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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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29.1.06

A importância dos singles

Comprei o single de "Do you want to" do Franz Ferdinand. A música já está estouradíssima e é uma das melhores composições do rock neste século, pelo menos até agora. Não, não sou fã incondicional da banda, apesar de curtir bastante o trabalho deles. O fato é que uma visita rápida a uma megastore dessas de shopping na tarde de ontem me colocou a frente com o produto de 4 músicas a R$9,90. Numa espécie de deja vu, tive a sensação de voltar aos tempos (1997, 1998) em que a equiparação do real com o dólar me fazia comprar singles em sites americanos como hoje eu compro cd's usados em sebos. Ontem, por aquele preço, eu podia comprar, de novo, um single atual, da música do momento, e ouvir mais três faixas do que aquela banda que eu curto está fazendo agora, sem cheiro de naftalina.

O disco saiu pela Trama, que é a distribuidora dos caras no Brasil. Esse é um caminho que o mercado deveria estar mais atento, principalmente na hora de tentar promover uma renovação do cenário musical brasileiro. No caso do rock e de toda a música pop, principalmente. Até a década de 80, era comum as bandas lançarem os compactos-duplos e simples antes de terem um álbum inteiro posto ao crivo popular de consumo. Quem chegou ao mercado na década de 90 não teve essa chance. O formato morreu no Brasil com o advento do CD como mídia. Virou apenas material de divulgação enviado paras as emissoras de rádio. A razão disso não é muito clara, já que no resto do mundo os singles nunca foram abandonados e nem tão pouco tiveram dificuldades para sobreviver pelas próprias pernas.

Para quem começou a consumir música mais intensamente na década de 90, a existência dos chamados 'compactos-simples' ou 'compactos-duplos' era uma espécie de lenda. Eu, por exemplo, não sei qual é a exata diferença entre eles. Imagino que um tenha o dobro de alguma coisa que o outro, certo?

Foi na época da cotação baixa do dólar que minha geração começou a se relacionar com os 'singles importados'. Tempos idos de 1995-1998. Era muito fácil ter acesso a todos os singles do Oasis, por exemplo, e conhecer os lados b's sensacionais que a banda lançava. Muitas vezes eram até melhores do que o próprio álbum. Lembro-me que cheguei até a ver encarte de publicidade da Mesbla ou das Lojas Americanas anunciando a venda de single do Oasis (no caso, era o de "Don't look back in anger", que até hoje não tenho e me culpo por não ter comprado naquela ocasião por R$5,90. É um dos que falta na minha coleção).

Ter encontrado este single nacional (sim, ele foi produzido na Zona Franca de Manaus), por um preço acessível, foi um sopro de nostalgia pessoal e incompreensão do porquê de as gravadoras nacionais não voltam a fazer mão deste expediente. Produziria-se discos mais baratos, diminuiria o peso do sucesso obrigatório imediato e avassalador que cai sobre os ombros de todas as bandas novas, e, conseqüentemente, se daria chance a mais gente. Quanto mais 'tiros' a gravadora der, mais chance ela vai ter de acertar no seu alvo: a figura abstrata do 'mercado'. Seria tão bom pra todo mundo... Difícil entender porque essas coisas não são levadas adiante.


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