Música a granel
Ontem eu fui na casa do Jonas Sá e ele passou quase 3000 músicas para o meu Ipod, das quais mais da metade eu não sei do que se trata.
Alguém tem idéia do que são 3000 músicas para uma pessoa te passar do tipo 'ah, ouve isso aê'? Alguém imagina isso tudo ser passado por alguém para outro alguém em meras duas horas? Inevitável lembrar de 1995, quando pela primeira vez um amigo meu ganhou um cd player próprio. Foi uma festa no prédio. Lembro de comprar fitas da Basf, de preferência as cromadas que supostamente duravam mais que as de ferro, e lhe entregar para que copiasse alguns de seus cds para mim. Lembro de uma fita em que ele fez sua seleção entre Cidade Negra e Skank. Ouvi até dizer chega. E até hoje, no meu inconsciente, quando ouço alguma música do Calango ou do Sobre todas as forças, inevitavelmente minha cabeça emenda um Jackie Tequila em um Pensamento.
Mas ontem eu peguei 3000 músicas e isso me assustou. Lógico que eu já conheço muito mais do que isso, mas sei lá... Foi gradativo, uma-a-uma. Serei eu, será qualquer ser humano capaz de digerir tanto? O que é excessivo? Com quantas dessas eu vou criar essa relação, desenvolvida em meados da década de 1990?
Tudo bem, não há necessidade de que se crie relações afetivas com todas as músicas, em todas as fases da sua vida. Mas isso tudo me assusta. E eu ainda não sei se receber 3000 músicas de presente é fodão ou se é caído.
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De qualquer forma, obrigado Jonas, obrigado Lelê! Poucos bons corações têm tanta boa vontade como vocês tiveram ontem à tarde. Além do que, o material que vocês me forneceram foi tão significativo e tão promissor de render textos para este site, que estou pensando em colocar um banner com a cara de vocês, como forma de retribuir o "patrocínio".
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Banner ainda não tenho como colocar. Mas desde já, fica aí o link do trabalho do Jonas Sá.
posted by Bruno Maia @ 10:18
2 Opine:
Bruno,
Um dia desses comprei um DVD do Pixies. Trabalho em jornal, faço especialização, namoro e tenho família, ainda que more com meus pais...
Fiquei inquieto de pensar que, ao contrário dos meus 14, 15 anos, hoje mal tenho tempo para ver o DVD na íntegra somente uma vez. Recebo CDs de bandas independentes sempre, algumas não ouço com a atenção devida por falta de espaço no dia a dia. Nenhuma brecha sequer.
Eu não acho, mas tenho sim certeza que ninguém é super dotado o bastante para assimilar tanta coisa. O consumo não provoca aprendizado, vejo eu. E o tempo não permite mais o olhar contemplativo.
Andei conversando com uma fonte nesses dias: um sociólogo, de quase 40 anos, acha que a geração dos 20 e poucos para baixo (na qual me incluo) cai numa tendência de não ter mais o domínio de uma discografia, das minúcias da trajetória de uma banda. É tudo sazonal e a quantidade de informação que é posta em apreciação é indigesta, ninguém tem condições de assimilar 3000 músicas assim.
Não sei, a geração mp3 tem suas vantagens. Mas a música descia mais "redonda" antigamente.
Valeu,
Felipe
Grande Felipe,
Arrebentando nos comentários aqui e no Overmundo!
Cara, concordo com você, mas acho meio perigoso esse tipo de juízo geracional pois isso sempre acaba no "antigamente era melhor"... Há um caminho novo e ele deve ser bacana. Falta (a mim) aprender como eu posso dialogar com ele...
Grande abraço!
BM
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