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Bruno Maia
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14.11.06

Zune, 5 anos depois do iPod


Há quase dois anos eu tenho o meu iPod. A minha relação com o aparelho, porém, é mais antiga. O platonismo começou lá pra 2002, um ano depois do player aparecer no mercado. Apesar de baixar músicas frequentemente desde 1999, foi só a partir do dia que recebi o meu branquinho que meus hábitos de pagar por música mudaram. Até ali, eu continuava comprando todos os discos que ouvia e gostava. Depois do iPod, hmmm... Diminuiu bastante.

De fato, foi o surgimento desses novos players e das lojas onlines que acabaram de matar a indústria fonográfica, pelo menos na forma como ela se conhecia. As empresas passaram reto na estrada, não viram a saída à direita e agora estão tendo que andar mais um bocado pra tentar achar o retorno. A Apple aproveitou e se tornou rapidamente um dos nomes mais fortes de um setor com o qual, até então, ela nem se envolvia. A Microsoft também demorou, mas veio. Depois de dois anos preparando, foi lançado hoje o Zune.

Nesses dois anos em que eu lido com o meu iPod Photo 60GB, branco, nossa relação é de amor e ódio. Ele tem vários probleminhas que a Apple até agora não se coçou pra resolver. Vai lá que a idéia é que você possa fazer seus próprios playlists e não precisaria mais de rádio. Mas isso, na prática, não funciona. As pessoas ainda continuam querendo ouvir músicas escolhidas por outrem. Veja o sucesso do Last.Fm, por exemplo. Ou veja a política de investimento nos "music recommenders" da Nokia para 2007. Acho que já passou da hora de se meter um dial no iPod, por exemplo. Outro problema é quando o branquinho passa muito tempo sem ser conectado ao seu computador base original e os arquivos começam a travar. No meu período na Alemanha isso foi um problema seriíssimo. Cheguei a achar que o bichinho tinha quebrado de vez. Fora que algumas funções podiam ser mais intuitivas do que já são. Tem vezes que o iPod é bem burrinho.

Outro problema sério é a total falta de padrão nos inputs e outputs dos diferentes modelos. Eu acabo não tendo tanto problema porque tenho todos os tipos de adaptadores e cabos que um sujeito possa imaginar. Fora alguns apetrechos como gravador e transmissores wireless. Acho que já gastei o preço de um iPod novo só nesses "adendos" e por isso ainda não sofro tanto. Mas o meu gravador, por exemplo, não é compatível com os novos modelos lançados pela Apple. Aliás, quando fizerem o iPod com rádio, podem meter também um gravadorzinho , né... E a história de não poder trocar bateria?! Isso é o máximo do abuso de poder. Quando a bateria acabar, báubáu. Compra outro. t$c t$c. Se neguinho de Apple e Microsoft ficar muito de bobeira, as empresas de telefonia celular vão engolir. Já não é difícil encontrar telefones com câmera, mp3 player, bateria renovável, rádio e gravador por aí. A Nokia tá louquinha pra se fixar nesse setor... Vai dando mole... Foi abusando do poder que Sony, EMI, Warner, BMG, etc, começaram a dançar miudinho.

Apesar do atraso, acho que a Microsoft tá entrando forte na jogada. O Zune já traz inovações. Ao que parece, porém, menos do que podia e deveria. Não é muito, mas já rola nele um sistema que permite troca de arquivo direto entre dois aparelhinhos. Isso é lindo! Menos trabalho! Menos cabos. O cabo e a porta usb são as mais novas ferramentas da burocracia mundial. Quantas vezes você não já se deu mal por não ter o cabo usb adequado, com aquela saída de não sei quantos pinos na outra ponta, etc... Até nos iPods os cabos usb são um problema. Dependendo do modelo do seu, só um tipo de cabo funciona. O meu, como é mais antigo, ainda aceita todos os tipos... Porém, transmitir por bluetooth ou por qualquer outro sistema parecido é bem mais interessante. Facilita a vida de quem quer ouvir música. Veja bem que eu não falei em consumidor. Falei em quem 'quer ouvir música'. Esse consumidor já deixou de ser comprador há muito tempo. Hoje, ele, de fato, só consome, sem contrapartida financeira. Quanto menos trabalho o consumidor tiver, menos ele vai pagar por música. Bluetooth na veia! Música agora é serviço. Alguém já disse isso?

Pois bem. É nesse mundo que hoje rebentou o Zune. Dez anos depois do MP3. Cinco anos depois do iPod. Cinco anos antes do não-sei-o-quê. Dez anos antes de olharmos pra trás e vermos como nos contentávamos com pouco. Em 1996, meu modem dos sonhos era de 14.4kbps e o Oasis era a melhor banda do planeta.

************************
Nada a ver, ok? Mas hoje em dia, você sabe que uma banda tá bombando quando você vai falar no MSN com seu irmão de 13 anos e encontra isso:

Guido - Ñ posso +, ñ dá + pra levar, eu saio por ai, pensando em não voltar, + volto atrás c/ medo d recomeçar, mas é tudo igual (Ausente)

Se não entendeu, clica aqui.

14 Opine:

At 20:04, Anonymous Anônimo said...

hmmm, um momento de revolta conta o iPod xodó? Interessante... não sabia de todos esses probleminhas não. Meu Foston de 512mb funciona q é uma beleza! hehehe

Mas então, mudando mais ou menos de assunto, o q eu tô com medo mesmo é q com esse fim (ou o q quer q esteja acontecendo com ela) da indústria fonográfica nós tenhamos cada vez menos shows gringos por aqui. Sim, porque pensando bem, primeiramente, se as bandas internacionais ficarem lá pelas terras delas faturam muito mais com ingressos e tal. E em segundo lugar, hoje em dia fazer um show aqui pelo hemisfério sul subdesenvolvido pra "divulgar" um trabalho não me parece mais mto útil já que ninguém anda mais comprando música diretamente. Sem contar a trabalheira q dá né...

Não sei se tem cabimento esse meu medo, mas foi o q andei pensando ultimamente.

 
At 20:16, Blogger Bruno Maia said...

Quase-famoso,
o que eu tenho a dizer eh que acho que você pode ficar tranquilo. Esses caras nunca vieram tocar aqui pra alavancar venda de disco. Eles vem atrás de cachê mesmo. Se nao fosse assim, você nao veria épocas em que há vários shows de gringos acontecendo (como em 1997, 1998, 2005, 2006) e períodos em que nao vinha ninguem. Pode acreditar que fundamental nessa equação é dólar barato. Pode dormir tranquilo.

 
At 21:03, Anonymous Anônimo said...

Bruno dá pra trocar a bateria do iPos sim. E você pode fazer isso sozinho sem a ajuda de ninguem.

Mas se você não sente muita firmeza a própria Apple tem um serviço de troca de baterias de diversos modelos de iPod.

 
At 22:06, Anonymous Anônimo said...

Não necessariamente uma banda está bombando porque ela se encontra no meu nick bruno... está equivocado!

 
At 01:34, Blogger O Anão Corcunda said...

Ouvir música é consumi-la. Como diria Paulinho da Viola: "Consumir é viver... conviver é sumir".
Quem come uma laranja, consome-a, donde que toda sociedade é uma sociedade de consumo. Consumir é maneiro.
Essa diferenciação entre ouvir e consumir é, portanto, falsa.
O certo é que as tecnologias transformam a relação do sujeito com o objeto de consumo, já que tal relação é, logicamente, inextinguível. Resta avaliar as melhoras - e as perdas.
Abraço,
André Mendonça, que ainda compra, com muito gosto, vinis e cds, baixa alguma mp3 de vez em quando e só foi conhecer esse negócio de ipod há uns 2 meses atrás.

 
At 12:20, Blogger Bruno Maia said...

Por partes.

Dé Palmeira - obrigado por essa info. Nunca ouvi/li nada da Apple que fizesse referência a essa possibilidade de troca. Sei que eu posso enviar o meu iPod para os Estados Unidos e pagar um valor para que seja feita a troca. Mas aí fica mais caro do que comprar um novo. Você sabe onde nós podemos fazer esse serviço aqui no Brasil? E o lance de eu mesmo poder trocar a bateria, você sabe se é uma bateria normal? Admito que nunca abri meu iPod pra ver, heheh... de qualquer forma, obrigado. vou me informar melhor.

Guido - Sim senhor. Desculpe-me.

Anão Mendonça - Na verdade, eu não quis fazer tal diferenciação. Fiz uma separação semântica numa frase para, na frase seguinte, reafirmá-la. Os conceitos que vinham escondidos na definição que se convencionou dar à palavra 'consumidor' eram equivocados e o tempo tratou de reparar. A indústria fonográfica fala do afastamento do consumidor, mas o este não se afastou. Quem se afastou foi o comprador. Nos últimos 50 anos, as majors trataram os dois conceitos como se fossem a mesma coisa, consumidor=comprador. E na verdade, consumir não é, necessariamente, comprar. Certo? Foi isso que quis dizer em minhas mal-traçadas linhas... Sobre você só conhecer iPod há dois meses, dá mole... Já que você fez questão de citar Paulo, filho de César Farias, "meu tempo é hoje".

abs a todos!

 
At 14:45, Blogger O Anão Corcunda said...

Ah, então tá entendido.
Mas talvez seja otimismo achar que o tempo já reparou esse equívoco conceitual, que continua na boca da maioria... muita luta ainda falta, o tempo não é cronológico.
Qto ao tal 'ih,pode', na verdade mesmo depois de conhecê-lo não fiquei com vontade de incorporá-lo ao meu instrumental. Pra mim, pelo menos por agora, não tem absolutamente nenhuma serventia. Preferencialmente, gosto de ouvir música em casa - com um bom aparelho de som - e em concertos, e não na rua fazendo vinte e cinco coisas ao mesmo tempo. Acho que isso compromete seriamente a qualidade da audição. Não me excita mesmo. Mas entendo que para alguns possa ser uma saída viável.
Isso fora as grandes perdas sonoras do mp3 e do headphone, que não me são incentivos.
O que não me impede de reconhecer a utilidade do avanço tecnológico, com suas principais características: portabilidade e tamanho reduzido.
Hoje também é o tempo do vinil e do CD. Este último, não sei, mas o vinil não vai morrer tão cedo, tá até sendo revitalizado. As novas tecnologias não necessariamente enterram as velhas, que muitas vezes persistem por muito mais tempo que suas irmãzinhas pródigas.
'Meu tempo é hoje' me soa muito positivista, além de me fazer lembrar daquela porcaria de filme que fizeram. Prefiro uma do Vinícius, apesar de, nos últimos tempos, minha apreciação por ele ter sido altamente diluída:
"Meu tempo é quando".
Abraço,
André Mendonça

 
At 01:26, Anonymous Anônimo said...

É, concordo em alguns pontos com o amigo corcunda que escreveu aqui em cima, mas discordo numa coisa. Não acho q os mp3 players, assim como antes os walkman e os cd players portáteis, tenham como objetivo proporcionar uma audição espetacular ao usuário. Na minha cabeça eles são mais uma espécie de quebra galho que acabou virando coisa séria; uma saída praquele cara q tá no engarrafamento às 19:20 e não quer ouvir a Voz do Brasil ou pro outro q tá malhando e não tá com saco de aturar aquelas musiquinhas sacais de academia de ginástica.

 
At 12:00, Blogger O Anão Corcunda said...

Não estamos discordando.
A palavra é exatamente essa: um quebra-galho.
Mas o que eu acho estranho é justamente quando ele deixa de ser esse quebra-galho e vira "o aparelho" do momento, como se as perdas pouco importassem e como se as outras fontes de audição estivessem perdendo valor em termos do processo de audição - o que está longe de ser verdade.
Tá certo, isso não é nada para se surpreender, mas não consigo achar bacana.
Eu olho pra parada e penso: "que legal a inovação tecnológica, mas não preciso disso por enquanto". As inovações tecnológicas são sempre desejáveis, o problema sempre será a relação dos homens com elas, na medida em que eles viram dependentes da automação ou autônomos diante dela.
Qto aos engarrafamentos, ainda prefiro o velho cd player de carro, o qual não dispenso. E gosto também de ouvir a Voz do Brasil de vem em quando. Qto a academias de ginástica, prefiro não frequentá-las :)
Abraço,
André Mendonça

 
At 15:14, Anonymous Anônimo said...

Boa, concordo mais uma vez em relação principalmente as academias de ginástica, hehe. Mas há de se admitir a possibilidade de se pegar um engarrafamento de ônibus sem o cd player, né?
De qualquer maneira, tá certo. Eu tb não me rendi ao iPod ainda, não preciso mesmo de dezenas de gigabytes pra ouvir música, muito menos estou disposto a pagar o quádruplo do preço de um mp3 player "normal" só pra ter a marca Apple estampada no verso (e ainda ter problemas com cabos e baterias! hehehe).
Como disse no meu primeiro post, tenho um Foston de 512 MEGAbytes q atende bem as minhas necessidades.
Pelo menos por enquanto.
Abraço.

 
At 15:49, Blogger O Anão Corcunda said...

Pois é, um mp3 pode sair mais em conta que o cd player do carro. Essas paradas de preço são importantes, ainda que não financeiramente falando.
Mas talvez caiba contar um pensamento que acabei ter:
Hoje, vou estar viajando para um lugar que não tem energia elétrica. Quatro dias. Não é que passou pela minha cabeça: "pois é, taí uma hora em que o tal ipod me serviria de alguma coisa". Depois, pensei melhor: ficar quatro dias sem ouvir música também vai me ser muito saudável. E botei um vinilzão pra ouvir enquanto arrumo as malas (a propósito, um belo disco do Xangai).
Abraço

 
At 18:07, Anonymous Anônimo said...

É, quatro dias sem tv, sem jornal e sem internet podem ser mto bons mesmo. Mas sem música? Putz, leva um violão pelo menos cara, uma gaita de bolso, um apito, sei lá...
É o q eu faria, sem dúvida. Mesmo tendo um mp3 player, diga-se de passagem, hehe

 
At 19:09, Blogger O Anão Corcunda said...

Levei a mim mesmo, então música não faltou :)
Quem canta, o silêncio espanta :)
E outras abobrinhas do gênero
Abraço

 
At 14:40, Anonymous Anônimo said...

eu tenho um zune e não sou tão feliz assim com ele. Software é ruim e cheio de frescuras. Quando comprei, já tive que encarar o problema de o software ser imcompatível com Windows em Português(incrível como a microsoft gosta de fazer coisas mal feitas e depois corrigi-las com mil folhas de erro).

Claro que a tela do Zune, o preço e o rádio são maravilhosos. Mas ele também, às vezes, morre e volta a funcionar (detalhe, eu o tenho há 4 meses só).

Enfim... viva a tecnologia...

 

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