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7.8.07

Show: Satchmo Summer Fest, em Nova Orleans (dia 1)

What a Wonderful World




       A Soul Rebels Brass Band encerrou o primeiro dia de shows do sétimo Satchmo Summer Fest com o que os organizadores chamaram de "o melhor público do festival". E houve sim uma quase catarse, não fosse tudo muito comportado. Foi acima de tudo uma bela homenagem, mesmo no menor palco dos três que compunham a festa em comemoracao ao aniversario de 106 anos de Louis Armstrong. Satchmo, para quem não sabia.
       Ainda para explicar, as brass bands são formadas por instrumentos de sopro de metal (sem clarinete, gaita...), e uma seção rítmica. No Satchmo SF, mereceram um palco específico, ao lado de um para o jazz tradicional e de um para o jazz contemporaneo.
       Pois bem, foi com uma metaleira furiosa que a Soul Rebels encheu de gente os fundos do US Old Mint, sede do festival e ex-fundicao de moedas americanas (além de ex-museu de jazz, até o Katrina).

       Composta por um trombonista, também vocalista principal, dois trompetes, um sax tenor, um guitarrista japonês, uma tuba, uma caixa e um bumbo, a banda segue os passos da Rebirth Brass Band, que tocaria no dia seguinte. O visual do grupo remete a bandas como o Soul II Soul, um rap/r'n'b longe do gangsta, bem comportado. Mas melhor do que o S II S, eles envenenam o som com funk pesado, e usam com categoria as convocacoes à danca e ao orgulho de ser de Nova Orleans. Winston Turner, o do trombone, tem carisma de sobra, mas falta ainda liderar o grupo a construir um repertório mais consistente. Torcedores, ficou provado, não faltam.



       O sábado tambem foi especial para Maurice Brown, no palco do jazz contemporâneo. Nem tanta gente viu, mas o clima era mais uma vez de torcida. E mais, de carinho. Brown explicou, no palco, que a próxima música era do segundo disco, o que se repetiria várias vezes na segunda metade do show. Só que o segundo disco só vai sair em janeiro, quase três anos depois do primeiro. O intervalo se deve ao Katrina. No fim da apresentação, Brown me contou que perdeu tudo na passagem do furacão, mas que ainda assim decidiu ficar. E disse que sabe que fez bem.
       Se o público não era tão numeroso, a fila para comprar o disco que já existe, o primeiro, era grande.


       Aliás, o show mereceu bem mais do que solidariedade. Quase todo instrumental, a apresentação é altamente ligada às batidas que produtores como Mark Ronson e Timbaland têm espalhado por aí. Com uma banda formada por músicos de todo o país, ele consegue dar um sabor mais amplo a um jazz criado a partir de Nova Orleans: um som quente e sofisticado, de composições próprias muito elaboradas - conectadas com o jazz atual e com a música pop negra. Fora ser um grande instrumentista, e fazer solos bem além do virtuosismo. A, ele ainda é o próprio vendedor de discos, ao fim do show.



       Ainda no sábado, Gabrielle mereceu uma dose de aplausos ao soltar o vozeirão de dez anos de idade no show da Storyville Stompers Brass Band. O grupo tem por caracteristica abrir espaço para os melhores alunos de música da rede pública de ensino. Foi o caso do molequinho estrábico, que toca caixa direitinho, mas dança muito bem mesmo. Mais do que a menina, ele demonstrou mais malandragem ao lidar com o público. E no que não é um defeito (afinal...), mas tem que ser dito, foi menos infantil.
       A propria Storyville já tinha aberto as atrações musicais na sexta à noite, na Frenchmen's street, ali do lado. Tocando por gorjetas, com o próprio menino vesguinho. Um repertório de clássicos da Louisiana, tocados em clima de baile de rua. Simples e perfeitinho assim.


       Mais cedo, a Mo'Lasses and New Orleans (mostly) Women's Brass Band foi uma atração simpática, levada pelo banjo da dona Mo' e uma típica sonoridade de anoitecer à beira do rio Mississipi, que você já deve ter ouvido em seriados e desenhos animados da tv. Quanto ao nome, fica a dúvida, afinal o som nao é o de uma brass band e o (mostly) esbarra na matemática, quatro contra tres, praticamente meio a meio.



       A Yoshio Toyama & the Dixie Saints abriu o palco do jazz tradicional com uma homenagem nipônica a Louis Armstrong. Sem um toque de diferença aos que os discos já nos trazem, e a voz rouca do japa do trompete, ficou uma vontade de sorrir assim meio amarelo.


       A Original Hurricane Brass Band chama para si o pioneirismo no formato reduzido só para metais de marchin' band (aquelas orquestrinhas americanas que marcham em qualquer festa tradicional do país, e se espelham em bandas marciais militares) que eu tentei descrever no segundo parágrafo. E não tem muito mais do que isso.


       E a Panorama Jazz Band é a world music de Nova Orleans. É pelo clarinete de Ben Shenk e pelo acordeon de Patrick Harrison que ares da Argentina, leste europeu e Oriente Medio chegam ao chamado Vieux Carré, o centro da música de Nova Orleans. Alegre, a formação pouco usual (ainda tem tuba e banjo) mistura escalas diversas em uma celebração de bom humor, mente aberta e referências deslocadas. Salada boa. Merecia tocar mais tarde, para um público maior.


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