posted by Bernardo Mortimer @ 23:07
Não sei se entendi direito onde você queria chegar, mas vou dar alguns pitacos.Parece-me que o Branford cai em grande equívoco. Música é um atividade primordialmente auditiva, e não visual - que pode ser prescindível em grande variedade de casos. O computador tem um fortíssimo componente visual, mas não exclui totalmente quem não consegue enxergar - mesmo porque pode ser que não demore a aparecer uma tecnologia que incorpore os deficientes visuais de forma mais intensa.Não vai haver nenhum outro Stevie Wonder ou Ray Charles pelo simples fato deles dois terem sido únicos na história da música. Isso ajuda a frase do Branford a ter um efeito enganador.A Internet tem cada vez mais espaço na vida não só da música, mas em diversas atividades humanas. Mas isso não quer dizer que ela vai incorporar tudo, que quem não estiver "totalmente conectado" estará fora do mundo. É de se esperar que, nesses momentos históricos da grande proliferação do instrumento Internet, alguns neoprofetas passem a vaticinar o fim de outras técnincas/tecnologias, mas a história demonstra que elas, grande parte das vezes, continuam firmes e fortes, às vezes assumindo outros papéis, ocupando novas lacunas. Teatro existe há mais dois milênios. É de se deduzir que, na época do advento do cinema, um monte de "intelectual" deve ter ido a público falar que o teatro morreu...Da mesma forma, ninguém pode nos garantir que a humanidade não vai, daqui a dez anos, desistir desse negócio de música. Entretanto, não é o que parece.Espaço para a inovação sempre haverá, a não ser que as coletividades desistam da atividade - ou simplesmente, não consigam levá-la adiante. E acho que isso serve para os gêneros musicais. Pode ser que os gêneros passem por momentos de esgotamento criativo, que podem até mesmo decretar sua morte - definitiva ou temporária. E isso, a priori, não é bom ou ruim. Certo é que não se trata de nenhum planejamento individual, e é difícil perceber enquanto está acontecendo.Acho que é a primeira vez que ouvi o tal do Daft Punk. Achei chato pra caralho, pretendo nunca mais ouvir de novo :) Sei lá, me parece uma onda musical muito individualista. Mas é fato que nem todos os do segmento pop-eletrônico são assim...Qto às "substâncias". O assunto me interessa. Tem gêneros musicais que são, de fato, associados a certas substâncias de forma mais íntima. Dance-music/ecstasy, reagge/maconha, samba/cerveja, jovem-guarda/rede-globo, musica-da-tribo-kaiowa/chá-de-erva-que-só-tem-na-amazônia, e por aí vai. Os caras do jazz eram muito doidões: Parker, Miles, Coltrane... mas, até onde eu, sei, o jazz não tem lá sua "substância predileta"...Mas isso pode desvirtuar a questão. A música não seria uma substância, na medida em que pode ser uma atividade substancial para determinado sujeito? Já conheci muito músico totalmente VICIADO em música, o que pode fazer um estrago na vida de uma pessoa. Muitas vezes, depois de um concerto, um músico pode ficar amplamente mexido emocionalmente... Chega, já escrevi muito. Até.
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Não sei se entendi direito onde você queria chegar, mas vou dar alguns pitacos.
Parece-me que o Branford cai em grande equívoco. Música é um atividade primordialmente auditiva, e não visual - que pode ser prescindível em grande variedade de casos. O computador tem um fortíssimo componente visual, mas não exclui totalmente quem não consegue enxergar - mesmo porque pode ser que não demore a aparecer uma tecnologia que incorpore os deficientes visuais de forma mais intensa.
Não vai haver nenhum outro Stevie Wonder ou Ray Charles pelo simples fato deles dois terem sido únicos na história da música. Isso ajuda a frase do Branford a ter um efeito enganador.
A Internet tem cada vez mais espaço na vida não só da música, mas em diversas atividades humanas. Mas isso não quer dizer que ela vai incorporar tudo, que quem não estiver "totalmente conectado" estará fora do mundo. É de se esperar que, nesses momentos históricos da grande proliferação do instrumento Internet, alguns neoprofetas passem a vaticinar o fim de outras técnincas/tecnologias, mas a história demonstra que elas, grande parte das vezes, continuam firmes e fortes, às vezes assumindo outros papéis, ocupando novas lacunas. Teatro existe há mais dois milênios. É de se deduzir que, na época do advento do cinema, um monte de "intelectual" deve ter ido a público falar que o teatro morreu...
Da mesma forma, ninguém pode nos garantir que a humanidade não vai, daqui a dez anos, desistir desse negócio de música. Entretanto, não é o que parece.
Espaço para a inovação sempre haverá, a não ser que as coletividades desistam da atividade - ou simplesmente, não consigam levá-la adiante. E acho que isso serve para os gêneros musicais. Pode ser que os gêneros passem por momentos de esgotamento criativo, que podem até mesmo decretar sua morte - definitiva ou temporária. E isso, a priori, não é bom ou ruim. Certo é que não se trata de nenhum planejamento individual, e é difícil perceber enquanto está acontecendo.
Acho que é a primeira vez que ouvi o tal do Daft Punk. Achei chato pra caralho, pretendo nunca mais ouvir de novo :) Sei lá, me parece uma onda musical muito individualista. Mas é fato que nem todos os do segmento pop-eletrônico são assim...
Qto às "substâncias". O assunto me interessa.
Tem gêneros musicais que são, de fato, associados a certas substâncias de forma mais íntima. Dance-music/ecstasy, reagge/maconha, samba/cerveja, jovem-guarda/rede-globo, musica-da-tribo-kaiowa/chá-de-erva-que-só-tem-na-amazônia, e por aí vai. Os caras do jazz eram muito doidões: Parker, Miles, Coltrane... mas, até onde eu, sei, o jazz não tem lá sua "substância predileta"...
Mas isso pode desvirtuar a questão. A música não seria uma substância, na medida em que pode ser uma atividade substancial para determinado sujeito? Já conheci muito músico totalmente VICIADO em música, o que pode fazer um estrago na vida de uma pessoa. Muitas vezes, depois de um concerto, um músico pode ficar amplamente mexido emocionalmente...
Chega, já escrevi muito.
Até.
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