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12.4.06

Crítica: Eskimo, EP

À sombra de sua própria estrela

Tem aquele papo, né, de que que bons vocais são fundamentais para qualquer banda. É comum se escutar por aí que "a voz é a primeira coisa em que se presta atenção". Ok. Mas no caso do Eskimo, a lógica se inverte a partir do momento em que se sabe que Eskimo é também o nome da "nova banda do Patrick Laplan".

O talento dele como instrumentista é inegável, goste-se ou não de seu estilo agressivo. Desde suas primeiras aparições públicas, conduzindo o baixo do Los Hermanos, ele já roubava os holofotes. Sempre foi um head-liner, sem o ser de fato. Tanto é que nunca encontrou qual era exatamente o seu espaço nas bandas por que passou; o faz agora, com o lançamento do primeiro trabalho do Eskimo: um EP, com quatro faixas. A banda, na verdade, é um duo, formado por Laplan e Henrique Zumpichiatti. O primeiro cuida de toda a parte instrumental, o segundo das vozes.

Quem acompanhou com interesse o trabalho desenvolvido pelo baixista (que, na verdade, é um grande multi-instrumentista, estilo Lenny Kravitz, Prince...) - seja no Los Hermanos, no Rodox, no Biquini Cavadão ou no Trêmula - reconhece sua assinatura nas bases instrumentais de todas as faixas, somado ao fato de agora ser também compositor e produtor. As letras de Laplan já apresentam alguns bons momentos, mas ainda estão aquém do seu trabalho como músico - não indo aqui nenhum desestímulo, muito pelo contrário.

Nas quatro faixas do primeiro EP da banda, vários caminhos bacanas se apresentam e se perdem. Isso porque há claramente um conceito de fragmentação, de recorte na construção das músicas. Uma coisa que aparece no próprio release do grupo, que faz referências a "Tim Burton" e "mudanças de clima bruscas". E climas é uma parada que não falta nesse EP. São muitos e diversos, com passagens secas, duras, ásperas. Para quem curtiu/curte as bandas pelas quais Patrick passou, vale a pena ouvir. Todas elas estão neste EP. É um trabalho estreitamente identificado com o baixista, daqueles que se ouve e não ficam dúvidas sobre quem é que está ali. É o Patrick! Isso seria um grande mérito se fosse um trabalho autoral e personalista, mas dá margens a questionamentos quando é assinado sob a alcunha de uma banda. O tempo irá dizer e Patrick deve tomar cuidado para não fazer no Eskimo as mesmas coisas das quais foi vítima em suas outras bandas.

O ponto fraco está nos vocais de Henrique Zumpichiatti (ex-Infierno). A voz parece deslocada em vários momentos, perdidas em tons muito baixos, doce demais, dando um quê chato de emo bobo, de Ramirez, que definitivamente não é adequado ao rebuscamento instrumental. Essa diferença faz com que o trabalho ainda soe mais como um disco do Patrick Laplan do que de uma banda propriamente. Um trabalho que tem força para dar certo, mas ainda não se apresenta por inteiro neste EP. Nem é essa a intenção, mas isso o próprio Patrick vai explicar daqui a uns dias, numa entrevista bacana...

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http://www.eskimosounds.com


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