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2.7.07

Fim do Escravos da Mauá

Nota de Despedida



       O bloco Escravos da Mauá não deve voltar a ensaiar no Largo da Prainha, onde faria quinze anos em 2008. A próxima apresentação seria no dia 20, uma festa no meio do Pan, e não vai rolar porque a cidade não consegue harmonizar-se para a prática de uma festa popular no Centro, de graça, aberta a todos, com um samba livre, alegre e afastado de esquemas de contravenção.
       Me recuso a ser aqui o Arnaldo Jabor ou a Cora Rónai. Não vou convencer ninguém com indignação barata. A história é só que há duas sextas, dois incidentes no fim da festa - que tinha contado até com a presença de Beth Carvalho - fizeram os organizadores reverem a responsabilidade que assumem perante a subprefeitura da região. Não vão mais assinar um termo pela segurança de duas mil pessoas, em média, uma noite de sexta por mês. Ainda mais sem polícia, sem Saúde, e sem espírito coletivo disponíveis. O pé do Morro da Conceição, onde João da Bahiana contribuiu para esse papo de samba, vai voltar à sorte das praças vazias e abandonadas. O Trapiche da Gamboa, ali pertinho, fica ainda mais isolado.
       Para mim, que conheci a região há uns cinco anos, participando de um documentário justamente com esse tema, é uma despedida. E, como torcedor da cidade, uma tristeza. Era o melhor bloco de carnaval, esse que saía toda quinta-feira antes da festa, pela Avenida Rio Branco, por entre ônibus e passageiros sorridentes, e prédios imensos de janelas apagadas. A cidade engravatada na folia fica assim mais um pouco abandonada.
       Não to mais falando de poder público. To falando só da dificuldade de mobilização por um bem comum dos cariocas: a própria história, a própria música, e um pouco dos próprios encontros. Afinal, ali não era lugar de resgate, de comunidade a ou b, de juventude redescobrindo o samba. Era só lugar de festa popular.
       Não será mais.
       Fiquei sabendo do fim na sexta, no sábado saiu na coluna do Ancelmo, antes já tinha rodado na lista de emails do grupo. Pois bem, é isso. Que eu esteja errado, mas aquele pedaço do Rio de Janeiro foi afastado de um pouco de todos os cariocas.


LUA DO POVO
(Carnaval 2003: meu preferido)

Autor: Velha Guarda dos Escravos da Mauá
Canta: Claudia Baldarelli


Se ouviu no céu
E ecoou
A voz do povo
Pelas ruas do Brasil
(quem sonhou pode acordar ...)

Tiro o chapéu
Toco o tambor
Meu carnaval será o maior
Que já se viu

Com (a) alma liberta
Eu viro Escravo
Escravo da Mauá

De braços abertos
P'ros grandes bambas
P'ro samba que chegar

Ai, tem dó,
Quem te disse que não dá ...
(prá ser feliz ...)
(A) esperança de viver melhor
(A) alegria de abraçar
Um grande amor

2 Opine:

At 01:06, Anonymous Anônimo said...

pois é...os crimes culturais são, em sua maioria, institucionalizados e neste aspecto a prefeitura do Rio dispara em número e grau; Porra...como é que pode-se deixar acabar um dos mais populares eventos da cidade por falta de apoio?
Pode-se? Escrevi certo? Mas esta cidade tem dono, não tem? Então é: fode-se o povo - os donos da cidade não estão nem aí!
lamentável...

 
At 14:08, Anonymous Anônimo said...

haha nozes

 

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