“Tá todo mundo dançando, eu também quero dançar”
Ou “Só as Pessoas Tristes Não Sabem Dançar”3.O show do mombojó veio depois do encerramento canastra, Renato tocando guitarra em pé sobre o contrabaixo branco de Edu, tudo tão espontâneo quanto ensaiado, e claro, divertido.
A banda de Pernambuco, o Recife nerd e cdf, é daquelas que não se vendem fácil, a primeira audição não pode ser a definitiva. Os detalhes e as referências precisam de calma para se sedimentar nos labirintos do sistema sentimento-auditivo, e tudo o mais.
Assim, veio a apresentação e a lavada. Na bateria, só o essencial: talento, caixa, bumbo, contra-tempo, prato de condução e mais um prato para pontuar fins de frase, principalmente. Nada de viradas ou paradinhas avisando: aí vem a mudança de andamento, boiada. Na guitarra, o retrato particular de Lúcio Maia quando jovem, em técnica, pedais e performance. Ao fundo, sopros, escaleta, ruídos, teclado fazendo linhas de baixo, ou texturas de timbres 3d, e um violão. No baixo, a pulsação que preenche a bateria – como se precisasse – e grooveia para a guitarra voar em paz. E, na frente do palco, a timidez louca que evoca a expressão corporal de Renato Russo (ou Morrissey?), a melancolia de Thom Yorke em OK Computer, a sujeira (da Arte?) da banana de Velvet Underground e o sotaque de Science.
O mangue bit já foi, ali está uma nova escultura de lama, que abandonou a parabólica para se comunicar via banda larga, baixando diferentes arquivos de som, imagem e poesia para choques no público que não sossega.
As músicas novas ainda estão imaturas, pedem mais sutilezas nos arranjos e nas interpretações: ruídos, texturas, silêncios da voz ou, melhor ainda, surpresas para ouvidos sabichões. O show como está fica dividido, não precisa muito e se distingue o que foi trabalhado, portanto de nadadenovo, e o que não foi. De qualquer forma, sempre é louvável a coragem de mostrar a cara antes dela pronta – trazer a reação da platéia para o processo de arranjos, audições-teste à vera, algo que mistura insensatez e braveza para tentar mudar alguma coisa no previsível mundinho pop. Sangue orgulhoso de não ser azul, nem vermelho como o sol, mas sangue novo nascido do pó.
Dar a cara à tapa, ter como convidados quem tem a ver com a trajetória, sem joguinho de gravadora, pena do molequinho esforçado, isso sim é uma postura necessária, que não ganha prêmio a não ser o reconhecimento daqueles que vão aos shows e vêem a qualidade tranqüila – acima de tudo tranqüila – da juventude brasileira.
Aí sim, êêêêêêêê.
A Bizz da década de 70 é bem legal também, destaque para o Pink Floyd de Jonas Lopes, o Led Zeppelin de Luciano Marsiglia e a discoteca de Camilo Rocha.
Já a de 80/90/05 (não achei a capa dela, foi mal), é a pior justamente por tentar abarcar tempo-pop demais em textos com o mesmo tamanho das outras revistas. Para os djs, por exemplo, ficou pouco corrida a passagem do som (hehe) dos 80, na Inglaterra de Happy Mondays e New Order, para os 90 de Prodigy, Chemical Brothers e Daft Punk. Na matéria dos alternativos, há o mesmo com REM e Nirvana, e na de hip hop então, com Run DMC, Body Count, Red Hot Chili Peppers, Faith No More, Public Enemy, Eminem e Wu Tang Clan... É muita informação jogada junta, ou não?). Uma pena: as mesmas idéias em duas edições dariam muito certo, e a estréia da Bizz pra valer viria com gostinho melhor. Ainda assim, destaque para Lúcio Ribeiro, Luciano Marsiglia, André Barcinski e Ricardo Schott.
E uma observação: ler Hugo Sukman é cada vez mais legal, ante-ontem ( tem que procurar no arquivo do Globo, o nome da matéria era 2 artistas, 1 dilema) ele fez uma análise dos Artistas Reunidos da Trama muito justa para se entender o que deve ser o pop ideal, sofisticado mais do que esforçado, premiado e chaveirinho dos outros.
4 Opine:
'Um Dilema, Duas Respostas'
e não '2 Artistas, 1 Dilema'.
Minha memória, realmente, me condena.
A quem interessar possa:
Lenine - Sony/BMG
Sandy e Júnior - Universal Music
Sem mais.
BM
bm,
não entendi, não falei em Lenine, mas vá lá:
Davi Moraes e Sepultura (Andreas Kisser): Universal
Me desculpe, mas não mudo em nada minha opinião, nem meus argumentos.
Grande abraço,
O anônimo sou eu, esqueci de me identificar.
Bernardo Mortimer
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