Show :: Maria Bethânia, "Dentro do mar tem rio"
O show “Dentro do mar tem rio”, que Maria Bethânia apresentou neste fim-de-semana no Canecão, é uma bela continuidade ao que ela vinha fazendo em seus últimos discos, “Maricotinha” e “Brasileirinho”. A “volta às origens” se dá pela adoção quase radical de músicas enraizadas no imaginário dos cancioneiros populares e por uma aproximação com aspectos da natureza. A idéia de “essência” parece ser o que norteia a estética de sua obra nesta década.
Bethânia é quase radical quando o assunto é o não-conceder. Uma intérprete do seu gabarito, com uma carreira repleta de canções que marcaram o país na segunda metade do século XX, ela chega a destoar do universo à sua volta. Bethânia não está preocupada em revisitar seus sucessos, nem tampouco com a estética da música pop contemporânea, como Caetano, ou ainda com a banda larga de Gil, ou quiçá com a revelação de novos compositores, como Gal. Vá lá que uma ou outra concessão aparece e muda o norte da apresentação – que tem a água como tema absoluto fluindo sobre o cenário de nuvens, que sugere um ambiente árido e sertanejo. Nestes momentos, ela permite um “Sob medida” aqui, um “Sábado em Copacabana” ali. Em termos musicais, Bethânia sofre do mesmo “mal” que atinge Chico Buarque e uma turma da chamada “mpb”: o excesso de “classe” dos arranjos. Por vezes caem numa monotonia, principalmente para quem foi às últimas turnês dela.
Por não ter entrado em contato com seus últimos discos de estúdio (“Mar de sofia” e “Pirata”), senti que perdi muita coisa que dá liga ao show. De qualquer forma, os clichês em torno de Bethânia sempre ajudam a fazer valer a ida. A emissão, a técnica e a segurança com que cada palavra sai de sua boca são sempre uma surpresa e um motivo para embasbacar-se. Não há nenhuma cantora brasileira que chegue aos lugares que Bethânia vai. O Canecão é a casa dela no Rio. Aliás, parabéns à produção pela pontualidade e respeito com o público. Mesmo tendo um DVD sendo gravado, não houve regravações de músicas, repetições, nem nada que tirasse o prazer do show em si. A temporada (que palavra rara de ser usada hoje em dia, né?!) continua nesta semana e não é por causa de linhas tortas como essas que você deve pensar em ir.
Bethânia é quase radical quando o assunto é o não-conceder. Uma intérprete do seu gabarito, com uma carreira repleta de canções que marcaram o país na segunda metade do século XX, ela chega a destoar do universo à sua volta. Bethânia não está preocupada em revisitar seus sucessos, nem tampouco com a estética da música pop contemporânea, como Caetano, ou ainda com a banda larga de Gil, ou quiçá com a revelação de novos compositores, como Gal. Vá lá que uma ou outra concessão aparece e muda o norte da apresentação – que tem a água como tema absoluto fluindo sobre o cenário de nuvens, que sugere um ambiente árido e sertanejo. Nestes momentos, ela permite um “Sob medida” aqui, um “Sábado em Copacabana” ali. Em termos musicais, Bethânia sofre do mesmo “mal” que atinge Chico Buarque e uma turma da chamada “mpb”: o excesso de “classe” dos arranjos. Por vezes caem numa monotonia, principalmente para quem foi às últimas turnês dela.
Por não ter entrado em contato com seus últimos discos de estúdio (“Mar de sofia” e “Pirata”), senti que perdi muita coisa que dá liga ao show. De qualquer forma, os clichês em torno de Bethânia sempre ajudam a fazer valer a ida. A emissão, a técnica e a segurança com que cada palavra sai de sua boca são sempre uma surpresa e um motivo para embasbacar-se. Não há nenhuma cantora brasileira que chegue aos lugares que Bethânia vai. O Canecão é a casa dela no Rio. Aliás, parabéns à produção pela pontualidade e respeito com o público. Mesmo tendo um DVD sendo gravado, não houve regravações de músicas, repetições, nem nada que tirasse o prazer do show em si. A temporada (que palavra rara de ser usada hoje em dia, né?!) continua nesta semana e não é por causa de linhas tortas como essas que você deve pensar em ir.
2 Opine:
acho que o dvd ainda vai ser gravado, nesse final de semana.
abs,
bruno.
achei os arranjos do show fantasticos... ("excesso de classe" é dose... me soa como se fosse: "os arranjos estão todos ótimos, que saco!")
deram de mil nos arranjos do show (e do disco) do chico - esses sim muito mais ou menos, mas há de se convir que no Carioca tambem nao há lá nenhuma grande musica e que as musicas antigas nao sofreram grandes elaborações
a comparaçao também nao sei se procede, porque a Bethania é uma cantora, o Chico não é um cantor, no sentido mais especifico que a palavra possa ter: e isso muda totalmente a concepção de se fazer o arranjo
sao shows completamente diferentes: num, o foco está nas composicoes; noutro, na interpretaçao da cantora
e fora o fato da bethania fazer quase que uma temporada por ano e o chico por década, o que influencia grotescamente no espírito do público e dos artistas, na concepcao do espetaculo
o unico problema no show da bethania que vi foi a banda em alguns momentos se fechar nas dinamicas preestabelecidas e nao acompanhar as variaçoes "espontaneas" na interpretação da cantora (mas nada tambem muito gritante)
no mais, acho essa história de "concessao" um papo furado; a bethania faz o que quer, assim como gil, caetano e gal também o fazem, tendo todos esses historia suficiente para cantar o que querem sem prejuizos de publico - a nao ser, obviamente, que enlouqueçam
o que acontece é que cada um tem direcionamentos artisticos muito diferentes, e nisso a bethania faz o que tem de melhor, e o que parece que mais gosta de fazer: cantar no palco seu repertorio musico-literario, num formato que permanece mais ou menos o mesmo há quase (ou mais de) quarenta anos, mantendo um nível altíssimo de qualidade
qualidade tal que, sinceramente, faz com que pouquíssimas cantoras brasileiras nao fiquem no chinelo
o que nao é o caso da gal, sem sombra de duvida
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