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26.8.05

Coletivo Instituto

Bem, achei a Outracoisa do Instituto numa banca do Rio. Mais precisamente na rua Jardim Botânico, perto da rua Lopes Quintas, e eles só tinham a que eu levei. Terá sido a última?, a única?, aquela? Não sei. Consegui e pronto. E com ela levei a Bizz dos 100 melhores shows, como se isso fosse possível. E prudente.
Uma mentirinha mais, outra menos, não tenho dúvidas de que me divertirei na leitura.

Pois, o Instituto. Sou um fãzoca, portanto suspeito. Os ouvi pela primeira, lá no filme “O Invasor”. Achei aquilo bom. Não comprei o disco, pedi emprestado de uma ex-namoradinha e ouvi até quase furar, ou melhor, até ser intimidado a devolvê-lo. Nesse momento, já conhecia uma ou outra coisa do Rica Amabis, sabia que o Tejo estava envolvido na punkadona ‘Quem que cagüetou’, e Ganjaman eu acompanhei de perto no Planet Hemp (uma banda bem interessante que existiu no Rio da década passada, sabem?).
Pois, comprei o Coleção Nacional e fiquei boquiaberto com o sambista Sabotage, boquientreaberto com o sambista Rappin’ Hood, e de boca aberta mesmo com o B Negão (grande nome o desse cara), o Otto, o Zeroquatro, Los Sebosos Postizos, Daniel Bozio (do Sujeito a Guincho) e Maurício Takara (do Hurtmold). Na seqüência, ou ao mesmo tempo, a cronologia eu não sei mais, cheguei ao Bonsucesso Samba Clube, ‘Nação Zumbi’ (o disco), a trilha de Amarelo Manga e Cidadão Instigado.
Pois, de acordo com a parte que não falha da memória, só falta o Mauritsstadt Dub (do Candeeiro de Pupillo), o Mamelo Sound System, a quem devo uma segunda chance, o solo do Sabotage eu ouvi o do meu irmão, e a trilha de Narradores de Javé. Ah, nesse meio tempo, rolou também o disco do Rica, ‘Sambadelic’.

Pois, a revista do Lobão lançou na última edição um disco feito todo ele pelo coletivo Instituto, que vem a ser não uma banda, não um projeto, mas um coletivo. E um coletivo vem a ser, no caso, três produtores/engenheiros de som e um designer que configuram as músicas de artistas escolhidos, para quem também trabalham como banda ou produtores. A idéia, dentre tantas, é formar uma galera para atuar profissionalmente, mas sem vínculos, em trabalhos diversos de quem se oferecer com um projeto, em combinações aleatórias adequadamente juntadas. Sendo o Instituto, portanto, Daniel Ganjaman, Tejo, Rica Amabis e o designer Rodrigo Silveira. Eu já tinha dito isso?
Pois. Assim, explicando caoticamente a confusão por um exemplo-fato, Otto é convidado para uma música no disco do Instituto, e convida Ganjaman para tocar no MTV Apresenta dele. E convida também Fernando Catatau, que só está no disco do Instituto da Outracoisa, e que teve o disco ‘O Ciclo da Dê Cadência’ do Cidadão Instigado (a banda de um homem só de Catatau) lançado pelo selo Instituto.
Pois, Instituto também, e agora principalmente, é um selo. E lança discos. Parece complicado, mas quem é carioca pode pensar na Orquestra Imperial, que é lá aquela orquestra bacana, mas é também um ponto de encontro para o projeto +2, para o Monoaural e o Artificial, para Thalma de Freitas e Nina Becker, para a banda de Rubinho Jacobina, para o Los Hermanos, etc. Só que a Orquestra não lança disco. Os participantes se reorganizam em shuffle como se tudo não passasse de listas de friends no Orkut da música boa brasileira.
Pois, se faltarem exemplos, posso falar de mangue bit, hemp family, ou até J.T Meirelles e os Copa 5, como sugeriu a revista do cd assunto desse texto (texto?). Um cara faz uma coisa em um disco, outra em outro, e lança o dele com elementos humanos instrumentais que passaram pelas primeiras fases da frase.
Pois, quando se vê, as mesmas figuras estão dando em lugares repetidos diferentes, e isso é o que o Instituto chama de coletivo. É ou não é bom?
Pois, isso não impede, é claro, que um friend se add no coletivo alheio, e assim o... vamos dizer, B Negão, a princípio do Instituto, pule de convidado no show da Orquestra, tendo saído da hemp family lá na década passada. E a trilha de Amarelo Manga é uma das provas disso. Já dei outras por aí, estou me cansando de me repetir.

Pois, tudo isso primeiro pra louvar o selo Instituto, que é o primeiro não-artista-ou-banda independente a se lançar pela Outracoisa. É um selo, e lançou versões inéditas de músicas que já existiam em discos deles mesmos. O trabalho permite uma avaliação de um parâmetro para um bom produtor (ou três em coletivo): com personalidade própria forte, mas nunca sobreposta ao trabalho do artista. Cada música é sem dúvida uma produção Instituto, mas essencialmente uma composição e interpretação do Mamelo, Sabotage, Lúcio Maia e Jorge Du Peixe ou Flu.
E pois, segundo, é pra dizer que a divisão que existe no rap brasileiro entre carioca e paulista, sendo um o engraçado/sambeiro/malandro e o outro o sério/oldschool/social, é uma mentirinha que te contaram e você caiu. O fato de o Instituto ser sediado em São Paulo naturalmente o enche de parceiros paulistas. E, por mais engraçado, o Instituto acaba por levar ao conhecimento do Rio, principalmente, rappers de São Paulo muito distantes da estética Racionais, da qual meio que só os próprios acabavam se salvando da repetição. (Isso fora o fato de que o Rio está cheio de engajado chato fazendo rap, e que fora Rio e São Paulo há muito rap por aí, mas aí o texto (texto?) vai ficar muito maior e enfadonho do que está, e ninguém quer isso, não é mesmo?).

Pois, dito isso, faça o favor de ouvir ‘Selo Instituto na Coleta Seletiva’, percebam a ironia: Coleta Seletiva -> Cole letiva -> Coletiva -> Coletivo. É só achar em uma banca.

Ps.: Inevitável recomendar globalmente o futuro que já começou: Turbo Trio (B Negão + Tejo + Basa) e Três na Massa (Rica Amabis + Dengue + Pupillo). Prestem atenção, tem o selo Instituto de qualidade.



Nada a ver (1)

Já que eu falei da mentirinha dos melhores shows da Bizz que eu comprei, porque sou viciado em listas injustas e discutíveis, vou botar aqui os quatro que me vieram à cabeça como inesquecíveis: REM no Rock in Rio 3, Instituto no Humaitá pra Peixe, Jorge Benjor no Espaço Baden Powell quando ele era Sesc Nossa Senhora de Copacabana e Nação Zumbi na Lona de Realengo. Se eu pensar mais, lembro mais.



Nada a ver (2)

Perdoem o trocadilho do “ps” aí de cima, eu jurei que ia fazer um texto inteiro sem a forma mais baixa de humor, mas não cumpri o juramento. Selo Instituto de qualidade.... que sem-graça....
E outracoisa (hehe, abriu a porteira), não achei jpeg da capa do 'Coleta Seletiva', sinto muito.

1 Opine:

At 14:38, Anonymous Anônimo said...

A quem interessar possa, achei um exemplar da tal revista na banca que fica na esquina da Anibal de Mendonça com Barao da Torre. Quando passei lá, estava sem dinheiro, por tanto não comprei o que pode ser o último exemplar de lá. Só tinha 10 reau e a revistacd era 13noventa. Vejam como sou bonzinho, tô dando dica pra malandro me passar a perna.. Beleza, mas a causa vale. Ah! Se alguem se animar, lá ainda tem as revistascds do Arnaldo Batista e do Skylab. Do Skylab eu achei fraco. A do Arnaldo nao ouvi, mas a produção é do John, do Pato Fu. Isso promete.

 

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