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Bernardo Mortimer
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30.9.06

Internet: My Space

O Que Será do Meu Espaço?



      O engraçado de tudo que está mudando ao redor é que a perplexidade não tem nem tempo de se instalar. Há dias rolou um post aí embaixo - não vou linkar, é só apertar a setinha do canto de baixo à direita do monitor - sobre uns discos que provocavam certa ansiedade. Enquanto a listinha de 5 que sim e 5 que não nascia, o pensamento ficava no disco do Beck, a principal razão para a pressa. Outra relação, interatividade, a urgência de se enterrar o modelo que não dá mais certo mesmo.
      Sabia que a indústria do videogame já fatura mais que a do cinema?
      O disco tinha vazado, daí a pouco já estaria velho, não seria mais lançamento, essas paranóias de jornalista blogado. Ao mesmo tempo, o senso de separar o que é notícia do hype, do caô, da histeria, apitava. E mais, a crise existencial: ainda vale falar de disco?

      Essa semana, em poucas horas livres, rolou um passeio pelo mundo livre do myspace. Até vi gente como Céu, the Slackers, the Rapture, Artificial, 2manydjs, etc. Mas a viagem durou mais em ouvir umas ondas tipo o Maquinado ou o Autônomo (dica de Mariana Vitarelli, aliás), projetos-solo paralelos de Lúcio Maia e Jorge Dü Peixe do Nação Zumbi. E Ganjaman da Trama, e Albert Hammond Jr do Strokes (legal, é com o Sean Lennon), e Nick McCarthy do Franz Ferdinand (mais ou menos), e João Brasil (Supercool é melhor que Baranga), e Guizado de Rian Batista, Gui Mendonça, Curumim e Régis Damasceno (Compadres é a melhor das disponíveis), e ainda Abujamra (já reparou que tem uns metais do Karnak que levam direto a Móveis Coloniais?).

      Ou seja, tá fácil chegar direto no músico, que gravou ali uma idéia sem compromisso e botou no ar pra ver qual é. E, mais do que isso, a relação está diretamente ligada à canção. Esses músicos todos não gravaram o que tá ali disponível (nem sempre para download, mas para streaming) como parte de uma concepção que vai marcar determinado momento na carreira deles, etc. É uma música, e pronto, de repente só um estudo. O álbum deixa de ser um conceito a se pensar, e passa a nem ser. É o que os ventos levam a crer.
      O mais legal é que, ao contrário do que poderia se concluir, a estrada não conduz a um novo mundo jamais desbravado onde o chão em que se pisa pode se desmanchar e engolir os pés, pernas, e assim por diante.
      No início do século passado, era assim. A tecnologia só permitia gravar uma música de cada lado de um vinil. A relação com a música era essa, gostou da canção, comprou, e leva o lado b de brinde. Era o tempo de Robert Johnson, para ficar só em um.

      Robert Johnson nasceu na virada para a década de 10, no Mississipi, e vendeu a alma para o diabo em uma encruzilhada. Em troca, o dom da voz e da guitarra para o blues. Gravou vinte e nove músicas na vida, nenhuma preocupada em ser coerente com um período determinado da vida dele, com uma imagem forte para a capa e um título para resumir aquele estado de espírito, de criação. Cada uma lançada só, individualmente, para o gosto do freguês. Aliás, certo Bob Marley começou assim também, no iniciozinho de 60, nos arredores de Trench Town. My Space, tramavirtual, escolhe neguinho. Para achar o cara, o jeito era os googles e as redes de relacionamento da época, tudo real da maneira que o século permitia.
      Ao que parece, tudo caminha para uma relação com a música que tem referência com os anos 20 e 30, com a evidente diferença da internet. Gostar do trabalho de alguém pode estar muito próximo dos negros pobres do Sul dos EUA (Jamaica de 50 e 60 também), que iam beber bourbon em bailes para dançar e encontrar a nêga cara metade, e a partir disso se encantavam com uma canção em específico. Daí, corriam atrás do compacto. Hoje, seria o mp3. De resto, nêgas, bourbons e bailes ainda estão por aí, assim como a música.

      A questão é se tudo isso melhora as coisas. Melhora?

3 Opine:

At 23:52, Blogger André Monnerat said...

Nada é preto e branco, né? Pra algumas coisas melhora, pra outras piora. Presumo eu, não sei. E melhora ou piora pra quem, aliás?

Vou botar Robert Johnson pra ouvir agora.

 
At 19:43, Anonymous Anônimo said...

Acho muito legal esse novo espaço para os artistas poderem divulgar o trabalho! Não acredito mais em CD! Por que as pessoas tem que se prender a 12 músicas? Viva a internet! Obrigado pelo destaque! Parabéns pelo Blog!

Abraço,

João Brasil.

 
At 13:27, Anonymous Anônimo said...

o daniel ganjaman não é da trama... ele faz uma coisas sozinho ou com o coletivo "[selo] instituto".

 

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