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18.8.06

Marisa Monte :: Universo ao meu redor

De volta, o que resta é se reatualizar e fazer alguns flashes dos melhores momentos da viagem em loop dentro da cabeça. E assim, naturalmente, surgiu a trilha sonora para uma tarde de sexta-feira. Aos poucos vou escrevendo sobre eles. Pra começar, Marisa Monte.


Marisa Monte – Universo ao meu redor
O disco de Marisa mais voltado para o samba está realmente lindo. Notícia velha, eu sei. Mas é bom escrever sem ter lido muito sobre o que os outros falaram, já um pouco longe do calor do lançamento. Marisa mostra que a veia de compositora é decisiva na hora de colocá-la no Olimpo das cantoras brasileiras. Se o critério fosse só voz e interpretação, ela já estaria lá. Sem falar o fato de que é imitada por quase todas as que vieram depois dela. Mas o fato de compor, de maneira tão diversa e cada vez melhor, cria a sensação de que ela está se isolando cada vez mais em seu pedestal, longe das outras, sejam Ritas, sejam Duncans, ou Sás... Sambas cadenciados, com divisões tradicionais e letras modernas. Alguns clichês harmônicos e melódicos, é verdade, mas nada que prejudique o disco. O trabalho com os outros dois tribalistas, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, continua redendo belos momentos. Engraçado imaginar a possibilidade de o ex-titã ter escrito um verso como “trabalho em samba, não posso reclamar”. Além da faixa-título - onde o tal verso aparece -, Universo ao meu redor tem em O bonde do Dom um outro destaque da parceria dos três. Difícil apontar uma música ruim no disco, mas como em todos os álbuns da cantora, sempre tem uma faixa fácil de pular, dada a chatice. No caso é Statue of Liberty, parceria inusitada entre ela, David Byrne e Fernandinho Beatbox(!).

A produção de Mário Caldato mostra como esse rapaz está, de fato, acima do resto. Depois de SuperFurry Animals, Beastie Boys, Jack Johnson, Planet Hemp/D2, Nação Zumbi, Instituto, Beck, John Lee Hooker, Molotov, Bjork, John Spencer Blues Explosion, Ozomatli, Moby, Yoko Ono e mais, o cuidado e minimalismo com que conduz (e toca guitarra slide) dão um toque ímpar de delicadeza ao trabalho.

A arte gráfica do disco também é outro ponto onde esse cuidado aparece. Desde Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão (1994), todos os álbuns da cantora trazem letras acompanhadas por cifras para tocar ao violão, o que virou marca registrada e é extremamente simpático. Agora, ela ainda acrescentou o ano em que cada música foi feita e isso ajuda a clarear o eixo montado por ela para ligar o portelense Casemiro Vieira, 1944 (Perdoa, meu amor , com direito a participação do compositor tocando cuíca), a imperiana Dona Ivonne Lara, 1945 (Pétalas esquecidas, em parceria com Teresa Batista, ainda da época em que era enfermeira da colônia Juliano Moreira – famoso lar carioca de tratamento de doentes mentais, onde atuou por muito tempo a Dra. Nise da Silveira), até os tribalistas Arnaldo e Carlinhos, 2005 (A alma e a matéria), passando pelos velhos-novos baianos Moraes e Galvão, 1969, na linda Três letrinhas.

Esta não foi a primeira vez que Marisa Monte foi buscar material no baú desta turma de baianos roqueiros que, assim como os Beatles, em 1964, descobriram Bob Dylan-maconha-LSD, descobriram, em 1971, João Gilberto-música brasileira-violão. Marisa já havia gravado A menina dança, além de já ter tido em sua banda Davi Moraes, filho de Moraes Moreira. Completando a ligação com a trupe setentista, hoje ela conta com as competentes guitarras de Pedro Baby, filho de Baby doBrasil Consuelo e Pepeu Gomes, outros dois ex-integrantes do Novos Baianos. Três letrinhas lembra as músicas que Adriana Calcanhotto escolheu para gravar em Adriana Partimpim (2005), dada a singeleza.

A cantora gaúcha é outra que aparece em Universo ao meu redor, com Vai saber?. Completando o time de compositores, Argemiro Patrocínio, 1980, (Lágrimas e tormentos) e Paulinho da Viola, 2005, que ainda toca um cavaquinho na sua inédita Para mais ninguém. A faixa mostra que a pena do compositor portelense continua afiada. Desde Bebadosamba (1996), ele não lança um disco de músicas inéditas.

Não consegui ir no último dia da turnê carioca dela, como planejava. Nem tanto pelo cansaço, e mais pelo horário. Às 19hs de domingo, as coisas ainda estavam muito agitadas para quem acabara de chegar. Mas dá pra imaginar como foi.

4 Opine:

At 19:58, Anonymous Anônimo said...

Eu fui!

 
At 14:34, Anonymous Anônimo said...

AMEI SUA RESENHAAA1!! MTO BOA!

 
At 15:10, Blogger Bernardo Mortimer said...

Imagino que Arnaldo e Carlinhos sejam tribalistas, não tropicalistas. No mais, tudo bão, legal.

 
At 18:35, Blogger Bruno Maia said...

caralho, toda razao. deslizes. e, no fundo, todos os ismos e istas, sao puro achismos e achistas... Já corrigi o deslize.

 

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