Show: Flu na Sala Sidney Miller
No Mundo do Flu
Flu entrou no palco da sala Sidney Miller, no Centro do Rio, ao lado de Marcelo Callado (baterista do Canastra), Benjão (guitarrista do Nervoso) e Marcelo Fruet (parceiro e gaúcho). Um celular toca com o hino do Flamengo, todos se olham, o auto-falante tinha acabado de pedir para que fossem desligados. Os quatro começam a se desculpar: “não sou eu, meu time não é esse”. Sem muita pressa ou preocupação, ajeitam-se, e começa o show, com uma música instrumental climática, com a voz repetindo um alauilarauê em diferentes inflexões, meio Rush, mas nem tanto pirofágico: Flutune.
Quem canta é Flu, ex-baixista do DeFalla e trilheiro de metade dos curtas de Porto Alegre. Ao fim da música, se apresenta já antecipando a piada, e aproveitando o gancho: “eu sou o Flu, mas é apelido, até porque eu sou do Internacional de Porto Alegre. Do Fluminense é ele aqui”. Ele aqui é o Benjão, que dali a pouco assumiria o baixo passando a bola da guitarra. Eu penso em incentivar o irmão tricolor, mas a sala escura é formal demais, me inibe.
No palco, um pouco pela visível falta de ensaios (que não compromete - os músicos são bons; só sugere como poderia ser outra coisa), outro tanto pela seriedade do espaço de cadeiras de teatro, mais ou menos 20% ocupadas às 19 horas de uma quinta de Copa do Mundo, os quatro compensam a frieza com informalidade. Marcelo Fruet faz solos de Van Halen ou levadas brasileiras e dispara bases eletrônicas gravadas em um Ipod ligado a uma Direct Box, um pouco como o Djangos também faz. Só para citar um. Um expediente que fica mais acessível e prático do que há um tempo, quando era feito via md. A onda é ótima, dar peso e diferentes timbres a uma apresentação com formação simples.
Entre faixas instrumentais e outras com letras do mundo ordinário, de um gato preguiçoso (Enxão Xá) a um “Vou cantando, vou dançando para brincar”, Flu transporta para um mundo lúdico, como diria uma frase de “Memórias de Super-8”, onde a música não é um show de moda. Com a sempre interessante presença da eletrônica, ora com cara de música de video game, ora não. Da praia para o metrô. Em uma mesma canção, a banda pode ser psicodélica e romântica quase brega, em levadas mais ou menos roqueiras, mais ou menos grooveadas.
Não é à toa que as duas covers apresentadas são dos Mutantes e uma Lovin’ You que eu não peguei de quem era, em algum lugar dos anos 70.
Flu pára e conta uma ou outra história sobre as músicas, antes de esperar que todos se ajeitem e tudo flua de novo. Sem trocadilho. No que vai chegando o fim da apresentação, vem a única letra própria que gravou, sobre dança e diversão, e emenda com Rei do Mundo, um funk triste de Tonho Crocco, do Ultramen, que cita Tom Jobim, A Felicidade. Daí para uma gauchesca de refrão “não amo você”, e o fim com um pedido por liberdade calminho, Freedom.
O bis, improvisado, foi uma versão cool, como tudo o mais, do clássico Eu Bebo Sim, com solos de ruídos de Benjão e de notas longas e bends de Fruet. Tava bom para o dia.
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