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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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7.1.07

Ordinário Groove Combo no HPP

Esfumaçando definições


      O jazz CEP 20 mil do Binário se encontrou com o rap Lapa do Inumanos e de Iky, e o resultado deixou um Sérgio Porto (não à toa, a casa do CEP) primeiro compenetrado até que a contenção virou recompensa. Aplausos e pedidos de ‘mais um’ foram um prêmio justo para um projeto essencialmente de experimentação e encontro. Rap com jazz, e o que mais a maresia das praias ensolaradas empurrar para dentro. Bonito...
      O Jazzmatazz do rapper Guru é a referência mais emblemática para as fusões entre os dois gêneros. Embora desde as primeiras experiências de hip hop, no Bronx dos fins da década de 70, o jazz estivesse presente nas colagens de bases – ao lado do funk de James Brown -, foi com as sessões de Guru, que começaram em 93, que o diálogo entre duas das mais importantes formas de expressão negra dos Estados Unidos se consolidou. Foi então que o acid jazz de fins da década de 80 e álbuns como Future Shock, de Herbie Hancock, e Doo Bop, de Miles Davis, deram o impulso para algo mais.
      Guru reuniu músicos de jazz de diferentes gerações com rappers alternativos, entre eles um ascendente MC Solaar francês, para experimentar melodias, improvisos, bases harmônicas e mixagens em live p.a. Queriam descobrir o que de novo poderia surgir dali. Solos de sax conversaram com scratches, e um mc quase sempre comandava o discurso. O rap das ruas entrava nos pequenos clubes de jazz de ruas estreitas.



      Pois o dia 6 de janeiro de 2007 marcou algo do gênero com a apresentação do Ordinário Groove Combo no Humaitá. Não que fosse a primeira vez, mas o peso simbólico do festival e a indumentária dos presentes no palco deu um caráter solene à reunião. Iky e Aori comandavam a sessão explicando um pouco o que era o projeto, e enfileirando composições mais cool, serenas, confiantes. O baixo cada vez mais classudo de Bruno envolve os ouvidos com Coltrane, Tortoise, e até um Jamil Joanes mais tropical, via Black Rio. Uma linha evolutiva quebrada como um walking bass, sem sair dos compassos não menos quebrados de Bernardo Palmeira, na bateria ora drum’n’bass ora acid. Sem perder um calor de praia que pode ser funk e pode ser, de novo, um Tortoise mais nervoso.
      Na guitarra, a elegância zona sul das bossas e cool jazzes de Fabinho. E o piano de Lucas, que pouco pôde-se ouvir, é um colorido harmônico que preenche respirações e silêncios no som.


      Com quatro integrantes do Binário fazendo ali na hora, contentes e inabaláveis, Iky acabou dominando a cena mais do que Aori. Indo para a frente do palco, ele rimava e contava histórias buscando a resposta do público. Aori, parecendo mais tímido, ficava mais em segundo plano, com um olhar sem foco certo, coadjuvante. Ainda assim, juntos, completando um as narrativas do outro, fizeram da apresentação algo a se prestar atenção em próximas oportunidades. Quem gostar de experimentar que se apresente. A resposta pode ser a boa e velha diversão que a gente já conhece.


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