Brian Wilson :: Brian Wilson presents Pet Sounds live
Depois de Marisa, Ella Fitzgerald/Tom Jobim, a sexta passada enfileirou "Brian Wilson presents Pet Sounds live". A versão ao vivo de um dos meus álbuns favoritas foi comprada na França. A tentação ao encontrá-lo na minha frente foi mais forte do que a falta de dinheiro na carteira. O disco é meio difícil de achar por aqui. E como eu coleciono tudo sobre Pet Sounds, não havia como resistir. Apesar disso, deixei para escutá-lo apenas aqui no Brasil. Portanto, na última sexta-feira, foi o meu primeiro contato com o álbum. Esperava pouco, mas ele é bem bom.
“Thank you so much…We’ re going to do the entire Pet Sounds album now! And here we go!”
É assim que Brian Wilson abre a noite em que apresentou sua obra prima com os Beach Boys. O disco original é de 1966, a apresentação ao vivo que dá origem ao disco é de 2002. Trinta e seis anos e muitas, mas muitas, drogas depois, o cantor reiniciava sua volta aos palcos.
Tirando os Beatles, talvez Pet Sounds seja o maior disco de banda da história do rock. O disco ao vivo, quase quatro décadas depois, tem mais valor pelo afago na memória afetiva das pessoas do que por ser a fiel reprodução do que já se ouvira. Ao contrário do que Roger Waters vem fazendo com sua turnê “Performing The Dark Side of the Moon”, na qual a fidelidade na reprodução dos arranjos é impressionante, o disco de Brian Wilson perde algumas coisas. A voz já estremecida do sessentão fica muito a frente do resto da banda e não soa mais tão afável e doce como outrora. Ele se esforça, mas desafina em vários momentos.
Apesar disso, o disco é bom. Pode parecer incoerente e talvez até seja, mas o peso que a voz de um cara como esse tem, num repertório deste naipe, soa mais emocionante do que a fragilidade imposta pelo tempo às suas cordas vocais. Brian Wilson está claramente feliz no dia da gravação, emocinado. O convite que faz ao público para que fechem seus olhos durante a introdução de “Don’t talk (Put your head on my shoulder)” é tão irresistível quanto o para reabri-los na faixa seguinte, a linda “I’m waiting for the day”. Esta faixa, com agudos muito fortes é uma das que mais revela as deficiências atuais de Brian Wilson. Na abertura, com (a minha favorita) “Wouldn’t it be nice”, ele até começa cantando um pouco abaixo do tom original, para não se perder. Mas ao longo do disco, o cuidado se esvai e a afinação também.
Um pouco mais a frente, daquilo que é um dos maiores elogios da música: “This next song, my friend Paul McCartney told me that it is his favorite song”. E lá vem God only knows. Tanto tempo depois, essa música parece fazer ainda mais sentido (“God only knows waht I would be without you”) se imaginarmos que ela deve ter sido feita para a esposa dele, Ms. Melinda Wilson, que durante esse tempo todo segurou a onda e lhe tirou de diversos fundos de poços, dos quis ele mesmo não queria sair. Brian nunca negou que ela é a grande responsável pelo fato de ele ter voltado a gravar e se apresentar.
A banda é grande, oito pessoas, contando o próprio Brian. Eles carregam bem o show, mas o resultado final do álbum fica devendo bastante. Os coros do álbum original são bem reproduzidos, mas a dissonância com a voz principal, que pra piorar, parece estar mixada mais pra frente do que deveria, os deixa ligeiramente escondidos.
Pelo registro histórico e por ser uma revisita a um dos melhores momentos da música pop no século passado, o disco vale. Mais do que tudo, é uma edição para colecionador. Então, junte-se a nós! Vem com tudo!
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