinas, como na faixa "Galo". A banda é a base da sonoridade pop, mas sem o apelo de mise-en-scene da vocalista. Isso é uma contradição ou uma soma positiva de fatores? O tempo vai dizer.

Em seguida, foi a vez de Frank Jorge, um dos maiores mitos do rock nacional. O hoje professor da Unisinos, no curso de Formação de produtores e músicos de rock, deu uma aula básica pra turma, mas sem muito gás. A criatividade que na Graforréia Xilarmônica (banda em que se tornou mito) se tornou marca, não transborda da mesma forma sem seus parceiros Pianto e irmãos Birck. Sobretudo o guitarrista Carlo Pianto faz muita falta... Sem ele, fica faltando o humor instrumental às gracinhas líricas de Frank. Pra quem já conhecia os trabalhos anteriores de Frank, a mistura de non-sense, com jovem guarda, beatlemania e gauchismos só diverte como celebração de memória coletiva. Os terninhos mods, que são a fantasia oficial do rock gaúcho desta década, já soam anacrônicos, se não for pra ser piada. Talvez seja até pela citação à "Não agüento mais essa obsessão pelos anos sessenta", que ele cantou no fim. Mas só. Pra quem já conhece, um show legalzin, sem novidades. Pra quem nunca viu, descobrir Frank Jorge ainda pode ser divertido.

No domingo, Strike e Darvin fizeram o dia da "molecada 2º grau". A data já está virando um "clássico" do HPP...

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Essa semana começa muito bem no HPP. De cara, o talk show com o trio +2. Depois do que disseram que aconteceu na Cinemathèque na semana passada, esses talk shows prometem ser o grande charme desta edição. Em compensação, o papo de bar tem que melhorar muito a estrutura no Mofo pra poder ser levado em consideração. Semana passada foi mico. Pouco se ouviu, quase nada se viu, e as conversas mais legais acabaram ficando na calçada entre aqueles que desistiram. Mas a produção promete que essa semana será bem melhor. Vale acreditar.

14/01 - Talk show: + 2
15/01 - Mesa de bar: Festivais e Festivais
16/01 - Workshop: Fernando Magalhães
17/01 - Shows de lançamento: Columbia
18/01 - Shows na Baden: Superguidis + Érika Martins e os Telecats
19/01 - Shows na Baden: Songoro Cosongo + Z'África Brasil
20/01 - Shows na Baden: Macaco Bong + Jay Vaquer

O resto da programação está no site do festival.


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Humaitá Pra Peixe 2008

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