Show: Diplo e Leandro HBL no Oi Futuro (part. de Sany Pitbull)
Funk No Museu
O set foi curto, a luz sobre os djs estava apagada, e a seleção de Diplo, e de Diplo e Sany Pitbull foi bem didática. Os primeiros vinte e poucos minutos foram de Diplo só, partindo do funk para outras fronteiras de batidões escuros ou ensolarados, de periferias de terceiro mundo ou de cidade grande mal partida. Quando o carioca Pitbull foi convidado para dividir o palco na quase meia hora seguinte, entraram as marcas registradas do funk 00, as seqüências Macumbinha e Tamborzão. Foi aí que sob o sample de "Va-vai Dançar" de um certo Jack Matador as pessoas se levantaram, sacudiram travesseiros e improvisaram um baile gente bonita de imaginárias pulseiras vips. Foi bonito.
Diplo e Lendro HBL eram a dupla da vez no projeto Multiplicidades, que há mais de um ano mistura tecnologicamente artistas visuais com músicos sob curadoria de Batman Zavarese. Dessa vez, mais do que um projeto de eletrônica com uma instalação que dialogasse ali, chegava a um museu brasileiro o funk carioca - ainda que sob os batidões de um gringo. Tudo certo, às vezes é de fora da moldura que se enxerga melhor o quadro. Foi assim com Chico Science, e foi um pouco assim com Jimi Hendrix e Charlie Parker tendo que atravessar o Atlântico para voltarem bem para casa (e a gente parar de achar que isso só no Brasil).
O video-artista HBL preparou um tótem de telas de plasma onde frames do corpo humano dançavam roboticamente em uma versão remixada, de colagem de pedaços artificialmente harmônicos. Era a primeira experiência de um projeto que ainda está em elaboração. E com imagens feitas na parada gay de domingo passado, na praia de Copacabana, e em casa com amigos ou contratadas, chamava bem a atenção o homem-máquina-mosaico-funkeiro.
Igualmente artista de botões, teclas e circuitos, Diplo optou por uma mesa com duas picapes de vinil tradicional, e abriu a noite com um som que esquentou devagar a platéia - que não sabia se era permitido levantar e dançar. Tudo meio Mondrian: cores fortes, vibrantes, mas cortadas por retas duras do espaço. Quando Pitbull surgiu, o clima que pairava no ar era o de que não dava mais para ficar sentado. As retas sem cor de um museu confortável já não tinham o poder de segurar os quadris quietos.
Para ficar na idéia música x artes plásticas, foi a vez da favela de um Oiticica se impor: cores vibrantes e sujas, retas improvisadas e desordem harmônica. Atrás do mpc, um hardware que permite a manipulação ao vivo de bases pré-gravdas, Sany é um virtuose. Ele entorta o solo de introdução de Come as You Are, do Nirvana, em cima da tal Macumbinha, ele mistura Seven Nation Army com Marlboro e Guns n' Roses, e ele mixa o funk com o que as pistas do mundo gostam. Tecnicamente muito bom, comercialmente de muita visão. Nos bailes do Rio, neguinho às vezes vem cobrar se ele não vai tocar funk. Mas é de experiências dele que, muitas vezes, surge uma novidade que vai ser repetida e remixada por bondes e mcs sem neurose.
O que isso tem de novo funk é uma discussão que vai longe. Tem gente partindo para a psicodelia nos batidões, ele não. Sany Pitbull é quase novo rock, distorcido, e nisso vai um bocado de mérito. Se no museu ele fez o show básico, sem preparar nada especial, a reação indicou que foi o suficiente. Tanto que neguinho foi até o chão. Foi sim.
Em conversa depois da apresentação, o produtor do evento Chico Dub me contou que foi a primeira vez no Multiplicidade que as arquibancadas terminaram vazias. Pelo menos naquela quinta à noite, a maldição do funk bem que bateu forte.
2 Opine:
po, não sabia que vc era o bernardo do sobremusica! vê se pinta lá mais vezes e leva o bruno tb!
só um adendo: o Multiplicidade já rola há 3 anos, sempre unindo música e imagem da maneira mais inusitada possível.
abração,
chicodub
www.multiplicidade.com
oi bernardo
fiquei envaidecida pelo "visão comercial", a gente aqui do CARIOCA FUNK CLUBE avisa: em janeiro sai nos EUA mais um disco com 3 musicas novas do SANY PITBULL, e mais artistas CFC : prestem atenção no PHABYO DJ ...
abs, PITTI / Adriana Pittigliani
www.myspace.com/cariocafunkclube
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