Show: Paralamas do Sucesso no Odisséia
Paralamas is playing in my housefotos: Bruno Maia
Sabe aquelas perguntas do tipo: e se você tivesse que escolher uma festa para celebrar a sua vida? Então.
Há umas semanas, leram no site do MauVal que a próxima RoNcaRoNca teria como atração os Paralamas do Sucesso, os três, e só. Era inacreditável. Houve uma certa comoção entre amigos. Um esquema para comprar ingressos adiantados. Dúvidas quanto à lotação do Teatro Odisséia. Um desprezo por São Paulo e seu segundo dia de U2. Um monte de coisa.
Sabe quando você vê na tv uma pergunta e fica pensando que tipo de resposta cretina você daria pra ela?
A festa de Maurício Valladares não tá nem aí para estilo, é de quem gosta de música para quem gosta de música. Isso significa sets que colam Artic Monkeys com Muddy Waters e a versão do Arcade Fire para ‘Aquarela do Brasil’. Em seguida vem Madness, e Rubinho Jacobina. Boas surpresas, é disso que a pista gosta. Sei porque já estive lá uma ou outra vez.
E tem mais, o dj faz promoções, apresenta as músicas, é um programa de rádio ao vivo. De bom rádio, rádio ideal, sem aquelas chatices todas que a gente já viu todo mundo reclamando e que nos fazem – eu e você, não é isso? – não ligarmos muito, na verdade, para o fim da Globo fm ou da Cidade. É uma pena, mas uma pena que começou lá atrás. Bem, perdeu-se na brincadeira o programa RoNcaRoNca no horário sem lei da meia-noite. Lei, escrito com j-a-b-a, sabe?
Sabe aquelas perguntas: e se você quisesse só pra você um show de uma banda qualquer? Pois é.
Subiram os três no palco, o power trio que tocou de bermudas no primeiro Rock in Rio, em 85. Confetes e serpentinas caíam do céu, uma câmera da TVZero passeava pelo palco. Só isso. Para começar, ‘O Calibre’ deles mesmos. Depois, ‘Caravana do Delírio’ do Lulu Santos e ‘Cena de Cinema’ do desafeto, e daí?, Lobão. Mas de BRock foi tudo. A partir de então, vieram clássicos de Santana, ‘Black Magic Woman’, do Police, ‘Roxanne’, dos Rolling Stones, ‘Honky Tonk Woman’ e ‘Start me Up’, e muitos etcs ingleses e americanos.
No palco, as atenções se concentram em Herbert, que se mantém como um guitarrista mais visceral que técnico – os riffs saem sujos mas roquenrol. Bi Ribeiro é um paizão, tocando para a banda e sempre atento ao amigo no meio dos arranjos. Quieto, fica ali entre um monstro da bateria e um poeta que convive com um ar de herói sobrevivente atrás da guitarra e debaixo de uma testa já calva. A cada intervalo entre sets de música, Bi saía de um lado do palco para o outro cochichar uma orientação qualquer. Ainda assim, o maestro é Herbert. É ele quem chama os encerramentos, quem pede mais tempo para o solo de guitarra, quem comanda a máquina, enfim. E o que a abastece, é a bateria nota dez de João Barone, forte e sem firulas, mas com muitas sutilezas e inversões. É Barone quem mexe no termômetro do palco. Mais quente ou mais frio, vai depender dele.
Uma grande banda em um pequeno palco é a oportunidade para se entender o que há de invisível em uma história de 23 anos. O Paralamas está para além de uma empresa, uma amizade ou uma família. É um organismo de seis mãos para causar sensações. As de ontem foram bem especiais.
p.s: um otimismo me faz crer que RoNca do rádio não ficará sem casa ad eternum. Eu acho.
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