Rolling Stone :: Paralamas e Titãs
Matéria sobre o encontro de duas das maiores bandas brasileiras, celebrando 25 anos de carreira. Paralamas e Titãs começaram neste último fim de semana uma turnê por todo o país e esta foi a matéria que tornou pública a informação. Publicada na Rolling Stone de setembro/2007, com alguns cortes e alterações em relação ao texto original, que pode ser lido abaixo. Vale frisar que de lá para cá, algumas coisas mudaram no cronograma e, por exemplo, o show de Salvador ainda não aconteceu. Como já estamos na edição de outubro, publico o texto aqui.
Bodas de prata no rock nacional
Paralamas e Titãs voltam a excursionar junto depois de 8 anos (POR BRUNO MAIA)
Era 1999. Depois de passarem por vacas magras no início dos anos 90, as duas bandas se recuperaram no meio daquela década e viviam um auge de popularidade. Foi quando fizeram a turnê “Sempre Livre Mix”, com a qual viajaram e tocaram juntos por todo o país. Mal sabiam que o tal “auge” era a ante-sala da crise que o Napster estava instalando em toda a indústria musical naquele mesmo instante. Oito anos e muito menos discos vendidos depois, os grupos voltam a excursionar juntos, na turnê 25 anos de rock. “Quando acabou o Sempre Livre Mix, a gente queria continuar”, lembra João Barone, baterista dos Paralamas. Sérgio Britto, tecladista dos Titãs, completa: “Nos reencontramos no início desse ano e a vontade reapareceu. Conversamos com o José Fortes (empresário dos Paralamas) e jogamos a idéia. Meses depois, ele nos ligou e disse que estava viabilizando o projeto”.
A primeira vez que Paralamas e Titãs dividiram o palco foi no Hollywood Rock de 1992, quando se tornaram os primeiros artistas brasileiros a fechar uma noite daquele que era o maior festival do país. Mais do que completarem 25 anos de vida em 2007, as semelhanças entre a carreira das duas bandas se estende: ambas não eram levadas a sério nos primeiros anos; no terceiro disco, fizeram seus dois maiores álbuns (“Selvagem?” e “Cabeça Dinossauro”); despencaram no limbo a que o plano Collor condenou à cultura brasileira; voltaram com força em meados dos anos 90 e perderam público na atual década. Além disso, algumas turbulências marcam as duas trajetórias. Em 1999, Herbert ainda não havia sofrido o acidente de ultraleve que quase lhe tirou a vida, Marcelo Frommer estava vivo e Nando Reis ainda cantava “Marvin” nos shows dos Titãs. “Agora é outro momento. Nós vamos recuperar o que funcionou melhor e avançarmos para coisas novas”, diz Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas. “A intenção não é ter apenas um set de uma banda, depois a outra, e no fim tocarmos algo juntos. Dessa vez, vamos nos misturar mais: dois de uma banda com três de outra, depois mudar os integrantes, eventualmente tocarmos todos juntos...” prevê Britto, antes de ponderar: “Mas tudo se concretizou há pouco tempo, ainda não ensaiamos”.
Nos oito anos que separam este encontro de sua encarnação anterior, a mudança da indústria da música afetou profundamente as duas bandas. A crise e as alterações que os grupos viveram os afastaram de uma parcela do público. “Especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, nós não temos mais a mesma força com os jovens, mas isso é algo que não acontece no resto do país”, avalia Bi Ribeiro. “Nós somos privilegiados porque ainda estamos em cima de um foguete que ascendeu nos anos 80. Pra quem está começando hoje é muito mais difícil”, diz Barone. Se em 1999 as bandas foram chamadas por uma grande empresa, desta vez as coisas foram muito mais difíceis. “Agora ninguém nos convidou, foi uma iniciativa própria”, confirma José Fortes. “Precisávamos correr atrás de um captador, porque hoje está tudo muito mais complicado. Resumidamente, o problema é grana. Não dava para fazer isso de peito aberto”, diz o empresário. A turnê só foi viabilizada porque conseguiu o patrocínio de um canal de TV por assinatura.
As apresentações começam em outubro, em Salvador e Belo Horizonte. Depois seguem para São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e mais uma capital a ser escolhida. Será apenas uma noite em cada cidade e nenhuma das bandas interromperá a própria rotina de shows em função do projeto. A turnê 25 anos de rock chega à estrada dois anos depois do boom do revival dos anos 80, que valorizava sobretudo a cultura trash daquela década. “Não pensamos em responder a isso, mas talvez o nosso encontro sirva para completar um sentido para quem quer saber o que foram aqueles tempos”, avalia Britto.
Paralamas e Titãs voltam a excursionar junto depois de 8 anos (POR BRUNO MAIA)
Era 1999. Depois de passarem por vacas magras no início dos anos 90, as duas bandas se recuperaram no meio daquela década e viviam um auge de popularidade. Foi quando fizeram a turnê “Sempre Livre Mix”, com a qual viajaram e tocaram juntos por todo o país. Mal sabiam que o tal “auge” era a ante-sala da crise que o Napster estava instalando em toda a indústria musical naquele mesmo instante. Oito anos e muito menos discos vendidos depois, os grupos voltam a excursionar juntos, na turnê 25 anos de rock. “Quando acabou o Sempre Livre Mix, a gente queria continuar”, lembra João Barone, baterista dos Paralamas. Sérgio Britto, tecladista dos Titãs, completa: “Nos reencontramos no início desse ano e a vontade reapareceu. Conversamos com o José Fortes (empresário dos Paralamas) e jogamos a idéia. Meses depois, ele nos ligou e disse que estava viabilizando o projeto”.
A primeira vez que Paralamas e Titãs dividiram o palco foi no Hollywood Rock de 1992, quando se tornaram os primeiros artistas brasileiros a fechar uma noite daquele que era o maior festival do país. Mais do que completarem 25 anos de vida em 2007, as semelhanças entre a carreira das duas bandas se estende: ambas não eram levadas a sério nos primeiros anos; no terceiro disco, fizeram seus dois maiores álbuns (“Selvagem?” e “Cabeça Dinossauro”); despencaram no limbo a que o plano Collor condenou à cultura brasileira; voltaram com força em meados dos anos 90 e perderam público na atual década. Além disso, algumas turbulências marcam as duas trajetórias. Em 1999, Herbert ainda não havia sofrido o acidente de ultraleve que quase lhe tirou a vida, Marcelo Frommer estava vivo e Nando Reis ainda cantava “Marvin” nos shows dos Titãs. “Agora é outro momento. Nós vamos recuperar o que funcionou melhor e avançarmos para coisas novas”, diz Bi Ribeiro, baixista dos Paralamas. “A intenção não é ter apenas um set de uma banda, depois a outra, e no fim tocarmos algo juntos. Dessa vez, vamos nos misturar mais: dois de uma banda com três de outra, depois mudar os integrantes, eventualmente tocarmos todos juntos...” prevê Britto, antes de ponderar: “Mas tudo se concretizou há pouco tempo, ainda não ensaiamos”.
Nos oito anos que separam este encontro de sua encarnação anterior, a mudança da indústria da música afetou profundamente as duas bandas. A crise e as alterações que os grupos viveram os afastaram de uma parcela do público. “Especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, nós não temos mais a mesma força com os jovens, mas isso é algo que não acontece no resto do país”, avalia Bi Ribeiro. “Nós somos privilegiados porque ainda estamos em cima de um foguete que ascendeu nos anos 80. Pra quem está começando hoje é muito mais difícil”, diz Barone. Se em 1999 as bandas foram chamadas por uma grande empresa, desta vez as coisas foram muito mais difíceis. “Agora ninguém nos convidou, foi uma iniciativa própria”, confirma José Fortes. “Precisávamos correr atrás de um captador, porque hoje está tudo muito mais complicado. Resumidamente, o problema é grana. Não dava para fazer isso de peito aberto”, diz o empresário. A turnê só foi viabilizada porque conseguiu o patrocínio de um canal de TV por assinatura.
As apresentações começam em outubro, em Salvador e Belo Horizonte. Depois seguem para São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e mais uma capital a ser escolhida. Será apenas uma noite em cada cidade e nenhuma das bandas interromperá a própria rotina de shows em função do projeto. A turnê 25 anos de rock chega à estrada dois anos depois do boom do revival dos anos 80, que valorizava sobretudo a cultura trash daquela década. “Não pensamos em responder a isso, mas talvez o nosso encontro sirva para completar um sentido para quem quer saber o que foram aqueles tempos”, avalia Britto.
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