Abril Pro Rock 2008 (parte 1)
A décima-sexta edição do Abril Pro Rock mostrou um certo saturamento da cena independente brasileira. Em dois dias, muita gente subiu ao palco e pouca coisa surpreendeu. Em um festival com tantas atrações, essa é a tendência natural, sim, mas cabe uma reflexão sobre a falta de novidade. Há algumas bandas boas, mas quase nada interessante e a distância entre uma coisa e outra é a principal lição que se leva.
A sexta-feira foi dedicada ao hardcore e ao punk-rock. Distorção nas orelhas do início até o fim e a sensação de que estávamos em 1992. AMP (PE), Project 666 (PE), The Sinks (RN) e Zumbis do Espaço serviram muito bem à horda dos camisapreta, mas para quem tem interesse em outras referências sonoras foi complicado. Os capixabas do Mukeka di Rato fizeram o show mais animado e foram movidos a uma roda de pogo incansável, imensa e alucinada que ocupava grande parte do espaço em frente ao palco. Colhendo os louros de uma carreira iniciada há mais de dez anos, os caras saíram ovacionados.
Recife é uma cidade com uma cultura muito forte ligada ao metal, punk e ao hardcore. O próprio manguebit emergiu dessa cena. Porém, passado o primeiro momento em que rios, pontes, overdrives e as impressionantes esculturas de lama se fundiram, pouco mais apareceu que tornasse relevante essa produção. Nem a própria fusão com o rap que marcou o início da década deu muito as caras por aqui e isso ficou evidente na sexta-feira. Nesse sentido, a chegada dos norte-americanos do Bad Brains até que mexeu com a dinâmica da noite. Outras referências apareceram, com citações ao reggae que eventualmente mudaram muito a velocidade do show. Já era sábado quando o Vamoz fez o show mais legal da noite, justamente por também ir além, sem perder o ritmo. Ainda assim, para quem não é chegado ao gênero, o adiantar da hora pesava sobre os ouvidos cansados.
Para fechar a noite, o New York Dolls fez uma competente apresentação dos clichés que ajudaram a criar. A mistura de glam rock com poser é extremamente decadente na figura daqueles sujeitos e suas rugas, mas extremamente divertida para quem consegue embarcar naquilo. Para quem assistiu algum show de Iggy Pop nos últimos anos, a performance do vocalista David Johansen não dá nem pra começar, se o assunto for "velhinhos com gás pro rock'n roll". Um dos guitarristas posers se irritou quando alguém da fila do gargarejo lhe atirou uma rajada de (muita) água, atingindo diretamente a flor que trazia na lapela e a maquiagem do rapaz. Não perdeu a pose, mas o tempo deles está muito mais para fazer cena (e dinheiro) do que para curtir tanta rebeldia.
2 Opine:
queremos a parte dois!
Também estou aguardando =)
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