contato |@| sobremusica.com.br

Bernardo Mortimer
bernardo |@| sobremusica.com.br

Bruno Maia
bruno |@| sobremusica.com.br

9.7.06

O Ouvido da Copa do Mundo (II)

Gainsbourg e Zidane


       A França chega à final da Copa ao mesmo tempo em que Serge Gainsbourg chega aos meus ouvidos. A história do velho safado francês, que aproximou a chanson française do rock, inclui duetos com Brigitte Bardot e com uma série de outras musas. Mas Jane Bikins, mulher de Gainsbourg entre 68 e 80, reina absoluta acima de todas as outras. E a música Je T'Aime Moi Non Plus é o principal motivo.
       Se não dá para ligar o nome à pessoa, dá uma passada aqui, com certeza vai dar para se lembrar que já ouviu aquela introdução de órgão (opa!) Wurlitzer. A história dela começa com uma encomenda de Bardot a Gainsbourg, pela música mais romântica jamais composta. A loura francesa chegou a gravar a canção, mas impediu que ela fosse divulgada por achar o resultado muito indecente. Sobrou para Bikins, uma jovem atriz inglesa recém-casada com o francês, gravar, um ano depois, em 69. Era o verão do amor, revolução sexual, estudantes nas ruas, swinging England, e tudo conspirou para vendas absurdas, primeiros lugares nas paradas européias, e um veto do Vaticano. Pois é, os católicos conseguiram pressionar uma série de países (Itália, França, Inglaterra) a proibir a venda e execução de Je T'Aime Moi Non Plus.
       Mas daí já era, uma lenda tinha nascido. Marvin Gaye, 13 anos depois, seguiria a lição ao gravar 'Round Midnight'. A canção de Gainsbourg é safada, explícita mas com letra dúbia. Mais do que o sentido das palavras, direto mas com malícia, o que afeta o íntimo do ouvinte é o tom das vozes dele e de Birkin, entregues não exatamente um ao outro, mas ao prazer.
      Depois da introdução grooveada, o órgão dá poucas notas que mudam a levada para uma batida mínima, sem supérfluos. Eu te amo, ela diz. Eu também não, ele responde atrevido. Tudo muito doce, como eu disse, entregue. Em seguida, um verso demolidor, destrutivo, quase pornográfico. Eu sou a onda que não estoura, você a ilha nua. Sacou? A partir daí, é a descrição do caminho ao êxtase: eu vou e eu venho, entre teus rins, eu vou e eu venho, mas eu me seguro.       Ela repete do jeito dela, você vai e você vem, entre meus rins, você vai e você vem, e você se segura. A coisa segue, cada estrofe chamando a proxima sem pressa, só desejo. Ele conclui que o amor físico não tem obstáculos, vai, vem, entre os rins, vai, vem, se segura, até que ela pede: vem. E a música ainda tem um pedaço de gemidos dela. Os gemidos que incomodaram Vossa Santidade.

       A seleção francesa não chega a provocar arrepios ou desejos mais íntimos em ninguém, acredito eu. Mas tem lá seu charme gainsbourguiano. Tem momentos suingados, tem frases de órgão simples e eficientes (o Brasil saiu em uma dessas, super ensaiada), é até meio repetitiva na busca pela arrancada de Henry, por exemplo. Joga sem floreios demais, e isso está longe de querer dizer que joga feio. É direta e doce até o gol. Tomara que ganhe hoje à tarde.


       A propósito, em Paris, na casa onde morou, está na parede uma frase: "Serge não morreu. Ele está no céu, trepando".
       Duas sugestões de covers dessa música, inferiores à original, por Miss Kittin e Placebo.


Je t'aime, moi non plus

Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime!
Moi non plus.
Oh mon amour...
Comme la vague irrésolue
Je vais je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime!
Moi non plus.
Oh mon amour...
Tu es la vague, moi l'île nue
Tu vas tu vas et tu viens
Entre mes reins
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime!
Moi non plus.
Oh mon amour...
Comme la vague irrésolue
Je vais je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Et je me retiens
Tu vas et tu viens
Entre mes reins
Et je te rejoins
Je t'aime je t'aime
Oh oui je t'aime!
Moi non plus.
Oh mon amour...
L'amour physique est sans issue
Je vais je vais et je viens
Entre tes reins
Je vais et je viens
Entre tes reins
Je me retiens
Non! maintenant
Viens!
((gemidos))

2 Opine:

At 03:30, Anonymous Anônimo said...

O nome certo é: Jane Birkin

 
At 23:00, Anonymous Anônimo said...

Je t´aime moi non plus: la plus belle
d´amour de tous les temps!
Quand Je n´aime pas moi non plus, j´ai des cauchemaurds!

 

Postar um comentário

<< Home


Show: Sonic Junior e Raul Mourão no CCTelemar
Roskilde 2006 (Quarto Dia) (2)
Roskilde 2006 (Quarto Dia)
Roskilde (Terceiro Dia) (2)
Show: Flu na Sala Sidney Miller
Roskilde 2006 (Terceiro Dia)
Roskilde 2006 (Segundo Dia) (2)
Internet: You Tube
Roskilde 2006 (Segundo Dia)
Roskilde 2006 (Primeiro Dia)

- Página Inicial

- SOBREMUSICA no Orkut



Envio de material


__________________________________

A reprodução não-comercial do conteúdo do SOBREMUSICA é permitida, desde que seja comunicada previamente.

. Site Meter ** Desde 12 de junho de 2005 **.