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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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27.4.07

Maratona com o Moptop (parte 2)

(para ler a parte 1, clique aqui.)

Chegando ao Citibank Hall cada um carrega seu instrumento. Os roadies ajudam. A passagem de som do Keane acabou de acabar e por isso a equipe já pode começar a posicionar os equipamentos.

Pra qualquer um que tenha crescido curtindo música, na década de 90, no Rio de Janeiro, aquele palco é um tanto desconcertante. Grandes shows passaram por ali, altas histórias se sucederam ali embaixo e, de certa forma, tudo isso passa na mente. A estrutura do lugar é tremenda. Esta é a segunda vez que o Moptop passa por lá. A primeira foi em 2005, quando abriram para o Placebo na eliminatória do Claro que é Rock – note que na época a casa se chamava Claro Hall. Não tarda às lembranças virem também aos músicos. “O som é foda. Na primeira vez, eu estava passando o som e tinha um amigo nosso vendo. Daí ele disse que achou o som estava sem pressão, eu aumentei tudo. Daqui a pouco vem o técnico de som e diz: ‘Bem, agora eu vou ligar o PA’”., se recorda Curi aos risos. “O nosso camarim também foi lá em cima. É muito grande. Hoje vai ser o mesmo”, diz Mário.

fotos: Bruno Maia


Enquanto os roadies preparam o palco, o grupo espera no espaçoso camarim. Em um encontro rápido com o técnico de som do Keane, Gabriel troca uma idéia, já com certa intimidade, afinal essa é o terceiro show que as bandas faziam juntas em quatro dias. A relação é cordial. Os músicos ingleses passam rapidamente vezes pelos solitários corredores do backstage. Mesmo por lá, o trio está sempre acompanhado por seguranças. Ao contrário do que se ouve dizer sobre a intolerância das bandas gringas, a equipe do Keane não atrapalha em nada. Impõe alguns limites, mas nada que não seja justificado. A passagem de som é relativamente tranqüila.



De volta ao camarim, o Moptop recebe alguns membros da Universal enquanto se prepara para subir no palco. Gabriel volta de um conversa com o pessoal do Keane. Convidou os ingleses para irem ao show do Jota Quest que eles abririam na seqüência. “Só um quase se animou, mas não vai não. Perguntaram onde ia ser, eu disse: “Downtown”. O cara mandou Centro? Tou fora!”, conta o vocalista. “Esse aí está bem informando”, emenda Mário aos risos.

A calma e o silêncio no ambiente contrariam totalmente às expectativas que se pode ter do que seja uma jovem banda de rock, minutos antes de um grande show. Inevitavelmente, a câmera ligada é um fator de alteração na espontaneidade deles. Já faz pouco mais de uma hora que estão com a lente apontada pras suas fuças. Os “desliga isso um pouco” começam a surgir. Naquela monotonia, a presença da câmera pesa ainda mais.



Na única hora em que algo de quente acontece, a câmera estava desligada. Faltando dez minutos pro show começar, o iluminador que faria a luz do Moptop chega avisando que "o pessoal da casa está criando dificuldades" e que não vai conseguir luz pro grupo. Nem fumaça de palco. “A gente gosta do palco com muita fumaça”, admitira Curi ao orientar o rapaz antes da passagem de som. Todos se mobilizam em torno do iluminador, que, por sua vez, explica as nuances da situação. O problema era incontornável. O ânimo dá uma baixada, mas ficar sem um grande jogo de iluminação definitivamente não é algo a que eles não estejam acostumados. Chega a hora.

Aquele papo de “ficar na pilha” antes do show começar não é muito o que se vê. Os quatro seguem calmos. Descem a escada, esperam o ok do lado do palco e entram. Sem mais alardes, sem concentrações coletivas, sem gritos de guerra. Entrada simples, sem clichês. Já no primeiro acorde se percebe o que uma banda como eles é capaz de fazer com um PA de qualidade. Desde a época em que tocavam só em muquifos, o Moptop sempre chamou a atenção pela qualidade do som que conseguia tirar. No Citibank Hall, eles deitaram e rolaram. O público presente ainda era pequeno, cerca de 300 pessoas.. Como tinham apenas 30 minutos pra se apresentar, o repertório foi enxuto. A platéia não era deles, mas foi receptiva. Em “O Rock acabou” fica mais claro o poder que as rádios ainda têm.



São apenas quatro spots de luz disponíveis para o quarteto carioca. A única arma do iluminador é piscá-los alternadamente pra “dar um clima”. Não tem fumaça. Só os quatro. É estranha a semelhança que aquele momento, no maior palco da cidade, traz com os primeiros shows do grupo, quando ainda se chamava Delux. Também são impressionantes as diferenças. Gabriel já domina as artimanhas do palco com personalidade. Dirige-se à platéia com segurança, desfia discursos simpáticos aos ingleses do Keane, fala da suposta alegria de estar tocando ali... Enfim, cumpre todo o ritual com categoria.. O Moptop sai de cena incólume, aplaudido e com pressa.

foto: RenanYudi.com


Apesar de ainda ser necessário recruzar a cidade, Isabel, a empresária, pergunta se eles não querem jantar. Só Curi e Mário aceitam. Eles têm a companhia de Roberto Verta, da Universal. Poucas mordidas depois e já é hora de partir pra van. Assim como na chegada, todo mundo carrega um pouco do equipamento de volta. Gabriel se despede da produção do Keane, agradece a oportunidade, conta dos problemas com a luz. “Eles quiseram saber se era culpa deles, eu disse que não”.

Já de volta ao carro, Anderson, o motorista, está a postos. Dessa vez, Mário vai atrás, ao lado de Rodrigo Curi. O jornalista-câmera assume o posto de carona. O itinerário da volta não é escolhido por Rafael (técnico de som), como fora o da ida – já que todo mundo se mostrou insatisfeito com as opções propostas pelo rapaz. O motorista se manda por uma Linha Amarela descongestionada. Fora um rápido problema no pedágio, a viagem é tranqüila e em apenas meia-hora, os moptops estão na Lapa.



Se na ida o segredo eram as piadas, pra volta Mário opta pelas paródias. Cânticos cheios de putaria, menções ao mestre Mr. Catra e afins. É nessa hora que o hino “Chora bananeira, bananeira chora” reaparece. Cada um complementa uma vez o tradicional refrão das pueris viagens de colégio. A van já está atravessando a multidão embaixo dos Arcos. Atrás do Circo Voador. Na porta da Fundição. Hora de saltar.


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Quem quiser ver mais fotos do Renan Yudi, que colaborou com uma das fotos da matéria, pode ir não só ao site dele, mas também ao fotolog.

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Repetindo a dose já bebida em outros sambas, o mundo livre s/a solta mais uma música contemporânea, no sentido mais estrito da palavra. É amanhã, no site da Monstro Discos, o lançamento de "Cho Seung-hui Song!". Sobre o sul-coreano que matou mais de 30 universitários na Virgínia Tech. Exorciza, 04!

2 Opine:

At 15:00, Blogger Leo Yu Marins said...

interessante os bastidores, cara. Desmistifica, sem generelizar, claro, algumas coisas que se imagina desse mundo da música! Mas... cadê o vídeo? haha... boa matéria, Moptop é FODA e que voltem logo pra Sampa.

 
At 11:29, Blogger Bruno Maia said...

Leo Yu, o vídeo que estava sendo filmado não era pra ser publicado no sobremusica, não. Para o site, o conteúdo era o escrito mesmo... Mas vou ver, se houver mais pedidos, de repente daqui uns dias eu meto um pedaço das imagens aqui.

abs!
BM

 

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