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10.9.07

Show: Pato Fu no Odisséia

De Gente Grande

       De cabeça, eu me lembrava do Pato Fu no Canecão e no Circo Voador, lugares três ou quatro vezes maiores do que o Teatro Odisséia, no mínimo. Mas não me passou pela cabeça isso ser um sinal de decadência, pelo contrário. Até gosto mais de temporadas, mesmo que curtinhas. A banda tocou na sexta, no sábado foi para o Centro Cultural Banco do Brasil, no domingo voltou para o Odisséia, e hoje estará em show de uma rádio no palco do Estrela da Lapa. Ou seja, fôlego e serenidade de gente grande, sem ansiedades adolescentes.
       Gente grande: o Pato Fu sempre foi uma referência como das últimas bandas de grandes gravadoras a ainda contar com investimento na carreira, uma confiança não ligada diretamente ao desempenho de vendas. A geração logo posterior, de Los Hermanos, já não pegou essa onda. Claro que nunca foi fácil, mas os mineiros eram sim exemplo de estruturação de carreira dentro de uma major. O primeiro disco deles pela BMG os apresentou à MTV e permitiu à imprensa grudar neles o adesivo de quase-Mutantes, em parte pelo bom humor e invenções e em muito maior parte pela semelha da voz de Takai com a Rita Lee de, então, trinta anos atrás. Pois bem, até sair disso e virar êxito comercial demorou mais um pouco, e a cover de Eu Sei do Legião ajudou, assim como a insistência da gravadora (já com outro nome) em cumprir o contrato.

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       Mas o show de sábado. Para um público bem jovem, em grande parte presente também pela festa gls Ultra Lovecats, o Pato Fu subiu ao palco ainda meio duro. Talvez o choque de gerações fosse parte da explicação, que teria que contar ainda com o fato de ser início de turnê, e o show não estar muito estruturado, e com uma fala reveladora de Fernanda, que não segurou o espanto: “bem que falaram que aqui era acolhedor, nossa, mas a gente gosta de acolhedor assim também.” Acolhedor pareceu ser a melhor forma de dizer pequeno.
       Em entrevistas, Fernanda já tinha indicado que a execução de Cities in Dust, cover de Siouxsie and the Banshees, só rolaria se a galera pedisse. Um pouco de bravata e charminho, sem problema, afinal a música foi a que mais repercutiu antes do lançamento de Daqui Pro Futuro. E foi justamente nela, depois de 30.000 Pés e de Sobre o Tempo, e na reação entusiasmada e até surpreendente da meninada, que o clique se deu e o Pato Fu pôde se dar conta de que ser gente grande tem vantagens – história, carisma, segurança para controlar a festa. Só aí John tirou o olho do chão e começou a fazer as caretas de desenho animado dele, só aí o baixista Ricardo Koktus sorriu e foi mais ao microfone, e só aí Fernanda fez as danças meio mangá.


       Ser gente grande também virou muleta para os momentos em que a banda tinha que acertar qualquer coisa entre as músicas (e foram várias vezes, típico de início de turnê). Fernanda foi substituindo os olhares em diagonal para cima com a boca apertada por piadas sobre a pré-história de uma ou outra música do Rotomusic de Liquidificapum, o primeiro disco, ainda fora de gravadora. Acabou brincando também ao avisar aos que pediam essa e aquela música que uma banda com quinze anos de vida acaba tendo que deixar sucessos de fora, o que sempre decepciona alguém.


       Mas poucos foram os que puderam dizer que estavam decepcionados. Até pelo Ao Vivo MTV recente da banda, que apresentou velhos clássicos aos nascidos depois de 86, o show correu com uma mistura correta do novo disco, do penúltimo, e dos anteriores, com os momentos obrigatórios todos lá: Capetão com luzes vermelhas, Canção Para Você Viver Mais com mãozinhas para o alto e Eu com corinho na palavra-título. Cheio de não-sei-o-ques, um show digno da banda que é, de gente grande.




Nada a ver (1)

       Ainda em repercussão ao que o Bruno escreveu sobre o show do Autoramas e ex-tequilas na véspera de feriado, dois posts aí para baixo, ficou na minha cabeça uma dúvida que não se responde.Porque um show que reuniu a maior banda independente do Brasil, o Autoramas, uma das mais longevas do Rio, o Lasciva Lula, e a figura mais rodada do underground carioca, Nervoso, não consegue se emplacar no Circo Voador? Só o Lasciva, em plena terça-feira, ajudou a levar mais gente para o Canecão do que na véspera de feriado no Circo. E pelo mesmo preço. O Nervoso tá em pré-lançamento do disco, daria para pensar que é isso que está faltando. Mas e o Autoramas, que toca para casas cheias pelo Brasil, pela América Latina e pela Europa, toca pouco no Rio, e quando toca, não leva gente?
       Será que o problema foi justamente ter sido uma véspera de feriado, quando a competição não é com a tv, mas com a boate e a roda de samba, onde “pegar mulher” seria mais propício. A tese é do André, também produtor de eventos, e que anuncia um show do Lasciva Lula e da Dinamáquina no Cinemathèque, dia 19. Uma quarta-feira: pela tese, tem tudo pra dar certo.



Nada a ver (2)

      Post 501. Parabéns sobremusica.

1 Opine:

At 11:17, Anonymous Anônimo said...

mto bão! :)

 

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