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22.1.07

CD :: Mariana Aydar, "Kavita 1"

Como se faz uma resenha sobre o disco de uma nova cantora? No caso, Mariana Aydar. "Kavita 1" é o incensado début da paulistana. E de cara digo que, pra mim, não bateu. Sei que, em teoria, uma resenha tem que justificar as impressões que crava. Acho que não vou conseguir fazê-lo. Até porque não estou dizendo que o disco é ruim - o que me obrigaria à justificativa. Não estou dizendo que ela canta mal, muito pelo contrário. Não estou dizendo nada disso. Mas o fato é que... sei lá, entende?

Vamos tentar.


- A voz dela é boa?
É, ela é super afinada, tem potência... A voz tem presença, mas cai um pouco na sarjeta de lembrar Elis Regina. Nada contra Elis, pelo contrário, tudo contra quem tenta imitá-la. Não é o caso de Mariana. Mas as interpretações, vira-e-mexe, acabam esbarrando naquela coisa meio... meio... meio Elis.

- O repertório é bom?
Hmmm... Tá aí outra questão. É e não é. As músicas são bacaninhas, mas sem grandes novidades. A versão de "Deixa o verão" (Rodrigo Amarante) é especialmente sem graça. Além do que, ser "nova cantora" e lançar o primeiro disco com alguma música do Los Hermanos já não é, digamos, muito original. "Na gangorra" (Giana Viscardi/Michael Ruzitschka), por sua vez, é charmosinha, maliciosa, gostosinha... "Zé do Caroço", de Lecy Brandão, é chata demais! Muito chata! Papo de um herói que fica fazendo discurso na favela durante a novela... Que coisa mais boba... Usar estas características para descrever um "novo líder" emergente de uma comunidade pobre é até desrespeitoso em tempos de José Júnior, MV Bill, Gutti Fraga...

- Tem novos compositores?
Sim, tem. Isso conta pontos? Pra mim, conta. Mas são poucos e nenhuma música desperta sensação de renovação - nem dos novos, nem dos velhos. O disco não me soprou ar fresco. Ao mesmo tempo, como reclamar de um time que tem Danilo Caymmi, Paulo César Pinheiro, João Nogueira, João Donato...? Sei lá, mas fato é que nenhuma das faixas empolga pra valer.



Independente dessas perguntas, outras questões surgem. Até quando as cantoras brasileiras vão achar que precisam falar de macumba, de Xangô & Amalá, de candomblé... Aydar tem uma música (curiosamente chamada "Candomblé") só dedicada ao tema. Fato é que a produção rebuscada, cheia de texturas de BiD (grande produtor de Chico Science, Nação Zumbi, Seu Jorge, D2, Soulslinger, Planet Hemp...), as fotos da capa - que aliás é bem feia, com vários retratos de Mariana em posições diferentes durante um ensaio fotográfico qualquer, organizados numa espécie de caleidoscópio - não deixam ninguém acreditar que ela seja realmente chegada em bater cabeça num terreiro... Parece que a religiosidade dessas cantoras só pode passar pelo candomblé, como se isso garantisse um quê de brasilidade... Esses excessos de clichês, de lugares-seguros, é que travam tudo. Difícil sentenciar que ela não vá vingar. Também é difícil esvaziar as composições, que com o tempo podem ganhar peso de clássicos. Mas é complicado acreditar que isso vá acontecer.

A fusão de temperos, de barulhinhos com forró, samba, candomblé, etc, não criam o roteiro apropriado. A voz dela é boa, mas isso é pouco. "Braseiro", de Roberta Sá, por exemplo, trouxe bem mais frescor, mais espontaneidade, menos pretensão. Roberta mostrou ser 'mais verde' do que Mariana, mas até isso contava a favor... Vá lá que Roberta também peque por um repertório cheio de bambas, sem olhar tanto para seus contemporâneos (afora, é claro, Los Hermanos).

No fim, o disco de Mariana fica nisso. Não dá pra dizer que "é só mais uma cantora", mas também não me faz querer ouvir de novo.

*******************
Aliás, uma pena eu ter perdido o show de Érika Machado, no HPP. Li em alguns lugares que deixou a desejar. Como as fontes eram confiáveis, acredito. Só sei que o disco é bom pacas. Pra mim, o mais interessante que ouvi entre os lançados pelas 'novas cantoras' da vez.

10 Opine:

At 16:43, Blogger Joca said...

fala brunão, mas como te disse dessa vez discordo de vc. acho a mariana um sopro de criatividade e bom gosto nesse marasmo de cantoras que assolam a "nova" mpb como a erika machado e afins. kavita1, apesar dos pesares, foi um grande disco no modorrento ano de 2006. essa foi a unica critica negativa que li do cd até agora. mas é isso aí!!! abraço.

 
At 20:40, Anonymous Anônimo said...

não sou nenhum especialista, mas vi o lançamento do show da érika machado na modern sound e também no humaitá, realmente achei menos bom o segundo, achei ela muito pouco a vontade e também achei a regulagem do som terrível!!!

 
At 14:36, Anonymous Anônimo said...

Hola:
No pude insertar este comentario en el blog, me rechazan la contraseña.
No concuerdo con tu comentario sobre Mariana Aydar, me parece excesivo e injusto. Es extraño sentir tanta disparidad de criterios sobre una misma persona.
No la conocía y la vi en el Homenaje a Eduardo Gudin en el SESC Pompéia. Me llamó mucho la atención la frescura, la manera simple y directa de cantar, la bellísima voz, la fuerza y levedad. Busqué Kavita 1 y la impresión fue la misma. Creo que es original y especial, y que seguramente tiene un muy buen futuro.
Roberto Videla, Córdoba, Argentina

 
At 14:37, Anonymous Anônimo said...

Bruno:
En algo tenés razón: la tapa del cd es muy fea. MUY.
Robert

 
At 11:48, Anonymous Anônimo said...

Amigo, acho que um dia vc vai reconsiderar essa sua posição. ;)

O Zé do Caroço, por exemplo, é de uma beleza ímpar.

Ela tá arrebentando nesse CD, um dos melhores do ano.

 
At 17:32, Anonymous Anônimo said...

Aí galera! Pra quem gosta, e pra quem não gosta começar a gostar, taí a dica:

Mariana Aydar e Convidados
Com: Leci Brandão, Mário Manga, Bid,
Duani e Eduardo Nazarian
Participações Especiais: dia 4 - Céu, dia 5 - Roberta Sá,
dia 6 - Thalma de Freitas

R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)

No Auditório Ibirapuera
4, 5 e 6 de Maio
sexta, 21h00
sábado e domingo, 20h30
Gênero: MPB

 
At 00:31, Anonymous Anônimo said...

Não vou fazer maiores considerações, afinal, é um blog pessoal, porém, 85% das coisas que li aqui, são de um equívoco absurdo.

Comecei a ouvir Mariana Aydar há pouco, todavia, sua sensibilidade é notável. O disco é bem costurado e quisera Deus se todas tivessem influência em Elis.

 
At 18:10, Blogger  said...

Concordo com todo mundo. AMas acho que masi uma vez estamos caindo naquele lugar comum do fisiologismo ao qual o brasileiro tanto se apega. Isso é completamente independente da qualidade do trabalho. Mas tb existem muitas cantoras e cantores que nao sao filhos de gente conhecida que tem trabalhos tao bons ou melhores e que nao tem chance porqwue nao sao filhos. Parece que brasileiro procura essa questao da filiação como um selo de qualidade. disseram que a Mariana nnao ousou, caiu no ligar comum. mas acho que o publico também não ousa. vai sempre aos mesmos shows.

 
At 17:45, Blogger Livia said...

conheci o som da Marina essa semana. Ouvi o som dela e achei bom demais, aquela musica "onde esta vc, faixa 10 do cd kavita 1, adorei!
concordo com todos quando dizem que esse é um site parcticular, escreve o q quer assim como nós!!!!

 
At 17:06, Anonymous Anônimo said...

IMHO great album. It's all right, if you don't like it, Bruno, you are entitled to your opinion. But your agruments are totally nonsensical.
Fan from EU

 

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