A importância dos singles

O disco saiu pela Trama, que é a distribuidora dos caras no Brasil. Esse é um caminho que o mercado deveria estar mais atento, principalmente na hora de tentar promover uma renovação do cenário musical brasileiro. No caso do rock e de toda a música pop, principalmente. Até a década de 80, era comum as bandas lançarem os compactos-duplos e simples antes de terem um álbum inteiro posto ao crivo popular de consumo. Quem chegou ao mercado na década de 90 não teve essa chance. O formato morreu no Brasil com o advento do CD como mídia. Virou apenas material de divulgação enviado paras as emissoras de rádio. A razão disso não é muito clara, já que no resto do mundo os singles nunca foram abandonados e nem tão pouco tiveram dificuldades para sobreviver pelas próprias pernas.
Para quem começou a consumir música mais intensamente na década de 90, a existência dos chamados 'compactos-simples' ou 'compactos-duplos' era uma espécie de lenda. Eu, por exemplo, não sei qual é a exata diferença entre eles. Imagino que um tenha o dobro de alguma coisa que o outro, certo?
Foi na época da cotação baixa do dólar que minha geração começou a se relacionar com os 'singles importados'. Tempos idos de 1995-1998. Era muito fácil ter acesso a todos os singles do Oasis, por exemplo, e conhecer os lados b's sensacionais que a banda lançava. Muitas vezes eram até melhores do que o próprio álbum. Lembro-me que cheguei até a ver encarte de publicidade da Mesbla ou das Lojas Americanas anunciando a venda de single do Oasis (no caso, era o de "Don't look back in anger", que até hoje não tenho e me culpo por não ter comprado naquela ocasião por R$5,90. É um dos que falta na minha coleção).
Ter encontrado este single nacional (sim, ele foi produzido na Zona Franca de Manaus), por um preço acessível, foi um sopro de nostalgia pessoal e incompreensão do porquê de as gravadoras nacionais não voltam a fazer mão deste expediente. Produziria-se discos mais baratos, diminuiria o peso do sucesso obrigatório imediato e avassalador que cai sobre os ombros de todas as bandas novas, e, conseqüentemente, se daria chance a mais gente. Quanto mais 'tiros' a gravadora der, mais chance ela vai ter de acertar no seu alvo: a figura abstrata do 'mercado'. Seria tão bom pra todo mundo... Difícil entender porque essas coisas não são levadas adiante.
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