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14.8.07

Show: Girl Talk no One Eyed Jacks, em Nova Orleans

Para Dar O Que Falar



      Tudo começa com o solo de Thunderstruck, do AC/DC, que em si, já parece ser dois ao mesmo tempo. Angus Young fazia lá uns mash-ups na guitarra. Com menos de um minuto de show, o dj pula na platéia. COm uns vinte, sobe o primeiro ao palco. Antes de vinte e um, somos todos nós suando e dançando a invadir as múltiplas e eufóricas vozes que fizeram o sábado de Nova Orleans transbordar nas conversas de meninas.
      São onze da noite quando eu chego ao One Eyed Jack, um barzinho com espaço para umas quatro mesas, um balcão e uma máquina de pinball. Ao fundo, uma porta acima de uns cinco degraus, onde já está formada a fila que enche os espaços entre mesas, balcão e pinball. Às onze e vinte, o ingresso está comprado, a casa mais cheia, e ainda vai demorar mais uma meia hora até que aquela portinha do fundo se abra e umas mil pessoas espalhadadas pela calçada, pelo bar, pelos degraus e pela própria fila, a todo vapor, encham a platéia do que não parecia poder estar daquele pedaço de madeira controlado por um negão da bilheteria. Ainda antes de aberta a porta, passam pelo bar dois cavaletes de trânsito listrados de vermelho e branco.
      O público mistura uma série de rostos já reconhecíveis das casas de jazz da cidade com um tipo facilmente identificável, os blogueiros indie. Ao longo do show de abertura do MC Impulse com DJ Scratch Mo, dá para notar que Nova Orleans está mais branca do que negra para Girl Talk. Às provocações hey do rapper da cidade, diferentes bairros espalhados respondem ho, no One Eyed Jacks.
      O Show principal ainda não começou, e duas garotas se falam. Conversa de meninas, e dança, e um carinho nas costas se emenda a uma provocação dos quadris, mixado a um sorriso que direto que não é uma mas duas mensagens. O papo feminino vira um longo set, de ritmos alternados, mas é interrompido por uma delas. A outra, a que ia mais ate o chão, some. Aparece um cara, e entre culpinhas e desentendimentos, agora é a garota que ficou que começa um a dança, os carinhos, quadris, sorrisos. À noite, todo dj é um rei na sedução.

      O set que a menina improvisa sobre o menino fica em segundo plano assim que Girl Talk pega o microfone e conta que vai ser incrível, todo mundo quer uma noite em Nova Orleans, e essa é a dele. A primeira dele na cidade. Como quem não quer nada, ele dá a batidinha do abridor na garrafa, que faz toda a pressão da bebida gelada subir antes que a tampinha saia da boca: ontem, o show na cidade vizinha Baton Rouge foi muito louca. A menção da capital da Louisiana, metidinha a universitária, é vaiada. O show de hoje se torna uma questão de honra.
      Play no AC/DC, e começa a loucura. Da bermudinha colegial de Young para a pélvis de Michael Jackson, e Girl Talk está de pernas para cima, no meio de seres que pulam. De volta a atrás do laptop, ele tira o casaco de capuz. Ainda ficaria sem camisa e sem calça. Na verdade, não dá outro minuto e os óculos escuros de plástico que sobreviveram ao stage dive voam.
      Beats e hits dos anos 80, 90 e do myspace se sucedem até o momento em que um playboyzinho que já tinha ensaiado o movimento no intervalo dá a senha. No outro canto do palco, o segurança de boné pra trás, camisa preta, bermuda larga, rabo de cavalo, barriga de fotologger e cara de quem podia estar ali do lado, ri sem quem querer cumprir o dever (dever?).
      Sem interrupções, Girl Talk pega o microfone e fala qualquer coisa. Do momento em que o exibido montou até ficar impossível ver dj, mesa, fundo do palco, sei lá, imagine uns quarenta segundos.
      Uma multidão pula de mãos levantadas para o que, sem exageros, parece ser uma platéia meio vazia. Flashes, celulares e câmeras digitais acima da cabeça, meninos sem camisa, meninas suadas de vestido justo e sorriso largo...
      Da platéia, o que me vem à cabeça é o CSS se despedindo de São Paulo na Outs, antes da primeira turnê fora do Brasil. Ou o Móveis Coloniais em Brasília, na primeira edição do Móveis Convida, fechando a noite para uma banda de fora. Mas a loucura é maior. Na hora, ignoro a matemática e acredito de verdade que tem mais gente se espremendo ao redor de Girl Talk do que de mim, embaixo, onde meu cotovelo finalmente consegue desgrudar do tronco. Enfim, subo também.

      Aos gritos da paltéia, Hammer vem colado a Daft Punk, a Daft sobre Daft (afinal...), a Guns n' Roses, a Kanye West, a só um riff clássico de guitarra, a um refrão farofa, a vai saber mais o que. Com o palco tomado, o show dura mais uns quarente minutos, até que o microfone é retomado para começar as despedidas.

      A essa altura, em frente à mesa, três meninas sem blusa, de sutiã, gritam we love yous. Suadas, molhadas, coitadinhas. A mais bonita tirou o vestido: calcinha e sutiã. Gregg Gills (só para saber, é o nome dele, e ele é de Pittsburgh) brinca que é cedo, e tem menina que precisa levar o irmãozinho para casa. Diante das risadas, o som volta, pára, volta, continua com os assobios de Young Folks sobre guitarras pré-grunge. Delírio em Nova Orleans. Pára de novo, e sob chuva de cerveja e água, jogadas inclusive pelo segurança gordinho que segura o cavalete vermelho e branco para que pelo menos ao camarim a massa compacta não transborde, Girl Talk ofega e pede atenção. Quer uma cerveja. Alguém arruma e segura a garrafa na boca dele por uns quarenta segundos (mais ou menos o tempo em que o palco foi tomado). Ele até que bebe bem, mas cospe o que não deu meio que em cima dele e dos caras. Alguém fala em hardcore. Todos pedem, ao mesmo tempo, hardcore. Ele abre um outro programa, avisa que não está pronto, mas dispara lá o som. Mais duas meninas se juntam ao time dos sutiãs, uma sexta aparece do fundo do palco, ele vai passear com o microfone na mão, volta, e pronto.
      De novo apertado em frente ao laptop, é abraçado, puxado para fotos, ouve I love yous...
      - Cara, to te esperando no Brasil...
      O olho se arregala e ele se desvencilha de uns americanos...
      - Eu vou pra lá, eu vou pra lá.
      - É em outubro, né? Confirmado?
      - Eu vou tocar no Rio de Janeiro, meu melhor amigo tá no Brasil. Eu falo com ele todo dia, e ele só me conta coisas sobre o Brasil, o tempo todo.
      - Eu vou tá lá, a gente se vê de novo. Foi muito bom, incrível, cara. Valeu.

Vídeos de diskmix, e ainda vou tentar achar fotos.

2 Opine:

At 17:51, Anonymous Anônimo said...

Foda demás ! o show dele aqui vai ser fueda !!!!
abrax

 
At 14:23, Anonymous Anônimo said...

Será que o show daqui vai ser assim, também? Muito bom!

 

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