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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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29.1.08

Show :: Humaitá Pra Peixe (25 e 26 de janeiro)

O último fim-de-semana do HPP começou com uma noite dedicada a artistas do selo Dubas. Não que isso tenha sido um critério, mas se não foi, era pelo menos uma indicação do que se propunha para aquele dia. A Dubas é uma gravadora carioca que flerta com aquilo que se convencionou rotular de MPB. Porém os dois artistas da noite chegavam com expectativas bem diferentes. Enquanto Oswaldo G. Pereira era um nome desconhecido para a maioria – me incluo nela -, o Fino Coletivo já trazia a banca de queridinho da cena local, depois de dois anos de muitos shows pela cidade e um acordo de distribuição do seu álbum de estréia pela Universal Music.

Fotos: Divulgação/Bernardo Mortimer

Pereira trouxe para o palco o repertório de dois discos, o segundo lançado com o patrocínio da Petrobras – empresa que, por sua vez, também patrocinava o evento. O rótulo MPB permite aos artistas que nele se encaixam um certo passeio por gêneros brasileiros. No som de Pereira, o samba de canção é a principal arma, apoiado por um violão de 7 cordas e um bom time de sopros. O repertório é irregular, assim como as próprias músicas em si. É possível ouvir passagens preciosas e risíveis numa mesma faixa. O show seguiu sem causar grande arrombo de deslumbre na platéia e o bis foi por contingência, mais do que por exigência.

O Fino Coletivo é a "bola da vez" no Rio. Misturando sambalanço, com funk e fórmulas pop, quem assiste ao show deles tem a sensação de que "essa banda vai!". Quase todas as músicas tem cara de hit sem serem bobas. Contudo, pra quem acompanhou a trajetória do Fino pelos pequenos palcos cariocas desde 2006, este não é o melhor momento da banda. Apesar de restarem três ótimos vocalistas, a ausência de Wado ainda é sentida. O registro mais alto do cantor faz falta nos coros e as músicas que eram cantadas por ele não têm o mesmo desempenho na voz de seus companheiros. Ao que parece, por toda a dimensão e expectativa que o trabalho tomou, eles parecem estar descobrindo agora qual vai ser do grupo, ao mesmo tempo que Momo e Alvinho Lancelotti já lançaram seus discos solos. A ausência do VJ Lucas Margutti no palco também foi outra perda. O Fino sempre incluiu o VJ como integrante da banda tal qual qualquer outro integrante e isso dava um charme particular aos shows. Dessa vez, ele ficou no distante aquário do segundo andar do teatro. As projeções estão mais bacanas, mais certeiras do que outrora e se destacaram em meio à mesmice que se viu no telão ao longo do festival. Além dos doze quase-hits que se ouvem no CD, algumas covers deram as caras como a boa versão de "Lycra Limão" de Lucas Santtana, já um clássico entre essa geração de músicos cariocas.

Fotos: Divulgação/Joca Vidal

No sábado, dois dos principais nomes do novo samba destruíram. Certamente Moyseis Marques e Diogo Nogueira são os mais carismáticos nomes desta turma. Moyseis samba cheio de malandragem, se arriscando num repertório próprio e com a confiança de quem sabe que se chegou até aqui roendo osso, na hora do filé mignon não tem segredo. Mesclando suas canções com as referências que a noite lhe deu, ele pôs o público no bolso, assinando a apresentação. Ainda desacostumados a apresentações como "artista", o cantor, viciado na rotina da noite, não pareceu se preocupar com o fato de todos os músicos entrarem de branco e ele de preto. Ou fez isso de propósito, entortando o que normalmente se vê. Nesse sentido, o resultado não foi bom visualmente. Mas isso é bem menor do que a failidade com que ele passeia , cheio de propriedade, por um repertório que vai de Jackson do Pandeiro, Gordurinha, Paulinho da Viola, Dona Ivone Lara, Chico Buarque, em diante. Sobretudo em Chico um destaque. Moyseis optou por "Subúrbio", uma canção do último trabalho do cantor, em vez de recorrer aos clássicos. A música, por sinal, dialoga diretamente com "Nomes de Favela", de Paulo César Pinheiro, que está no disco de Moyseis e também no seu Myspace.

Diogo Nogueira é o herdeiro que não precisou roer tanto osso assim pra já chegar no filézão. Ele subiu ao palco na seqüência entoando aquela que talvez seja a voz mais bonita dessa turma toda. Diogo não se esforça pra cantar. E, ao contrário de Moyséis que optou por um show com a sua marca, Diogo canta pra galera. É um hit atrás do outro, quase nada dele, muita coisa do pai João e de outros. O cantor não tem pudores nem vergonha de se associar ao nome do pai. Talvez não deva mesmo ter, mas poderia ter assinatura mais forte no show. Ele flerta com o popular com uma habilidade ímpar e fica fácil entender porque se tornou figurinha carimbada em tudo quanto é jornal e revista nesse verão carioca.

Musicalmente, a grande diferença entre os dois cantores da noite é a formação. Enquanto Moyseis traz a banda de músicos consagrados no chão da Lapa, com um requinte lírico mais afiado, Diogo vem das quadras, do samba de partido, de fundo de quintal, com uma percussão animal que transforma tudo em festa. São coisas complementares, que apontam para uma renovação madura do gênero. Ambos saíram de palcos ovacionados, com razão.

O último dia teve o encontro de Brasov e Canastra. Mas disso aí, falemos mais adiante.


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