Chappa: Newsletter Janeiro
Um Feliz 2008?Se 2007 foi um ano de muitas notícias para a música, 2008 começa no mesmo ritmo, às vezes até atropelado. Foi o caso da última semana de janeiro, quando o site americano Qtrax anunciou que estava botando trinta milhões de música de graça para download, a serem remuneradas com anúncios de McDonald’s, Microsoft e Ford, entre outros. Não era a primeira notícia do gênero, mas surpreendia porque até o momento nem ferramentas com muito mais popularidade tinham conseguido de uma vez só juntar tantos números tão grandes com o OK das quatro grandes gravadoras – Warner, Universal, Sony e EMI. Pois bem, não demorou muito para que elas dissessem que não é bem assim.
A história ainda deve render, mas o modelo que o astro da vez, Justin Timberlake, anunciou no domingo de carnaval, durante o intervalo do Super Bowl americano, parece que só se consolida. Para quem não leu a newsletter passada, a Pepsi se associou com a Amazon e vai pagar pelo download de uma quantidade de arquivos musicais sem precedentes na história. Sem custo para o consumidor, só a propaganda. Tamanho investimento tem mais é que ser divulgado para todos os cantos, daí a escolha de um dos intervalos mais caros na tv mundial, o da final do campeonato de futebol americano – praticamente um feriado nos Estados Unidos.
A Last.fm, uma das rádios online mais acessadas do mundo, também adotou uma variação do modelo. A cada execução de uma faixa de artista independente, os anunciantes pagam. É o Artist Royalty Program, e por independente entenda-se sem gravadora ou “agência de recolhimento de direitos”. Por enquanto, só Estados Unidos, Grã Bretanha e Alemanha tem o serviço, que inclui também a possibilidade de se ouvir uma música específica – o que eles chamam de acesso sob demanda. Daí, a lista é o catálogo das quatro maiores gravadoras do mercado e de outras várias menores, como a CD Baby, IODA, Naxos e The Orchard. Fora os tais artistas independentes que fizeram o upload no site e deram OK nos termos de compromisso.
As gravadoras decidiram aderir à internet de vez, e ao maior número de ferramentas possível, desde que com advogados e critérios. Mas a EMI, que sempre apontou tendências no modelo de negócio fonográfico, da abertura do estúdio Abbey Road às aquisições da Capitol e Virgin, por exemplo, anunciou a demissão de dois mil dos cinco mil e quinhentos funcionários da empresa no mundo. A decisão foi anunciada pela nova diretoria da empresa, administrada desde o meio de 2007 pelo fundo de investimento Terra Firma. Ainda não se sabe se o passaralho inclui empregados brasileiros. A medida tem feito barulho, e uma série de artistas liderados por Robbie Williams (que nunca repetiu nos EUA o sucesso da Grã Bretanha) ameaça não lançar mais discos, o que seria uma espécie de greve inédita. Os meninos bonzinhos e preocupados com o mundo do Coldplay estariam nessa também…
Sob esta nova administração, a relação investimento/prazo de retorno financeiro toma novos contornos. Um choque de gestão no mercado da música vem sendo apontado como uma das soluções para o esquema tradicional há anos, mas ninguém está certo de que a administração vertical de cabeças do mercado financeiro seja o melhor para a música. Aliás, ninguém está certo de que tipo de cabeça é melhor para a música, o que também inclui os supostos grevistas no mundo de dúvidas.
De qualquer forma, o mês também foi o em que o Radiohead botou o disco da internet nas lojas, e deixou cada um interpretar o gesto como quiser… Chegou ao primeiro lugar nos dois maiores mercados do mundo, EUA e na Grã-Bretanha, na primeira semana de comercialização física. Para a divulgação do disco, a estratégia não foi esta ou aquela aparição em estações de TV, mas a organização das próprias apresentações no site da banda, e tudo veiculado pela Current TV – o canal independente do prêmio Nobel Al Gore, com programação toda feita por telespectadores. As expectativas da nova gravadora da banda para a primeira prensagem do In Rainbows superam o total de vendas do último disco do Radiohead pela gravadora antiga, justamente a EMI. Ou seja, não procure lógica onde não há.
Mas o Radiohead não adotou a internet sem restrições. Com a consciência ou não da banda, a editora Warner/Chappel mandou um recadinho direto ao DJ Oakland e ao produtor Amplive: nada de lançar de graça na rede o Rainydays Remixes – experiência dos dois em cima das dez faixas do disco do Radiohead – antes de conseguir legalmente todas as licenças necessárias. O produtor lançou um vídeo no YouTube explicando a situação, pedindo que o próprio Radiohead entrasse na negociação, e finalmente, que todos aqueles que já estavam trocando os arquivos vazados pela internet parassem com isso. De novo, cada um que interprete como quiser.
Finalmente, por aqui, o balanço de vendas de música pela Internet foram animadores, mas ainda indicam que o caminho é longo. Houve um crescimento de 185% no setor de Internet/celular, em 2007, mas a participação da música digital no bolo geral brasileiro ainda não chegou aos 10%. Era de 2%, passou para 8%. No mundo, o crescimento foi de 40%, mas a fatia do bolo é um pouco maior: 15%. Será que em 2008 a situação muda de figura?
CHAPPA.
Nova música. Novas oportunidades.
(A qualquer momento, mais novidades...)
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